CAIN WELLER tivera a pior vida que alguém poderia sonhar ou imaginar, havia sido abandonado em um orfanato ainda bebê, nunca soube quem eram seus pais e desde criança a única forma que conhecia de sobreviver era tomando as coisas de quem as tinha, porém, onde ele morava ninguém tinha absolutamente nada para ser tirado.
Tudo o que Cain sabia sobre a vida era que ela não era justa, se existia um Deus, só poderia ser um tirano, se tivesse ainda pais, eram os piores que alguém poderia ter no mundo, ou seja, num mundo criado e governado por um Deus cristão, seu deus era o próprio satanás.
Na escola, foi expulso diversas vezes até que os diretores do orfanato simplesmente deixaram de matriculá-lo, pois ele não conseguia se adaptar à vida em coletividade, era um lobo solitário sendo obrigado a ter uma experiência de vida coletiva, ele não era uma pessoa má, só era uma pessoa para se envolver com poucas pessoas, quiçá nenhuma, nem mesmo com ele próprio.
Sua vida de crimes começou quando fez quinze anos de idade e furtava casas de senhoras idosas, em uma dessas situações, foi surpreendido por uma jovem coroa na casa de seus cinquenta anos, mas que tinha um corpo de vinte.
— Porque está fazendo isso, garoto?
Ele ficou envergonhado de falar a verdade diante de uma mulher tão linda e atraente.
— Vem aqui... – disse ela o chamando para perto dela – prometo não te fazer mal...
Nem se ela quisesse poderia fazer mal a ele, pois ele era o próprio mal na vida das pessoas...
Cain olhou para ela e não sabia explicar, era a primeira vez que alguém não olhava para ele com desprezo, raiva ou medo, era como se ele tivesse a incrível capacidade de fluir tudo o que havia de mal dentro das pessoas, ele não tinha nada e obstante a isso lhe tiravam até mesmo o desejo de sorrir.
— Todo mundo diz isso.
— Eu não sou todo mundo, querido.
Ele não sabia explicar porque, mas gostou pela primeira vez na vida ter alguém para abraçar... Ele sentiu os seios fartos da mulher que lhe remeteu imediatamente a uma visível ereção.
— Alguém pelo jeito gostou de um carinho, não é mesmo?
Ele assentiu enquanto sorria timidamente, ele não sabia o que tinha acontecido, era um desejo diferente do que havia encontrado na rua quando foi violentado diversas vezes por homens em situação igual ou pior do que a dele.
— Então está na hora de você retribuir a gentileza com gentileza, querido.
— Eu... eu não sei como fazer isso.
Ela passou a mão carinhosamente pela sua face e disse com o sorriso mais doce do mundo.
— Sempre tem uma primeira vez, querido.
CAIN NÃO ESTAVA ACREDITANDO no que havia acontecido, apesar de ser um adolescente, ainda não tinha descoberto o que era sexo casual, prazer ou qualquer coisa parecida, a vida só tinha ensinado o que era dor, e as poucas pessoas que tentavam fazer qualquer bem a ele eram sempre reprimidas com mais dor e maldade, ninguém tinha lhe explicado isso até conhecer Alice.
Por pouco tempo ele descobriu o que era o paraíso, e como todo paraíso, sempre haveria uma serpente para mostrar a verdade e expulsá-los de lá.
ALICE GANHOU muito dinheiro com a vida mundana, usara seu corpo para pagar a faculdade e viu que ganhava muito mais do que sua profissão formal lhe garantia, aos trinta e cinco já tinha uma aposentadoria tranquila e estava na hora de conhecer alguém e constituir uma família, mas sempre acabava contando a verdade sobre seu passado e a pessoa fugia, até conhecer o jovem Cain.
Alice se enveredou por muitos caminhos sexuais, fora prostituta até o dia que teve um cliente peculiar, um astro do mundo pornográfico que viu que ela aguentava firme seu pênis de quase trinta centímetros, então lhe fez o convite que mudaria a sua vida para sempre:
— O que acha de gravar um filme, poderia ganhar muito dinheiro com seu corpo, você transa muito bem para ganhar reles trocados.
Alice percebeu que não tinha nada a perder e aceitou o convite.
Seu primeiro filme ganhou a mídia, se chamava Garganta de ouro, contando a história de uma cantora que para as portas do estrelato se abrirem tinha que abrir as pernas.
