— Não acredito que ele foi suspenso em plena eliminatória! — Exclamava Lilian ao estender dois cafés para Theodore e Gabriel, recebendo um agradecimento dos meninos. — Isso não é perigoso? Quer dizer, temos times fortes pra enfrentar daqui a pouco.
— O professor disse que tentou conversar com a coordenadora pra que a suspensão do Nico começasse segunda, mas não teve jeito.
Sentando-se ao lado de Theodore, Lilian olhava para a quadra de vôlei no centro do ginásio que já se enchia. A torcida se organizava nas fileiras à frente deixando os instrumentos prontos para darem início a bagunça. Para a sua sorte nenhum deles ouviria a conversa entre os três.
— E agora? Vamos perder?
— Milles vai assumir como capitão, mas em compensação vou ter que entrar na quadra — Respondia Gabriel bebendo um gole do
Girando a caneta entre os dedos, Theodore não estava interessado em prestar atenção na aula de física. Seus olhos claros estavam repousados na janela, observando o céu azulado e o balançar das árvores. Ainda que tivesse interesse na aula, seria pouco provável a sua concentração.O time Montreal havia ganho a disputa da manhã e da tarde, classificando-se para a final das eliminatórias que ocorreriam dali à uma semana. Iriam enfrentar o time que Theodore havia assistido a partida e analisado suas jogadas. Os papéis repletos de observações estavam em sua bolsa, precisando entregá-los ao professor de educação física mais tarde.Só que Theodore estava ansioso demais pra pisar no ginásio.Na verdade, gostaria de evitar pisar lá.Assim como Lilian previra, a escola estava um verdadeiro caos graças
— Que mau humor é esse?Gabriel olhara de canto para Milles, mas logo voltando a fitar a maldita tabebuia que estava sem o ômega. Rosnando baixo, o alfa bagunçara os próprios cabelos levantando-se da fonte para deixar a roda de amigos.Fazia uma semana que não conseguia conversar com Theodore.Uma semana que não conseguia ver sua sombra, seu sorriso ou até mesmo sentir o seu cheiro. Quando uma oportunidade surgia, o ômega desaparecia em um piscar de olhos.Ficar longe dele era simplesmente doloroso e insuportável. Fingir que não tinham nada era horrível, pois tinha que ficar calado quando ouviam as pessoas falarem mal de Theodore. Era ainda pior vê-lo perto de outros alfas e betas, como se fossem grandes amigos.Talvez até fossem, Gabriel sempre lembrava-se de que a menina do primeiro ano poderia ter feito uma ponte para Theodore conhecer novas pessoas. O
Ficar uma semana sem Gabriel fora um castigo que Theodore experimentara pela primeira vez. Fora a experiência mais maluca e torturante já vivenciada em toda a sua vida, sem comparações.Vê-lo de longe com Sadie tendo sua atenção, admirá-lo enquanto treinava junto com o time, ou até mesmo observá-lo sorrateiramente na sala de aula era simplesmente horrível. O desejo de ir até ele e se afundar em seus braços crescia incessantemente na medida em que se repreendia por não se portar.Fora ele mesmo quem propusera evitarem-se na escola para diminuir os rumores, imaginando ser o melhor para Gabriel. Mas a quem Theodore estava enganando?Percebera ser baboseira a partir do momento em que todos os dias Theodore passava no vestiário para cheirar a camisa de Gabriel e se tocar.Todos os dias precisara fazer aquilo para sanar as saudades que sentia. Havia um vazio d
— Os ômegas liberam um cheiro característicos quando entram no período do cio. A natureza dos hormônios é atrair um potencial parceiro para o período de reprodução e garantir que o sucesso da fecundação. — Explicava a professora, apontando para o quadro negro onde os nomes dos hormônios estavam escritos em destaque — Os betas não costumam sentir o cheiro a menos que esteja intenso, e como são considerados mais fracos que os alfas, é muito comum que os ômegas rejeitem os betas.— A natureza é bizarra as vezes — Comentara um aluno aleatoriamente.— Hoje em dia é mais comum as pessoas escolherem seus parceiros, por isso não precisa se sentir rejeitado só por ser um beta. — Ria a professora, voltando a ler o livro em mãos. — Na página sessenta vocês podem ver como é o sist
