Seus olhos percorriam Carlos, que dormia serenamente ao seu lado, enquanto sua mente fervilhava de pensamentos. Desde o início, ela estava ciente da complexidade dessa relação, entendendo que o futuro era incerto. Mesmo assim, escolheu se entregar completamente àquele instante, às sensações intensas e aos sentimentos únicos que apenas ele conseguia despertar.Ela compreendia que, apesar de ele demonstrar sentimentos por ela, o amor pela sua falecida noiva persistia, mantendo-o ligado ao passado. Sem ousar usurpar o espaço que um dia fora dela, ela ansiava, ao menos, por ocupar um lugar único no coração e na vida dele. Silenciosamente, levantou-se, tomou banho, vestiu-se e partiu mais cedo do que o habitual, deixando-o descansar sem despertar.Ao despertar com o som do despertador, ele percebeu sua ausência ao se mover. Ao checar o celular, não encontrou mensagens, chamadas ou sequer um recado ao lado do abajur deixado por ela. O silêncio falante da manhã deixou um vazio que ecoava em
Naquela mesma manhã encontrou Marcos irritado.— Sabe que horas são? — disse irritado.— Bom dia para você também! — estava de bom humor.— Pela cara já sei o que estava fazendo, mas tem que saber que existe tempo para tudo nessa vida e agora é hora de trabalhar.— Tá, eu sei! — entrou em sua sala pegou seu notebook e foi para sala de reunião que havia sido atrasada por causa dele.— Cris, precisarei me ausentar por algumas horas, então se houver algo de emergência liga no meu celular. — disse para sua secretária antes de sair.Ana, decidida e resoluta, foi ao seu apartamento e recolheu todas as coisas dele que ainda estavam lá. Ela as empacotou cuidadosamente em várias caixas, como se estivesse embalando uma parte de sua vida que estava prestes a deixar para trás.Ela mudou a senha do apartamento, deixando as caixas na portaria, com instruções firmes para que ele não fosse autorizado a subir caso tentasse.Ela estava determinada a encerrar o que eles haviam rotulado de "relacionamento
Dez anos haviam se passado desde o trágico acidente que acabou ceifando a vida da única mulher que Carlos foi capaz de amar.Não podia negar que durante esses anos outras mulheres não fizeram parte da sua vida, mas a maioria não passava de apenas uma noite.Carlos ansiava com o dia que ele encontraria aquela que lhe causou tanta dor e que lhe tirou o grande amor da sua vida. Ele a faria pagar por todas as feridas que nem mesmo uma década foi capaz de cicatrizar.— Carlos, ocupado?Marcos era um homem alto, forte, de pele negra que chamava atenção por onde passava, entrou na sala com um envelope na mão.— Alguma coisa?Carlos afastou sua cadeira um pouco para trás e sentou colocando seu braço sobre a mesa.— Sua espera terminou...ela finalmente retornou.Marcos colocou o envelope sobre a mesa e Carlos tirou algumas fotografias de lá.— Uma espera de dez anos que finalmente chegou ao fim.Ele olhava atentamente para a mulher que estava naquelas fotografias.— O que pretende fazer?Questi
Já no seu escritório Carlos andava de uma lado para o outro.— Assim vai acabar criando um buraco na sala. Marcos brincou.— Não sei se você percebeu, mas não estou para brincadeiras.Aproximando-se de Marcos, Carlos lhe deu três tapinhas em seu peitoral.— Tá bom.— A papelada do acordo já está pronta?— Estão sendo imprimidas.— Assim que terminar envie para casa do senhor John.— Ela aceitou mesmo ser sua secretária?— Mais fácil do que eu pensei que seria.— Sim, e agora, o que pretende fazer?— O que acha que mais machuca uma mulher?— Não sei...o quê?— Ser desprezada por aquele que ela ama.— Meu amigo, às vezes acho que ao invés de ser um adulto de trinta e cinco anos é apenas um adolescente com uns planos nada a ver. Você é o que? dez anos mais velho do que ela? O que te faz pensar que isso dará certo?— Quer apostar? - disse confiante.— E ainda dizem que eu sou o mais infantil de nós dois. Sou mais mulherengo, mas infantil, não!— Tá com medo de perder?— Tá, vamos supor qu
