Eu pisquei, a visão embaçada e confusa. Eu não entendia onde estava, ou por que parecia tão fraco. Não conseguia movimentar direito o corpo, mas ver Annelise fez um alívio percorrer meu peito. De súbito, as lembranças vieram de uma só vez numa névoa branda que se tornou tempestade. Estava mais confuso.
Annelise saiu, correndo para algum lugar enquanto eu tentava tirar um respirador. Estava cercado por máquinas e cabos. Um momento depois, ela voltou, trazendo uma enfermeira e um médico. A enfermeira tentou me acalmar e Annelise ficou do meu lado, as lágrimas brilhando nos olhos. Eu não conseguia falar nada. Todas as palavras estavam entaladas na garganta e era uma sensação horrorosa. Eu queria mexer a mão, mas o efeito do sedativo para aliviar a dor me inebriou.Era uma tortura. Eu a via, até podia sentir, mas não pChase finalmente estava de volta. Eu não podia negar a felicidade crescente em meu peito, mas também o anseio para que ele saísse logo do hospital. Haviam se passado três dias e o médico disse que ele precisava descansar. Se não fosse a cabeça dura de Chase, ele teria se recuperado mais rápido e já poderia receber alta.Ele não parava quieto e tentava frequentemente fazer tudo sozinho. Sua resposta era sempre a mesma: " eu posso fazer isso sozinho, não sou tapado", mas a enfermeira o mandava calar a boca e ficar quieto. Eu adorava o jeito como ele cruzava os braços e fazia biquinho. Era fofo e sexy.O jeito como ele olhava para mim mudou. Ele me via com algo sufocante atrás do olhar; eu podia ver a paixão incendiá-lo por dentro. Toda a sua intensidade me deixava atordoada, visto que passou a se comportar como um birrento a cada vez que saía de perto.&n
Chase finalmente tinha sido liberado e voltou para o apartamento. Depois de muito insistir, eu aceitei seu convite para ir com ele. Chase precisava de alguém por perto para lhe ajudar e mesmo que eu não tivesse certeza de que seria mesmo uma boa ideia, percebi que seria muito bom passar um tempo com ele. Nossa última discussão, de mais de uma semana atrás, ainda estava no meu peito, entalada na garganta. Mesmo depois de um turbilhão de acontecimentos, ainda lembro da sensação de humilhação que me fez passar. Eu nunca poderia perdoá-lo por isso, mas não o odiava por causa disso, eu não poderia. Qualquer sentimento contrário a uma sensação lancinante de paixão me deixava confusa. Mas eu estava confusa… de todo modo.— O que vai fazer? — Perguntou ele. Eu peguei uma frigideira na gaveta do balcão e a ergui no ar, sorrindo de canto.
Minhas mãos ainda tremiam, o choro se dissipou em soluços quando cheguei na casa de Abby. Ela parecia preocupada. Muito preocupada, para ser sincera.— Você está bem? Chase me disse que começou de repente. Eu não entendi… ah, Annelise — ela se aproximou, largando a bolsa no sofá. Abby pegou meu braço e me conduziu para dentro da casa. — Eu…— Nem pense em dizer isso — repreendi. — É a última coisa que quero ouvir agora. — Eu cobri o rosto com as mãos e sentei no sofá. Abby colocou a mão no meu ombro e apertou, consolando-me. Meu peito apertou, como se alguém estivesse o esmagando. — Eu não sei por que fiz aquilo… eu… — ela sentou do meu lado.Abby foi me buscar no apartamento de Chase. Durante todo o trajeto eu não parava de chorar. Quando eu a fitava, percebia
Senti algo roçando minha barba e grunhi, movimentando-me no sofá. Minha perna disparou, doendo sem parar, e encarei o rosto de Annelise. Eu me afastei, meu coração disparou incontrolavelmente.— Eu assustei você? — Perguntou ela. Eu virei na direção da TV, o jogo de basebol ainda era exibido, então voltei os olhos na direção dela e franzi a testa, ainda grogue de sono, e fiz que não. — Estava vendo você dormir.Pisquei, deixando o ar preso nos meus pulmões esvaziarem.— Me perdoa? — Perguntei. As palavras escaparam da minha boca. Annelise me olhou como se não pudesse entender. — Eu fui o culpado pelo o que aconteceu mais cedo… eu sou a porra de um monstro. — Eu a encarei. Ela balançou a cabeça, deslizou pelo braço do sofá de couro e sentou do meu lado.Eu adormeci
