Carter Bennett
A minha sorte é que a tia da faculdade me arrumou outro uniforme, para substituir a roupa molhada. Durante a aula, tudo o que eu consigo pensar enquanto a professora Smith explica a matéria de literatura, é em como uma mulher tão velha, consegue ser tão conservada. Ela caminha de um lado a outro, falando sem parar, com uma firmeza impressionante. Nem de longe parece que tem cinquenta anos, e não é atoa que o diretor Henry vive arrastando uma asinha para o seu lado.
Contudo, esse pensamento logo se perde e tudo simplesmente desaparece, quando começo a pensar naquele garoto que esbarrou em mim mais cedo a caminho da faculdade. Algo está me atraindo nele e preciso descobrir o que é.
Sigo assim enquanto desenho distraidamente qualquer coisa que nem sei distinguir, no caderno. Mais acabo voltando a realidade quando o sinal do terceiro tempo toca.
Henry entra e na sala logo em seguida, e eu observo meio confusa, o homem alto de cabelos grisalhos e rebeldes, com seu grande suéter vermelho, de péssimo gosto. Até porque o diretor só vai à sala, quando algo relevante acontece.
Ele para em frente a turma, dando antes uma boa conferida em Smith que revira os olhos com impaciência enquanto arruma suas coisas na bolsa para sair.
— Bom dia turma — diz animado com um sorriso de orelha a orelha, e eu não sou capaz de compreender de onde o homem tira tanta animação logo cedo. — Vocês não terão os últimos dois tempos de aula, pois seus professores de química e física faltaram, devido a forte chuva que alagou diversos lugares. — Todos comemoram conversando alto, inclusive eu.
Coloco meu material que está sobre a mesa, na mochila e saio correndo o mais rápido que posso. Desço com pressa saindo logo da escola, junto os outros alunos.
Como tenho tempo livre, não vejo problema em passear um pouco. A minha cidade é pequena, e não há muito o que fazer, mas passear pelas ruas largas sem a preocupação de ser assaltada ou algo do tipo é um privilégio que gosto de ter. A chuva já passou, e o sol está começando a dar as caras, o que é bom, pois tudo fica ainda mais encantador quando o tempo colabora.
Chego a praça que tem próxima à escola, e uso a blusa de frio para secar o banco e sentar. Há algumas senhoras conversando ali perto sobre algo relacionado a bingo e mulheres depravadas, um menino brincando com um cachorro e um pessoal do próprio colégio fazendo um barulho desnecessário.
Estou mexendo no celular, atualizando as redes sociais, quando observo que alguém senta ao meu lado no banco. Quando ergo o olhar, não consigo acreditar no que meus olhos vê em. Aquele garoto de novo, e dessa vez parece bem mais simpático.
— Olha só, quem tive a sorte de encontrar por aqui. — Agora reparando em sua voz, posso notar o quanto é grave e agradável. — Matando aula, senhorita?
— Não… — sinto minha bochecha corar, e um frio na barriga repentino tomar conta de mim. — Na verdade, fui liberada mais cedo.
— Então esse foi apenas um acaso dos bons, até porque eu estava passando e te vi de longe… — com a proximidade posso sentir o cheiro de seu perfume masculino forte, e meu corpo rapidamente responde a isso, fazendo meus pelos ficarem arrepiados. — A propósito nem disse meu nome, prazer Carlos. — Ele dá, um sorriso meigo e estica a mão enorme, que aperto com certo receio.
— Sou Carter… — Respondo meio tímida — É um prazer — sinto meu rosto corar ainda mais, enquanto dou um sorriso fraco, e Carlos me encara parecendo admirado, com "o que" eu sinceramente não sei.
— O que você acha de um ‘milkshake’? Assim podemos conversar melhor, já que tem esse tempo livre… — Não consigo acreditar que esse, cara esteja me chamando para sair, com menos de cinco minutos de conversa, e eu estou muito tentada a aceitar.
— Bem… — mordo o lábio nervosa, enquanto ele me encara com tamanha expectativa que sou incapaz de negar. — Pode ser. — Digo por fim, e ele sorri satisfeito.
A casa de Milkshake dos Connors fica a poucas quadras da faculdade, por isso chegamos lá em cinco minutos. O lugar é extremamente acolhedor, e parece o cenário de um filme romântico gravado em Amsterdam. Desde pequena frequento o local, e não há nada que eu ache mais adorável do que passar uma tarde comendo hambúrguer, e lendo um bom livro.
Estamos sentados na última mesinha, extremamente confortável e aconchegante, e eu sinto as borboletas rodearem meu estômago de um jeito ridículo demais.
— Você uma menina tão linda é solteira, enrolada ou namora? — ele pergunta quebrando o silêncio, com o olhar curioso sobre mim. Não consigo evitar na mesma hora dar uma grande gargalhada.
— Carlos até parece que tenho relacionamento com alguém, não tenho nem amigos quem dirá um relacionamento. — Ele me encara surpreso e dá, um sorriso, parecendo satisfeito com a resposta.
— Mais uma qualidade então.
— O que quer dizer? — arqueio a sobrancelha intrigada.
