-Antônia, sei que você está aí. Por favor me deixe entrar!
Apontou o garfo na direção da porta, falando com a boca cheia, pois enquanto caminhava de costas se afastando, não deixou de comer de forma aflita, o macarrão cheio de molho shoyu pingando em seu pijama.
-Se afasta da porta seu esquisito! Eu juro que finco esse garfo no seu olho e sirvo ele pro gato do vizinho! – Que espécie de xingamento era aquele afinal!? E por que não disse que tinha uma arma? Mas ficou firme, se aproximando novamente da porta. O homem sorria e encarava, com aqueles olhos de lobo, o olho mágico, era como se enxergasse Antônia.
-Por favor, eu não sou seu inimigo. Estou aqui para conversarmos.
-Quem é você? E por que está na minha casa?
-Abra a porta e vamos conversar, por favor Antônia.
-Eu estou com meu celular na mão, vou ligar para a polícia, e então você vai ter que explicar para eles porque está aqui, e como sabe meu nome!
-Não faça isso! Eu sei que você está assustada, mas ouça o que tenho para lhe dizer, eu sei que você tem sido perseguida, em seus sonhos, por alguém igual a mim, mas não sou eu, juro. Preciso ajudar você a se livrar dele, antes que seja tarde demais meu amor!
-Vai embora seu esquisito! Eu já disse que vou chamar a polícia. - Pegou o celular, e discou o número, a ligação não era completada, tentou o celular de Dani, mas ele não atendia.
Não tinha mais para quem ligar, seus vizinhos não se importavam com o que acontecia com ela, cada um cuidava da própria vida e esperava que também não se intrometessem em seus “negócios”. Mas enquanto estivesse com a porta trancada, estaria segura, então se afastou da porta se concentrando na televisão, ele desistiria em algum momento, até porque, se quisesse, já teria arrombado a porta frágil com seus ombros imensos. A curiosidade quase a fez deixar ele entrar, descobrir o que estava acontecendo, mas ouvia histórias, lia e assistia jornais, uma mulher sozinha era atacada por algum maníaco pervertido e morria depois de ser estuprada. Não! Isso não aconteceria com ela. Ouviu passos no corredor e foi olhar, ele havia saído da porta, desistira. Antônia comemorou dando pulinhos e dançando, enquanto enchia a boca.
Mas sua noite não seria tão calma, ouviu um barulho no banheiro, e foi até lá, a janela deveria estar aberta e mais um morcego entrara, um saco, mas tudo bem, já havia se tornado especialista em retirá-los sem que ninguém saísse machucado, ou precisando tomar uma anti rábica. Entrou e acendeu a luz procurando, deu um grito desesperado e correu de costas, quase caindo no chão , no caminho, pegou uns livros e atirou no estranho, mas ele os segurava e andava sorrindo em sua direção.
-Como você entrou aqui? Você é o que, um psicopata super funcional? E homem de borracha ainda por cima? Você não pode ter passado pela janela do banheiro, além de alto, é pequena demais para você!
-Minha espécie pode escalar prédios, você mora em um andar até que bem baixo, e aquela janela tem uma boa abertura, por favor, precisamos conversar.
Ela o encarou apertando os olhos, “minha espécie”!? Então se deu conta, era uma alucinação, estava com problemas sérios, mas que médicos e medicamentos tarja preta resolveriam, sem dúvidas. Um homem daquele tamanho não passaria por uma janela basculante, e escalar até o terceiro andar sem ter onde se apoiar, então, impossível.
-Caralho cérebro! Você me prega bastante sustos. - Riu e sacudiu a cabeça fechando os olhos. - Então é isso Antônia, você está ficando louca, ultrapassou a última fronteira da sanidade, o trauma de hoje abriu as comportas do seu cérebro pra toda loucura guardada a vida inteira.
Sentou na cama sacudindo a cabeça, uma merda, mas ao menos não seria atacada e morta. O estranho sentou ao seu lado e ficou observando ela comer, ele também não estava entendendo a reação dela.
-Servido? – ofereceu comida para ele – Acho que você não existe e por isso não come, mas afinal é minha alucinação, eu devo ser educada com você.
-Você não quer saber porque estou aqui?
