Amélia AlderTudo bem, acho que essa não foi a melhor forma de contar, já que as pessoas estão olhando para mim como se houvesse uma cabeça saindo do meu ombro. – Casados? – Larissa murmura, a voz um fiapo e quase me sinto triste por ela. Quase.– Sim. Organizar um casamento é uma tarefa difícil que requer muito trabalho e dedicação para escolher cada coisa, então, certa noite, nós dóis decidimos beber um pouco para… sabe, retirar o cansaço do dia – digo com um pequeno dar de ombros e as pessoas sorriem. – Acontece que bebemos mais do que imaginamos e no outro dia quando acordamos, descobrimos que tínhamos nos casado antes da hora.Ao contrário do que eu imaginava, todas as pessoas irrompem em aplausos e eu olho para Maximus, que está sorrindo para as pessoas. Entrego o microfone para ele e suspiro. Achei que não ia conseguir enfrentar esse dia, mas parece que me acostumei a essa vida mais do que pensei. É claro que não me sinto parte deles, mas me misturo muito bem e as coisas fica
Maximus Silver– Tenho uma leve suspeita de que os meus pés vão cair a qualquer momento. Não acredito que fiquei esse tempo todo de pé em cima de um salto – Amélia diz se jogando na cama e eu me sento ao lado dela.– Também estou cansado. Você vai jantar? – questiono indo até o closet e procurando uma roupa confortável, mas me contento com apenas uma calça de moletom.– Não, estou cheia. E você?– Também não. Quer tomar banho primeiro? – pergunto voltando para o quarto. Amélia andou bem mais que eu, interagiu muito mais, ou seja, sofreu bem mais, mas também me surpreendeu muito já que eu nunca imaginaria que ela agiria tão naturalmente em meio aquela multidão. No fim, não teve uma pessoa que não encantou com ela.É quase madrugada e a recepção acabou a pouco tempo, estou tão cansado que poderia dormir em qualquer lugar que me encostasse.– Tudo bem por você? – vejo Amélia se levantando da cama e retirando os saltos.– Claro.– E se eu demorar?– Eu tomo banho no outro quarto. Há muito
Amélia Alder SilverEstou tentando entender qual foi a entidade que me possuiu noite passada para que eu tivesse coragem de sugerir aquilo para Maximus, mas cheguei a conclusão de que não há entidade alguma, a única coisa que há entre nós dois é desejo mais do que suficiente para quatro pessoas.Ao observá-lo na festa, eu já estava convencida de que não ia segurar minha inocência para sempre, mas não sabia que ia aproveitar para barganhar com ela. Foi algo que me ocorreu subitamente e quando vi as palavras já estavam saindo da minha boca. Assim como eu imaginei, ele não me disse nada, mas eu ainda quero saber e vou continuar tentando até ele ceder. Percebi que eu realmente quero saber tudo, são coisas que me assombram a mente quando menos espero e eu preciso de respostas que só Maximus pode me dar. – A festa foi um sucesso! Estava tudo lindo, assim como o planejado. Vocês estão em todos os jornais – Grace diz animada enquanto serve o café e eu sorrio.– Você quer ver? – Maximus pergu
Amélia Alder– De todos os dias disponíveis, precisava mesmo chover justo hoje? – questiono olhando a chuva torrencial que cai pela janela. Não estamos em época de chuva e mesmo assim está chovendo.Enquanto Maximus ligava para o piloto e reservava o nosso helicóptero, eu sai para passear no jardim e observei que as nuvens pareciam mais escuras que o normal, o que eu não sabia é que um toró forte começaria a cair dez minutos depois.Não preciso nem dizer que a chuva acabou com o nosso programa de casal e agora estamos aqui, no nosso quarto, escolhendo um filme para assistir. Maximus sugeriu de irmos para o cinema que há na casa, mas eu neguei. Assistir deitado parece muito melhor e a TV que há no quarto é grande o suficiente para isso.– Não podemos controlar a chuva – Maximus diz, zapeando entre os filmes a procura de um.– Eu sei, mas Las Vegas nunca chove assim, fora da época e veja lá fora, está chovendo tanto que parece que vai cair o mundo.– Acontece as vezes, não precisa ficar