— Um dia saberá. Mas diz aí você gosta de morango? — fico surpresa com a pergunta inusitada do garoto, claramente para mudar de assunto.
— Prefiro baunilha. — Respondo um pouco tímida, me condenando por aceitar tão facilmente, o convite para sair de um estranho.
— Você é bem tímida, né? — diz enquanto tira uma mecha de cabelo do meu rosto e coloca atrás da orelha, me fazendo corar. — Aliás, fica linda quando está com vergonha.
— Desse jeito você me deixa sem graça… — nesse momento a garçonete chega e anota os nossos pedidos. Peço de baunilha mesmo, enquanto Carlos escolhe chocolate. — Você estuda por aqui?
— Ah!? Não… — ele ri — eu já terminei a faculdade, a propósito tenho vinte e um anos, caso tenha dúvidas. — Fico chocada, pois, dava no máximo dezoito para ele, e isso não tem como ser mais estranho. Deixa-me nervosa e, em simultâneo, eufórica.
— Nossa olha ele se exibindo por terminar os estudos — sorrio com vontade, e pela primeira vez me sinto a vontade com alguém, mesmo que o tenha conhecido hoje. — E você mora por aqui?
— Sim, tenho uma oficina de carros aqui perto. Se quiser conhecer algum dia meu ambiente sujo de trabalho, está convidadíssima.
— Obrigada… — agradeço sabendo que meus pais nunca vão deixar eu visitar uma oficina de carros de um cara de vinte e um anos, a menos que leve a polícia federal junto.
Conversamos tanto, sobre os assuntos mais aleatórios possíveis que nem vejo o tempo passar. Tanto que quando olho a hora entro em desespero, pois meu pai já deve ter chegado do trabalho.
— Preciso ir — digo assustada.
— Mas já? Deixa eu te levar em casa… — arregalo os olhos, nervosa e nego.
— Não! — ele me olha desconfiado, mas ignoro pegando minhas coisas e tirando uma nota da bolsa para pagar.
— Não precisa pagar, o milkshake é por minha conta. Adorei a companhia, espero te ver novamente.
— Certamente que sim, obrigada, Carlos. Foi uma tarde agradável. Até qualquer dia… — estico a mão, que ele ignora e me puxa para um abraço depositando um beijo em meu rosto, que faz meu coração acelerar. Seu corpo é forte e musculoso, e o meu se torna extremamente frágil e pequeno diante dele. Quando nos afastamos, sorrio e saio correndo apressada.
Já são seis horas da noite, e tem quatro chamadas perdidas do meu pai. Corro tanto, que quando chego em casa minha respiração está até ofegante.
— Carther! Onde estava até esse horário? — meu pai pergunta parecendo preocupado, o que me alivia um pouco, por ele não estar bravo.
— Papai desculpe, eu tomei um milkshake e perdi a noção do tempo. — Ele sorri e sua expressão se suaviza.
— Tudo bem, minha querida. Quando for assim avisa, eu estava preocupado. Se a sua mãe chegasse e não te visse aqui… — faz sinal de navalha no pescoço e finge morrer, eu gargalho alto.
— Desculpa papai… — corro e lhe dou um beijo — não me espere para o jantar, estou cansada e dormirei.
— Tudo bem, boa noite querida.
— Boa noite.
Após tomar um bom banho e relaxar com meu pijama fresco, posso deitar e responder minhas mensagens. Tem algumas do meu pai que eu não vi, perguntando onde eu estava. Algumas da minha dupla de trabalho na aula de química, dizendo que mandará sua parte do relatório ainda hoje, e para minha surpresa uma de Carlos. Trocamos telefone durante a conversa a tarde.
Carlos: Ei Carter :p que tal conhecer a oficina amanhã mesmo? Tenho certeza que gostará, e eu posso te pegar na faculdade! ;)
Respiro fundo sentindo meu coração disparar, e mesmo sendo errado respondo à mensagem.
Eu: claro, adorarei ^^
Ele não demora a responder de volta.
Carlos: Contarei os minutos para te ver de novo S2
Eu: Até amanhã! rsrs
Depois disso, dormirei sorrindo, até porque Carlos tem algo diferente que eu não sei explicar, mas me atrai.
*Carlos Miller* Diariamente acordo às seis matinalmente para malhar, já estou acostumado que acordo sozinho. Hoje mais especificamente levantei diferente, mais disposto, e estou empolgado para levar Carter a oficina. A verdade é que apenas de olhar para aquela garota, vi que não era uma menina comum, que eu conseguiria levar para cama com uma conversinha mole. Ela é diferente, tem algo delicada que me atrai, como um desafio.Sento na cama olhando fixamente para o chão do pequeno quarto, pensando em como devo agir perto dela, já que meu jeito meio despreocupado de levar a vida é no mínimo questionável. Então pego o celular, e procuro seu contato na lista. Em sua foto de perfil exibe um sorriso meigo, enquanto segura um filhote cachorro. Sorrio com isso.Carlos: Bom dia flor do dia!.