-Acho que se eu criei você, devo saber o porquê. – largou a caixinha vazia, abriu outra e começou a comer os rolinhos primavera de chocolate. Quando terminou levantou, limpou tudo e ligou a cafeteira. – Você não come. Mas toma café não toma?
-Não me alimento dessa forma. – ele sorriu e foi até ela na cozinha minúscula do apartamento de 3 peças, chegou perto e passou a mão em seus cabelos crespos.
-Jura? E você come o que? Corações e almas de estudantes sem grana? – Riu e se afastou dele, não acreditava que sua mente criara um homem tão esquisito, bonito é verdade, mas muito muito esquisito. – Sabe o que eu acho que você veio fazer aqui? Acho que minha mente está me dizendo que eu devo escrever uma história de terror onde você é o vilão, talvez eu vire uma escritora famosa e ganhe grana suficiente pra nunca mais precisar aceitar suborno de empresários machistas e tarados. No fundo, no fundo, acho que não sou louca. Sou genial! E aí vai querer o café?
-Eu quero você Antônia. – A segurou pelos ombros e olhou fundo nos seus olhos – Somos almas gêmeas, nossos destinos se cruzaram para ficarmos juntos para sempre! Você só precisa parar de me tratar como alucinação, e me dizer sim!
Ela finalmente não aguentou e explodiu em uma gargalhada, não conseguia parar de rir. Fazia muito tempo que não ria assim, sua mente era criativa mesmo, como poderia pensar em algo tão sem cabimento? Lágrimas escorriam de seus olhos, não aguentou e se atirou na cama, sua barriga doía. Apontava para ele mas não conseguia falar, as gargalhadas não deixavam.
-Você caçoa do nosso amor! Não pode agir assim, eu exijo respeito, mulher!
-Ok, agora perdeu a graça. Saia já da minha mente seu macho escroto! – levantou, encheu uma caneca de café e sentou escorada em travesseiros em sua cama – Se você não vai sair então fique quieto, vou assistir meu seriado.
O estranho sentou quieto em uma cadeira, Antônia acabou dormindo no meio de um episódio, não sonhou naquela noite. Na manhã seguinte acordou com um braço sobre ela, a mão imensa segurando seu seio com naturalidade, sacudiu a cabeça e pensou no quão forte seriam os remédios que iria tomar. O estranho abriu os olhos e sorriu, estava apenas de cuecas. O corpo era realmente lindo, músculos imensos nos braços, barriga tanquinho e pernas grossas e fortes.
-E minha mente cria um cara machista, esquisito e tarado! Bom, pelo menos você é gostoso. – entrou no chuveiro e quando saiu o estranho havia feito café para ela, serviu uma caneca cheia e adoçou do jeito que ela gostava, fazia sentido, ela mesma deveria ter feito aquilo então adoçou como sempre fazia. Se vestiu ainda sem falar com o homem, ele a seguia onde ia, ficava parado perto dela e a olhava intensamente.
-Porque você me ignora?
-Porque você não existe, e daqui a pouco meu amigo vem me pegar pra ir ao terapeuta, isso quer dizer duas coisas: a primeira que eu preciso fingir que não vejo você ou ele vai me internar; e a segunda é que em breve eu vou tomar remédios fortes e não vou mais ver você. – Deu duas batidinhas leves, com uma das mãos e piscou um olho.
Dani bateu à porta e ela abriu, quando ele entrou ficou parado olhando o homem lindo de cuecas atrás de Antônia.
-Desculpe, eu não imaginei que você tivesse companhia. Uma companhia sem pudores e com um corpão...
-Você tá vendo ele? – Antônia arregalou os olhos.
-Querida como não ver essa criatura desse tamanho todo nesse apartamento minúsculo? Aliás, olhando assim eu diria que ele nem cabe na sua cama, enfim, não quero detalhes de onde vocês fizeram o que quer que tenham feito. – estendeu a mão para o homem – Muito prazer, Daniel.
-Lukos. Um seu criado. – apertou a mão de Dani e sorriu abaixando a cabeça e fechando os olhos.
-Lukos? Nome bonito.
-Não, não! Você não está vendo ele, Dani! Não pode ser, meu deus esse homem dormiu aqui comigo e me viu tomar banho!
