Ettore FerrariDesço as escadas, saindo do meu escritório para ir até uma das salas de tortura que mantenho aqui na sede. Comprei uma nova remessa de armas, e o desgraçado do entregador achou que eu não perceberia as armas com defeitos entre elas. Agora ele me paga, vou descontar, nele, toda a raiva que tenho acumulado durante esses dias. Hoje faz duas semanas que não vejo, nem toco em Violleta, estou ficando louco sem ela comigo. Minha raiva só aumenta desde que ela se foi já matei inimigos com mais crueldade do que o necessário, para tentar acabar com o estresse e essa raiva que me consome a cada dia por não conseguir achar minha diabinha.Entro na sala e vejo o desgraçado amarrado, esperando por mim, assim que ele me vê, noto o terror tomar seu rosto, sorrio com isso, pois gosto dessa sensação de saber que tenho a vida deste monte de merda em minhas mãos. E, de antemão, já sei que ele sofrerá, pois hoje ainda não descontei minha ira em nada nem ninguém. — Vejam só o que temos ho
Ettore FerrariChego na empresa e vou direto para a minha sala, mas sinto os olhares sobre mim. Muitas mulheres trabalham para mim, são todas muito bonitas e já tive algumas delas em minha cama, mas sempre mantive a discrição, mas, quando chego elas parecem crianças em cima de porções de doces. Continuo em frente e vejo minha secretária entretida, no computador, digitando alguma coisa, mas para quando me aproximo.— Bom dia, sr. Ferrari! — diz apressada.— Na minha sala, agora!— Sì... Sim, senhor! — Ela responde, gaguejando e fico me perguntando por que ela tem tanto medo de mim. Entro na sala, e coloco minhas coisas no lugar, abro o notebook e vou adiantando algumas coisas enquanto ela entra e verifica a minha agenda. — Vamos mulher, abra essa boca! — Hoje o seu dia está bem cheio, senhor. Reunião com o senhor Reivs às 9 horas, às 12:30 almoço com os sócios da joalheria Nôra, durante à tarde videoconferência, com o vice-presidente, às 16 horas, às 17:30 uma reunião com os gerentes
VIOLLETA FERRARI Duas semanas se passaram desde que fugi da casa dos Ferrari e da vida miserável que vivia com Ettore. Posso afirmar, sem sombra de dúvidas, que essas foram as melhores semanas da minha vida. Poder estar ao lado do meu pai, me sentir amada, saber finalmente, que pertenço a algum lugar, não tem preço. Nessas duas semanas aconteceram muitas coisas, uma delas foi a continuidade ao meu treinamento com Stefano, como já sabia atirar, intensifiquei as lutas ainda com cuidado devido à minha condição. No começo fiquei relutante, porém, meu pai me disse que seria preciso, assim conheceria o funcionamento das famílias da máfia. Na verdade, espero que nunca seja necessário que eu use algo desse tipo, não tenho coragem de machucar uma mosca, e apesar de Ettore ter me obrigado a matar, eu jamais puxaria o gatilho por vontade própria novamente. Amanhã será minha consulta com a doutora Laura, vai ser o início do meu pré-natal, não sei com quantos meses estou por conta da menstruaç
ETTORE FERRARIEnquanto tomo um banho, vou pensando em todos os acontecimentos dos últimos dias. Desde que me tornei capo e assumi a responsabilidade que a máfia nos dá, tenho atitudes que qualquer ser humano comum desaprovaria. Lembro que nem sempre foi assim, e apesar de ter sido criado e preparado para assumir uma fração da Ndrangheta, sempre achei que era muita responsabilidade em minhas mãos. Todo o fardo dos negócios está sobre mim, qualquer decisão que eu tome afeta a vida de centenas de pessoas, é muita coisa para uma pessoa só. O mais poderoso capo, como diria os mais antigos. É uma enorme responsabilidade e além de tudo isso, ainda sou extremamente visado, minha família está sempre na linha de fogo, pois sabem que atingindo a eles, afetarão a mim. Eu sou Ettore Ferrari, aquele que comanda um império, que dá as cartas no mundo dos negócios, que mata ao estalar de um dedo, e que, de uma hora para outra, começa amar uma mulher, que o deixa louco de todas as maneiras possíveis
