Sofia Adams - Março, 2012- E isso importa agora? - perguntou Tom - Eu também estou com raiva, eu esperava mais dele, mas do que isso adianta agora? O que isso teria mudado? - Parei para pensar naquilo. Talvez eu tivesse me preocupado mais com ele e o impedido de fazer todas as loucuras que ele fez. Eu o teria enxergado como alguém que precisasse de um cuidado a mais. Por mais que doesse admitir, acho que eu o teria limitado. Mas por outro lado, ele sentia dores que eu não tinha ideia. Ele carregava o peso do segredo dessa doença e tinha que esconder seus sintomas. Ele teve que se esconder de mim. E por isso eu não conseguia parar de sentir raiva. Eu o amava muito e mesmo assim não parava de pensar que ele não confiou em mim. - Talvez ele quisesse te preservar - disse Anne baixinho. - Ele estava morrendo Anne, não era eu quem precisava de preservação - murmurei entredentes. - Como você soube disso? - perguntou Tom. Então contei a eles o que aconteceu naquela noite que Ethan fo
Sofia Adams – Março, 2012Eu estava em um impasse. Prometi a Anne que não beberia, mas só de pensar em enfrentar isso sóbria eu começava a suar frio. Como eu faria isso? Parei no saguão da entrada do hotel sem saber ao certo o que fazer. Eu poderia virar a direita e pegar o corredor em direção ao bar ou eu poderia ir até a recepção e pedir o número de Ethan.Eu o apaguei do meu celular e da minha memória na última vez que o esperei aparecer e ele não veio.Olhei mais uma vez para o corredor a direita dando um passo naquela direção. Eu não tinha prometido de mindinho, mas sabia quão decepcionada Anne ficaria se soubesse que eu menti para ela. Foi esse pensamento que me fez recuar e ir para a recepção. Por hoje, eu faria as coisas do jeito mais difícil, porém certo.- Com licença, você poderia me dar o número de Ethan Hernandez? Ele está trabalhando na reforma deste hotel - informei para a loira na minha frente dando meu melhor sorriso suplicante. Ela me encarou por um segundo antes
Sofia Adams - Março, 2012Os olhos de Ethan faiscaram, seu rosto com sua máscara neutra eu tinha dificuldade em ler agora, mas seus olhos nunca mentiram para mim e aquele lampejo de raiva só me fez ficar mais apreensiva com a resposta.Ethan abriu minimamente seu casaco, alcançou um bolso interno sem tirar os olhos dos meus. De lá, tirou sua carteira e quando a abriu eu mal pude acreditar nos meus olhos quando o pequeno pedaço de papel familiar surgiu de um compartimento minúsculo e bem escondido. - Odeio o fato de ter feito você duvidar por um segundo sequer que aquela não foi a melhor noite da minha vida - Disse ele por fim me entregando meu próprio bilhete. Estava desgastado pelo tempo, com muitas dobras irregulares me fazendo acreditar que foi lido muitas vezes e alguns traços já começavam a desaparecer, mas era meu bilhete ali, minha letra, meu amor declarado e assinado. O mesmo bilhete que escrevi naquela manhã antes de sair para socorrer uma Anne histérica. Ele o guardou por
Sofia Adams - Outubro, 2010Eu olhei aliviada para os três testes de gravidez negativos na pia do banheiro. Eu definitivamente não estava pronta para ser mãe, Nick e eu acabamos de completar oito meses de casados, eu estava terminando minha faculdade agora... Era cedo demais para pensar em filhos, um bebê não estava nos meus planos pelos próximos cinco anos. Ainda bem que seja lá o que aconteceu com a minha menstruação ela só estava um pouco atrasada. Ouvi a porta de casa se abrir e o barulho familiar das botas de Nick batendo no chão para se livrar da pouca neve que se acumulara. O inverno chegou mais cedo este ano, a fina camada de gelo que se formara na entrada da minha casa e o hematoma na minha bunda quando escorreguei três dias atrás provava isso.Joguei os testes no lixo do banheiro e saí para encontrar com Nick. - Adams, venha cá dar um beijo no seu marido - chamou Nick sorrindo assim que me viu entrar. - Claro, querido – devolvi com uma voz afetada brincando me aproximando
