Pelo menos uma vez na semana Ana ia em encontros que seu pai organizava na esperança de que ela encontrasse alguém que lhe interessasse e a fizesse pensar em um futuro casamento.Sua saúde já não era mais a mesma e carregava dentro de si muitos arrependimentos dos quais ele sabia que só poderia sercessados se ele pudesse voltar ao tempo, mas como ele sabia que isso não seria possível não queria deixar a sua filha sozinha novamente.— John, querido! — Marta entrou no escritório que havia em sua casa encontrando John pensativo — No que está pensando?— Nada querida! Aqueles eram um dos poucos dias em que Marta estava ativa e quase gozando plenamente das suas faculdades mentais.— As meninas ainda não voltaram, acho que elas estão demorando.— Devem a estar se divertindo com suas amigas!—seguia apenas o curso daquela conversa.— Espero! — Disse demonstrando preocupação.No escritório Carlos despejava sobre Marcos o seu descontentamento dos encontros que Ana estava tendo.— Cara, não sei
Na manhã seguinte Marcos o encontrou descontando todas as suas frustrações em quem passava perto dele.— Chupou limão, foi?— Não enche! — respondeu ríspido.— Discutiu com Ana, foi?— Vamos para a minha sala.— Vai, desembucha! — disse Marcos se sentando na poltrona.— Já sabe que Ana está indo a vários encontros marcados pelo seu, não é?— Sim, sei!— Adivinha quem foi o homem com quem ela teve que se encontrar ontem?— Não sei, não estava lá.— Miguel!— Esse cara tá em todo lugar, é?— Pois…— Espera… o pai dela pensou que Miguel fosse um bom partido para a filha dele, mas não pensou em você?— Não tinha parado para pensar nisso… por que ele não me escolheu? Não acha que eu não sou um bom partido para a filha dele? — Não era sobre isso que iria falar…— Tive uma briga feia com ela e ela me deu algumas condições.— Quais?— Ela quer que eu assuma o nosso relacionamento para o pai dela ou paramos com tudo.— Uma hora isso iria acontecer, ainda mais no caso dela que está tentando agr
Por mais que tenham feito as pazes, o prazo que ela o havia dado estava findando, e se ele não quisesse dar um passo a mais naquela relação que nem mesmo ela sabia definir, colocaria um ponto final naquele breve e intensa história que eles estavam vivendo.— Bom dia — se aproximou e a abraçou por trás enquanto sentia o cheiro do seu cabelo recém secado.— Bom dia! Com um pequeno sorriso o olhou pelo reflexo do espelho enquanto tentava pôr o outro brinco.— Quer ajuda?— Sim! — ficando frente a frente com ele o entregou o brinco — Aqui! — Deixa eu ver — afastou o cabelo dela para trás da orelha — Não é tão difícil assim! — sussurrou.— Nunca colocou um brinco antes, não é? Perguntou ao vê-lo olhar sua orelha como se estivesse criando todo um plano para conseguir realizar tal tarefa — Deixa que eu coloco — tentou pegar o brinco, mas ele afastou sua mão da dela.— Fica quieta que eu vou conseguir — disse concentrado.Ao vê-lo assim tão concentrado em uma tarefa tão simples fez com que el
Ana não esperava conhecer o seu sogro tão cedo, ainda mais naquele momento. Caminhando em direção a porta, Carlos deu passagem para que seu pai entrasse.— Pai! — sorriu sem graça, tentando disfarçar o que estava acontecendo.— Quanto tempo, meu filho! — O abraçou — Sua secretária disse que estava em reunião — Olhou para Ana que desviou o seu olhar ao vê-lo olhar em sua direção — Espero não estar atrapalhando… — disse percebendo o comportamento estranho dos dois.— Não, já terminamos… inclusive, ela já está de saída.— Sim, estou! — respondeu sem saber como deveria se comportar diante daquilo.— Agradeço pela proposta senhorita, assim que o contrato estiver redigido minha secretária entrará em contato com a sua.Carlos, ansioso para que aquilo terminasse, que sem ao menos perceber praticamente a expulsou do escritório sem sequer apresentá-la.— Acho que já tenho a minha resposta… — sussurrou em frente a porta.— Desculpa por antes! — disse a secretária a tirando dos seus pensamentos.
