A estrada sinuosa se estendia à frente, ladeada por árvores altas cujas sombras dançavam sob a luz do entardecer. O carro avançava suavemente, mas a mente de Cássia estava longe dali. Enquanto observava a paisagem passar pela janela, seus pensamentos a levaram de volta a um passado que ainda doía. Uma única lágrima escorreu silenciosamente por seu rosto, traçando um caminho solitário até sua bochecha. Charles, atento ao silêncio repentino, percebeu sua expressão melancólica e decidiu quebrar a tensão com um comentário leve. — Sabe… — começou ele, lançando um olhar de soslaio para ela. — Sempre imaginei que mansões antigas tivessem segredos escondidos. Túneis secretos, passagens ocultas… Quem sabe encontramos um tesouro enterrado no jardim? Cássia piscou algumas vezes, como se voltasse à realidade, e sorriu levemente. A tentativa de humor de Charles foi o suficiente para afastar, ainda que por um momento, o peso em seu peito. — Bem… Se encontrarmos algo, prometo dividir com você.
Ao chegarem à mansão, foram recebidos pelos fiéis empregados. Cássia, tentando manter o clima leve, apresentou Charles:— Este é Charles, meu... parceiro de aventuras.Charles fez uma reverência exagerada.— Às suas ordens.A mansão, com seus corredores amplos e móveis antigos, trouxe à tona lembranças de tempos mais simples. Enquanto caminhavam pelos cômodos, Cássia contou histórias de sua infância, e Charles, sempre pronto com um comentário espirituoso, a fazia rir.— Então, você realmente tentou escalar aquela árvore?Cássia riu.— Sim, e caí de cara no chão.Charles fingiu preocupação.— Isso explica muita coisa.Eles riram juntos, e, por um momento, os problemas pareceram distantes.Após a chegada à mansão e um jantar reconfortante, Cássia e Charles se encontraram na sala de estar, onde uma lareira crepitava suavemente, lançando sombras dançantes pelas paredes. O ambiente era acolhedor, e a tensão dos últimos dias parecia dissipar-se naquele refúgio.Sentados lado a lado no sofá
Quando finalmente ela estava nua diante dele, Charles fez uma pausa, permitindo-se admirar sua beleza sem reservas. Seus olhos percorreram cada detalhe, como se quisesse gravar aquela imagem na memória para sempre. Cássia, corada, mordeu o lábio inferior, sentindo-se exposta e, ao mesmo tempo, desejada de uma maneira que nunca havia experimentado antes. Incapaz de suportar a distância, ela segurou o braço de Charles e o puxou para mais perto. Seus corpos se encontraram novamente, e ele a beijou com ainda mais intensidade, suas mãos deslizando suavemente por sua pele quente.Charles se afastou por um instante, mas seus olhos permaneceram fixos nos dela, carregados de uma intensidade que fez Cássia prender a respiração. O ar entre eles parecia eletrizado, pesado com um desejo latente que os envolvia como uma tempestade prestes a desabar.Ela arquejou suavemente, seu corpo reagindo à presença dele, ansiando por seu toque. Mas Charles não cedeu de imediato. Ele queria prolongar aquele mom
Naquele instante, tudo pareceu parar. O tempo, o vento, o mundo inteiro – como se até o universo tivesse decidido dar um tempo para assistir àquele momento. Charles não disse nada. Nada. Nenhuma palavra dramática, nenhuma declaração arrebatadora de amor. Nada. Ele simplesmente a envolveu em seus braços, com a destreza de alguém que sabia exatamente o que estava fazendo – e se não soubesse, fingia muito bem. Puxou-a para perto, encaixando-a contra seu peito como se ela fosse a peça que faltava no seu quebra-cabeça pessoal. Cássia não reclamou. Pelo contrário, se entregou àquele abraço como se fosse um casaco quentinho em um dia frio. O calor do corpo dele era confortável, aconchegante… quase perigoso. Fechou os olhos e inspirou profundamente, absorvendo aquele instante. O cheiro amadeirado de Charles misturava-se com o aroma de lavanda de seus cabelos, criando uma combinação que deveria ser engarrafada e vendida como perfume com o nome "Perdição". Os minutos passaram sem pressa. O q