O final de semana havia chegado e finalmente Ana teve folga desde que começou a trabalhar com Carlos.Aprender como se administrava um hotel não era nada fácil, mas ele a ensinava com muita calma e paciência. Às vezes sentia um certo olhar vindo da parte dele, mas sempre achava que pudesse ser apenas impressão da sua parte.— É hoje que irá visitar a sua mãe?Ana falava com Clara ao telefone.— Acho que já evitei o que tinha que evitar.Fazia dez anos desde que Ana havia tido contato com a sua mãe já que a mesma se recusava a falar com ela desde a morte de Sara.Talvez esse seja o maior motivo que faz com que Ana ainda se sinta culpada mesmo sabendo que ela tentou fazer o melhor que pôde diante daquela situação.— independente do que você veja ou ouça saiba que você não é culpada e que eu estarei aqui para o que você precisar, te amo.— Também te amo!Ana sabia que não seria uma tarefa fácil encontrar com a sua mãe, mas não poderia evitá-la para sempre.— Coragem, Ana!Tentava animar
O dia já havia amanhecido, mas Ana ainda permanecia dormindo enquanto os olhos de Carlos estavam sobre ela.Tê-la dormindo em seu quarto sobre a sua cama só aumentava o ódio que ele sentia, mas precisava manter esse sentimento escondido a fim de conseguir executar com êxito o seu plano.Carlos havia desistido do seu plano anterior de fingir de ter passado a noite com ela, afinal não seria de bom grado ter dormido com ela sem que tivesse a sua permissão. Talvez isso a assustasse e não era isso que ele queria.Ana se movimentava de um lado para o outro dando sinal de que acordaria, então Carlos enrolou a toalha em sua cintura e esperou que ela notasse a sua presença.— Bom dia!- vendo que ela não abria os olhos decidiu chamar a sua atenção.— Bom dia! - espera, bom dia?Ana conhecia aquela voz e não se tratava da voz de Clara e sim do seu chefe.— Que merda que eu fiz?- pensou enquanto lentamente levava seus olhos até a figura masculina quase nua a sua frente.— Por favor, me diga que nã
No escritório Ana olhava para o relógio repetidamente, mas parecia que hora não passava nunca e a dor de cabeça só aumentava.— Nunca mais eu bebo.- indagava consigo mesma.— Ana, preciso que faça a tradução desse documento para Italiano até o meio-dia, você consegue?- ele colocou algumas páginas sobre a mesa dela. — Vou sair um pouco, mas não irei demorar.- ele a deixou sozinha na sala.Carlos foi à sala de Marcos e o chamou.— O que você quer?- Marcos estava chateado por ele ter desmarcado o encontro que ele havia marcado com duas mulheres.— Por que está de mau humor?Perguntou entrando na sala.— Ainda pergunta? Sabe o quanto queria ficar com aquela mulher e você me deu o cano.— Estava com Ana em um barzinho.Sentou frente a Marcos.— Tão rápido assim?Marcos sabia que toda vez que ele levava uma mulher em um bar sempre acabava passando a noite com ela.— Não, não rolou nada!— Como assim não rolou...meu irmão, você já foi melhor.- ironizou.— O meu plano era esse, mas ela estava
Um mês já havia se passado e as coisas não estavam saindo como Carlos havia planejado. Por mais que ele investisse mesmo que sutilmente era como se não tivesse efeito em Ana. O que era estranho já que nunca precisou conversar mais do que apenas algumas horas ou até mesmo alguns minutos para ter a mulher que ele quisesse em seus braços.— Deveria mudar a minha tática?Perguntou a Marcos, mas o mesmo estava bastante entretido olhando as mulheres dançarem. — Cara, estou falando com você! — Dá um tempo, irmão! Já não basta esse assunto no escritório agora também na balada?- estava indignado com Carlos atrapalhando a sua noite.— Ainda se diz meu amigo!- disse fazendo drama.— E sou! Mas você precisa dá um tempo disso, olhar outras paisagens...veja quanta paisagens bonitas.- apontou para as mulheres a sua frente.— Não estou a fim! - ajeitou-se sobre o banco perto do balcão.— Desde que essa menina chegou você não está a fim de mais nada... têm quantos dias que você não leva ninguém para