Tomei um banho refrescante e me joguei na cama, o dia havia sido estranhamente diferente dos meus dias habituais. Em seguida, peguei meu velho saxofone, que continuava pendurado na parede do que um dia foi meu quarto e refúgio, entoei uma linda canção... Adoro o som do saxofone, me acalma e me ajuda a refletir. Enquanto tocava aquela bela canção de Kenny G, meu celular começou a tocar. Olhando a tela percebi que era Brad:
— Eu.
— Fala, meu irmão. Tá fazendo o quê?
— Desenferrujando meu velho saxofone.
— Não tá a fim de uns drinques e um papo? Faz tempo que a gente não se fala direito.
— Tô precisando mesmo... Aonde?
— No mesmo lugar de sempre.
— Daqui a meia hora te encontro lá.
Logo cheguei ao local onde tantas histórias aconteceram. Era um bar que costumávamos frequentar na época da faculdade, sossegado, com um grande balcão cheio de bancos, algumas mesas, com uma luz fraca e um som agradável ao fundo. Gostávamos de bater papo lá e acabou virando um hábito. Vez ou outra, eu e Brad pegávamos nossos instrumentos e ensaiávamos algumas canções em um velho palco que ficava em um cantinho. Tornamo-nos muito amigos desde aquela época. Juntamos nossas economias e montamos a produtora: pequena, mas nossa. Desde então, lançamos no mercado dois artistas que agora já se encaminhavam para as paradas de sucesso, estávamos empresariando os rapazes e bem satisfeitos com o resultado.
Sentei ao balcão, e logo Brad chegou. Cumprimentamo-nos com um aperto de mãos, um abraço, e pedimos bebida:
— Você saiu sem dar muitas explicações, Matt, concluí que algo de ruim tivesse acontecido. Quando vi os jornais, pude ver o que te levou a fazer isso. Sinto muito, irmão!
— Até agora não consigo entender o que aconteceu... Você, melhor do que ninguém, sabe do meu relacionamento quase nulo com meus pais, mas vê-los ali, daquele jeito... Me doeu.
— Posso imaginar... Mas até agora nenhuma pista do assassino?
— Nada... O idiota do investigador Ramires desconfiou de mim, a princípio. Um babaca.
— Que barra, cara. E as empresas de seu pai?
— Vou ter que tomar conta por enquanto... Não entendo absolutamente nada daquele mundo. Mas até eu resolver o que vou fazer com tudo, não posso deixar desmoronar.
— E a produtora? Como vai ficar?
— Vai continuar... Mesmo que eu não esteja presente lá todos os dias como antes, tem você, e sempre que tiver um tempinho, vou aparecer para a gente resolver os problemas. Posso contar contigo? Você segura as pontas?
— Sempre, amigão! A propósito, já te falei pelo telefone do tal menino Charlie, não falei?
— Falou. O garoto é bom mesmo?
— Tá me cheirando a sucesso! Acho que vale a pena investir.
— Como ele é?
— Tem dezenove anos, bem-apessoado, uma bela voz, toca demais e tem um dom natural para a composição de músicas. Há dois dias, ele me mostrou uma... Cara, é demais, ele a chamou de “Eu Te Desenhei”. Muito boa.
— Vou ver se consigo dar uma passada lá até o final da semana. Te ligo antes pra gente marcar, assim eu o vejo e ouço também.
— Estou te achando pra baixo demais... — Brad disse, pedindo mais bebida ao garçom.
— Tô sentindo o rumo da minha vida mudando, é como se eu estivesse perdido em uma tempestade em alto-mar sem o leme do barco... Tudo do que eu sempre fugi me alcançou.
— A vida tem uns baratos loucos...
— E você? Se arrumou com aquela tal namorada?
— Nada, cara... Até tentei uma reconciliação, mas depois que a irmã dela ficou doente e ela teve que ficar cuidando da sobrinha, eu estava sempre de lado! Difícil estar em segundo plano o tempo todo.
— Mas você gostava dela, pelo jeito.
— Gostava sim. Ela é tão especial que até você, com esse jeitão todo de que nunca vai se amarrar a ninguém, ia gostar. Mas quem sabe, né? Ainda não desisti dela, continuamos nos falando pelo telefone...
— Vai tentando. Uma hora, você se ajeita com ela! Engraçado vai ser te ver entrando em uma igreja com alguém! Esse dia eu quero ver!
— Olha quem fala... O Ninguém-Me-Laça! — Brad retrucou, dando uma gargalhada.
— Vamos tocar um pouco? Como nos velhos tempos?
— Vamos, sim, vai ser bom pra relaxar.
Subimos no palco, pegamos um violão cada e começamos a tocar a nossa habitual playlist: Hotel California, How Deep is Your Love, With Or Without You e algumas mais. Quando me dei conta, já era bem tarde. Eu me despedi de Brad e fui para a casa. Entrei em silêncio, com a moto desligada, e pude observar as câmeras com sensor de movimento me seguindo. Inevitável pensar o que faria meu pai as desligar uma vez por mês...
