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Capítulo 3 - Encontros desagradáveis

                            *Carlos Miller*

  Diariamente acordo às seis matinalmente para malhar, já estou acostumado que acordo sozinho. Hoje mais especificamente levantei diferente, mais disposto, e estou empolgado para levar Carter a oficina. A verdade é que apenas de olhar para aquela garota, vi que não era uma menina comum, que eu conseguiria levar para cama com uma conversinha mole. Ela é diferente, tem algo delicada que me atrai, como um desafio.

Sento na cama olhando fixamente para o chão do pequeno quarto, pensando em como devo agir perto dela, já que meu jeito meio despreocupado de levar a vida é no mínimo questionável. Então pego o celular, e procuro seu contato na lista. Em sua foto de perfil exibe um sorriso meigo, enquanto segura um filhote cachorro. Sorrio com isso.



Carlos: Bom dia flor do dia!. 

Carter demora alguns minutos, mas logo responde.

Carter: Bom dia Carlos 

Carlos: to ansioso para te ver hoje! 

Respondo com empolgação e logo a resposta vem, me deixando muito satisfeito.

Carter: Também estou ansiosa rsrs… Beijos até mais tarde vou para aula.

Carlos: Beijos flor, boa aula.

Levanto-me com um sorriso no rosto, e vou direto fazer minha higiene matinal. Após tomar um bom banho, com a toalha ainda na cintura, caminho até meu quarto, abro a gaveta da cômoda e pego minha roupa para ir à academia, que consiste em uma regata cinza e um short folgado preto. Como moro sozinho, não preciso me preocupar em fechar a porta, e isso é maravilhoso. Desde que saí da casa do meu pai, minha vida mudou radicalmente para melhor, até porque viver sob a vigilância daquele cara chato era uma porra.

Sento na cama e coloco meu tênis esportivo. Quando termino vou até à cozinha, pego um potinho com salada de frutas na geladeira e saio comendo, fazendo minha caminhada até a academia, que fica a uns vinte minutos da minha casa.




                      *Carter Bennett*



Acordo às seis horas da manhã pela primeira vez, com o primeiro toque do despertador, que finalmente troquei para "Troublemaker", até porque não aguentava mais a música da Beyoncé.

Quando saio do banho, ouço o celular apitar notificando mensagem.  Abro um sorriso bobo, porque é mensagem de bom dia de Carlos e isso faz meu coração palpitar de forna ridícula, mas eu não ligo e respondo com toda a empolgação. Afinal se ele está ansioso para me ver, eu também estou.

— Preciso me apressar já são seis e meia… — digo quando vejo a hora.

Com pressa me troco rápido, e pego a mochila com material, passado pela cozinha e pegando meu lanche, um, sanduíche natural que minha mãe fez antes de sair para trabalhar. Como é enfermeira, seus horários são flexíveis por conta dos plantões. Tem dias que sai antes de mim, em outros está chegando de um turno quando estou saindo para escola. Nos dias em que ela sai antes, tenho o privilégio de levar o lanche feito por ela.

— Hoje não entro no segundo tempo, não mesmo… — digo para mim mesma, batendo a porta de casa.

É incrível que mesmo acordando no horário certo eu ainda tenho a capacidade de me atrasar. Por essa razão tenho que apertar o passo, e em quinze minutos chego na escola. Por incrível que pareça o sinal toca assim que coloco os pés para dentro. Consegui hoje cheguei a tempo, o que me deixa orgulhosa e animada.

Subo os três lances de escadas, e vejo a porta da minha sala com o número dois nela. Ao entrar noto que meu lugar foi ocupado por um garoto, mas ao lado dele tem uma mesa vaga, então caminho até lá e coloco minha mochila em cima da mesa, me sentando na cadeira. O garoto na mesma hora me olha meio curioso, provavelmente porque sentei ao seu lado.

Então quebrando o silêncio entre nós, para que não fique um clima estranho e ele não se sinta deslocado, olho para ele com um sorriso, e falo:

— Oi!? Meu nome é Carter Bennett, vejo ser novo aqui… — meio confuso ele responde dando um belo sorriso.

— Olá Carter, sou Patrick Connor. Sou novo sim e você foi a única que falou comigo desde que cheguei, espero sermos bons amigos.

— Com certeza seremos. — Ele franze o cenho me analisando enquanto coça o queixo.

— Tenho a impressão de já tê-la visto algumas vezes. Você por acaso frequenta a casa de milkshake Connors? — arregalo os olhos surpresa.

— Sim, eu adoro o milkshake de lá — ele sorri largo — vou direto.

— Sou filho da dona, às vezes passo por lá durante o dia.

— Caraca! Que legal! Sendo assim já nos conhecemos de vista. Pode ficar tranquilo Patrick, vou te explicar tudo sobre a faculdade e os professores. Também posso te emprestar minhas anotações.

