Benjamin Cooper ✓Eu sabia que era errado, sabia que deveria parar... mas naquele momento, naquele instante em que tudo parecia tão natural, me faltou força. Agora, aqui, sozinho, tudo que me resta é a culpa. A culpa por ter desejado o que não poderia ter. Por ter cedido à tentação.Seria difícil me manter em minha sã consciência. Eu sabia disso. A cada vez que fechava os olhos, as imagens invadiam minha mente, milhares de possibilidades desenrolando-se diante de mim. Ava e eu, sem ninguém para nos interromper, sem barreiras. Era quase impossível não pensar no que poderia ter acontecido se Bryan não tivesse aparecido. Mas eu não cederia. Não aos desejos que me inundaram, não às tentações que tomaram conta de mim naquela madrugada.Quando finalmente consegui dormir, já eram quase seis da manhã. O sono veio tarde e foi breve, agitado, mas ao menos consegui algum alívio. Agora, são por volta das 12h37, e nunca agradeci tanto por ser sábado à tarde. Eu preciso de espaço, preciso me distan
Benjamin Cooper ✓ Perdido em meus pensamentos, sou trazido de volta à realidade pelo som da porta do quarto se abrindo. Deixo a gravata sobre uma das prateleiras e saio do closet, encontrando Bryan parado no centro do quarto, com aquele mesmo semblante que costumava ter quando aprontava algo na infância.— Pai — ele diz, um pouco sem jeito. — Desculpe interromper, estamos quase de saída, mas queria perguntar se poderia me ajudar com algo.Estranho e aprecio sua atitude ao mesmo tempo. Desde que Louise faleceu há alguns anos, Bryan quase nunca vem até mim em busca de ajuda, conselhos ou algo do tipo.— Em que posso ajudá-lo? — pergunto vagamente. Devo admitir que ainda tenho algum receio quanto a acontecimentos passados, e quando Bryan geralmente me pede ajuda é porque algo deu errado.— Bem, hoje é o nosso aniversário de dois meses de casados. E gostaria de fazer algo especial para Ava. — Bryan diz sem jeito, e suas palavras me pegam de surpresa.— E onde eu entro nessa história, Bry
Ava Brown ✓Podem acreditar em mim, quando digo que , é um feito e tanto quando alguém consegue chegar até mim sem precisar falar de seus bens ou de quantos dígitos tem em sua conta bancária.Pelo espelho em meu quarto, percebo quando a porta é aberta. Bryan entra no quarto trazendo consigo uma pequena caixa em suas mãos. Viro-me para encará-lo enquanto um sorriso cruza seus lábios.— Feliz dois meses de casamento falso — ele diz, sorrindo e vindo em minha direção.— Feliz dois meses de casamento falso — sorrio e me aproximo dele, depositando um selinho em seus lábios, que rapidamente se transforma em um beijo calmo.— Isso é para você — ele me entrega a pequena caixa quando nos afastamos. — Temos uma viagem marcada hoje às 17h20.Ergo as sobrancelhas em descrença enquanto abro a pequena caixa. Lá dentro havia um singelo bracelete de ouro branco, trançado e com um pingente de um pequeno diamante. Era singelo; ponho imediatamente o presente e um sorriso cruza meus lábios. Me aproximo
Ava Brown ✓ Olho para o relógio na tela do computador. São 15h17. Meu estômago ronca, lembrando-me de que não comi nada o dia todo. O estresse me fez esquecer de mim mesma.Chamo Lia, minha secretária, e peço para que ela remarque meus compromissos e desmarque o que não for importante. Principalmente minha presença no evento desta noite, que nada mais é que o aniversário da filha de um dos sócios. Um presente simples resolve.Aviso a Lia que ela pode ir para casa assim que terminar. Pego minhas coisas, pronta para sair, quando o telefone toca novamente. Respiro fundo ao ver o nome do meu advogado na tela. Nébula e Luna, minhas companheiras caninas, levantam as cabeças, mas ao perceberem que não iríamos embora ainda, deitam de novo, fingindo dormir.Respiro fundo mais uma vez antes de atender, me preparando mentalmente para o que estava por vir.— Simon? — chamo ao atender. — Por favor, me diga que são boas notícias.— Sinto muito, Ava, mas eu não ligaria se não fosse importante...~~
