Capítulo 8

Victoria Becker narrando:

Ando até a porta e saiu andando em direção à rua, as contrações começaram mas estavam bem fracas, começo a andar pela calçada na tentativa de achar algum táxi.

Acho que já sofri tanto durante esse tempo que Deus ficou com pena de mim e decidiu facilitar, pois logo na minha frente um táxi para e uma das minhas vizinhas desce.

Ando até eles e a mulher me olha assustada, acho que ela não sabia que eu estava grávida, hoje ela terá muita fofoca pra contar pras amigas.

- Moço me leva para o hospital _digo me sentando no banco de trás e o homem assenti antes de sairmos.

Eu gemia de dor baixinho quando sentia uma contração, tava doendo muito e eu não sabia o que fazer.

Depois de alguns minutos nesse sofrimento finalmente o motorista fala:

- Moça chegamos.

Peguei o dinheiro que eu já tinha separado e o paguei, abri a porta e com muita dificuldade sai, o segurança correu na minha direção e me ajudou a andar pois estava bem complicado.

Rapidamente uma enfermeira veio com uma cadeira de rodas e eu me sentei.

- Moça cadê seu acompanhante? _perguntou ela.

- Não tenho _falei_ eu não tenho ninguém.

Comecei a chorar enquanto arfava de dor, a mulher me olhou e suspirou.

- Você não está em condições de assinar nenhum documento mais pelo menos me fale seu nome para que coloquemos na identificação da criança _disse ela.

- Victoria Mary Becker _falei ou gritei, eu não estava mais em mim naquele momento.

- Certo, eu vou te acompanhar _disse ela me empurrando na cadeira.

As próximas horas foram assustadoras, nunca senti tanta dor na minha vida, aquela enfermeira ficou ao meu lado na hora do parto e me deu forças, ainda existem pessoas boas no mundo.

Quando ouvi o chorinho da minha filha foi impossível não chorar também, eu sabia que cada sacrifício iria valer a pena, e valeu, no memento em que peguei ela nos meus braços foi a melhor coisa da minha vida.

Eu sorria como uma boba, meu coração estava acelerado, ela era perfeita... seus cabelos negros e aqueles pequenos olhinhos azuis.

Mas tive que me despedir dela quando pediram para levá-la, mas afirmaram que logo a trariam pra mim.

Fui para o quarto depois de algumas horas e fiquei esperando minha bebê, logo ela chegou e a enfermeira que foi muito legal comigo me ajudou a dar de mamar a Helena.

- Obrigada por me ajudar _agradeci.

- Não precisa agradecer _sorriu carinhosa_ você parecia perdida e assustada, ainda mais sem ninguém pra te ajudar em um momento tão difícil e ao mesmo tempo tão especial.

- Serei sempre grata a você.

Depois que Helena mamou a mesma dormiu, a coloquei no pequeno bercinho ao lado da cama e me aconcheguei na mesma.

- Você precisa descansar _falou a mulher a minha frente me cobrindo com um lençol_ vou te deixar dormir mas se você precisar de algo é só apertar esse botão que alguém virá aqui.

Assenti e logo ela saiu.

Eu estava exausta, todas as minhas energias tinham sido gastas, afinal para passar por um parto natural precisa de muita força, rapidamente dormir e por algum motivo eu estava sentindo que a parti dali minha vida iria mudar.

[...]

Fiquei apenas dois dias no hospital e o médico me deu alta, Helena estava saudável e nos duas estávamos bem, eu estava um pouco dolorida mas iria melhorar.

Sai do quarto com minha bebê nos braços e encontro Abigail que foi a enfermeira que me ajudou.

- Já vai embora? _perguntou olhando pra bebê em meus braços e sorrindo.

- Sim _sorri_ queria agradecer mais uma vez, você foi um anjo em minha vida.

- Não precisa agradecer, quero que você e essa pequena fiquem bem.

- Vamos ficar _sorri e me despedi dela.

Andei por aqueles corredores vendo várias mulheres grávidas, algumas já indo em direção à sala de parto, fico aliviada que eu já tenha passado por aquilo, dói muito e fico feliz que eu não tenha que passar por aquilo de novo, pelo menos não durante um bom tempo.

Mas assim que passo pelas portas de saída e chego na rua o choque de realidade me invade, eu não tenho pra onde ir... não posso voltar pra aquele lugar e colocar minha filha em risco ou a mim mesmo.

Também não posso ficar na rua com uma recém nascida.

Perdida e assustada saiu andando pela calçada sem uma direção exata, mas quando me dou conta estou parada em frente a fitzy technology.

Olho pra aquilo tudo e vejo que minha filha pode ter uma vida boa, ela pode ter tudo que eu não tive, e se pra isso eu preciso aguentar mais uma humilhação então assim vai ser.

Não me importo se Marius, Cristian ou qualquer outra pessoa me humilhe, mas se existir 1% de chance dela poder crescer confortável e ter uma vida digna eu irei me humilhar.

Assim entro naquela m*****a empresa, dessa vez não vou falar com recepcionista nenhuma, terei que entrar escondida e encontrar Marius eu mesma.

Ao entrar vejo a recepcionista ocupada no telefone, a sua frente tem dois homens com seus ternos caros e exalando cheiro de dinheiro.

Dou um jeito de entrar sem ser percebida, Cristian estava certo, esse lugar não é pra mim, eu sou apenas uma desempregada com roupas velhas que acabou de parir um filho, e se não bastasse isso ainda tenho manchas roxas nos braços por causa daquele desgraçado que tentou me estuprar, ainda não acredito que o filho da puta do meu pai fez aquilo comigo.

Subo pelas escadas, são muitos andares e só tem dois dias que tive um bebê então está sendo bem difícil mas não desisto, contínuo a subir, degrau por degrau enquanto Helena dorme tranquila em meus braços.

Finalmente chego no último andar que é bem óbvio que seja o local onde Marius trabalha.

Mas ao abrir a porta esbarro em alguém e Helena começa a chorar pois ela acabou se assustando.

- Olha o que você fez _falei brava enquanto tentava acalmar minha filha.

- Desculpa, eu estava apressado e não te vi.

Essa voz... Eu conheço.

Olho pra cima e do de cara com ele, Marius, o mesmo estava na minha frente enquanto me olhava atentamente, mas logo seu olhar desce pra bebê em meus braços.

- Marius...

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