Seus olhos percorriam Carlos, que dormia serenamente ao seu lado, enquanto sua mente fervilhava de pensamentos. Desde o início, ela estava ciente da complexidade dessa relação, entendendo que o futuro era incerto. Mesmo assim, escolheu se entregar completamente àquele instante, às sensações intensas e aos sentimentos únicos que apenas ele conseguia despertar.Ela compreendia que, apesar de ele demonstrar sentimentos por ela, o amor pela sua falecida noiva persistia, mantendo-o ligado ao passado. Sem ousar usurpar o espaço que um dia fora dela, ela ansiava, ao menos, por ocupar um lugar único no coração e na vida dele. Silenciosamente, levantou-se, tomou banho, vestiu-se e partiu mais cedo do que o habitual, deixando-o descansar sem despertar.Ao despertar com o som do despertador, ele percebeu sua ausência ao se mover. Ao checar o celular, não encontrou mensagens, chamadas ou sequer um recado ao lado do abajur deixado por ela. O silêncio falante da manhã deixou um vazio que ecoava em
Naquela mesma manhã encontrou Marcos irritado.— Sabe que horas são? — disse irritado.— Bom dia para você também! — estava de bom humor.— Pela cara já sei o que estava fazendo, mas tem que saber que existe tempo para tudo nessa vida e agora é hora de trabalhar.— Tá, eu sei! — entrou em sua sala pegou seu notebook e foi para sala de reunião que havia sido atrasada por causa dele.— Cris, precisarei me ausentar por algumas horas, então se houver algo de emergência liga no meu celular. — disse para sua secretária antes de sair.Ana, decidida e resoluta, foi ao seu apartamento e recolheu todas as coisas dele que ainda estavam lá. Ela as empacotou cuidadosamente em várias caixas, como se estivesse embalando uma parte de sua vida que estava prestes a deixar para trás.Ela mudou a senha do apartamento, deixando as caixas na portaria, com instruções firmes para que ele não fosse autorizado a subir caso tentasse.Ela estava determinada a encerrar o que eles haviam rotulado de "relacionamento
Dez anos haviam se passado desde o trágico acidente que acabou ceifando a vida da única mulher que Carlos foi capaz de amar.Não podia negar que durante esses anos outras mulheres não fizeram parte da sua vida, mas a maioria não passava de apenas uma noite.Carlos ansiava com o dia que ele encontraria aquela que lhe causou tanta dor e que lhe tirou o grande amor da sua vida. Ele a faria pagar por todas as feridas que nem mesmo uma década foi capaz de cicatrizar.— Carlos, ocupado?Marcos era um homem alto, forte, de pele negra que chamava atenção por onde passava, entrou na sala com um envelope na mão.— Alguma coisa?Carlos afastou sua cadeira um pouco para trás e sentou colocando seu braço sobre a mesa.— Sua espera terminou...ela finalmente retornou.Marcos colocou o envelope sobre a mesa e Carlos tirou algumas fotografias de lá.— Uma espera de dez anos que finalmente chegou ao fim.Ele olhava atentamente para a mulher que estava naquelas fotografias.— O que pretende fazer?Questi
Já no seu escritório Carlos andava de uma lado para o outro.— Assim vai acabar criando um buraco na sala. Marcos brincou.— Não sei se você percebeu, mas não estou para brincadeiras.Aproximando-se de Marcos, Carlos lhe deu três tapinhas em seu peitoral.— Tá bom.— A papelada do acordo já está pronta?— Estão sendo imprimidas.— Assim que terminar envie para casa do senhor John.— Ela aceitou mesmo ser sua secretária?— Mais fácil do que eu pensei que seria.— Sim, e agora, o que pretende fazer?— O que acha que mais machuca uma mulher?— Não sei...o quê?— Ser desprezada por aquele que ela ama.— Meu amigo, às vezes acho que ao invés de ser um adulto de trinta e cinco anos é apenas um adolescente com uns planos nada a ver. Você é o que? dez anos mais velho do que ela? O que te faz pensar que isso dará certo?— Quer apostar? - disse confiante.— E ainda dizem que eu sou o mais infantil de nós dois. Sou mais mulherengo, mas infantil, não!— Tá com medo de perder?— Tá, vamos supor qu