A alvorada se aproximava, tingindo o horizonte com um tom dourado que parecia irreal diante da tensão que pairava no ar. A matilha estava pronta, seus corpos tensos, mas seus espíritos inquebrantáveis. Ian havia se aproximado mais do que nunca, e agora, a batalha que todos temiam estava prestes a acontecer. Não havia mais espaço para dúvidas ou medos, apenas a certeza de que o momento de confrontar o inimigo havia chegado.Lis, de pé na linha de frente ao lado de Matthew, sentia o peso da responsabilidade em seus ombros. Ela sabia que isso não era apenas uma luta pela sobrevivência, mas uma luta pelo futuro, pela liberdade, pelo que restava de sua humanidade. Rose estava inquieta dentro dela, o instinto animal de ambas as lobas chamando-as para o combate, mas também para o cuidado e a proteção.— Está tudo bem? — Matthew perguntou, seus olhos penetrando os de Lis com uma intensidade que não deixava espaço para mentiras. Ele sabia que ela estava tão tensa quanto ele.Lis assentiu, tent
A floresta parecia respirar novamente, livre das sombras que antes a oprimiam. O ar, antes pesado e carregado de tensão, agora estava fresco e carregado com o aroma de terra úmida e pinho. Os primeiros raios do sol despontavam no horizonte, banhando o acampamento da matilha em uma luz dourada que parecia quase mágica, um prenúncio de um novo começo.Lis caminhava lentamente pelo campo de batalha, os pés pisando em folhas secas e galhos partidos. O chão estava manchado de terra revirada e marcas de luta. Ao redor dela, os membros da matilha recolhiam seus feridos, cuidavam uns dos outros e murmuravam palavras de encorajamento. O conflito com Ian finalmente havia acabado, mas o peso da vitória ainda era difícil de processar.Ela parou ao lado de um riacho, onde a água cristalina refletia seu rosto. Lis viu suas próprias feições marcadas pelo cansaço: cortes leves adornavam sua pele, e manchas de sangue, dela e dos outros, tingiam sua roupa. Seus olhos, porém, não estavam abatidos. Eles
A floresta estava mergulhada em uma quietude estranha, como se o próprio mundo estivesse prendendo a respiração após os eventos dos últimos dias. A vitória contra Ian havia sido um alívio, mas também trouxera um cansaço profundo. Para Lis, aquele era o momento de finalmente soltar o peso que carregava nos ombros.Ela estava de pé no limite do acampamento, olhando para o céu salpicado de estrelas. O ar noturno era frio, mas agradável, trazendo consigo uma sensação de renovação. Os últimos dias tinham sido um turbilhão, e agora que tudo havia acabado, o silêncio parecia ensurdecedor. Rose estava por perto, mas em silêncio, permitindo que Lis aproveitasse aquele raro momento de paz. Ainda assim, sua mente fervilhava com pensamentos. O que viria depois? O que significava ter sobrevivido quando tantos não tiveram a mesma sorte?Lis cruzou os braços contra o frio, tentando encontrar consolo nas constelações familiares. A batalha havia deixado cicatrizes, algumas visíveis, outras não. Ian fo
A noite estava imersa em uma calma quase surreal, como se o universo estivesse oferecendo um raro momento de trégua. Na cabana de madeira escondida no coração da floresta, Lis observava a lareira crepitando suavemente, lançando sombras dançantes pelas paredes. O calor envolvia o ambiente, mas era a presença de Matthew ao seu lado que fazia seu coração se aquecer de verdade.Ele estava sentado próximo a ela, o olhar perdido no fogo. Parecia mais relaxado do que Lis jamais o vira, embora ainda houvesse uma tensão sutil em seus ombros, como se ele estivesse se ajustando à ideia de permitir-se esse momento de vulnerabilidade.— É estranho, sabe? — disse Matthew, quebrando o silêncio, mas sua voz era baixa, quase hesitante. — Ficar assim... parado. Sem lutar, sem planejar. Só... estar.Lis inclinou a cabeça para ele, sorrindo suavemente.— Eu sei o que você quer dizer. Parece que algo deveria acontecer a qualquer momento. Mas, por enquanto, acho que podemos simplesmente aproveitar isso.Ma