Ava Brown ✓ Olho para Simon, que dá de ombros com um semblante neutro. Ele está acostumado com esses desastres familiares e sabe que vou pagar, não importa o quanto me incomode.— Certo, vamos resolver isso. — Digo, cansada.O delegado faz um gesto para que um dos policiais traga meus pais. Quando eles aparecem na sala, Savannah parece uma adolescente arrependida, enquanto Sebastian mal consegue esconder sua irritação.Balanço a cabeça ao olhar para ambos, dois adultos maduros que simplesmente agem como crianças malcriadas. Após todo o processo de negociação e pagamento da fiança, saímos da delegacia, e para minha surpresa, em frente ao local, havia uma multidão de repórteres e jornalistas.Não faço a mínima ideia de como diabos souberam disso, mas foi necessário a ajuda dos policiais para que conseguíssemos chegar até meu carro. Savannah e Sebastian cobrem os rostos da forma que podem. Eu, por outro lado, mantenho a cabeça erguida. Não fiz nada de errado e me recuso a me envergonha
Benjamin Cooper ✓ Irresponsável. Se me perguntassem qual palavra melhor descreve Bryan, eu responderia sem hesitar. Não criei meu filho para ser assim. Suas escolhas recentes custaram mais do que nossa relação; custaram milhões para limpar o nome da família e tirá-lo das enrascadas que ele mesmo criou.Hoje de manhã, quando ele apareceu para perguntar minha opinião sobre um presente para Ava, minha reação foi longe do ideal. Como eu poderia agir de forma diferente? Ainda estava irritado com o sonho perturbador da noite anterior e, claro, com as provocações constantes dos últimos meses. Provocações? Não... são mais como declarações de guerra.A convivência com Ava tornou-se insuportável. Seu temperamento explosivo me tira do sério de uma maneira que ninguém mais consegue. E houve momentos — admito sem orgulho — em que pensei se valeria a pena ser preso por empurrá-la do topo das escadas. Não seria um preço tão alto, talvez.Nos últimos dias, ela se superou. Pegou um dos meus carros ma
Chamei Helena, que costumava passar as quintas-feiras na mansão, e pedi que levasse a menina até a cozinha. Assim que elas saíram, sentei-me numa das poltronas e indiquei para a mulher fazer o mesmo.— Agora me conte essa história desde o início. Preciso ouvir sua versão, não apenas a de Bryan. — Falei, mantendo a calma, mas atento aos detalhes.A mulher se apresentou novamente como Nicolle, mencionando que conheceu Bryan em Porto Rico, anos atrás, quando ele estava com seus amigos. Talvez fosse durante a viagem que ele fez após a formatura, aquela de dois meses que quase me levou à loucura. Nicolle contou que trabalhou no resort onde Bryan e os amigos ficaram hospedados. Eles se envolveram enquanto ele estava em San Juan.Ela explicou que descobriu a gravidez duas semanas depois que Bryan foi embora. Pensou em interromper a gestação, mas seus pais, por motivos religiosos, não permitiram. Nicolle nunca procurou Bryan, pois não o conhecia bem o suficiente e acreditava que poderia criar
Benjamin Cooper ✓ Deixei o cômodo enquanto Bryan e Nicolle continuavam discutindo, agora diante da criança. Respirei fundo, subindo as escadas em direção ao meu quarto. Eu realmente precisaria de muita paciência, e, talvez, de um remédio mais forte do que o que venho usando para manter a calma.Ao chegar no andar de cima, caminhei em direção ao meu quarto, mas algo na porta aberta do quarto de Ava me chamou a atenção. Sem pensar muito, acabei indo até lá. Para minha surpresa, encontrei Ava vestida com um pijama de tubarão, devorando um pote de sorvete – provavelmente de chocolate. Arqueei as sobrancelhas, incrédulo.— Se identifica tanto com essas feras que resolveu se fantasiar de uma? — perguntei com humor, notando que só então ela percebeu minha presença.Não era só ela. Debaixo das cobertas estavam seus cães, que rapidamente ergueram a cabeça ao me ver.— Bleiben. — ela ordenou em alemão, num tom de comando que logo entendi ser direcionado aos cães. — Sinceramente, Benjamin, eu