Como esperado, pisar na escola era um inferno quando os rumores estavam fortes. Reviver o momento em que sentia-se incapaz de dar um único passo por ter olhos atentos sobre si era o mais sufocante. Recriminações, olhares repletos de malícia e sorriso maldosos seriam direcionados para si.
O chamariam de sem vergonha, correlacionariam a sua classe com as coisas mais sujas que existem na humanidade.
Engolindo em seco, Theodore não conseguia dar o próximo passo. Seu coração batia acelerado quando sua presença fora notada e as pessoas falavam dele sem se importarem em serem discretas. Até avaliava o que eles poderiam ter em mãos, temendo que arremessassem coisas em sua direção como nos filmes americanos.
Estava com medo.
Muito medo.
— Ah finalmente consegui guardar energia o suficiente pra hoje. — Dizia Nicolas ao parar do lado direito de Theodore, mov
Para Gabriel, existia uma única pessoa que era merecedora de toda a sua raiva e ciúmes. Uma pessoa que jamais vira na vida, cujas histórias eram o suficiente para despertar o seu lado possessivo. Não queria ser daquele jeito com Theodore, principalmente quando descobrira ser sua alma gêmea. Só que era incontrolável o desejo de dominar.De mostrar que ali ele era o alfa.Vira a foto daquele sujeito no Orkut e o depoimento escrito que nunca abandonara o perfil de Theodore. Parecendo ser uma brincadeira graciosa de duas pessoas que sempre tiveram intimidade. E sempre que tudo parecia ir bem alguém falava aquele maldito nome.Jake Mckenzie.Alto, cabelos platinados e olhos claros. Tinha ombros largos e era nítido a sua musculatura mesmo que usasse roupas casuais e folgadas. Gabriel temia que uma briga física o deixaria no chão em segundos, apesar do sujeito estar sorrindo docemente ao
A cafeteria estava levemente cheia, mas Theodore ainda conseguira um bom lugar para conversar com Jake.Apesar de ainda não acreditar que ele estava ali na sua frente. Era um tanto quanto estranho agir amigavelmente depois de seu sumiço um ano atrás. Ainda mais sabendo que fora expulso da família por estar se relacionando com outro garoto.Não teria guardado rancor de si?— Vejo que não mudou nada, formiguinha. Estou te deixando nervoso?— Um pouco. — Admitia o ômega entregando o menu para o alfa. — Não sei bem como agir...— Estou bem como pode ver. — Ria Jake pegando o menu olhando as opções. Então, abrira um sorriso apontando para um em específico. — Aposto que você pede esse café doce com chocolate e nozes.— Como sabe? — Questionava Theodore surpreso.— É o mais doce do
Ter uma mordida era tão importante quanto perder sua virgindade ou se casar com alguém. As pessoas tomavam cuidado quando se tratavam daquele assunto, buscando não se morder tão levianamente por ser um vínculo que duraria a vida inteira. A maioria dos casais, mesmo tendo uma vida conjugal com filhos, não se mordiam já que sabiam não serem almas gêmeas.Houveram casos de ômegas serem mordidos contra sua vontade. Alfas dominadores que se tornavam obcecados por seus parceiros, tiravam sua liberdade ao forçar um vínculo criado. Suas vidas jamais seriam as mesmas quando tivessem em uma situação tão assustadora. Toda mãe que se preze ensina aos seus filhos a importância de se protegerem de alfas, ou de qualquer outra pessoa durante o seu cio.A vida não era tão bela para os ômegas. Principalmente os garotos ômegas.Por esse moti
— Mocinha, está na hora de ir para cama.— Não!— Mas que grude todo é esse com o seu irmão? Papai vai chorar.— Não e não!Assim que entrara em casa novamente, quase voando de pura felicidade, Theodore se deparou com a irmã pulando no sofá toda energética para o desespero de seus pais. O relógio pendurado na parede marcava nove da noite, e Lisa ainda estava animada demais para dormir.Ficando atrás do sofá, Theodore assistia aquela negociação falha de Pete em acalmar a menininha. E assim que sua presença fora notada por ela, Lisa pulara em sua direção abraçando sua barriga onde esfregava as bochechas.— Olha isso... Ela me ignora por completo.— Será que é ciumes por ver um alfa perto do Theo? — Questionava a mãe cruzando os braços.A