A primeira luz da manhã filtrava-se pelas frestas da cabana, lançando um brilho dourado sobre os rostos de Lis e Matthew. O fogo na lareira havia diminuído, restando apenas brasas incandescentes que aqueciam suavemente o ambiente. Lis despertou lentamente, sentindo o calor confortável do cobertor e o peso familiar do braço de Matthew sobre sua cintura.Por um momento, ela permaneceu imóvel, aproveitando a tranquilidade que raramente lhe era concedida. Seu olhar vagueou até o rosto de Matthew, que ainda dormia. As linhas duras de sua expressão estavam suavizadas pelo sono, e Lis notou como ele parecia mais jovem, quase vulnerável.Ela tocou levemente seu rosto, traçando com o dedo a linha de sua mandíbula até parar em seus lábios. Matthew respirou fundo, mexendo-se ligeiramente antes de abrir os olhos. Ele a encontrou observando-o, e um sorriso preguiçoso surgiu em seus lábios.— Bom dia. — ele murmurou, sua voz rouca de sono.— Bom dia. — respondeu Lis, com um sorriso que ela não cons
A noite havia caído completamente quando Lis e Matthew deixaram a cabana. O ar fresco da floresta os envolvia, carregando o perfume sutil da terra molhada e das folhas. Acima deles, o céu estrelado parecia infinito, cada ponto de luz pulsando com uma energia que, de alguma forma, parecia ecoar dentro de Lis. Era difícil acreditar que, depois de tudo o que enfrentaram, ela finalmente podia respirar, mesmo que apenas por um instante.Caminhavam lado a lado, sem rumo definido, os passos sincronizados como se sempre tivessem pertencido àquele lugar. O silêncio entre eles não era desconfortável; pelo contrário, era como se uma conversa muda acontecesse, feita de olhares e gestos. Havia tanto que poderia ser dito, mas as palavras, naquele momento, pareciam desnecessárias.Finalmente, Matthew parou no meio de uma clareira e ergueu os olhos para o céu.— Olhe isso.Lis seguiu seu olhar e prendeu a respiração. Acima deles, o céu noturno era uma tapeçaria viva de estrelas, mais brilhante do que
O amanhecer pintava o horizonte com tons suaves de laranja e dourado quando Lis abriu os olhos. A cabana estava mergulhada em um silêncio tranquilo, o crepitar da lareira sendo o único som preenchendo o ambiente. Ela sentiu o calor reconfortante do corpo de Matthew ao seu lado, seu braço repousando sobre sua cintura em um gesto protetor e natural.Por um momento, ela ficou ali, apenas observando a forma como ele respirava, o movimento rítmico que parecia ecoar com o dela. Era raro ter um instante de paz como aquele, e Lis se permitiu absorvê-lo.Finalmente, ela se mexeu levemente, o suficiente para Matthew acordar. Seus olhos se abriram devagar, e um sorriso suave curvou seus lábios quando ele a viu.— Bom dia, dorminhoca. — ele disse, a voz rouca pelo sono.— Você também não estava exatamente em alerta.Matthew riu, um som baixo e genuíno, e passou a mão pelos cabelos bagunçados.— Acho que todos merecemos um descanso de vez em quando. Especialmente você.Lis sorriu, mas havia algo n
A noite já havia descido como um véu escuro sobre a floresta quando Lis e Matthew retornaram à cabana. O crepitar da lareira encheu o ambiente com um calor acolhedor, dissipando a umidade fria que eles haviam trazido consigo ao entrar. Do lado de fora, o vento assobiava suavemente, como se a floresta murmurasse segredos que apenas a noite podia ouvir.Lis sentou-se em uma poltrona próxima ao fogo, as chamas dançando e refletindo nos seus olhos. Seu olhar estava fixo, mas perdido, enquanto seus pensamentos vagavam por memórias recentes e inquietações futuras. Ao lado dela, Matthew estava inclinado sobre a pequena bancada da cozinha, preparando duas canecas de chá com as ervas que haviam encontrado mais cedo na clareira. Seu semblante estava tranquilo, mas Lis sabia que ele também carregava um turbilhão de pensamentos.O silêncio entre eles não era desconfortável, mas tinha um peso, como uma presença invisível que ambos sentiam. Não precisavam dizer nada para saber que os dois estavam pr