Milles, continuava sentado ouvindo a bagunça toda. Era a segunda vez que sentia aquela sensação assustadora em seu corpo. Da última vez experimentou o prazer que Nicolas tinha de brigar com outras pessoas só para descontar sua raiva. Agora sentia algo angustiante e indescritível, mas que certamente passava longe de ser prazeroso.
De olhos arregalados fitando as próprias mãos tremerem avermelhadas, o alfa levantou-se apressadamente do banco indo até o corredor onde ocorria a briga. Passando pelo aglomerado de jogadores que assistiam sem coragem alguma de intervir, Milles conseguira compreender o motivo quando finalmente alcançara a frente.
O rosto de Nicolas estava completamente transformado, avermelhado em brasa com veias saltando em sua testa. Thunder tentava esconder o rosto entre os braços recebendo os socos direcionados sem pudor ou descanso.
Precisava fazer alguma coisa.
N&a
Os dedos finos se enroscavam nos fios loiros lisos, puxando-os sem usar a força. Os lábios de Nicolas dançavam sensualmente sobre os de Milles, transformando naquele beijo no toque mais essencial que aqueles dois garotos precisavam no momento.Um beijo de língua poderia ser a coisa mais proibida para um adolescente, pois envolveria intimidade além do que um simples beijo era capaz de proporcionar. Uma intimidade que deixava claro a sede de querer o outro, de lhe dar o consentimento para dar um passo além do considerado simples.Caminhando pelo vestiário mantendo Nicolas em seus braços, Milles trombara com o banco amadeirado onde deitara o ômega. Mantido preso nos braços finos de Nicolas, o alfa curvou-se sobre seu corpo sentindo o toque quente e úmido da língua naquele beijo intenso. Precisou se apoiar no banco, ficando de joelhos para se manter perto o suficiente sem desfazer o ó
— Não acredito que realmente não consigo andar.— Não acredito que só consegui fazer isso na terceira rodada.Nicolas envolvera os braços no pescoço de Milles prestes a estrangulá-lo, mas o menor dos movimentos já o fazia choramingar de dor. Abrindo um sorriso vitorioso, Milles ajeitava o capitão em suas costas segurando suas pernas ao carregá-lo pela escola já escura sorrateiramente.Tivera uma grandiosa sorte de ao saírem do vestiário não houvessem alguém por perto. Por Nicolas definitivamente não conseguir andar, Milles o carregava em suas costas se esgueirando pelos corredores da escola atento às vozes do professor Marcos chegando perto do vestiário.Avistando duas mulheres da limpeza correndo junto com o professor, Milles escondeu-se atrás de uma parede segurando firmemente as pernas de Nicolas. Provavelment
O vento gélido passava pela janela e balançavam as cortinas escuras sinalizando o começo de mais um dia. Abrindo os olhos claros, o ômega despertava do seu recém cio sentindo todo o seu corpo estremecer de frio.Olhando em volta, Theodore estranhava o ambiente em que se encontrava. Demorara alguns singelos minutos para lembrar estar na casa de Gabriel, onde passaram as noites juntos desde quarta-feira. Virando a cabeça, o ômega encontrara o alfa dormindo pesado segurando sua mão, e um sorriso despontara de seus lábios.Recordava-se com esplendor da primeira vez deles, apesar de ter perdido a consciência logo depois disso. Provavelmente o cio chegaria no seu ápice e Theodore não controlaria mais seus instintos, porém não ficara incomodado com aquilo.Não quando tinha Gabriel segurando sua mão mantendo os dedos entrelaçados.Desde o momento em