— Muito obrigada! Você além de linda é um anjo… — coro com o comentário do garoto, e respondo com um sorriso fraco.

Fico muito feliz, porque ele é o meu primeiro amigo na faculdade em dois anos estudando aqui.

— Onde estudava antes? — puxo assunto enquanto tiro meus materiais da bolsa.

— Na faculdade Strond Hill do centro da cidade, meus pais me tiraram de lá por ser meio longe de onde moro, e você estuda aqui há muito tempo?

— Sim, eu… — começo, mas logo sou interrompida, pela voz alta do professor Santonni. 

— Bom dia! — diz o ruivo de expressão mal humurada.



                              *Autora*

Bennett toma um susto quando vê o professor, que acaba de entrar, e com uma régua de madeira da três batidas na mesa para que os alunos calem a boca. O que se mostra muito eficiente, pois o que antes era um falatório digno de mercadão, agora é completo silêncio.

— Abram o livro de matemática na página quinze. — Diz o homem com uma cara assustadora, e Patrick lança um olhar apreensivo para a nova colega.

Carter pega seu livro, e o garoto acompanha com ela, pois ainda não pegou seus livros na direção da faculdade.

A aula é interessante, porém o professor Santonni a torna chata com seu jeito grosseiro e mandão. A pior parte é que são os três primeiros tempos diretos com ele.

A garota pensa em como seria bom se ele tivesse faltado, enquanto o observa tagarelar sem parar um único segundo. Ela coloca o cotovelo na mesa, e a mão fechada no queixo e viaja um pouco.

— Que saco! Professor chato. — Cochicha Patrick vendo a impaciência de Carter, que bufa e concorda com a cabeça.

Contudo, as horas passam mesmo que arrastadas, e finalmente toca o sinal para o quarto tempo.

— Graças a Deus! Terminou — Diz Bennett aliviada, e novamente bem humorada.

Santonni já deixou o local, quando Henry abre a porta e se depara com uma bagunça imensa no fundo da sala, e os alunos conversando muito alto.

— SILÊNCIO! — exclama o diretor com cara de poucos amigos, e logo continua. — A professora Smith não irá dar o último tempo, pois não conseguiu comparecer. Ela teve problemas pessoais, e ficará afastada por um tempo, então estão liberados.

                     *Carther Bennett* 

Na hora em que o diretor diz que estamos liberados, rapidamente guardo minhas coisas e apresso Petrick, que ri diante da minha empolgação para ir embora. Puxo ele pela mão e assim descemos as escadas com os outros alunos. Penso em mandar mensagem para o Carlos, avisando que fui liberada mais cedo, porém quando chego no portão, o vejo do outro lado da rua. Mas ele não estava sozinho, uma garota loira que não identifico, está com ele, e parece até uma conversa meio íntima, pois a loira se exibe com um largo sorriso, e “top” de ginástica, muito próxima a ele.

Eu não entendo porque sinto tanta raiva, mas desisto na hora de ir até a tal oficina com ele.

— O que houve Carter? — Petrick pergunta ao ver minha expressão que mudou de uma hora para outra. — Você está estranha, estava tão animada com a notícia de sairmos mais cedo. — O encaro com um olhar meio triste.

— Tinha uns planos hoje, para quando saísse da escola, mas acabou que desanimei e apenas quero ir para casa… — digo com um sorriso amarelo, e ele me olha preocupado.

— Quer conversar sobre? Te levo em casa se quiser… — olho surpresa para ele que parece tão gentil, e sou incapaz de recusar.

— Não quero falar sobre o assunto — até porque seria uma vergonha dizer que uma pirralha feito eu, me encantei por um cara mais velho acreditando que ele me daria bola. — Mas se quiser me levar até em casa tudo bem.

Patrick sorri e estica o braço, que eu seguro dando um sorriso de canto. Caminhamos sentido a minha casa que é até perto da dele, o que descobrimos depois de muito conversar durante o trajeto.

O garoto é eufórico e tagarela, o que me faz rir alto várias vezes, pois ele sempre faz uma piadinha sobre as coisas mais aleatórias. Admira-me que não tenha feito nenhuma amizade antes de eu chegar na sala, até porque parece bem mais simpático e sociável que eu.

— Moro ali, Patrick — Digo sorrindo e apontando para minha casa, que tem os muros altos de cor bege, e portões dourados de entrada e garagem.

— Nossa que entrada legal. É aqui que deixo a princesa, em seus aposentos. — Diz admirando a fachada, e faz uma reverência me arrancando outra gargalhada alta.

— Deixa de ser palhaço e vem cá — lhe dou um breve abraço, e por incrível que pareça agora é ele que parece corar. — Obrigada, e até amanhã.

— Até amanhã! carterzinha. Foi um prazer… — ele abre um largo sorriso, e depois vai embora andando a passos largos.



