__Eu sinto muito senhorita Simmons. Não há muito o que eu possa fazer.
Velho, covarde!
Ainda bem que o professor Rhodes não pode ler pensamentos, enquanto eu tento manter meu falso sorriso de compreensão ao que ele disse.
Ou talvez ele possa, porque ele começa a me olhar tão desconfiado, que me faz tentar não pensar mais em palavrões, que ficariam bem sendo usados contra ele.
Enquanto coloca de volta todos os seus livros em sua bolsa, ele então me sugere:
__Como esse é o segundo semestre em que você não vai muito bem nessa disciplina, eu sugiro que você procure um reforço.
Olho para ele não acreditando que ele tenha sugerido isso, porque deveria ser fácil compreender ele, não precisar procurar ajuda, mas acho que ele entende minha reação de outra forma e diz:
__Aulas particulares.
Tenho novamente aquele sorriso que usei minutos antes para poder xingá-lo mentalmente. Então apenas digo:
__Okay, obrigada, eu vou fazer isso.
...
__Isso já aconteceu com várias pessoas Harper, acredite, você não é uma privilegiada.
Reviro meus olho para Dayna que ri ainda mais.
__Eu tenho uma solução para você.
Olho atenta para Colbie que acaba de falar pela primeira vez depois de estarmos aqui há vários minutos nessa lanchonete.
Eu apenas digo:
__Então fala de uma vez!
Ela dá mais uma mordida no sanduíche, mastiga um pouco me deixando ainda mais apreensiva, enquanto Dayna ri e leva o canudo do refrigerante à boca.
Colbie finalmente diz:
__O professor Sebastian.
Dayna ri. Colbie ri. Eu apenas olho para elas sem entender.
Dayna diz:
__O bonitão esquisito que dá aulas particulares para desesperados como você.
Colbie a interrompe dizendo:
__Ele não é esquisito!
Então ela olha pra mim e diz mais uma vez:
__Ele não é esquisito. Ele só é um pouco fechado e isolado.
Ainda a olho sem entender muito e ela continua:
__Ele ficou assim depois da morte da namorada dele há alguns anos.
Eu questiono:
__Como vocês sabem dessas coisas?
Dayna ri e diz:
__Não ficamos o dia todo trancada no quarto estudando como você faz, temos vida social, sabia?
Digo quase que pra mim mesma:
__Por que eu ainda peço ajuda a vocês?
Dayna responde:
__Porque somos suas amigas doidas, aquelas que a gente procura quando acabam os recursos.
Acabo rindo e Colbie começa anotar algo em um papel. Segundos depois ela me entrega.
__O que é isso?
__O número de telefone dele.
__E por que você acha que eu vou ligar?
__O que faz todos ligarem para ele.
Ela olha dentro dos meus olhos e diz:
__Desespero.
Dayna ri de novo e eu quero apertar o pescoço dela agora.
...
Eu devo estar mesmo desesperada para pedir ajuda a aquelas duas malucas. fiz amizade com elas quando morei em um dormitório no início da faculdade, mas logo vi que eu não me adaptaria a aquele lugar. Muitas festas, pessoas loucas e que em sua maioria não gostava muito de estudar, o que era e continua sendo meu foco.
Então me mudei para o centro da cidade e aluguei um apartamento simples, com poucos cômodos, mas me sinto bem melhor agora.
Elas realmente estão certas, não tenho o que elas chamariam de vida social, porque isso envolve muitas festas, transar com vários caras e beber muito, algo que eu realmente não aprecio tanto quanto elas.
Na verdade a última vez que tive um encontro foi há alguns meses atrás e como Jensen também tinha um foco mais voltado para os estudos, decidimos parar de nos ver, porque isso poderia estar atrapalhando nosso desempenho acadêmico. Talvez tenha sido isso que tenha feito eu me sair tão mal em Cálculo esse semestre.
Ou talvez tenha sido apenas o que a Dayna me jogou na cara: "Falta de sexo, amiga!".
...
Dou uma olhada demorada em meus livros sobre a mesa de centro da sala. Eu desisto de tentar entender essa droga.
Coloco a mão no bolso e pego o pequeno guardanapo de papel onde Colbie anotou o número do esquisito, quero dizer, professor de matemática.
Depois de relutar por um tempo, pego o telefone e disco seu número.
__Alô.
Meu Deus, quem hoje em dia diz alô quando recebe uma ligação?
Pelo menos ele tem uma voz grave. Ele deve ser um velho chato como o senhor Rhodes. Só então me dou conta de que eu não disse nada ainda e então falo:
__Oi. É... Eu sou... Harper. Harper Simmons.
Ele não diz nada e eu continuo:
__Eu gostaria de ter aulas de matemática.
Ele ainda não diz nada, me deixando apreensiva e eu continuo:
__Você ainda trabalha com isso?
E ele finalmente diz:
__Quem te disse isso?
Até engulo em seco pela forma ríspida com que ele me pergunta e quando eu finalmente encontro coragem, digo:
__Uma colega.
Não posso entregar a Colbie ou a Dayna assim.