Ethan Hernandez – Março, 2012Eu vi a mulher diante de mim se desmanchar.Sofia estava normal, ou então o mais normal que ela poderia estar considerando nossa situação... Mas foi só falar em Nick e naquela noite que em poucos segundos ela começou a chorar sem parar e a esfregar com força os braços e mãos compulsivamente, eu não estava entendendo nada. Eu tentei chegar perto e chamar sua atenção mas seus olhos estavam vazios e ela parecia muito distante dali para me ouvir. Ela estava perdida... Se afogando num mar de memórias que eu não sabia. Alguém poderia salvá-la? - Sofia, pare - pedi segurando suas mãos gentilmente tentando lhe passar calma.Puxei-a do seu assento e a levei dali antes que seu estado chamasse atenção indesejada. Levei ela escada acima, meu plano inicial era levá-la ao seu quarto, mas o surto parecia piorar a cada segundo e o meu quarto estava mais próximo então a puxei para ele assim que chegamos no primeiro andar. Sofia entrou e parecia buscar cegamente alguma
Ethan Hernandez - Março, 2012- Você sabe que não, foi um acidente - Eu disse tentando fazê-la entender. - Nós brigamos naquela noite, ele saiu por causa disso, escorregou no gelo e bateu a cabeça - disse Sofia com a voz robótica e sem emoção - Se eu tivesse ficado quieta... - - Pequeña, não. - Ethan, foi uma sucessão de erros, eu permiti que ele morresse, se eu tivesse dado um pouco mais de tempo... Talvez fosse só isso que ele precisava: tempo. - Sua voz inundada pelas lembranças carregava um tom que me intrigava. Foi quando as coisas começaram a parecerem estranhas para mim, Sofia relatou que o acidente de Nick foi há um ano e meio. Por quê só recebi a notícia da sua morte um ano atrás? - O que você quer dizer com isso? - perguntei da forma mais delicada que consegui. Sofia parecia poder quebrar ao mínimo movimento errado, mas eu podia sentir que vinha coisa grande quando Sofia levantou a cabeça do meu colo e se afastou sentando o mais distante de mim possível. - Por que você
Sofia Adams – Março, 2012Eu estava nos braços de Ethan novamente após sete anos. Sete longos anos sem sentir todo aquele alvoroço no estômago só de estar perto e sentir seu cheiro que continuava exatamente igual ao que era antes. Eu não sabia ao certo como me sentir, eu estava feliz por tê-lo por perto, mas algo ainda parecia errado. O cheiro... Apesar do seu cheiro continuar igual ele não era a mesma pessoa e bem... Nem eu. Ethan ainda usava o mesmo perfume amadeirado de sempre, mas eu me acostumei com o cheiro de limão de Nick, o frescor. Nick foi meu marido e meu melhor amigo, ele sempre esteve comigo, Ethan não. Me afastei um pouco do seu abraço tentando pensar com clareza. Ethan me soltou sem relutância, seu olhar questionador. Eu não sabia ao certo. Suspirei cansada, além da noite mal dormida era difícil decifrar o homem de agora. Eu não queria ter desabado da forma que desabei ontem, principalmente com ele vendo. Mas, já aconteceu e eu só podia seguir em frente agora. -
Sofia Adams – Março, 2012Eu estava me divertindo muito com Mick... Tanto que nem percebi a hora passar, só estávamos conversando e bebendo. Mick sabia detalhes da minha vida que eu nunca ousei falar para um estranho, mas ele tinha essa aura ao seu redor. Esse temperamento leve e fácil que te fazia confiar e dizer coisas. - Hm, Sofia? - Chamou Mick no meio da minha história sobre como eu me estatelei no chão em uma balada em Vegas na última vez em que estive aqui. - Sim? - questionei com a voz saindo muito mais arrastada do que eu pretendia. Quantas doses eu havia tomado mesmo? - Acho que você deveria ter se encontrado com sua amiga meia hora atrás - lembrou com um sorriso sem graça. Franzi a sobrancelha em confusão para suas palavras e chequei o relógio na parede do bar. Eram 10:30h. Droga, ele estava certo.- Certo espertinho, vou ligar para ela - Chequei meu celular e realmente, haviam várias ligações perdidas e algumas mensagens de Anne querendo saber onde eu estava. Realize