ViolletaEstou prestes a entrar no palco, estou nervosa. Stefano estende seu braço para que eu possa enlaçá-lo, quando chegamos atrás da cortina, ele me olha. Já faz um bom tempo que papai saiu e não voltou, e se ele demorar mais, é capaz de meus saltos fazerem buracos nesse concreto. Quando já estava impaciente vejo a porta abrir, e ele passar por ela.— Já não aguentava mais, papai! — Ele sorri com minhas palavras.— Desculpe querida, me entreti cumprimentando alguns dos convidados, mas já vou anunciar sua entrada! — Desculpe papai, acho que são os hormônios que me deixam assim, é que estou muito nervosa, ansiosa.— Fique tranquila, esse nervosismo todo não faz bem para o bebê! — É, o senhor tem razão. Preciso me acalmar.— Então vamos. Vou apresentar você e depois aproveitamos a festa!— Fique aqui até que eu lhe chame, meu bem. Não se preocupe, estarei ao seu lado a todo instante, haja o que houver!Balanço minha cabeça confirmando, e pouco tempo depois ele desaparece através d
ETTORE FERRARIEstou consciente de tudo. Ouço as pessoas ao meu redor, sinto as enfermeiras mexendo no meu soro, arrumando meus travesseiros e cobertores, ouço o barulho da máquina à qual estou ligado, mas não consigo me mexer ou falar, e isso é desesperador para mim. O que mais me faria feliz neste momento é poder abraçar minha mulher e me ajoelhar diante dela, suplicando seu perdão, mas não consigo. Ouvir suas palavras me confortam de algum modo, talvez estar aqui não seja de todo ruim, não se for para tê-la ao meu lado. É claro que a situação em que me encontro é horrível, pois adoraria tocar meu anjo, dizer o quanto sou louco por ela, o quanto esperei por ela, o quanto sou completamente apaixonado por tudo que venha dela. Mas estou preso nessa cama, em coma, sem chances de poder dizer qualquer coisa para confortá-la. Depois de alguns longos minutos sinto ela se levantar da cama, meu coração aperta só de pensar que ela se vai, e vou ficar aqui sozinho.— Até logo, meu amor… Volte
VIOLLETA FERRARICINCO MESES DEPOISEstou no quarto onde Ettore continua a definhar em cima da cama. Minha barriga está cada dia maior, meus pés estão mais inchados devido ao meu estágio avançado de gravidez. Em poucas semanas vou ter o meu bebê, não quis saber o sexo, pois guardo a esperança de que Ettore acordará e juntos saberemos o sexo do nosso filho, ainda que, a cada dia que se passa, eu fique mais preocupada com o seu estado, pois nada se altera.Pietro ficou no lugar do irmão, assumiu todas as suas responsabilidades, na sede quem está na frente de tudo é ele. Surpreendi-me com o quanto está sendo forte, fazendo as melhores escolhas pelo seu irmão. Sempre que preciso de conforto, ele está ao meu lado.Quando não estou aqui, Sandra é quem está, mas em momento algum o deixamos sozinho. Ela também está sofrendo muito com a possibilidade de que Ettore não volte, e imagino que seu coração de mãe esteja ainda mais destroçado que o meu. Eu tento nem pensar nessa possibilidade, pois s
VIOLLETA FERRARIAbro meus olhos, que agora doem com a claridade, e sei que estou num hospital. Desespero-me pelo bebê e por não saber o que vai acontecer a partir de agora. Sinto uma dor muita forte na minha cabeça, minha barriga e todo meu corpo também estão doendo. Escuto passos apressados de longe e ouço a voz, desesperada de Sandra, próxima a mim.— Dios mio, o que aconteceu com ela? Ela vai ficar bem? E o bebê, como ele está? — Ouço Sandra falar, e em seguida, meu pai, também desesperado, fala:— Por favor, me falem o que aconteceu com minha filha e o bebê! — Ele diz com a voz embargada. — Doutor, por favor, me diga algo! — O carro em que sua filha estava foi encontrado capotado a alguns quarteirões daqui. Quando os paramédicos chegaram ela já estava inconsciente e sangrando muito, teremos que fazer uma cesárea de emergência, não podemos esperar mais.— Diga como ela está. Ela está bem, doutor? Por favor, não me esconda nada, só tenho ela e meu neto, não posso perder os dois a