-Antônia, eu sei como funcionam essas coisas, essa parte até que é parecia entre héteros e homossexuais, e tudo bem ele dormir aqui. Eu não sei porque essa reação de doida! Desculpa, não quis dizer isso...
-Não, você não entende, ele surgiu do nada ontem! Ficou dizendo coisas estranhas! Era com ele que eu tinha aqueles sonhos estranhos e foi ele quem me arranhou! Mas eu pensei que fosse uma alucinação, um produto da minha mente perturbada! Você pegou no meu peito seu tarado!
-Mas você me abraçou enquanto dormia, chamou meu nome e pediu que eu a protegesse de meu irmão.
-Eu não sabia seu nome até agora! E que história é essa de me proteger do seu irmão? Eu não preciso de um macho estranho me protegendo! Saia já da minha casa seu pervertido esquisito!
-Eu não posso deixá-la, ele está perto de você e vai levá-la para sempre.
-Quem é “ele”?
-Meu irmão Vilka. Ele quem tem aparecido em seus sonhos e está tentando pegá-la. Você é muito importante para nosso mundo e precisa ser protegida até estar pronta para derrotá-lo.
-Dani você tá ouvindo essas coisas também? - falou entredentes virando a cabeça meio de lado.
-Mas de onde você tirou ele? Algum grupo de teatro?
-Ele apareceu na minha porta, eu não abri, depois entrou pela basculante do banheiro Dani, é sério eu pensei que estivesse alucinando!
-Não acho que você precise de terapia Antônia. Talvez um padre, exorcista de preferência. Conheço uma benzedeira ótima, se você quiser ir eu te levo. – puxou a amiga pelo braço sorrindo forçado para Lukos. Abriu a porta do apartamento e foram saindo lentamente.
-Você não vai sair! – Segurou o braço dela e puxou os dois para dentro com delicadeza, mas firmemente.
-Como é? Não vou sair!? Mas era só o que me faltava! – Puxou o braço com um tranco e apontou o dedo para ele – Quem você pensa que é para dar ordens aqui? Eu não vou admitir esse comportamento!
-Querida não acho que seja o ideal brigar com ele agora. - Dani sorria forçadamente e segurava a mão de Antônia.
-Por favor me perdoe, eu devo protegê-la. Por isso falei dessa forma.
Antônia não sabia o que era mais estranho, ela agir com toda aquela autoridade ou o tal Lukos obedecer ela, que não apresentava muita ameaça com seu um metro e sessenta de altura.
-Por favor me deixe explicar tudo e depois você decide o que fazer.
-Se não tem outro jeito de me livrar de você... – sentou na cama, ao lado de Dani e encarou o estranho – Fala!
-Você pertence a uma linhagem muito importante em nosso mundo, sua família governou por muitas gerações com bondade e sabedoria. Até o dia em que seus pais faleceram, cerca de uma semana atrás. Infelizmente eles não tiveram mais filhos além de você, e nosso mundo está sendo governado pela chefe de meu clã. Mas sem um membro de sua família para tomar conta de todos e manter meu irmão e seus seguidores sob controle, tememos que eles tomem o poder e destruam tudo.
-Querido, meus pais me abandonaram quando eu era um bebê, provavelmente um casal de viciados, fui adotada e meus pais adotivos faleceram quando eu tinha 18 anos, eu tenho outros irmãos que me excluíram da partilha da herança. E que porra é essa de “nosso mundo”? Você é um ET?
-Eu e você pertencemos a outra dimensão, você se perdeu entre os mundos quando ainda era pequena e até pouco tempo atrás pensávamos que estivesse morta. Graças ao meu irmão descobrimos que você estava viva e conseguimos chegar a você antes dele. Seus pais a amavam e não possuíam vícios, agora preciso que você venha comigo e comece seu treinamento.
-E que papo foi aquele de almas gêmeas e aquele monte de bobagens que você disse ontem?
-É nosso destino, fomos prometidos quando nascemos. Nos casaríamos e daríamos continuidade às linhagens que governarão nosso mundo nas próximas gerações.
-Em primeiro lugar, não! Sem essa de casamento arranjado e dar continuidade a linhagens, certo? Não pretendo ter filhos, e também acredito que a democracia é sempre a melhor solução. Posso ajudar a realizar eleições nesse seu mundo e o povo vai decidir, posso também m****r seu irmão pra longe mas a julgar que vocês são do mesmo tamanho eu não acredito que possa derrotar o cara em um confronto físico. E por último mas não menos importante, podemos prorrogar essa coisa de viagem pra longe para o próximo semestre? Preciso terminar meu TCC e neste momento não deveria focar em mais nada que não fosse ele.
