Blair bateu as palmas de suas mãos contra o mármore da bancada. Ela estava farta daquela conversa com Drake. Perder Ethan e começar a pensar nele como alguém ruim no mesmo dia simplesmente não parecia ser certo.- "Porra, Blair, você viu sua mãe ser morta pelas mãos do homem que jurava amar ela. Não passa pela sua cabeça que talvez, apenas talvez, o amor também seja sua cegueira?" as palavras explodiram para fora de Drake antes que ele pudesse filtrar.Ele se arrependeu do que disse no instante em que os olhos azuis da ruiva pesaram sobre si, e o silêncio imperou. Ela estava incrédula, não com a pergunta, mas com a pessoa que lhe perguntou.- "Que merda você quis dizer?"- "Eu quis dizer que não vou repetir seu roteiro. Você não vai seguir os passos apaixonados da sua mãe. Coloque um ponto final nesta relação, Collins, antes que não possa mais"- "Sobre mim, eu não ligo, realmente não ligo. Mas você não tinha o direito de falar sobre minha mãe como se ela fosse uma idiota" Blair lutou
Aquelas conversas entre Volkov e Banks eram comuns. Eles sempre falavam sobre crimes explicitamente, pois se algum deles estivesse gravando, também se comprometeria. Os diálogos nunca eram unilaterais ou inocentes, por isso sempre estavam em dívida. E, se em algum momento alguma daquelas conversas fossem expostas, ambos teriam cordas em seus pescoços.- "Eu consigo lidar com o fato de que sou o pior, mas você consegue lidar com o fato de que é o mais covarde? Você sequer teria coragem para chegar a Benedict" Ethan provocou.- "Você não me conhece, Ethan" o outro homem sussurrou aquela afirmação como se fosse uma ameaça, ou pior.Qualquer pessoa que conhecesse um terço da vida de Volkov teria medo daquelas palavras. E considerando a diferença de idade entre os dois homens; Volkov já matava pessoas quando Ethan nasceu. E, ainda assim, Banks sequer demonstrou interesse na conversa, quem dirá medo.- "Pare de me ameaçar como se eu ligasse"- "Você não liga para a própria vida. Acabar com
- "Como você sabe?"Blair tratou todas as falas de Michele com seriedade. Ela não queria acreditar que Ethan era uma pessoa ruim, mas sabia que ele tinha pecados sombrios em suas costas. Sabia, também, que a família do homem o fez pecar.- "Meu marido, Blair. Meu falecido marido era amigo de George Banks. Eles tinham negócios em comum"- "Ele..." Blair incitou.- "Benedict não era um santo. Ele e George tinham negócios ilegais na Rússia, mas Benedict queria começar uma vida nova, mesmo que isso lhe custasse caro. Ele reuniu provas contra os envolvidos no esquema sujo. E naquela mesma noite, quando meu marido me contou sobre as falcatruas, ele morreu. A investigação levou anos, mas não puderam encontrar respostas"Michele sentiu seu coração pesar com a confissão. Haviam muitos anos que ela não falava sobre seu falecido marido, isso porque o assunto era muito delicado.- "Como ele morreu?" a ruiva atreveu-se a perguntar.- "Ele teve a língua cortada e sangrou até engasgar. E quando esta
- "O que quer dizer?" Colton questionou.O agente estava sentado em frente à mesa do inspetor, e levantou-se gentilmente quando Blair se aproximou.- "Tudo que aconteceu desde a morte de Benedict. Não existem mais segredos" a ruiva esclareceu.Ambos entenderam a afirmação. Blair fez exatamente o que Spencer queria que ela fizesse, e talvez até mais. Ela conquistou Ethan, entrou em seu mundo blindado e ganhou a confiança do homem. Ela cativou Michele, fez a mulher revelar segredos escondidos em túmulos. Nem mesmo Colton conseguia acreditar no trabalho que Blair havia feito.- "Como um depoimento?" o agente inquiriu.- "Eu não sei se ela diria essas coisas em um depoimento"A mulher retirou do bolso traseiro de sua calça jeans o gravador, dizendo para si mesma que não voltaria a pegá-lo. Ela não precisaria dele a partir do momento em que abandonasse a delegacia. Blair pôs o aparelho sobre a mesa de Spencer.- "Você não parece estar bem" Colton pontuou.- "E não estou"Eles não haviam pas