Ômegas são uma classe vulnerável. Precisa sempre estar sob cuidados de um alfa. Sua única função é a procriação, pois, quando perdem suas consciências para o instinto saem em busca do parceiro ideal para lhe presentear com um filho. A história mostrava o quanto a classe já fora subjugada pela sociedade dominadora, onde ômegas sempre eram tratados como fracos e inúteis.Apesar dos tempos terem mudado e a sociedade contribuído para que a diferença entre classes diminuísse, não significa que ela tenha desaparecido por completo. Ômegas ainda sofriam discriminações, tinham de se medicar para garantir a confiança de seus chefes e colegas de trabalho. Segundo pesquisas do governo, uma grande porcentagem dos ômegas preferiam ser donas de casa e dependentes financeiramente de seus parceiros, do que tentar uma carreira. Principalmente se já tinham filhos.Diga-se de passagem, ser ômega já pedia por um preparo psicológico ao sujeito. Ser ômega e ter filhos... Dificultavam bem as coisas.Essas e
Theodore não comparecera na aula. Fora o suficiente para que um certo alfa, levantador do time de vôlei, ficasse preocupado. Algo lhe dizia que as coisas não estavam bem. Seus instintos pediam desesperadamente para que procurasse o seu ômega, pois precisavam estar perto um do outro.Mas não poderia simplesmente se levantar da carteira e abandonar a aula para ir atrás de Theodore. Precisava confiar nele.Fora difícil se concentrar no treino. Até mesmo Milles notara a sua preocupação, o questionando sobre o que poderia estar acontecendo. Limitou-se em dizer que sua intuição o incomodava. Até mesmo Nicolas escutara suas palavras sem retrucar como costumava fazer. Seu silêncio fora considerado mais uma bandeira para o desesperado alfa.Chegara um momento que os exercícios de Gabriel ficaram mais fortes e agressivos. Como se estivesse com raiva de si mesmo por ficar
Fora difícil dizer a Theodore para deixar o quarto, mas ao mencionar um certo bolo de chocolate o aguardando na cozinha, ele prontamente se levantou. Descendo as escadas agarrado ao braço de Gabriel, o ômega percebia a presença de mais duas pessoas que o fitavam ansiosos.— Nico, Milles! O que fazem aqui?— Que ingrato, vou levar esse bolo embora. — Dizia Nicolas puxando a bandeja de bolo para perto de si.— Deixa aí! Nem ouse...Abrindo um sorriso ladino, os dois amigos riam baixo. A mãe de Theodore beijara a testa do filho e acariciou seus cabelos antes de sair para ir buscar Lisa na escolinha, deixando os quatro jovens sozinhos na casa esperando o seu retorno. Sentados na cozinha observando o ômega servir um pedaço de bolo, Nicolas era o mais atento.— Desembucha, Theo. — Murmurava quando o prato do doce fora entregue pelo amigo, recebendo a surpresa de aco
Voltar para casa era algo que Sadie ansiava em demasia.Tinha viajado para o exterior, se divertido em Orlando para celebrar seus quinze anos, que logo se transformariam em dezesseis, e ainda feito várias compras de presente para dar aos seus amigos. Lembrancinhas bobas. Mas o que realmente a deixava ansiosa era poder saber o que tinha resultado do seu pequeno plano.Não encontrara o irmão mais velho em casa quando voltara. Até achara estranho ele não estar ali para recepcioná-la, mas imaginou que estaria dividindo a cama com alguma garota que tivesse seu interesse. No final das contas, Sadie balançava os ombros sem buscar saber mais.No dia seguinte acordara cedo para lavar os cabelos e alisá-los, passar a maquiagem da moda e estrear o seu novo casaco que comprara na Disney. O seu retorno seria aguardado por seus amigos e admiradores, e ela estava pronta para esbanjar a felicidade de tudo poder voltar ao n