Acordei com um gosto de cabo de guarda-chuva na boca, exagerei na bebida no dia anterior, ainda deitado, acendo um cigarro e penso um pouco antes de me levantar... Sentia-me algemado a um negócio que não era o meu.
Tomei um banho rápido, me vesti, tomei um café gostoso preparado por Bernarda, já pude ver o movimento de entra e sai dos empregados, subindo descendo, limpando, arrumando. Coloquei meu capacete e saí.
Cheguei ao escritório, fui melhor recebido desta vez, até demais: as secretárias, atendentes começaram a se insinuar descaradamente. Menos Helen, que me tratava como tratava a todos ali, como se eu não fosse ninguém acima dela. Não sei se isso me incomodava ou me dava prazer...
Cumprimentei todos com um aceno de cabeça e fui direto para a minha sala, onde, sobre a mesa, havia uma pilha gigantesca de contratos a serem assinados e um imenso recado me comunicando de uma reunião com os acionistas.
Imediatamente peguei o telefone e pedi que Helen viesse até meu escritório.
Ela deu uma ligeira batida na porta e entrou em seguida.
— Bom dia, Matthew.
— Bom dia, Helen, por que você é a única que não usa formalidades comigo aqui?
— Acho você muito novo para chamar de senhor ou doutor, mas se te incomoda, posso chamá-lo de Doutor Matthew. Para mim, não faz diferença.
— Não, está bom assim! O que é isso tudo? E que reunião é essa?
— Isso tudo são contratos com grandes fornecedores de obra prima para a metalúrgica, você tem que analisá-los antes da reunião com os acionistas para dar um parecer positivo ou negativo com relação aos preços de compra de cada um deles. E essa reunião foi marcada também porque os acionistas estão meio inquietos com relação à sua pessoa... Querem saber se você vai continuar na presidência ou vai indicar alguém que tenha mais experiência do que você.
— Bando de urubus...
— Sim, você tem razão... Não passam disso. Seu pai costumava me contar as histórias de como transformou a pequena metalúrgica de seu avô nesse império, e quando ele começou, era assim como você, sem experiência quase nenhuma.
— Eu me surpreendo com você, sabia?
— Por quê?
— Você sabe mais da vida de meu pai do que eu. Como um homem pode conversar tanto com uma secretária e quase não falar com o próprio filho?
— Espero que não esteja insinuando nada com isso... — Helen disse, me olhando com ar de poucos amigos. — Seu pai tinha idade para ser meu pai também, só que trabalhávamos juntos praticamente o dia todo, e durante o expediente ele adorava contar histórias. Sempre me respeitou muito, assim como eu a ele.
— Não quis insinuar nada, Helen, calma! É que você fala dele com tanta admiração, que nem parece ser a mesma pessoa.
— Pode ser que você não tenha feito força suficiente para entender seus pais... Só quem não os tem mais já há muito tempo sabe a falta que fazem. Mesmo quando parece que estão fazendo tudo para a nossa infelicidade, sempre tem o outro lado, aquele que não queremos enxergar. Seu pai tinha muitos defeitos, Matthew, mas era um homem justo.
— Chega desse assunto, nem sei por que estou falando sobre isso com você! Mal te conheço.
— Tem razão... Assuntos de família não me dizem respeito. Vamos ao que interessa.
— Vai ter que se acostumar comigo, sou um pouco grosso às vezes... É que eu não gosto de meias palavras, quem gostar de mim, vai ter que gostar do jeito que eu sou.
— Já ganhou um ponto positivo comigo! Não gosto de gente dissimulada.
Nós dois sorrimos, e Helen começou a me apresentar todos os documentos um a um. Eu procurava prestar atenção em cada detalhe quando, alguns minutos depois, o celular de Helen tocou. Ela pediu licença e foi atender com o semblante preocupado. Aquilo chamou minha atenção e, num ímpeto de curiosidade, fui devagar até a porta, a fim tentar ouvir a conversa. Mas apenas ouvi ela dizer: “Vou chegar o mais cedo possível, não a deixe sozinha.”
Ela entrou com o rosto bastante preocupado e me viu em pé perto da porta.
— Ouvindo a conversa dos outros, Matthew?
— Me desculpe, é que percebi sua transformação... Aconteceu alguma coisa grave?
— Ultimamente na minha vida, só acontecem coisas graves... — ela enxugou uma lágrima que teimou em descer pelo rosto.
— Quer me contar?
— Não. Deixa pra lá. Vamos terminar isso logo, que a reunião é daqui a pouco.