Naquele momento, Jean desejou poder abraçar sua menina e não a soltar por muitas horas. A compaixão nos olhos do homem era notória, e Blair preferiu desviar o olhar. Ela não gostava de pensar que seu pai se importava. O tempo em que ele poderia ser um pai presente havia passado.- "Está tudo bem. Foram ótimos dias"- "Eu não quero parecer inconveniente, mas também decidi visitá-la para fazer um comunicado" Jean anunciou, guiando a conversa para outra direção.- "Me diga"A verdade era que, no fundo, Blair esperava uma notícia ruim. Há muitos anos a ruiva aprendera que guardar boas expectativas precedia ilusões, e ilusões resultavam em decepção. Ela cruzou os braços abaixo dos seios e esperou até que seu pai começasse a falar.- "Eu providenciei seu carro, como disse que faria"- "Eu não estava esperando" Blair murmurou.- "Eu sei. Lamento que seja um momento ruim"Jean sentiu-se culpado por levar um bem material para sua filha quando tudo que queria dar era afeto. Ele não queria compra
Ethan Banks estacionou seu carro no estacionamento lotado do departamento de polícia. A Lamborghini destoava completamente de todos aqueles veículos comuns. O homem desceu do veículo e direcionou-se para o interior do prédio, onde um inspetor pouco sutil lhe esperava.Ethan vestia jeans escuro e camiseta de mangas longas. O visual sempre sombrio era sua marca registrada, e apenas os anéis em seus dedos da mão esquerda davam-lhe alguma cor.Spencer Davis já estava na porta da delegacia, e não escondeu em seu rosto a ansiedade que sentia para ter uma conversa com Banks. Ele cruzou os braços quando Ethan se aproximou.- "Onde está o cão de guarda que você chama de segurança?" o inspetor questionou, notando a ausência de Alex.- "No canil" Ethan respondeu.Spencer tinha muitas palavras presas em sua garganta, mas não era o momento ideal para qualquer uma delas. O homem mais velho sorriu sem humor, e então começou a caminhar para dentro do departamento. Ethan o seguiu, sabendo que a conver
Ethan sorriu com sarcasmo. Era fácil fazer Spencer perder o limite da sanidade quando tratava-se do caso Benedict. Mas, para além disso, Ethan sorriu para a forma como as coisas foram escritas. Ele era o vilão, o homem ruim, a pessoa responsável por tragédias. Ninguém jamais lhe viu de maneira diferente desde a noite do crime.- "Você vai visitá-lo antes de mim" Spencer garantiu.- "Posso ir embora ou minha sentença é ouvir você?" Ethan murmurou, erguendo uma sobrancelha.Aquelas atitudes imaturas chegavam aos olhos de Spencer como afronta. Ele sabia que Ethan era culpado. Talvez não fosse culpado por tudo, mas carregava uma grande parcela. O inspetor voltou a inclinar-se para trás, percebendo que o momento em que colocaria Ethan em seu bolso ainda não chegara.- "Aproveite seus últimos dias de liberdade".*Blair Collins era uma mulher venusta em todos os sentidos. Os longos fios ruivos em contraste com a pele alva lhe faziam parecer uma miragem, diferente de qualquer outra mulher. A
Quando os últimos e mais caros produtos foram exibidos, o leilão já estava chegando ao fim. O mestre de cerimônia anunciou um Mendis Coconut Brandy, um conhaque de coco amadurecido em barris de madeira. A garrafa era uma das mais caras do mundo, e Blair viu-se interessada pela ideia de fazer um lance, apenas pela causa.- "Posso fazer um lance?" ela questionou ao pai.- "Sim. Mas você não bebe"- "É pela arrecadação" Blair respondeu, dando de ombros.- "Começamos os lances com oitenta mil dólares" o homem no palco sentenciou.Ao ter consciência sobre o valor, a ruiva olhou para seu pai com um olhar indagador. Ela sabia que Jean era um homem rico, mas não sabia até que ponto ele estava disposto a gastar. Em resposta, Blair recebeu um aceno em concordância, e então ela levantou a plaqueta com o número de sua mesa.- "Oitenta mil dólares vindos da mesa cinco. Temos noventa mil?" o mestre de cerimônia incentivou.As pessoas desviaram os olhos para a mesa de Jean, curiosos com a menina que