Ao meio dia Milles despertara se revirando na cama. Com preguiça ele se levantou da cama e fora até o banheiro escovar os dentes cumprindo com toda a sua higiene matinal. Mas somente quando ouvira barulhos estranhos vindo do andar de baixo é que ele realmente despertara do seu torpor.Com a escova ainda em sua boca e os cabelos desgrenhados, o alfa saíra do banheiro atento à qualquer som. Não poderia ser Gabriel e Theodore, já que ouvira o momento em que eles haviam saído bem mais cedo. Sem falar que Gabriel ainda teve a coragem de o acordar para avisar a saída.Não havia ninguém além dele ali...Seria um ladrão?Será que ficou sabendo que sua família estaria viajando, pensando que a casa ficara vazia?Imediatamente Milles voltara pro banheiro cuspindo a pasta de dente, apressando em pegar uma calça para vestir quando os sons pareciam se aproximar de seu quarto.Deveria surpreender o ladrão? Se saísse para afrontá-lo seria perigoso, poderia estar armado. E além disso...Milles virou-
Na sala um clima se intensificava.Jake estava sentado no sofá sendo alvo do olhar mortífero de Nicolas, ainda enroscado nas cobertas. Sem conseguir dizer uma única palavra tamanha a sua surpresa em descobrir sobre aqueles dois. Teria visto corretamente? Quando Milles abrira a porta do quarto ele estava apenas de calça e, pelo que vira, Nicolas estava só de boxer.— Perdeu o cu na minha cara?O platinado soltara um riso baixo negando com a cabeça, sem deixar de parecer completamente fascinado com o quebra-cabeças montado na sua frente.— Boquinha suja como sempre, hein baixinho.— Olhar pra tua cara me deixa puto. Poderia virar de costas, por gentileza?— Alguém te ensinou a falar “por gentileza”. Está crescendo finalmente, Nicolas. Comigo você sempre rosnava.Uma veia saltara da testa do ômega, que contivera o
Como esperado, pisar na escola era um inferno quando os rumores estavam fortes. Reviver o momento em que sentia-se incapaz de dar um único passo por ter olhos atentos sobre si era o mais sufocante. Recriminações, olhares repletos de malícia e sorriso maldosos seriam direcionados para si.O chamariam de sem vergonha, correlacionariam a sua classe com as coisas mais sujas que existem na humanidade.Engolindo em seco, Theodore não conseguia dar o próximo passo. Seu coração batia acelerado quando sua presença fora notada e as pessoas falavam dele sem se importarem em serem discretas. Até avaliava o que eles poderiam ter em mãos, temendo que arremessassem coisas em sua direção como nos filmes americanos.Estava com medo.Muito medo.— Ah finalmente consegui guardar energia o suficiente pra hoje. — Dizia Nicolas ao parar do lado direito de Theodore, mov
Para Gabriel, existia uma única pessoa que era merecedora de toda a sua raiva e ciúmes. Uma pessoa que jamais vira na vida, cujas histórias eram o suficiente para despertar o seu lado possessivo. Não queria ser daquele jeito com Theodore, principalmente quando descobrira ser sua alma gêmea. Só que era incontrolável o desejo de dominar.De mostrar que ali ele era o alfa.Vira a foto daquele sujeito no Orkut e o depoimento escrito que nunca abandonara o perfil de Theodore. Parecendo ser uma brincadeira graciosa de duas pessoas que sempre tiveram intimidade. E sempre que tudo parecia ir bem alguém falava aquele maldito nome.Jake Mckenzie.Alto, cabelos platinados e olhos claros. Tinha ombros largos e era nítido a sua musculatura mesmo que usasse roupas casuais e folgadas. Gabriel temia que uma briga física o deixaria no chão em segundos, apesar do sujeito estar sorrindo docemente ao
A cafeteria estava levemente cheia, mas Theodore ainda conseguira um bom lugar para conversar com Jake.Apesar de ainda não acreditar que ele estava ali na sua frente. Era um tanto quanto estranho agir amigavelmente depois de seu sumiço um ano atrás. Ainda mais sabendo que fora expulso da família por estar se relacionando com outro garoto.Não teria guardado rancor de si?— Vejo que não mudou nada, formiguinha. Estou te deixando nervoso?— Um pouco. — Admitia o ômega entregando o menu para o alfa. — Não sei bem como agir...— Estou bem como pode ver. — Ria Jake pegando o menu olhando as opções. Então, abrira um sorriso apontando para um em específico. — Aposto que você pede esse café doce com chocolate e nozes.— Como sabe? — Questionava Theodore surpreso.— É o mais doce do
Ter uma mordida era tão importante quanto perder sua virgindade ou se casar com alguém. As pessoas tomavam cuidado quando se tratavam daquele assunto, buscando não se morder tão levianamente por ser um vínculo que duraria a vida inteira. A maioria dos casais, mesmo tendo uma vida conjugal com filhos, não se mordiam já que sabiam não serem almas gêmeas.Houveram casos de ômegas serem mordidos contra sua vontade. Alfas dominadores que se tornavam obcecados por seus parceiros, tiravam sua liberdade ao forçar um vínculo criado. Suas vidas jamais seriam as mesmas quando tivessem em uma situação tão assustadora. Toda mãe que se preze ensina aos seus filhos a importância de se protegerem de alfas, ou de qualquer outra pessoa durante o seu cio.A vida não era tão bela para os ômegas. Principalmente os garotos ômegas.Por esse moti
— Mocinha, está na hora de ir para cama.— Não!— Mas que grude todo é esse com o seu irmão? Papai vai chorar.— Não e não!Assim que entrara em casa novamente, quase voando de pura felicidade, Theodore se deparou com a irmã pulando no sofá toda energética para o desespero de seus pais. O relógio pendurado na parede marcava nove da noite, e Lisa ainda estava animada demais para dormir.Ficando atrás do sofá, Theodore assistia aquela negociação falha de Pete em acalmar a menininha. E assim que sua presença fora notada por ela, Lisa pulara em sua direção abraçando sua barriga onde esfregava as bochechas.— Olha isso... Ela me ignora por completo.— Será que é ciumes por ver um alfa perto do Theo? — Questionava a mãe cruzando os braços.A
Ômegas são uma classe vulnerável. Precisa sempre estar sob cuidados de um alfa. Sua única função é a procriação, pois, quando perdem suas consciências para o instinto saem em busca do parceiro ideal para lhe presentear com um filho. A história mostrava o quanto a classe já fora subjugada pela sociedade dominadora, onde ômegas sempre eram tratados como fracos e inúteis.Apesar dos tempos terem mudado e a sociedade contribuído para que a diferença entre classes diminuísse, não significa que ela tenha desaparecido por completo. Ômegas ainda sofriam discriminações, tinham de se medicar para garantir a confiança de seus chefes e colegas de trabalho. Segundo pesquisas do governo, uma grande porcentagem dos ômegas preferiam ser donas de casa e dependentes financeiramente de seus parceiros, do que tentar uma carreira. Principalmente se já tinham filhos.Diga-se de passagem, ser ômega já pedia por um preparo psicológico ao sujeito. Ser ômega e ter filhos... Dificultavam bem as coisas.Essas e