Logo no primeiro filme já ganhou três prêmios AVN – Adult Video News – o Oscar dos filmes de entretenimento adulto, depois daquilo o céu parecia o limite para ela, recebeu convite para todo tipo de cena e por incrível que pareça, quanto mais hardcore, mais ela gostava, pois mais ela ganhava dinheiro.
Mas ela sabia que naquele ramo não poderia viver para sempre, o corpo não aguentava a rotina e dieta e fez um planejamento e a cumpriu fielmente, quando a indústria pornô parecia ter se enjoado dela, montou seu site em que disponibilizava as cenas dos filmes, sessões de fotos e conteúdo exclusivos, os saudosistas inundaram seu site de visitas e os novos consumidores sempre apareciam para saber se haveria algo novo.
Em sua biografia relatou todas as suas experiências e chamou muito a atenção da mídia, fazendo-a inda mais rica do que já era, então decidiu abandonar de vez, apenas colher os frutos de tudo o que tinha plantado.
CAIN NÃO LIGAVA para o que ela tinha feito na vida antes de conhecê-lo, afinal, ele mesmo nunca teve alguém para cuidar dele, alguém que demonstrasse um mínimo de afeto, que fizesse algo de bom, ensinar as coisas que Alice lhe ensinava.
A amizade entre os dois era algo que transcendia a amizade convencional e da mesma forma não era nada voltado apenas a sexo, era como se eles tivessem evoluído a um nível em que fazer sexo era uma necessidade tão básica quanto comer, faziam porque seus corpos pediam para fazer, não era nada romanceado, era puramente selvagem e instintivo, o que foi também uma novidade para Alice.
Até que a vida lhe ensinou uma dura lição.
CAIN CHEGOU EM CASA e Alice estava morta em sua cama, a cena em si não causava nele o menor temor, já tinha visto pessoas mortas nas ruas antes, mas ver alguém que amava morta era algo que ele jamais iria esquecer.
Não Deus... porque? Tudo menos ela... é a pessoa mais bondosa que já existiu na face da Terra...
Ele nasceu para viver no inferno e nenhum paraíso abria as portas para um demônio como ele...
— Levante as mãos, garoto, é a polícia, você está preso pelo assassinato de Alice Weller.
MAISIE SHEPARD TINHA apenas dezessete anos de idade quando todo o turbilhão de emoções e sensações aconteceu em sua vida, até então perfeita para qualquer adolescente.Tinha pais maravilhosos, um irmão chato, uma melhor amiga a quem poderia confidenciar sobre qualquer assunto, chamada Hannah, um cachorro que a acompanhava desde criança em suas pequenas aventuras no quintal de sua casa e uma vida muito boa que o emprego de seu pai proporcionava a toda a sua família, ou seja, tudo o que alguém na idade dela poderia sonhar.Maisie era o epíteto do que era a classe média americana, ia uma vez por ano à Disney World, jantava fora uma vez por semana com toda a sua família em algum restaurante, ia uma vez por semana ao shopping e não precisava fazer trabalhos extras de férias de verão ou inverno para ajudar no orçamento de casa ou até mes
MICHAEL ENTROU para o grupo de teatro na escola e se dava muito bem com todos os companheiros, principalmente com as garotas, ele tinha o dom natural de tratar com o público feminino, era um predador natural e as mulheres adoravam ser presas de Michael, o garoto mais bonito e descolado da cidade.Sua atuação era carregada de excentricidades que o professor de artes não sabia se isso era genialidade ou pura maquiagem teatral, ou os dois, mas Michael era uma metamorfose ambulante, era quase uma pessoa com TMP – Transtorno de Múltiplas Personalidade, porém, ele sempre tinha o controle de tudo, com exceção de sua vida familiar, da qual não dependia dele tal controle.Michael visivelmente tinha muitos problemas dentro de casa e o professor Clark estava ciente de todos eles.Antes de ser professor, era amigo de Michael e sempre que podia tirava-o daquele turbilhão de emoções trau
HANNAH ERA TUDO o que todas as garotas sonhavam ser na escola, a garota mais linda, descolada, bem-de-vida e desejada pelos rapazes mais interessantes e atraentes, para ela os garotos eram apenas um delicioso banquete em que poderia fazer o que bem entendia e logo descartá-los, não era um fim em si mesmo, mas sempre foi um meio para ter o que queria, e ela sempre quis ter tudo na vida, o único que parecia não cair sob seus encantos era Michael Vane.Muito pelo contrário, parecia que Michael sempre a tinha nas mãos e fazia o que bem queria com ela.Literalmente...Fazia sempre tudo o que queria...Ao contrário das pessoas na escola, Hannah sabia que Michael era um pobretão de quinta categoria que não tinha onde cair morto, ela conhecia a sua família que, coincidentemente trabalhava para seu pai, mais por consideração do que por merecimento, pois Carl Vane era um al
