— Mocinha, está na hora de ir para cama.
— Não!
— Mas que grude todo é esse com o seu irmão? Papai vai chorar.
— Não e não!
Assim que entrara em casa novamente, quase voando de pura felicidade, Theodore se deparou com a irmã pulando no sofá toda energética para o desespero de seus pais. O relógio pendurado na parede marcava nove da noite, e Lisa ainda estava animada demais para dormir.
Ficando atrás do sofá, Theodore assistia aquela negociação falha de Pete em acalmar a menininha. E assim que sua presença fora notada por ela, Lisa pulara em sua direção abraçando sua barriga onde esfregava as bochechas.
— Olha isso... Ela me ignora por completo.
— Será que é ciumes por ver um alfa perto do Theo? — Questionava a mãe cruzando os braços.
A
Ômegas são uma classe vulnerável. Precisa sempre estar sob cuidados de um alfa. Sua única função é a procriação, pois, quando perdem suas consciências para o instinto saem em busca do parceiro ideal para lhe presentear com um filho. A história mostrava o quanto a classe já fora subjugada pela sociedade dominadora, onde ômegas sempre eram tratados como fracos e inúteis.Apesar dos tempos terem mudado e a sociedade contribuído para que a diferença entre classes diminuísse, não significa que ela tenha desaparecido por completo. Ômegas ainda sofriam discriminações, tinham de se medicar para garantir a confiança de seus chefes e colegas de trabalho. Segundo pesquisas do governo, uma grande porcentagem dos ômegas preferiam ser donas de casa e dependentes financeiramente de seus parceiros, do que tentar uma carreira. Principalmente se já tinham filhos.Diga-se de passagem, ser ômega já pedia por um preparo psicológico ao sujeito. Ser ômega e ter filhos... Dificultavam bem as coisas.Essas e
Theodore não comparecera na aula. Fora o suficiente para que um certo alfa, levantador do time de vôlei, ficasse preocupado. Algo lhe dizia que as coisas não estavam bem. Seus instintos pediam desesperadamente para que procurasse o seu ômega, pois precisavam estar perto um do outro.Mas não poderia simplesmente se levantar da carteira e abandonar a aula para ir atrás de Theodore. Precisava confiar nele.Fora difícil se concentrar no treino. Até mesmo Milles notara a sua preocupação, o questionando sobre o que poderia estar acontecendo. Limitou-se em dizer que sua intuição o incomodava. Até mesmo Nicolas escutara suas palavras sem retrucar como costumava fazer. Seu silêncio fora considerado mais uma bandeira para o desesperado alfa.Chegara um momento que os exercícios de Gabriel ficaram mais fortes e agressivos. Como se estivesse com raiva de si mesmo por ficar
Fora difícil dizer a Theodore para deixar o quarto, mas ao mencionar um certo bolo de chocolate o aguardando na cozinha, ele prontamente se levantou. Descendo as escadas agarrado ao braço de Gabriel, o ômega percebia a presença de mais duas pessoas que o fitavam ansiosos.— Nico, Milles! O que fazem aqui?— Que ingrato, vou levar esse bolo embora. — Dizia Nicolas puxando a bandeja de bolo para perto de si.— Deixa aí! Nem ouse...Abrindo um sorriso ladino, os dois amigos riam baixo. A mãe de Theodore beijara a testa do filho e acariciou seus cabelos antes de sair para ir buscar Lisa na escolinha, deixando os quatro jovens sozinhos na casa esperando o seu retorno. Sentados na cozinha observando o ômega servir um pedaço de bolo, Nicolas era o mais atento.— Desembucha, Theo. — Murmurava quando o prato do doce fora entregue pelo amigo, recebendo a surpresa de aco
