Cap. 26 Prisioneira para as Feras.À frente, além de um portão de ferro negro, velho e corroído pelo tempo, havia um espaço amplo e circular. Uma arena. Não daquelas gloriosas, mas crua, cercada por arquibancadas de pedra, onde figuras com olhos selvagens se empoleiravam como aves de rapina. No centro, a terra estava marcada por garras, suor e sangue seco.Eu não devia estar ali, e, para minha má sorte, eu tinha chegado à porta dos fundos — justamente por onde entram as novas criaturas para serem levadas às celas ou onde os lobos são jogados para serem devorados. Tremi, sentindo meu corpo todo entrar em estado de alerta. Tentei fugir.Mas, antes que pudesse dar um passo para trás, vozes me cercaram.— O que temos aqui? — disse um homem, saindo das sombras com um sorriso torcido, cruel. Era largo, os braços pareciam troncos, e os olhos, vazios de empatia.Outros surgiram — um grupo de lycans. Metade homens, metade lobos, com cicatrizes pelo corpo e olhares de quem já havia matado... e
Cap. 27: sem esperança para você.Meu corpo recuou por instinto, encolhendo-se atrás da parede de pedra — mas era tarde.Ele estava planejando algo?O suspiro pesado que ele soltou chegou até mim como um vento amargo.Kan deu meia-volta. Seus passos vinham em minha direção: firmes, impacientes, quase irritados.Eu quis correr. Quis sumir. Mas meu corpo não respondeu. Estava cansada, ferida... fraca. Quando tentei me afastar, tropecei numa raiz retorcida e caí sentada no chão, coberto de poeira e folhas mortas.Ele parou a poucos passos de mim. Não estendeu a mão. Não ofereceu ajuda.Apenas me olhou de cima, como se eu fosse uma pedra no caminho.— Por que ainda está aqui? — a voz dele era grave, direta. — É óbvio que vai morrer nesse lugar. Lobos como nós não toleram fraqueza. Muito menos inutilidade.As palavras atravessaram meu peito como facas.Não respondi. Apenas abaixei os olhos e apertei os dedos contra a terra fria.— Você não serve pra nada. Nem aqui, nem em qualquer outro ca
A Marca dos Condenados é um peso.O silêncio que pairava após a sentença era mais cruel os que estavam presentes encaravam tudo com um olhar de deboche como se disse a ela indiretamente que ela merecia aquele fim, O som dos passos de Maya na trilha de terra seca da vila dos lobos parecia ecoar por todo o território como uma marcha fúnebre. Os portões de pedra ao longe anunciavam o fim de tudo que ela conhecera e o começo de um abismo desconhecido.Kan a observava à distância, imóvel, como uma sombra entre as colunas do templo dos guerreiros, Seus olhos, antes dourados como âmbar selvagem, tornaram-se negros como a noite sem lua, Ele a seguia com precisão cirúrgica, analisando cada curva de sua pele onde ele encontra exposta, seu pescoço agora que ela não usava mais o capuz, cada hesitação dos dedos que tremiam ao segurar a barra do capuz. Mas foi quando o vento levantou os fios de cabelo dela, revelando o delicado contorno do pescoço, que algo nele se ativou.— é exatamente ai que eu
Cap. 29 Longe de ser rastreada.E, ironicamente, foi ser banida que a salvou, ela se levantou as pressas olhando ao redor como se procurasse algo, e alguns de seus pertences tinha caído, um dos seus saquinhos de pano onde ela tinha guardado algumas joias, ela rapidamente o recuperou se certificando que estavam ali e suspirou aliviada ao ver que não tinha perdido nada.Era sua única oportunidade de conseguir sair dali e conseguir viver por alguns dias até conseguir se estabilizar.Maya odiou aquele lugar com todas as suas forças.O ar parecia envenenado, O solo pulsava com uma ameaça invisível, como se o chão quisesse engoli-la inteira, Até a luz era hostil. Cinza, pálida. Sem esperança. Seu corpo doía onde haviam mordido, seus joelhos estavam ralados, e a vergonha latejava mais que os ferimentos.O guarda do portão, um velho lobo de olhar cansado, abria lentamente a pesada porta de ferro encantado. Maya não disse nada. Apenas correu. Correu com os olhos úmidos, o coração em frangalhos