A sala da coordenação já estava se tornando um cômodo de visitas para aqueles dois híbridos. Não fora uma e nem duas vezes que Nicolas e Milles iam para aquele lugar depois de terem brigado. Contudo, era surpreendente terem sido chamados para uma coversa particular justamente em um sábado, quando dali alguns minutos o time de Montreal fosse viajar para jogar.Toda essa estranha cena perdia para o olhar intenso que a mulher lançava para Nicolas, que nem ousava retribuir o olhar.Milles não conseguia não se sentir desconfortável naquele silêncio absoluto, como se aqueles dois conversassem telepaticamente o excluindo. Deveria dizer alguma coisa? Por que ela parecia tão brava?Por fim, a coordenadora suspirava pesado levantando-se da cadeira dando a volta na mesa para se encostar na mesma, permanecendo de frente aos meninos.— Muito bem, por onde devo começar
— Não acredito que ele foi suspenso em plena eliminatória! — Exclamava Lilian ao estender dois cafés para Theodore e Gabriel, recebendo um agradecimento dos meninos. — Isso não é perigoso? Quer dizer, temos times fortes pra enfrentar daqui a pouco.— O professor disse que tentou conversar com a coordenadora pra que a suspensão do Nico começasse segunda, mas não teve jeito.Sentando-se ao lado de Theodore, Lilian olhava para a quadra de vôlei no centro do ginásio que já se enchia. A torcida se organizava nas fileiras à frente deixando os instrumentos prontos para darem início a bagunça. Para a sua sorte nenhum deles ouviria a conversa entre os três.— E agora? Vamos perder?— Milles vai assumir como capitão, mas em compensação vou ter que entrar na quadra — Respondia Gabriel bebendo um gole do
Girando a caneta entre os dedos, Theodore não estava interessado em prestar atenção na aula de física. Seus olhos claros estavam repousados na janela, observando o céu azulado e o balançar das árvores. Ainda que tivesse interesse na aula, seria pouco provável a sua concentração.O time Montreal havia ganho a disputa da manhã e da tarde, classificando-se para a final das eliminatórias que ocorreriam dali à uma semana. Iriam enfrentar o time que Theodore havia assistido a partida e analisado suas jogadas. Os papéis repletos de observações estavam em sua bolsa, precisando entregá-los ao professor de educação física mais tarde.Só que Theodore estava ansioso demais pra pisar no ginásio.Na verdade, gostaria de evitar pisar lá.Assim como Lilian previra, a escola estava um verdadeiro caos graças
— Que mau humor é esse?Gabriel olhara de canto para Milles, mas logo voltando a fitar a maldita tabebuia que estava sem o ômega. Rosnando baixo, o alfa bagunçara os próprios cabelos levantando-se da fonte para deixar a roda de amigos.Fazia uma semana que não conseguia conversar com Theodore.Uma semana que não conseguia ver sua sombra, seu sorriso ou até mesmo sentir o seu cheiro. Quando uma oportunidade surgia, o ômega desaparecia em um piscar de olhos.Ficar longe dele era simplesmente doloroso e insuportável. Fingir que não tinham nada era horrível, pois tinha que ficar calado quando ouviam as pessoas falarem mal de Theodore. Era ainda pior vê-lo perto de outros alfas e betas, como se fossem grandes amigos.Talvez até fossem, Gabriel sempre lembrava-se de que a menina do primeiro ano poderia ter feito uma ponte para Theodore conhecer novas pessoas. O
Ficar uma semana sem Gabriel fora um castigo que Theodore experimentara pela primeira vez. Fora a experiência mais maluca e torturante já vivenciada em toda a sua vida, sem comparações.Vê-lo de longe com Sadie tendo sua atenção, admirá-lo enquanto treinava junto com o time, ou até mesmo observá-lo sorrateiramente na sala de aula era simplesmente horrível. O desejo de ir até ele e se afundar em seus braços crescia incessantemente na medida em que se repreendia por não se portar.Fora ele mesmo quem propusera evitarem-se na escola para diminuir os rumores, imaginando ser o melhor para Gabriel. Mas a quem Theodore estava enganando?Percebera ser baboseira a partir do momento em que todos os dias Theodore passava no vestiário para cheirar a camisa de Gabriel e se tocar.Todos os dias precisara fazer aquilo para sanar as saudades que sentia. Havia um vazio d