Dani, que estivera quieto até o momento, se levantou e serviu uma xícara de café. Sentou novamente e encarou a amiga, então desabou rindo e quase virando o café.
-Ai querida! Por um momento eu realmente pensei que você estivesse enlouquecendo, depois acreditei, bem pouquinho, que sua casa estava sendo invadida por um demônio sanguinário e de pernas grossas. Mas agora entendi, é uma pegadinha, não é? Hilário, mas de gosto duvidoso. Então, quem afinal é o bonitão?
-Dani, é tão absurdo pra você quanto pra mim. Mas a julgar que ele se materializou no meu quarto e que esse tal irmão fica invadindo meus sonhos, eu acho que pode ser verdade.
-Quer saber? Não tem graça Antônia! Eu vou pro meu trabalho que eu ganho mais, quando você parar com essa bobagem agente conversa de novo ok? E você garoto, essa lente de contato grita falsidade, tira isso que deve ser do camelô e você vai acabar ficando cego só por causa de uma brincadeira estúpida! – Saiu batendo a porta sem esperar Antônia responder.
-Muito obrigada! Você acabou de se livrar do meu melhor amigo. Quando nós vamos?
-Agora, sei que essa coisa que você disse que precisava entregar é importante, mas nosso mundo depende de você.
-Que se dane! Como chegamos lá?
Ele segurou a mão dela e fechou os olhos, depois de um tempo começou a falar com uma parede.
-Trago de volta sua filha, a líder que vocês esperavam. Ela está finalmente retornando ao lar. – A parede se abriu para um buraco negro no formato de uma porta e ele a levou por ali.
Antônia não disse nada, segurou o riso, resolveu encarar as loucuras daquilo tudo e ver onde ia dar, na pior das hipóteses acordaria em algum hospital psiquiátrico amarrada a uma cama ou em um quarto acolchoado. Não importava, se acreditar que aquilo era verdade era o que sua mente queria então ia obedecer. Começou a duvidar até mesmo da presença de Dani em sua casa.
Caminharam por pouco tempo na escuridão, até Antônia perder os sentidos, ainda caminhava e respirava, e tinha consciência disso, mas nada mais em seu entorno parecia perceptível, como se estivesse sob efeito de alguma droga, como se observasse tudo de um lugar distante, não conseguindo saber onde exatamente estava. Sentiu uma dor forte na cabeça e então tudo parou, uma espécie de anestesia geral tomou conta de seu corpo. A sensação durou pouco tempo, ao menos foi o que pareceu, logo depois ela sentiu-se despertar, sentia seu corpo novamente, via e ouvia tudo, participava novamente do seu entorno, digamos assim.Viu luzes brancas e azuladas em uma rua de calçamento com postes antigos, casas grandes rodeavam uma praça iluminada. No meio da praça, uma espécie de castelo imenso e todo iluminado.<
Antônia não dormiu naquela noite, mas apesar da leitura incessante, não se sentia cansada. Saiu do quarto por volta das 05 horas da manhã e foi até a cozinha, impressionantemente parecida com as cozinhas de seu mundo.Passou um café, que tinha um gosto parecido com o café que costumava tomar, talvez um pouco melhor, afinal deveria ser bem mais caro. Abriu a geladeira e pegou um pedaço grande de queijo caseiro, um pão também caseiro de cima de uma prateleira e sentou para comer com calma e pensar no encontro com o tal Vilka. Parecia que aquele nome a deixava como que hipnotizada, contava os segundos para a reunião e não entendia bem porquê, mas sentia uma necessidade de ouvir o estranho que invadia seus sonhos.Franziu a testa e se repreendeu, isso não dev
Chegou na cozinha e encontrou Tamara chorando e esfregando o braço, quando a viu a menina levantou e secou as lágrimas. Duas outras meninas da mesma idade a consolavam, mas também se afastaram quando a rainha chegou. Antônia se aproximou e pegou o braço de Tamara, olhou as manchas vermelhas que começavam a arroxear e falou entre dentes.-Quem fez isso Tamara?-Não foi nada senhora, está tudo bem, eu apenas bati meu braço em uma parede. – parecia apavorada.-Uma parede que tem dedos? - A menina arregalou ainda mais os olhos e Antônia deu de ombros. - Se você não me disser eu vou tirar minhas próprias conclusões, e elas irão me levar até Lukos, eu deduzi que vocês namoraram quando mais jovens