Eu mal podia acreditar que Annelise iria mesmo trabalhar para outro cara. Eu não conseguia entender por que ela preferiu assim do que continuar sendo a minha secretária. O sr. Sheppard parecia mais descontrolado do que o normal quando entrei em sua sala mais cedo, antes de ir ver Annelise. O médico havia me liberado para voltar ao trabalho e eu ainda tinha esperanças de que ela reconsiderasse a sua decisão. Mesmo sabendo que não conseguiria fazê-la concordar que seria bom estarmos juntos, eu ainda não podia ignorar a sensação de ser deixado de lado. Enquanto estava em minha sala, eu a via andando de um lado para outro, de modo que eu me perguntava se era provocação ou o maldito estava tentando fazê-la de idiota.O sr. Sheppard permitiu que eu contratasse uma outra secretária, mas por algum motivo a mulher desistiu muito antes de pisar na agência. Eu e o novo chefe de Anne
— Eu não vou admitir este tipo de comportamento dentro da minha empresa. — Disse o sr. Sheppard, olhando para mim. Eu senti algo implodir dentro de mim, parecia seco e doloroso. — Você sabe que não permito que os funcionários tenham casos. É a política da empresa, Chase. — Explicou.De algum modo Brandon conseguiu levar a discussão até meu relacionamento com Annelise. Eu sabia que a política da empresa não permitia que seus funcionários tivessem um relacionamento, principalmente os chefes e empregados. Isso impediria que boatos sobre abrir brecha para assédio se espalhasse, e casos como esses eram um escândalo que poderia facilmente acabar com uma empresa como a Shaffer & Sheppard.— Eu tentei dizer isso a ele — murmurou Brandon.Eu quis enganá-lo.Ah, seria realmente muito bom sentir minhas mãos em
Eu bati à porta de Annelise às nove e meia. Ela abriu um minuto depois, com um sorriso largo no rosto que fez meu dia definitivamente valer a pena. Ainda não tínhamos conversado sobre as condições do sr. Sheppard sobre a saída de Brandon. Disse apenas que Brandon havia saído da empresa e ela podia ficar tranquila, sem preocupações.— Trouxe vinho — eu levantei uma sobrancelha, estendendo a sacola com o vinho. Em uma das mãos tinha uma sacola com molho e macarrão. — Pensei em vir aqui e…Quando pisei porta adentro, vi o sr. Bunda Dura sentado no sofá. Eu estreitei os olhos, fitei Annelise e ela deu de ombros, como se já soubesse o que eu iria dizer:— O sr. Bachmann estava com um pouco de dificuldade em achar o interesse de um dos clientes, então eu disse que você sabia de tudo sobre isso e que poderia ajudá-lo
Eram quase dez horas quando o celular começou a apitar. Eu revirei os olhos e tateei a cama, ainda grogue de sono, e encontrei o aparelho largado no canto, quase na beirada da cama. O puxei para mim e vi seis mensagens de Chase, exigindo que eu saísse da cama.Franzi a testa.— Chase? — Perguntei. Virei na direção da porta e apoiei-me nos braços, de modo que continuasse de bruços, mas que pudesse ver na direção da porta.Ele saiu do outro lado vestindo uma camisa polo, calça jeans e sapatos, se aproximou, oferecendo-me um sorriso gigante e colocou o celular no bolso. Eu o encarava como se não pudesse entender o que estava acontecendo e, na verdade, eu não entendia.Chase sentou-se na beirada da cama e se inclinou na minha direção.— Vamos sair — ele disse. — Eu gemi, enterrando minha cara no travesseiro. — Voc