Ele diz:
__Tudo bem. Quando e a que horas você pode vir até a minha casa?
Quê? A voz dele agora soa amigável.
Como alguém pode ter um comportamento tão bipolar assim em uma simples conversa?
Eu vou ter que ir até lá? Na casa do esquisito?
Respiro fundo e apenas respondo:
__Bem...
Ele me interrompe:
__Eu vou precisar saber também em que você precisa de ajuda .
Eu explico para ele que preciso de aula o mais rápido possível e em qual parte é minha maior dificuldade.
Ele combina um preço, diz que precisa receber uma parte do pagamento no primeiro dia de aula e que consegue me explicar tudo em uma semana.
Marca a primeira aula para amanhã a tarde, dizendo também que me enviará seu endereço logo em seguida por mensagem e eu desligo o telefone, quase não acreditando que eu vou realmente fazer isso. Deve ser desespero mesmo.
Minutos depois meu celular vibra avisando sobre uma mensagem, onde ele indica o endereço da sua casa.
...
__Você tem certeza que ele não é um louco ou coisa assim?
Dayna ri do outro lado da linha:
__Claro que não, Harper. Um monte de gente já fez aulas de reforço com ele. Ele era professor em uma universidade aqui perto antes da tragédia com a namorada. Você vai ver que ele é bem profissional. Depois eu juro que quero saber sua reação.
Ela ri. Eu me preocupo agora.
Mas, Dayna ri de tudo.
...
Eu tenho que voltar dessas férias de verão, jogando na cara do professor Rhodes que eu sou a melhor aluna que ele já teve. Essa não pode se tornar a única disciplina em que eu me dei mal na vida, é uma questão de honra pra mim.
E é com esse intuito que saio do meu trabalho de meio expediente como recepcionista de um restaurante e vou direto para o meu apartamento tomar um banho e me preparar para pegar meu carro e ir direto para o endereço dele.
...
No meio do caminho percebo algumas nuvens escuras se formarem no céu. Eu não acredito que vai chover. Minutos depois de pensar nisso, a chuva começa a cair.
Ótimo, rio pra mim mesma, eu não trouxe guarda-chuvas.
...
Estaciono de frente ao endereço que ele me enviou e dou de cara com uma casa com um gramado que parece não ter sido aparado há muito tempo e tem muitas árvores de um tamanho meio desproporcional ao ambiente crescendo do lado da casa.
Dayna disse que ele detesta atrasos, mas eu não vou sair do carro agora, enquanto toda essa chuva cai lá fora.
...
Espero uns minutos e logo está apenas chuviscando. Já é seguro sair. Fecho a porta do meu carro e quando me viro na direção da casa, um garoto passa a toda velocidade em uma bicicleta e joga a água de uma poça em toda a minha roupa.
Ótimo!
Eu não deveria ter escolhido usar roupas brancas.
Eu toco a campainha enquanto tento, em vão, limpar a lama da minha calça na altura da coxa.A porta se abre e...Nossa!Até engulo em seco quando ergo meus olhos vejo aquele cabelo liso caindo sobre os lados do seu rosto e aqueles olhos claros olhando fixamente nos meus.Fico assim uns segundos e só então percebo que eu tenho que dizer alguma coisa.__Professor, Sebastian?Ele apenas me encara, desce os olhos pelo meu corpo, em seguida diz:__Senhorita, Simmons.Balanço a cabeça afirmativamente enquanto sorrio.Ele estende a mão, que eu aperto sem muita força. Ele desce seus olhos mais uma vez pelo meu corpo, enquanto me ouve explicar o que um garoto acaba de fazer quando eu desci do meu carro no momento que cheguei aqui. Ele então apenas diz com rispidez:__Eu não gosto de atrasos.Engulo em seco, ele parece nem ter ou
Ele me segue até a porta e quando eu me viro, ele diz ainda sério:__Até amanhã.Eu sorriria e diria o mesmo, mas não acho que ele se importe com isso. Então apenas saio e ouço ele fechar a porta com um pouco mais de força do que deveria, atrás de mim, até fecho os olhos por uns segundos.Eu não entendo, eu não fui grossa em momento algum ou disse algo para deixá-lo irritado. E eu não me vesti vulgarmente para que ele me olhasse com tanta desaprovação.Estou com a mente cansada demais para tentar traçar um mapa de probabilidades das possíveis variações de personalidade e humor dele.Amanhã eu chego na hora certa e ele não vai estar tão mal humorado assim.Bem, eu espero que não....Abro a porta do meu apartamento.__George!Meu ga