Maximus SilverEstamos nos beijando loucamente no meio da chuva e eu não sei onde meu corpo começa e onde o de Amélia termina quando ela se afasta subitamente, assim como fez da outra vez em que nos beijamos. Rapidamente, seguro-a pelo braço e mantenho ela no mesmo lugar de sempre.A mulher decidida e animada deu espaço a uma mulher contida, que me olha com desconfiança e vergonha.– Não pode continuar fugindo, Amélia. Não para sempre. Seu corpo sabe o que quer e eu também sei – murmuro para ela e faço questão de que veja meus olhos, mas ela desvia o olhar.– Acho que você tem razão. Vamos entrar antes que a gente adoeça – evitando o meu olhar, ela se levanta rapidamente só para cair segurando o tornozelo. – Ai!– Esqueceu o motivo de estarmos no chão? Me joguei para que você não quebrasse a cara, mas não pude fazer mais nada pelo seu tornozelo. Vamos, eu te carrego.– Não, eu posso andar perfeitamente.– Um caralho que pode – digo indo contra seus protestos e pegando-a no colo. Olho
Amélia Alder– E acho também que deveríamos mudar a cor das cortinas da casa para… Senhora, está ouvindo o que estou dizendo? Senhora?– Desculpe, sim, estou ouvindo. Que cor você sugere? – digo despertando do meu transe e Grace me encara com curiosidade.Não consegui dormir bem na noite passada, pois cada vez que eu fechava os meus olhos revivia a cena da chuva que aconteceu na tarde de ontem. Estou presa em casa por causa do meu tornozelo machucado e Maximus foi trabalhar, não antes de me proibir de descer para qualquer coisa que seja. – Bem, branco. A senhora aprova? – ela diz com os olhos brilhando.– Grace, por que quer pôr cortinas na casa? – questiono interessada. A casa é muito iluminada e há muitos detalhes em vidro, o que permite que a luz do sol entre.– O Sr. Silver disse que eu poderia discutir qualquer mudança com a senhora – ou seja, ele está me forçando a tomar decisões. Maldito controlador.– Eu entendo, mas qual o motivo das cortinas?– Não acha que a casa é muito i
Maximus SilverAndo rapidamente e desço as escadas de dois em dois degraus o mais rápido e estável que as minhas pernas permitem. – Senhor, o almoço… – Grace diz ao pé da escada, mas eu apenas levanto a mão e saio andando até a saída.– Senhor… – John está me olhando com confusão e eu apenas levanto a mão, indicando que não quero ouvir.– Para a empresa – peço entrando no carro.– O almoço…– Agora – meu tom não deixa espaço para questionamentos ou dúvidas e John percebe isso rápido, porque ele não diz mais nada.Consigo controlar meus pensamentos apenas até o momento em que entro no meu escritório e tranco a porta. Ao lado da porta, me sento em crise e agarro os joelhos, a respiração falha, o coração acelerado com as lembranças da infância e é como se eu tivesse um flashback da minha versão mais nova, mais fraca e um pouco mais inocente também numa ocasião única, o dia em que estraguei o jantar de negócios do meu pai e, consequentemente, a primeira vez que a minha mãe me colocou de
Amélia Alder Silver– Nós precisamos conversar. Uma conversa que não pode ser pelo celular e não pode esperar – digo de uma forma bem decidida e não há espaço para questionamentos na minha voz.Passei a manhã toda pensando nisso e estou convencida de que é o melhor para nós dois. Não aguento mais essa situação.– John, poderia nos deixar a sós? – Maximus pede ao perceber que estou falando sério e John se despede com um aceno.– Tranque a porta – peço e ele arqueia a sobrancelha. – Não quero que ninguém entre e nos interrompa – explico.Em silêncio e com desenvoltura, Maximus vai até a porta e aperta em vários botões, fazendo algo que eu definitivamente desconheço muito, mas que fecha a porta. Ao vê-lo assim, eu tenho um dejavu do dia que nós conhecemos e o meu dia caiu. Quem diria que eu me casaria mesmo com ele depois de ouvir sobre aquele contrato absurdo. O ditado é certo “nunca cuspa para cima, pois pode cair no seu rosto”.– Certo, a porta está trancada. O que você… – empurro pa