O grupo continuou a jornada, adentrando ainda mais as cavernas sagradas do território Varkos.A atmosfera era densa, cada passo ecoando como um lembrete da vastidão daquele lugar. As paredes pareciam pulsar com vida própria, adornadas por musgos luminescentes que desenhavam padrões quase naturais, quase deliberados.— Preparada para o próximo desafio, Lykir? — Kael quebrou o silêncio, um sorriso desafiador brincando nos lábios, mas havia algo diferente no tom dele, mais contido, quase respeitoso.— Sempre. — A resposta de Althea veio rápida, carregada de determinação, mas sua voz tinha um toque de cansaço que ela não conseguiu esconder.Kael riu baixo, mas seus olhos vermelhos brilhavam com uma seriedade incomum.— Quero lhe mostrar um lugar especial para nós. Tenho certeza de que vai se surpreender.Althea começara a notar as sutis mudanças em Kael. Ele estava mais próximo, menos inclinado a provocá-la como costumava fazer. Os comentários ácidos e sarcásticos deram lugar a um tom qua
Uma figura alta, envolta em sombras densas, começou a emergir. Seus olhos brilhavam como chamas, mas não havia calor neles. A intensidade daquele olhar parecia atravessar Althea, expondo todas as suas incertezas e medos. A presença era esmagadora, como se o ar ao redor dela fosse engolido pela entidade.— Quem é você? — Althea tentou falar, mas sua voz saiu fraca, quase inaudível.A figura não respondeu de imediato. Em vez disso, continuou a observá-la, como se estudasse cada fibra da alma de Althea. Quando finalmente falou, sua voz ecoou como um trovão distante, profunda e reverberante, mas sem emoção.— Você caminha entre mundos sem saber o que guarda dentro de si.O chão sob seus pés parecia instável, como se estivesse flutuando em uma teia de luz e sombras. Althea deu um passo para trás, o corpo rígido pela tensão.— O que você quer? — Ela perguntou, forçando sua voz a soar firme, embora sua determinação vacilasse sob o peso daquela presença.A entidade inclinou a cabeça, e as som
O grupo avançava cuidadosamente, os passos ecoando nas paredes de pedra como um lembrete constante de sua vulnerabilidade. Althea liderava o caminho estreito e sinuoso e Kael, mais uma vez, se mantinha perto demais dela, a pretexto de vigilância. Ele dizia a si mesmo que era seu dever como líder, mas a verdade era outra: Althea mexia com ele. Desde o início dessa jornada conjunta, sua força e destemor vinham quebrando as barreiras que ele construíra ao redor de seus próprios sentimentos.Ela se virou para ele abruptamente, o olhar inquisitivo.— Algo errado, Kael? — perguntou, arqueando a sobrancelha com um toque de provocação.Ele deu um sorriso torto, mascarando qualquer indício de suas emoções.— Nada demais. Só garantindo que você não tropece.Althea revirou os olhos, mas não conseguiu conter o leve sorriso que escapou de seus lábios.O momento foi interrompido por um estrondo profundo que reverberou pelas cavernas. As paredes tremularam, e o som ensurdecedor de pedras caindo tom
Eryon podia sentir o aroma envolvente e o fervor irresistível de Althea deitada ao seu lado. Os cabelos escuros espalhados na grama macia do Vale da Harmonia e sua mecha prateada reluzindo como se fosse uma extensão da própria Lua dos Antigos. Ela o olhou com aqueles brilhantes olhos cinzentos, intensos e suaves ao mesmo tempo, como se estivesse lendo cada pensamento seu.— O que foi? — Ela perguntou, com aquele tom provocante que ele conhecia tão bem.— Nada. Só gosto muito de te olhar. — Ele respondeu, o canto dos lábios curvando-se em um sorriso.Ela riu, aquele som que tinha o poder de acalentar a sua alma.— Tem coisa melhor para fazer do que apenas olhar. — Disse ela, os lábios formando um sorriso irresistível.Eryon nem precisava de tanto incentivo. Colou seus lábios nos dela, num gesto que começou suave, mas logo se aprofundou. Aquela não era uma lembrança do primeiro beijo, muito menos do último — esses que tantas vezes foram reprisados ao ponto de já estarem grudados nas pa