Desde o momento em que pisara numa quadra de vôlei, Milles desejara ser o maioral. Os mais velhos sempre diziam que ele era talentoso e tinha potencial para jogar profissionalmente, e quando questionado sobre quem seria a sua fonte de inspiração no esporte a resposta sempre seria Jake Mckenzie, o seu primo.Milles se transferiu para a escola Montreal para ficar perto de seu primo e aprender mais técnicas de vôlei com ele. Os dois se tornaram titulares e conseguiram fortalecer o time ao ponto de alcançarem as regionais. No ano seguinte toda a aura dourada havia se perdido quando Jake deixara a escola e o time.Imaginava que com a saída de Jake do time, o título de capitão cairia em seu colo graciosamente.Até tudo ser arrasado por causa de um primeiranista talentoso.Desde então Milles já havia desistido de ser capitão do time. Odiava ter de admitir o talento natural d
Arrastando-se para casa, o alfa nem tomara ducha no vestiário. Queria apenas se jogar na cama e dormir. Será que ele poderia faltar aula e aparecer pro treino? Era uma hipótese.Quando passara pelas portas de casa, Milles vira sua família reunida na sala com sorrisos estampados no rosto. Chegara a olhar em volta tentando encontrar uma rota de saída onde não fosse avistado, mas as chances eram nulas. Assim que dera um passo, seu pai o chamara com a mão.— Meu garoto, estávamos discutindo algumas coisas. Por que não se junta a nós?Apertando a alça da mochila, Milles se arrastara até a sala sentando no estofado mais afastado dos demais. Jogando-se no estofado sentia todo o seu corpo latejar desconfortável, sendo imediato o peso de seus olhos para se fecharem.— Ah que fedor. Não tomou banho?— Estava treinando até agora, nã
Ouvindo alguns barulhos estranhos, o alfa erguera a cabeça prestando atenção. Virando-se para a janela, percebia ser barulho de pedras batendo contra o vidro. Arqueando a sobrancelha, Milles levantara da cama indo até a janela afastando as cortinas para observar a rua.Parado com um punhado de pedras em mãos, Nicolas acenava preguiçosamente.— Mas o que...Sendo avistado pelo alfa, Nicolas largara as pedras no chão e fora até o muro da casa a escalando habilmente. Milles arregalava os olhos abrindo a janela olhando pra baixo e verificando se alguém da família estaria na área externa da casa. O muro deles era mediano, mas nunca imaginara que alguém a escalaria. Nem mesmo os ladrões.E lá estava ele vendo o maldito ômega marrento escalando o muro sem ser visto.— Que merda esse baixinho está fazendo? — Rosnava Milles abaixa
Definitivamente dormir com o seu ômega fazia um alfa se sentir melhor. Graças a visita noturna de Nicolas à sua casa, Milles pudera descansar o suficiente. Na verdade, o ômega esgotara suas últimas energias ao seduzi-lo, obrigando Milles a dormir profundamente ao ponto de acordar quase ao meio dia da sexta-feira. E enquanto ele corria no quarto se arrumando para ir ao treino, o baixinho tinha um sorriso irônico em seus lábios se divertindo com a bagunça que ele mesmo criara.— Tem certeza de que vai de regata? Tem umas marcas bem ali no seu braço.Milles descera os olhos pelos braços notando os chupões deixados por Nicolas. Tão roxos e evidentes que seria difícil dizer se fora causado por uma briga ferrenha ou por um beijo acalorado.— Qual é! Minhas costas já estão ardendo por sua causa e tu ainda me marca desse jeito?Nicolas ri