Terminamos a revisão e fomos para a sala de reuniões, onde os acionistas já estavam nos esperando. Entrei sob os olhares atentos de todos, que investigavam minha calça jeans rasgada e minha camisa com as mangas dobradas e dois botões abertos.
— Boa tarde. Sou Matthew Donovan, vou permanecer na presidência no lugar de meu pai até que resolva o que fazer, até lá, conto com a boa vontade de todos para que continuemos a gerir esta empresa de forma satisfatória.
Senti os olhares me fulminando, mas Helen me olhou com certo orgulho, e aquele simples olhar me encheu de forças para continuar. Sentei e começamos a discutir os contratos. Nunca imaginei que pudesse me sair tão bem...
A reunião acabou, respirei fundo e disse:
— E aí, Helen, o que achou?
— Fantástico, seu próprio pai não teria feito melhor! Parabéns!
— Vamos almoçar comigo hoje? — convidei sem convicção.
Ela me olhou de um jeito desconfiado, mas concordou. Fomos a um restaurante que havia ali perto, a algumas quadras do escritório. Ela indicou o caminho, pois almoçava lá todos os dias, a comida era boa e barata.
Sentamos à mesa e pedimos o prato do dia.
— Sabe por que te chamei para vir comer aqui, Matt?
— Por quê?
— Achei que você não ia aceitar! — ela sorriu. — Queria ter certeza de que você é realmente quem demonstra ser.
— Que bobagem, sou uma pessoa muito simples, Helen.
— Que bom... Assim me sinto mais à vontade.
— Você acredita que homens e mulheres conseguem ser apenas amigos? — lancei a pergunta e fiquei observando a reação de Helen, que para minha surpresa, continuou exatamente a mesma.
— Que pergunta estranha... Por que não poderiam?
— Acho que você vai acabar se tornando uma grande amiga minha!
— Vou adorar.
— Você tem uma coisa diferente... Parece que...
— Leio as pessoas?
— Isso!
— Já me disseram isso! — ela sorriu, e almoçamos trocando algumas palavras.
Voltamos para o escritório, o restante do dia foi tranquilo. Atendi a um pedido de Helen, deixei que ela saísse uma hora mais cedo. Mas não descobri o motivo, ela era uma mulher, apesar de muito comunicativa, um tanto misteriosa quando se tratava de si. Também acabei saindo mais cedo, Brad me ligou dizendo que Charlie estava na produtora. Acabei indo até lá, estava mesmo curioso para conhecer o jovem talento.
Parei a moto na calçada e entrei cumprimentando com toques característicos as pessoas que nos ajudavam ali. Logo vi Brad na sala de gravação, ouvindo o garoto tocar, então cheguei perto e apurei os ouvidos.
Brad tinha razão... O garoto era bom.
Charlie tinha um grande futuro pela frente.
Observei Charlie durante alguns minutos e entrei no estúdio dizendo:— Garoto... Você realmente tem talento! Acho que seu único caminho é o céu! Prazer, sou Matthew.— Obrigado! É um prazer te conhecer, já faz tempo que tenho essa vontade, as referências que tive de você como produtor foram muito boas.— Não é muito difícil produzir quem já tem um talento natural desses, fico feliz por você ter nos procurado...— Não falei, Matt, que o garoto tinha futuro? — Brad batendo em minhas costas.— E não exagerou! Vou investir na sua carreira, Charlie. E vamos começar logo, quero suas músicas gravadas para que eu as ouça, assim que tivermos um bom repertório, gravaremos as demos e divulgaremos na mídia... Tenho certeza de que vai engrenar. Você toca apenas viol&atil
Levantei cedo, apesar de não ter conseguido dormir quase a noite toda. Reencontrar Jen, depois de tantos anos... Ela havia marcado minha vida, fez história na minha alma... Sei que éramos adolescentes, talvez nem tivéssemos ficado juntos, mas a pior coisa que existe, a meu ver, é nunca saber como uma história vai terminar... É como nunca saber o final de um livro que termina inesperadamente... Uma música sem as notas certas para compor a melodia... Uma música sem final. Você pode tentar imaginar o encerramento, mas nunca terá certeza de absolutamente nada... Essa era a minha história com Jen.Tomei um banho, fiz a barba, que estava por fazer há dias, passei as mãos pelos cabelos ainda molhados e fiquei me olhando no espelho por alguns momentos, tentando encontrar o Matt de dezessete anos. Não encontrei... Eu era a mesma pessoa, mas diferente. Havia adquirido experiênc