Na manhã seguinte, o sol mal tinha começado a iluminar a imponente mansão quando Cássia despertou com um propósito claro: resolver de uma vez por todas a situação que vinha assombrando sua vida. Ela não queria perder mais tempo. Ainda de camisola e com os cabelos um tanto desgrenhados da noite anterior, desceu as escadas em direção à sala de estar. Precisava entrar em contato com o advogado de confiança de sua família, o sempre perspicaz Dr. Alberto. Pegou o telefone e, sem hesitar, discou o número dele. A chamada não demorou a ser atendida. Do outro lado da linha, uma voz grave, serena e com aquele tom de quem já havia resolvido muitos problemas difíceis ao longo da vida respondeu: — Dr. Alberto falando. Cássia respirou fundo antes de dizer: — Dr. Alberto? Aqui é a Cássia. Desculpe ligar tão cedo, mas preciso falar com o senhor sobre assuntos urgentes relacionados ao patrimônio dos meus pais e algumas provas que tenho contra meu ex-marido. O advogado, sempre gentil, nem pestane
O dia parecia correr mais rápido do que o normal, como se o próprio tempo estivesse ansioso para testemunhar o que estava por vir. Cássia e Charles mal tiveram um segundo para respirar, imersos nos preparativos de uma noite que prometia ser inesquecível – não pelos brindes, pelas danças ou pelos vestidos luxuosos, mas pela queda espetacular de um homem que acreditava estar acima de tudo e de todos. Henrique seria exposto em meio à elite da cidade, diante de empresários influentes, políticos astutos, socialites de riso fácil e, claro, da imprensa. O palco perfeito para transformar um vilão em espetáculo. O plano era ousado, mas eficiente: com a ajuda da equipe de Charles, eles fariam a exibição pública de provas irrefutáveis contra Henrique, incluindo uma gravação bombástica que acabara de chegar às mãos deles naquela tarde. Cássia e Charles se trancaram na biblioteca da mansão assim que o arquivo foi entregue. O ambiente carregava uma tensão densa, cortada apenas pelo som do vídeo
Cássia estava diante do espelho, ajustando os brincos enquanto respirava fundo. O nervosismo dançava em seu peito, como borboletas inquietas. Molie, sempre atenta, ajeitava os últimos fios de cabelo da amiga com precisão. A porta do quarto se abriu suavemente, e Charles entrou. Seu olhar percorreu a silhueta de Cássia no vestido elegante, e um sorriso terno se desenhou em seus lábios. — Estou indo — avisou ele, caminhando em sua direção. Antes que ela pudesse responder, ele segurou seu rosto com delicadeza e depositou um beijo suave em seus lábios, um toque breve, mas cheio de significado. Molie, que observava a cena do canto do quarto, sorriu com diversão, levantando uma sobrancelha. Charles se afastou lentamente, olhando nos olhos de Cássia. — Nos vemos lá. Confie em você. E então, sem esperar resposta, ele se virou e saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. O silêncio ficou suspenso no ar por um segundo. Cássia ainda sentia o calor do toque dele, quando Molie se aproximo
Do lado de fora, oculto pelas sombras da noite, Charles permanecia atento. Seu olhar percorria o entorno da mansão, analisando cada detalhe com precisão cirúrgica. Tudo parecia sob controle, exceto por um detalhe inquietante: ele havia perdido o contato com uma de suas agentes. Gabriela. A mulher de cabelos negros e olhar afiado, sempre pontual, sempre impecável. Charles a conhecia bem. Encontrou-a dias atrás em uma cafeteria, onde trocaram informações sobre a operação, e ela, como de costume, manteve aquela postura confiante. Nunca se atrasava. Nunca falhava. Mas agora, seu rádio estava mudo. Nenhuma resposta. Nenhum sinal. Isso era um problema. Charles franziu o cenho, apertando o pequeno comunicador em seu ouvido. — Gabriela, responda. Qual a sua posição? Silêncio. A tensão em seu peito aumentou. Ele conhecia bem sua equipe, e Gabriela não era do tipo que simplesmente desaparecia. Algo estava errado. Muito errado. Ele tentou mais uma vez. — Gabriela, se está me ouvindo, re