Voltar para casa era algo que Sadie ansiava em demasia.Tinha viajado para o exterior, se divertido em Orlando para celebrar seus quinze anos, que logo se transformariam em dezesseis, e ainda feito várias compras de presente para dar aos seus amigos. Lembrancinhas bobas. Mas o que realmente a deixava ansiosa era poder saber o que tinha resultado do seu pequeno plano.Não encontrara o irmão mais velho em casa quando voltara. Até achara estranho ele não estar ali para recepcioná-la, mas imaginou que estaria dividindo a cama com alguma garota que tivesse seu interesse. No final das contas, Sadie balançava os ombros sem buscar saber mais.No dia seguinte acordara cedo para lavar os cabelos e alisá-los, passar a maquiagem da moda e estrear o seu novo casaco que comprara na Disney. O seu retorno seria aguardado por seus amigos e admiradores, e ela estava pronta para esbanjar a felicidade de tudo poder voltar ao n
No dia seguinte Nicolas estava fora dos portões esperando a chegada de um certo ômega loiro, que aparecera acompanhado de seu namorado. Apesar de Theodore ainda aparentar preocupado com sua atual condição, ele não deixava de sorrir quando estava ao lado de Gabriel.Por aquele lado, Nicolas ficara satisfeito por seu melhor amigo estar em boas mãos.Continuava a não gostar de Gabriel, mas era provável que o baixinho fosse encrencar com qualquer outro alfa que quisesse entrar na vida de Theodore. Só que eles eram almas gêmeas e estavam na espera do primeiro filhote. E ainda era uma gestação um tanto quanto arriscada devida a idade do Theodore.Nicolas havia prometido a si mesmo que se fosse necessário engoliria o seu orgulho para cooperar com o alfa que tanto detesta. Desde que mantivesse o seu melhor amigo à salvo e seguro.— Bom dia Nico!— Co
— O que foi? O gato comeu sua língua? Oh, não me diga que era um segredo? — Rindo alto, a garota virou-se para os demais alunos ali presentes. — Não espalhem que o capitão do time de vôlei, aquele que sempre é bravinho por gostar de comprar brigas, é na verdade um garoto ômega.A surpresa era direcionada em Nicolas. O ômega mantinha sua inexpressão, seguindo a ômega com o olhar. Seu sangue pulsava intensamente. Precisava se controlar... Não poderia bater em uma garota na frente de todo mundo. Ou talvez pudesse, já que ela o provocava na frente de todos.— Com certeza você já deve ter seduzido os meninos do time, só pra ficar com a vaga de capitão. E agora quer tentar a sorte com o meu irmão? Tsk tsk, tem que controlar os seus impulsos.— E você a sua língua. — Rosnava o garoto finalmente, erguen
Era a primeira vez que alunos eram chamados para a diretoria por causa de uma confusão. De certo fora necessário, principalmente quando vários estudantes estariam envolvidos. A figura da diretora, uma mulher robusta com maquiagem pesada, assustava os mais jovens. O modo como ela os observavam era como se fosse capaz de analisar suas almas e descobrir todos os pecados, até das vidas passadas.Milles também sentira medo quando a vira passar pelo corredor acompanhada das duas professores coordenadoras, e entraram na sala fechando a porta. Diferente de Nicolas e Sadie, o alfa não fora chamado. Ainda assim permanecera no corredor em frente à sala da diretora esperando.Recriminava-se por ter permanecido no lugar quando vira Nicolas se enfurecer. De novo. Todas as vezes que aquilo acontecia, Milles se tornava incapaz de ajudar o seu ômega. Suas pernas se transformavam em chumbo o impedindo de caminhar até ele e ac
O dia fora tão gostoso que Milles se esquecera completamente do que havia acontecido de manhã. Enquanto voltava para casa, o rapaz lia as anotações que pegara emprestado de Theodore sobre o primeiro time que jogariam contra nas regionais.Ainda se surpreendia com a riqueza de detalhes do ômega loiro, e parecia que a gravidez acentuara sua percepção. Milles ficara completamente abobado por notar que o jogador da qual marcaria era bom. E aparentemente alto.Passando o portão de casa, o alfa virava a página ainda lendo as anotações com genuíno interesse. Mal notara, quando passara a porta, os pares de olhos que se erguiam em sua direção como se aguardassem a sua chegada.— Finalmente chegou, o outro garoto problema.A voz intensa de alfa fizera Milles parar de caminhar e virar-se para a sala onde seus pais o olhavam de braços cruzados. Lembrara-se, e