Durante o trajeto até o hospital, tentava imaginar o que aquele idiota da van preta pretendia. É fato que foi proposital, talvez os avisos de Ramires devessem ser levados em consideração... Mas por quê? Qual era o verdadeiro motivo do assassinato de meus pais? Qual seria a história nebulosa que rondava a minha família?Sentia dores pelo corpo, mas não parecia haver nenhum osso quebrado. Os paramédicos, durante o trajeto, me apalpavam, me questionavam a respeito de lugares mais doloridos que outros. Finalmente chegamos, fui recebido por uma médica, que imediatamente me levou para a sala de tomografia.Fiz o exame: nenhum órgão havia sido lesionado, sou mesmo forte como um touro... O carro capotou tantas vezes, que ao final do trajeto, mais se parecia com uma lata de sardinhas.Depois de vários outros exames, que atestaram que meu interior estava intacto, como lembranç
Levantei cedo, o corpo ainda acusava o acidente da sexta à noite. Tomei um banho, meus ferimentos já não ardiam tanto, estava até que me recuperando rápido... Olhando para trás, poderia ter sido bem pior do que foi.Desci as escadas e logo vi Bernarda.— Bom dia, menino Matt! Como passou a noite, meu filho?— Estou bem melhor, Bernarda! Já não sinto tantas dores como ontem.— Pena que esse lindo rosto ainda carrega alguns hematomas... Tome cuidado, Matt. Contrate de volta os seguranças que trabalhavam para seu pai! São todos bons. Você não deve mais ficar andando por aí sozinho. Eu não sou surda, filho. Sei que não foi um simples acidente. Ouvi aquela moça bonita falando com seu amigo aqui embaixo ontem.— O que eles estavam falando, Bernarda?— A moça não queria muita conversa com ele, n&
Foi uma semana difícil... Helen não foi trabalhar, e, sozinho, continuei a investigação dos sócios e acionistas da metalúrgica. Não cheguei a nenhuma conclusão. Recontratei os dois seguranças que acompanhavam meu pai. Não me sentia confortável com aquela situação, mas o momento exigia cautela.Trabalhava de manhã na empresa e, à tarde, ia até a produtora. O contrato com Charlie já estava pronto, o CD demo também, estava analisando as músicas para ver quais apresentaríamos nas gravadoras.Brad e eu ficamos meio estremecidos depois do encontro dele com Helen em minha casa, mas já estava voltando tudo ao normal.Não costumo ficar dando asas para situações negativas, achei melhor não tocar mais no assunto, apesar da insistência de Brad em querer saber qual o tipo de relacionament
O silêncio dentro do carro era sepulcral... Nem eu nem Helen sabíamos o que fazer, ou como processar as informações que haviam caído sobre nós como uma bomba. Como imaginar Jen sendo minha irmã? Aquilo era surreal demais e envolvia tantas coisas... Naquele momento, sentia muita raiva de meu pai, não sabia como colocar isso para fora, estava entalado. Precisava falar, antes que me engasgasse. Imagens de momentos tão íntimos com Jen passavam pela minha cabeça... Podia ser que aquele homem estivesse mentindo?— Helen? — quebrei o silêncio sem saber exatamente o que diria.— Fala, Matt. Se é que você sabe o que dizer, porque eu sinceramente, não tenho palavras.Mais uma vez, Helen descrevia o que eu estava sentindo naquele momento.— Você consegue dimensionar esta situação?— Tô tentando... Acho q
Encarei Ramires e respondi:— Pelo que me consta, Ramires, sou eu que estou sendo perseguido e sofrendo ameaças de morte... Ontem meu carro foi baleado na porta de uma danceteria. Você não está insinuando que eu ou Helen matamos aquele inútil, está?— Conversando com sua amiga, sabendo exatamente o motivo que os levou até August, digo com todas as letras que motivo vocês tinham... Se ela for realmente herdeira da fortuna de seu pai e ele, sendo pai dela, poderia perfeitamente pedir a guarda e administrar o dinheiro da criança. Helen perderia a guarda e o direito sobre a administração do dinheiro. E tem mais: será que Helen de fato não tinha conhecimento da história toda? Onde você estava ontem por volta das onze horas da noite?— Eu estava em uma danceteria com Brad e Charlie e cercado de pessoas por todos os lados. E ainda tem o tiro no meu ca
Aquele mês foi de trabalho intenso, Helen me tratava de maneira muito profissional no escritório. Na quarta-feira, fizemos o exame de DNA, era só aguardar alguns dias para saber o resultado.Brad estava correndo com Charlie para as gravadoras, a fim de emplacar o garoto nas paradas de sucesso, e me punha a par de tudo. Geralmente à tarde, eu dava uma passada na produtora, mas nem sempre conseguia, a metalúrgica estava exigindo muito do meu tempo.Ramires estava na mesma. Durante aquele mês, não fui mais atacado nem por vans nem por tiros, continuava andando acompanhado por meus seguranças. Ninguém descobriu quem matou August, sem provas contra nós, Ramires deu um tempo e se concentrou na investigação do assassinato de meus pais, que simplesmente continuava o maior mistério de todos os tempos.Eu e Helen? Não sei exatamente o que estava acontecendo entre a gente. O que