Continuaram conversando sobre os projetos, isso levou o dia inteiro mas finalmente tinham uma plataforma de propostas para a população, tudo o que era possível em um primeiro momento e tudo que seria realizado no futuro, Antônia viu em Varka alguém competente em quem poderia confiar. Estevão e Melissa finalmente baixavam a guarda e todos pareciam empenhados.A constituinte se realizaria juntamente com as reformas, não sabia exatamente como fazer tudo que propôs, mas confiava na ajuda que teria. Saiu da sala de reuniões depois de todos, ficou ainda um tempo pensando em tudo o que decidiram, pediu que as meninas da cozinha acomodassem todos e foi para seu quarto, estava exausta, não dormira na noite anterior e passou o dia resolvendo coisas inimagináveis.Encheu a banheira e en
Estevão estava esperando por Vilka no lago, já sabia que ele iria ficar maluco com o que fizera. Era apaixonado pela rainha e a traição do amigo jamais seria perdoada. Estevão não se arrependia do que fizera, mas entendia que foi horrível para Vilka ver os dois juntos no final da noite. Apenas não conseguira segurar, estava bêbado e realmente atraído por Antônia.Vilka chegou e o encarou por um momento, Estevão não falou, não tinha muito o que dizer, diria o que? “Me desculpe”, não fazia sentido. Como Vilka não falava nada, tomou coragem e iniciou a conversa em tom calmo e conciliatório.-Olha amigo, eu não sei bem o que dizer...-Seu filho da puta! Como você pôde?
A reunião com Maitê foi marcada para dois dias depois, se realizaria no castelo, não era seguro para Antônia sair para reuniões com inimigos declarados, as ameaças contra ela aumentavam diariamente.Maitê chegou sem o filho, Lukos não quis comparecer, teve medo que Antônia mandasse prendê-lo, que já tivessem contado a ela sobre alguns de seus negócios, em sua companhia estava Alvaro, o ex chefe da guarda, mais uma dúzia de soldados armados.Antônia os recebeu na sala do trono, que ganhou poltronas e uma mesa redonda, era ali que as reuniões com todos se realizavam ultimamente. Estava com Vilka a seu lado, além de Estevão, Melissa e Varka, todos também armados ao lado de alguns outros rebeldes, e do atual chefe da guarda da rainha,
Dois meses se passaram desde a noite em que Antônia decidiu, mesmo sem estar exatamente consciente sobre isso, que iria substituir um possível futuro com Vilka por qualquer outro, não pretendia sair dormindo com todo mundo. Não achava isso errado, mas era uma rainha controversa o bastante já, se virasse uma rainha “promíscua” as pessoas a aceitariam ainda menos do que aceitavam.Estevão também não era nenhum substituto inferior, tampouco se tornaria seu namorado ou seu marido, isso estava muito claro. Ele jamais pediria que ela assumisse publicamente qualquer tipo de relacionamento com ele, e depois tinha Vilka e suas reações violentas. Ninguém queria que um simples caso se tornasse o assunto principal e tomasse o lugar do que era realmente importante, a reconstrução da injusta sociedade daque
Chegaram no castelo por volta das 23 horas, Antônia desceu do carro e deu um assovio, era um prédio imenso com quatro andares, duas torres altas como arranha-céus, uma outra construção um pouco menor e um lago grande, atrás e nas laterais o terreno era cercado por uma floresta escura.-Bem vinda à sua casa de outono vossa alteza. – Vilka fez uma mesura e riu da expressão dela.-Isso é imoral, é errado de tantas maneiras que eu nem sei explicar. Minha mãe era uma pessoa horrível não era?-Não, ela era uma boa pessoa, seu pai também. Mas eles estavam acostumados com isso, foram criados para pensar que assim era certo, os nobres e burgueses comandariam este mundo e aqueles que nasciam miseráveis morreria