A PRIMEIRA PEÇA de teatro que Michael encenou foi um estrondoso sucesso em sua cidade e rodaram o Estado realizando dezenas de apresentações, inclusive no palácio do governo em que foi aplaudido em pé por todos os políticos mais importantes do Estado, incluindo o governador e três senadores da República.Em cada uma destas cidades Michael deixava corações partidos e histórias que nem se lembravam por tê-las repetido dezenas de vezes.— Você não se cansa não? – Disse Hannah, seu par na peça de teatro.— Me cansar? Está maluca? Eu quero é mais...Eu sempre quero mais...— Eu sonho fazendo isso pelo resto da vida... só há duas coisas que jamais irei me cansar nesta vida.Ela queria que pelo menos uma destas coisas fossem sempre com ela ou ela própria, mas Hannah sabia qu
O CURSO ESTAVA TERMINANDO e todos estavam se preparando para o grande baile e Maisie teve que ir acompanhada de seu irmão, pois não havia sido convidada por ninguém, afinal, ela era a garota mais alta de sua turma, a mais inteligente e só isso já estava assustando todos os garotos.— Cara, é deprimente saber que tenho uma irmã derrotada como você, sabia?Maisie fez cara de poucos amigos.— Cala a bola, seu idiota, você é uma pessoa incrível quando não está falando, respirando e nem vivendo, sabia?Eu a acertei em cheio...— Mas eu pelo menos terei companhia para o baile no ano que vem.Maisie bufou indignada enquanto via o irmão mostrar a língua.— Ainda há bastante tempo para você estragar isso, é seu maior talento.Maisie se arrependeu daquelas palavras todos os dias de su
HANNAH OBSERVAVA de longe a situação mais ridícula que já tinha visto, dando-lhe até ânsia, o pobre idiota de seu amante todo doce com a intelectualzinha e desengonçada da turma.— Está tudo bem, querida? – Disse Jeromy – você parece um pouco distraída.— Claro... – disse voltando à sua triste realidade – está uma noite incrível, não é mesmo?— Você não imagina o quanto...Claro que eu imagino...Ele a beijou e enquanto consumavam o ato ela olhava para Michael que lhe devolveu a piscadinha.ELA ESPEROU pacientemente Michael se desvencilhar da chata da Maisie e disse da forma mais gentil que já havia falado com Jeromy em toda a sua vida interrompendo a dança:—
MAISIE ESTAVA OLHANDO para a porta do banheiro onde Michael tinha entrado após colocar os óculos e não estava acreditando no que viu, Hannah tinha entrado logo em seguida... ela sabia o que aquilo queria dizer, afinal, ninguém erra o banheiro das garotas para o dos garotos sem querer, nem mesmo uma toupeira intelectual como Hannah Colleman.E eu que imaginava que ela era a minha melhor amiga... acho que sou tão burra para ver essas coisas óbvias quanto ela é para as matérias da escola...Para Maisie a noite e talvez a vida dela tinha terminado naquela noite, ela jamais conseguiria olhar para Michael novamente e enxergar um futuro ao seu lado, ele simplesmente tinha sido um cachorro da pior estirpe possível, e estragou o que já não estava bom naquela noite, mas a cada minuto que passava os dois lá dentro daquele maldito banheiro, mais Maisie perdia as
— QUEREMOS ANUNCIAR agora os grandes premiados da noite com a coroa de rei e rainha do baile anual deste ano.As pessoas começaram a aplaudir euforicamente.Hannah sabia que seria a rainha, faltava saber se seria o rei do baile naquele ano, não que para ela fizesse qualquer diferença, mas se fosse o Michael, então a despedida seria ainda melhor do que ela havia planejado.— Com vocês... Hannah Colleman... e... Michael Vane...Michael chegou até ela e disse:— Me permite? – disse para Jeromy que acenou positivamente.Michael lhe deu gentilmente o braço direito e ela engatou suavemente nele e foram à frente de todos enquanto eram ovacionados pelos colegas de turma que abria o corredor para eles passarem.— Acho que agora estamos prontos para a vida que merecemos ter no futuro.— Eu sei que vou viver, já não sei você, se