Cap. 30: Da desventura uma ventura— Esse banco é público, ou você cobra entrada? — disse uma voz masculina, bem-humorada, mas não invasiva.Maya olhou para o lado com cautela.Era um jovem, talvez com uns vinte e quatro anos, alto, de corpo esguio — o tipo de pessoa que parecia caminhar muito pela cidade. Talvez um universitário, ou alguém que simplesmente pertencia às ruas. Usava jeans escuros, um tênis simples e uma camisa de linho de botões abertos sobre uma camiseta clara. Tudo limpo, bem ajustado, com aquele toque elegante que vem de quem não tenta demais, mas acerta mesmo assim.Seus cabelos castanho-escuros estavam um pouco desalinhados, como se o vento sempre passasse por ali primeiro. Os óculos de aro fino davam a ele um charme intelectual, e embora fosse discreto, era impossível ignorar os traços marcantes do rosto — a linha do maxilar bem desenhada, os olhos atentos, quase gentis demais para um desconhecido. Ele era comum... mas com algo cativante. Uma beleza que nascia da
Capítulo 31 – O Fim do Vínculo, o Início da TempestadeKan se aproximou, segurando o que restava da pulseira de ligação que um dia atara Maya a ele — o vínculo espiritual além da conexão de lobo. A mesma pulseira que, certa vez, lhe revelara onde Maya estava, mas que só se ativava duas vezes: uma, quando ele se aproximasse dela pela primeira vez; e outra, quando ela se afastasse ao ponto de o vínculo desaparecer. E naquele momento... o vínculo estava indo embora.— Mas eu a quero de volta.— Então você precisará do vínculo das três bênçãos que foram transformadas em três Caídos — disse a mais velha das Oráculos.— E de uma gota de seu sangue. Para trazer à tona o traço que ela tenta esconder.Kan estreitou os olhos, confuso.— O que eram essas três bênçãos que foram transformadas em Caídos?— Você é descendente de deuses. Não precisamos ser precisas para que você entenda. Sabe que o preço de uma revelação exata seria a nossa juventude — murmurou uma delas.— Três bênçãos que se tornar
Cap. 32: Meu lar é onde sou aceita.Enquanto isso, em uma casa elegante nos arredores da cidade, Lana encontrava os pais em clima de tensão. Ela havia sumido por um tempo sem nem mesmo entrar em contato com seus pais, mas finalmente decidira voltar. Os olhos dos pais estavam marcados por cansaço e preocupação, mas disfarçavam.— E Maya? — Lana perguntou com frieza, contrastando com sua aparência agora diferente e mais madura, usando um vestido longo vermelho que desenhava todas as curvas de seu corpo, assim como seu batom rubro como o próprio sangue e o delineado bem marcado nos olhos, deixando seus traços evidentes com um ar de elegância.A mãe desviou o olhar. O pai foi quem respondeu.— Maya... morreu. Não foi necessário entregá-la a nenhum companheiro, apenas peguei o carro e a levei comigo. Quando saí da cidade, ela começou a reagir à distância... e não resistiu.Lana, por um segundo, pareceu estagnar, mas, em vez de dor, um sorriso se formou lentamente em seus lábios.— Ótimo.E
Cap. 33 A adaga adormeceu?Cael estava ali, sentado na ponta de um dos sofás, observando tudo com aquele mesmo sorriso tranquilo, quase orgulhoso da cena. Quando ela cruzou o olhar com ele, ele deu de ombros dizendo que estava tudo bem então ela se aproximou sentando ao seu lado, ela não conseguiu explicar como conseguia se manter próxima de humanos sem que a adaga reagisse, talvez, so talvez aquilo reagisse a criaturas místicas e magia.— Você precisava de roupas. Eles gostam de ajudar. E você tem um estilo interessante — disse, apontando para a saia longa e o casaco grosso que ela ainda usava. — Meio élfico, meio fugitiva de reino perdido.Ela sorriu pela primeira vez, sem culpa.Era um sorriso pequeno, mas sincero.Naquela noite, Maya recebeu um novo quarto no andar de cima, ao lado de Bia. As janelas davam para os telhados da cidade, onde luzes tremiam como estrelas artificiais. Era um quarto simples, com uma cama estreita, uma escrivaninha e um armário. Mas era o melhor lugar ond