Eryon estava deitado, a mente ainda consumida pelas lembranças intensificadas pela energia pulsante da floresta de Nyrathas. O cheiro dela — de Althea — parecia impregnar o ar, mais forte e envolvente do que nunca. Ele fechou os olhos por um momento, tentando acalmar o corpo que ainda reagia ao desejo causado pelas memórias, mas a potência da sensação só parecia aumentar.— Eryon? — A voz doce e familiar quebrou o silêncio, fazendo seu coração disparar.Ele abriu os olhos e a viu. Althea. Ela estava realmente ali?A pouca luz filtrada pela densa copa das árvores acariciando sua pele, os olhos cinzentos fixos nele com uma intensidade que o fez esquecer de respirar. Sua mecha prateada brilhava suavemente, e o sorriso em seus lábios parecia aliviar o peso que ele carregava.— Althea? — Ele se levantou rapidamente, confuso, mas incapaz de resistir à visão dela.— Estou aqui agora. — Ela respondeu, aproximando-se devagar.Ele a observou com cuidado, a excitação vibrando em seu corpo enquan
A brisa que soprava pelo caminho entre as árvores trouxe uma mudança sutil, mas clara. A densidade opressiva da floresta de Nyrathas começava a ceder, dando lugar a um frescor que falava de campos abertos e ventos livres. As árvores continuavam altas, mas a luz que filtrava entre seus galhos carregava uma promessa de alívio.Eryon liderava o grupo, a leveza que sentia a cada passo não refletia o tumulto em sua mente. A floresta ainda sussurrava dentro dele, memórias e desejos dançando em um ciclo interminável, intensificados por aquela energia estranha e antiga.— O que é aquilo? — A voz de Eyle interrompeu seus pensamentos.Adiante, uma estrutura de pedra ergueu-se na trilha, como um guardião esquecido pelo tempo. Embora não fosse grandiosa, sua presença era inegavelmente marcante. Runas antigas cobriam sua superfície, brilhando com uma luz prateada e pulsante.Eryon avançou primeiro, ajoelhando-se diante da estrutura. Seus dedos traçaram as runas, e uma leve vibração percorreu seus
Do outro lado, Althea parou abruptamente quando viu Eryon. Ela o reconheceria em qualquer lugar. Seu corpo reagiu e ela correu até ele, o coração batendo rápido.Os outros lykor mantiveram certa distância, mas não deixaram de observar. Kael, especialmente, parecia atento, a tensão visível no maxilar.Quando Eryon e Althea se encontraram, o mundo ao redor desapareceu. O som do vento, dos passos de seus companheiros, até mesmo a vibração da floresta ali perto, tudo se tornou insignificante.— Você está bem? — Althea perguntou, suas mãos segurando o rosto de Eryon, os olhos cinzentos examinando-o.— Agora sim. — Respondeu Eryon, a sinceridade em sua voz carregando um peso que a fez vacilar.Naquele instante, tudo que Althea queria era se atirar em seus braços, sentir o calor familiar dele e garantir a si mesma que ele estava bem, que ambos estavam. Mas, em vez disso, ela manteve o controle, a líder dentro dela sempre à frente.Respirou fundo, recuou um passo e se virou para Eyle, cuja po
O peso das decisões pressionava Althea a cada passo. Como líder dos Lykir, suas escolhas moldavam não apenas seu destino, mas o de todos ao seu redor. A missão de alcançar o templo de Veyara, a tensão crescente entre Eryon e Kael, e a ameaça de uma força corrupta se espalhando por Lykaria eram fardos que ela carregava com dignidade.Contudo, a presença de Eryon, após anos de separação, trazia um turbilhão de emoções conflitantes—amor, dúvida e uma sombra desconhecida que se alojara entre eles desde a última vez que se viram, no Espelho da Lua.O sol mergulhava no horizonte, lançando sombras longas que dançavam ao ritmo do vento. Foi Eyle quem quebrou o silêncio, sua voz suave, mas firme, ecoando pelo grupo.— Eryon, você contou a Althea sobre a bruxa que encontramos na floresta? — A pergunta veio sem rodeios, o olhar de Eyle fixo em Eryon. — Como era o nome dela mesmo?Eryon parou, seus músculos se retesando. Ele desviou o olhar de Eyle para Althea, cujo cansaço deu lugar a uma expres