*Autora*Após o beijo que deixa Carlos louco, ele se afasta lentamente e observa os lábios rosados de Carter, acompanhados de seu rosto corado e os lindos olhos muito bem abertos, parecendo surpresa. Na verdade, ela está bem extasiada com o beijo e o toque do garoto, pois foi a primeira vez que foi beijada, mas óbvio que não dirá isso ou o mesmo provavelmente vai lhe achar uma pirralha inexperiente, e por mais que ela seja isso mesmo, não quer passar essa impressão.— Ainda quer conhecer a oficina? — ele pergunta com os olhos de cãozinho abandonado, e ela pensa um pouco antes de responder.— Tudo bem… — sorri meiga e ele abre um largo sorriso.— Ótimo então vamos indo — diz empolga
*Autora*Enquanto o moreno dirige em alta velocidade, cortando as ruas com uma agilidade fora do comum, Carter respira fundo sentindo o vento que entra pela janela assolar seu rosto. Ela pega seu celular e tira uma foto de Carlos distraído, apoiando o cotovelo do braço esquerdo na porta do carro, levando a mão para apoiar a cabeça e a outra mão direta no volante.Ela sorri ao tirar essa, e Miller nem percebe. Bennet coloca a foto no papel de parede do celular, mas não comenta nada com Carlos.Chegando no grande portão com quatro homens fazendo a vigilância, Carlos pisca o alerta três vezes os fazendo abrir, e entra com o carro.Logo no estacionamento se escut
*Carlos Miller*Já na van mando Brendon dirigi direto para o Lions, afinal eu não estou em condições para isso. Deito nos bancos do fundo, enquanto Adrien vai na frente com Brendon, e Megan atrás ao lado de Luiza.Todos percorremos o caminho em silêncio. Mas embora ninguém diga nada, meus pensamentos me atribulam mais do que qualquer coisa. Só consigo pensar em como queria ter ficado ao lado de Carter nesse momento, e fui um estúpido e o único culpado pelo que aconteceu. Apesar de tudo, me recuso a desistir de minha princesa assim tão fácil. Nem que por ela eu tenha que mudar de vida, e questionar minhas próprias ações, simplesmente não posso deixar. Ela foi de longe, o melhor q
*Carter Bennett*O jeito como Thony tagarela a aula inteira sem parar, apesar de ser irritante me arranca muitas gargalhadas. O professor Gayclin não é do tipo que pega no pé por conversa, então qualquer coisinha é pretexto para o loiro dizer alguma coisa em meu ouvido, como agora mesmo enquanto analisamos uma rã morta sobre a bancada do laboratório de biologia, ao qual fomos conduzidos assim que o professor chegou.— Isso é maneiro, você não acha? — pergunta enquanto cutuca o pobre animal sem o mínimo pudor, e isso me faz ficar enjoada.— Nojento, eu diria — a afasto mais para o lado dele, e ele me encara com um sorriso largo no rosto.— Você não tinha aula de biologia na sua antiga Universidade?— Tinha, mas os métodos eram menos medievais, nós não analis
*Carlos Miller*Sentindo uma dor infernal na cabeça levanto devagar e vou até o banheiro, tiro a cueca e com às duas mãos sobre a pia me olho no espelho e vejo os arranhões em meu peito e costas.— Já vi que não usarei regata. — Digo para mim mesmo revirando os olhos.Abro a porta do boxe entro e fecho em sequência para tomar um banho bem gelado. Minhas costas ardem com a água caindo sobre meu corpo. Após me lavar.Seco-me e enrolo a toalha na cintura. Vou até minha bolsa de viagem e pego uma blusa azul meia manga, uma calça jeans clara e um tênis branco.Acabando de me vestir, pego uma aspirina na bolsa coloco no bolso da calça e saio.Na cozinha dou de cara com uma garota loira de olhos verdes, sentada na cadeira alta em frente ao balcão, tomando um café e lendo uma revista.
*Enthony Grymis*Em êxtase, é assim que eu me sinto quando os meus lábios deixam de tocar os seus. Seu rosto corado, junto as gotículas de água que pingam contornando sua pele clara, eu poderia comparar a uma obra de arte. Carter é tão perfeita, que se eu fosse uma garota acharia frustrante. Não sei o que deu em mim quando resolvi beijá-la dessa forma, mas tudo o que eu sabia é que precisava sentir, e sinceramente foi a melhor escolha que tomei em toda a minha miserável existência.Por um momento fico nervoso, por mais que ela tenha correspondido o beijo na mesma intensidade, mas tudo muda quando ela sorri tímida e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha.— Acho melhor voltarmos, você não acha? — estou tão embasbacado
*Luiza Drumon*No final do beijo Gabriel se afasta devagar, e eu logo me levanto as pressas com muita vergonha.— Até, preciso ir — ele se levanta rápido também, e segura minha mão me puxando, fazendo com que o encare no fundo dos olhos, e eu me derredor toda com aqueles olhos azuis me olhando fixamente.— Fica.. — o ruivo diz acariciando minha mão com o polegar, se aproximando mais.Quando olho para uma cabine próxima da piscina, onde um segurança acaba de sair e deixa o rádio ligado, ouço uma música lenta e clichê. Fecho os olhos e concordo com a cabeça sobre ficar.Gabriel p