Até sinto uma pontada por dentro. Eu nunca me senti tão desprezada assim na vida. Mas ele ainda me olha com um sorriso que eu sei que ele tem escondido no canto dos lábios. Se ele acha que vai me fazer desistir, ele está muito enganado. Eu digo:__Acho que já estamos atrasados, por que não começamos logo?Eu gosto que ele tenha um olhar surpreso ao me ouvir dizer isso. Eu passo por ele que fica fechando a porta e sigo direto para a mesa onde costumamos ficar....Ele não fez nenhum daqueles comentários que eu pedi que ele não fizesse, mas ao invés disso ele abusou das respirações pesadas a cada dúvida que eu tinha e revirou os olhos algumas vezes em que me olhava responder uma questão.Eu respirei fundo cada vez que isso acontecia e me mostrei forte, mas por dentro ainda estou me sentindo mal em estar aqui....__Bem, por hoje &eac
Eu não faço ideia de por que ele está me beijando. Mas não dá para não corresponder quando as mãos dele passeiam pelas minhas costas e me puxa contra o corpo dele.Ele tem um beijo quente e preciso, do tipo que me faz ter várias sensações diferentes ao mesmo tempo e uma delas é querer que ele não pare de me beijar.Minha cabeça está girando quando ele afasta sua boca da minha e fica bem próximo do meu rosto, olhando sério para minha expressão ainda confusa.Ele se afasta devagar e eu fico olhando em sua direção uns segundos. Em seguida minha única reação é abrir a porta sair de sua casa....Eu fico de frente a porta do carro por uns segundos olhando para o nada e pensando no que aconteceu. Mas eu acabo desistindo, abrindo a porta do meu carro e saindo daqui o mais rápido
Paro instantaneamente o que estou fazendo, olho para ele incrédula e apenas sorrio, fingindo que ele não disse realmente isso.Então recomeço a guardar minhas coisas.Mas segundos depois ele continua:__Então? Você vai aceitar ou não?Eu termino de guardar minhas coisas e digo:__Você não precisa fazer isso para se redimir. Não vai mudar o que penso a seu respeito e te indicar para outra pessoa como o melhor professor do mundo.Ele sabe que estou sendo irônica, vejo isso em seu rosto e gosto de deixar ele assim.Me viro para sair, mas ele diz antes que eu avance até a porta:__Se você aceitar, te explico por que te beijei.Eu paro imediatamente. Achei que ele nem estivesse mais pensando nisso.Mas depois de olhar para ele ali parado no mesmo lugar me olhando e esperando uma resposta, eu digo:__Acho que eu não quer
Eu me viro para ele ao ouvir isso e digo:__Você tem ideia do quão bipolar você é?Ele apenas me olha sério e diz:__Eu sei.Que ótimo, ele sabe.Eu apenas digo:__Ótimo! Então procure ajuda.Mas quando vou me virar para sair, ele segura meu braço me fazendo virar e ficar cara a cara com ele e com nossos corpos muito próximos um do outro.Seus olhos estão olhando dentro dos meus agora e minha respiração só vai ficando cada vez mais pesada, por causa da proximidade em que nos encontramos.Ele então diz bem devagar:__Eu sei que você também está atraída por mim.Eu engulo em seco, um segundo e então digo soando pouco confiante:__Acho que eu posso superar isso.Ele se aproxima ainda mais e fica a centímetros do meu rosto, sua boca está roça
Eu fico olhando meio sem graça para ele e pergunto:__ Como achou meu endereço?Ele responde:__Eu tenho meus contatos.Não digo nada mais pela surpresa mesmo.Ele parece meio impaciente, mas mesmo assim sorri e pergunta:__Por que está ignorando as minhas ligações?Eu fico ainda mais sem graça e sei que estou vermelha agora.Apenas digo:__Me desculpa, eu...Mas ele me interrompe perguntando:__Eu posso entrar?É melhor resolvermos isso logo, então apenas digo:__Claro.Ele entra e eu fecho a porta pedindo para que ele se sente, mas ele não faz isso, apenas ainda está me olhando quando eu me viro e ele diz:__Eu realmente preciso de uma resposta sua. Então por favor me diga que pensou sobre o que eu te propus?Respiro fundo e digo:__Okay. Acho que pensei e minha r
Ele demora mais alguns minutos, enquanto diz:__Eu moro sozinho, mas confesso que meu cardápio é bem restrito.Eu sorrio e digo:__Pelo menos você sabe preparar alguma coisa. Na verdade eu compro todas as minhas refeições.Ele ri e diz:__Sério?Balanço minha cabeça afirmativamente, enquanto observo ele sorrindo e trabalhando na sua cozinha. Ele realente não lembra nem um pouco aquele cara rabugento que eu conheci no primeiro dia em que nos falamos. Jamais imaginei naquela tarde que algo como isso que está acontecendo agora, aconteceria entre nós.Ele vem até a mesa com uma macarronada com almondegas que parece muito apetitosa e também com uma salada pra acompanhar. Ele se senta e diz meio envergonhado:__Eu não sabia se você gostava de macarronada, então fiz salada. Um dos dois você deve gostar.<