                          *Autora*

Carlos sai da academia, passa em casa e toma um bom banho, colocando uma blusa branca com uma bermuda quadriculada cinza na sequência. Passa seu melhor perfume, coloca um chinelo branco e vai para a faculdade de Carter, que fica a dez minutos de sua casa.

O que ele não espera, é que em frente ao colégio estaria Débora, uma ficante de muito tempo que faz academia no mesmo lugar que ele.

Ao vê-lo passar, ela o puxa pela camisa.

— Oi? Carlos — Diz com uma voz bastante melosa, e ele a encara como se fosse uma mosca-chata zunindo em sua orelha.

— Oi! — Responde com frieza.

Débora ignora esse detalhe e o encara dos pés a cabeça, com olhares maliciosos. Ela usa uma legging preta que marca perfeitamente seu corpo escultural, com tênis de corrida e um ‘top’ vermelho que deixa o decote bem visível.

— Onde está indo assim todo gato? Eu ia treinar agora, sabe. Mas se for para oficina, posso deixar o treino para mais tarde e te fazer companhia por algumas horas. — Diz sugestiva e ele responde grossamente.

— Não estou interessado, Débora, e onde estou indo não é da sua conta. Por que não dá, o fora? — sorri cínico, mas a loira não se dar por vencida. Passa a mão pelos braços musculosos do rapaz, mordendo o lábio e retruca.

— Quando estávamos naquela oficina a alguns dias atrás, não pediu para ir embora. Então deixa de ser birrento, e vamos nos divertir um pouco — o garoto revira os olhos.

— Débora a alguns dias atrás transei com você, mas foi só sexo casual e mais nada. Nunca te prometi um relacionamento, e você estava ciente. Agora some da minha frente, porra! Estou de saco cheio já, deixa de ser irritante. — Ela lhe encara furiosa e muito descontente, e o empurra.

— Seu babaca estúpido — sai rebolando, e pisando forte de tanta raiva.

Carlos não notou, mas quando a garota vai embora ele presta atenção e logo olha o alvoroço no portão da faculdade. Ouve aquele falatório dos alunos, todos felizes e animados. Enquanto corre os olhos pela multidão, observando se a jovem está no meio deles. Mas não consegue vê-la. Então vai até uma das alunas, uma morena bonita que está de coque no cabelo e mochila rosa.

— Oi!? Você conhece a Carter? — A garota quando bate os olhos nele, abre a boca meio embabacada com a beleza.

— S-sim… — sorri meio sem graça, mas ele ignora.

— Sabe me dizer se ela já saiu? — ela assente.

— Sim, ela estava com um garoto estranho, não sei o nome dele, mas foram naquela direção. — aponta para o sentido da casa de Carter. 

— Obrigado — Carlos com um sorriso responde rápido e sai andando.

Com suas longas pernas, anda em linha reta procurando nas esquinas e vielas, a fim de encontrar a casa da garota. Não demora até chegar na esquina em que Patrick está com a Carter. Ele olha e vê o garoto abraçando a morena, e na sequência indo embora.

Carlos morde o lábio com força e sente o que nunca sentiu antes por nenhuma menina, ciúmes.

— Eu não acredito que esse pirralho, está dando em cima da minha menina… — retruca para si mesmo se segurando para não avançar no moleque, que vem em sua direção.

Caminha até a casa de Bennett, e passa por Patrick o encarando ameaçador com muita raiva. O garoto arregala os olhos sem entender, pois, não o conhece, mas continua andando.

Carlos chega na hora em que Carter coloca a chave na fechadura para abrir, e segura o portão dizendo.

— Pretendia me deixar plantado, que nem um babaca em frente sua faculdade, enquanto havia saído com aquele pirralho?! — diz extremamente nervoso.

A morena se assusta, porque a lembrança que tem é de um Carlos doce e gentil. Mas logo sente a raiva lhe invadir, e explode também o deixando surpreso.

— Eu não preciso te dar satisfação, nem te conheço direito. E porque eu te esperaria? — ela aponta o dedo no peito do garoto que é muito mais alto. — O papo parecia estar muito bom, com aquela loira que estava se insinuando para você do outro lado da rua, seu cínico.

O moreno arregala os olhos na hora em que Carter diz isso, pois não esperava que ela tivesse visto.

— Flor deixa eu te explicar, não é nada disso que está pensando. Aquela garota… — É logo interrompido por Carter que está com muita raiva e diz.

— Chega, Carlos, não quero ouvir nada, não precisa me dar explicações, você não é nada meu e… — ela não termina, pois, o garoto a surpreende segurando sua nuca com delicadeza, e selando seus lábios nos dela. Mesmo confusa, a garota não encontra meios de não corresponder. Ela simplesmente se entrega ao beijo de Miller, que envolve agora sua cintura de um jeito firme que a faz perder o fôlego, e não pensar em nada mais.

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