- Eu... Não tinha noção de onde ir.
- E aleatoriamente escolheu um bar no qual nunca havia ido antes?
Olhei para ele e senti meu coração bater mais forte. Eu já estava envolvida sentimentalmente, mesmo sabendo que aquilo poderia não ter um final bom para ambos. Embora uma pessoa contida, sempre fui aberta para falar sobre sentimentos. Foi eu que disse o “eu te amo” a primeira vez para Colin. No entanto agora eu já nem tinha certeza se realmente era aquilo que senti por ele um dia.
Comparando Charles e meu ex noivo, Colin era realmente um “filho da puta” metido e cheio de manias idiotas.
Eu não sabia o que dizer naquele momento para responder a pergunta de Charles. Ele era um homem mais velho e experiente e isso de alguma forma me fazia ir devagar e agir de forma cautelosa. Tudo bem que fui um pouco imprudente e leviana em ter saído de moto com ele para um lugar d
- O filho da puta poderia ter pego qualquer mulher, mas comeu a sua irmã. Isso é... Abominável. Isso que, na sua opinião, vocês se davam bem. Se não se dessem ele faria o que? Comeria a sua mãe?- Charles, podemos não falar mais sobre isso?- Sobre o que você quer falar?- Sobre você... Me deve algumas questões sobre sua vida, não acha?Ele deixou o box, pegando a toalha e se secando.- Está fugindo de mim, “el cantante”?- Eu? Não, claro que não.- Você é casado? – Olhei para os dedos dele, com alguns anéis que em nada lembravam aliança de compromisso ou casamento.- Claro que não. Eu estaria sendo tão cretino quanto o seu noivo. – Ele colocou a cueca e depois a calça.- Ex noivo. – Corrigi.- Ex... Espero que realmente leve adiante que
- Eu... Li a respeito. – Menti.Ele suspirou e me pôs de encontro ao peitoril de ferro, virada para ele, cercando-me com seus braços:- Qual cantor não sonha em ser famoso e ganhar dinheiro com sua música, não é mesmo?- Você compõe? – Perguntei, enlaçando seu pescoço com meus braços, sentindo-me protegida ali, junto dele, como se nada no mundo importasse além de nós dois e as coisas que confessávamos um ao outro naquele momento.- Sim... Já saiu alguma coisa da minha mente enlouquecida e convencida. – Recebi um sorriso mais tranquilo e menos tenso.- E já mostrou para alguém? Tocou alguma vez?- Ninguém quer ouvir minhas músicas no Cálice Efervescente. Querem cover.- Já tentou?- Algumas poucas vezes... Não foi bem aceito.- Por quê?- Tal
Deus, eu não queria pensar! Aquilo me dava dor de cabeça. Segui deitada e senti sono. E não queria dormir. Minha barriga roncou de fome.Levantei e me enrolei num dos lençóis brancos que estavam jogados no chão, vestígio da noite que passou. Peguei o vestido de noiva rasgado e desci a escadaria que dava para o andar térreo.Agora, a observar a casa melhor, percebia o quanto ela era aconchegante. Parecia ter sido feita para receber um cantor maduro sem fama e uma garota traída tentando se encontrar na vida.Usei uma outra porta para acessar a área externa. Abri com a chave que estava na fechadura e deparei-me com degraus esculpidos na própria pedra que abrigava a casa sobre ela, dando diretamente na beira do mar.O sol estava quente e convidativo. Embora o mar ali fosse um pouco violento, com ondas altas e fortes, a areia era fofa, grossa e quente.Segui andando, com os p&e
Charles não só era lindo, dono de uma voz perfeita, mas também um ótimo cozinheiro. Fiquei a imaginar se havia alguma coisa na qual ele não fosse expert. E me peguei pensando no filho dele, pela primeira vez desde que soube de seu passado. Separar um filho do pai era uma tremenda crueldade. Me senti um pouco triste e impotente por não estar num estágio mais avançado na faculdade e poder ajudá-lo de alguma forma.Depois do almoço, transamos e dormimos por horas.Despertei sentindo um vento morno vindo de encontro ao meu corpo. Avistei de onde estava, na cama, a porta entreaberta e a lua cheia iluminando não só o céu e a noite, mas também o quarto. Pela primeira vez, eu, uma adoradora de estrelas, as vi e achei-as insignificantes frente ao espetáculo da lua.Eu conseguia ouvir as ondas quebrando na areia, como se estivesse dormindo na beira da praia.Vir
Sai de cima dele, sentindo o líquido viscoso escorrer pelas minhas pernas enquanto me encaminhava para o banheiro, confusa, tentando recobrar minha consciência.Assim que entrei no chuveiro, o vi me observando pelo vidro, completamente nu. Virei para o outro lado, porque olhá-lo daquele jeito fazia eu não pensar direito.- Falei algo errado? – Perguntou.Respirei fundo e me lavei rapidamente. Desliguei o chuveiro e abri a porta do box, pegando uma toalha:- Caramba, como acha que estou me sentindo com isso tudo, Charles? Eu... Estou confusa. Há vinte e quatro horas atrás eu estava quase casando com um homem que conheço há quatro anos. E agora estou aqui, com você, que conheço há... Quarenta e oito horas.- O que quer dizer com isso?- Que são 1460 dias comparados com 48 horas.- Que porra você quer dizer?- Que acho que estamos l
- Eu... Eu... Viajei.- Para onde, sua menina mimada e teimosa? Tem noção do que fez? Deixou seu noivo no altar e sumiu, como se não devesse satisfações para ninguém. – Ele gritava do outro lado da linha.- E eu realmente não devo... Sou maior de idade.- Sim, me deve satisfações. Depende de mim para tudo... Ou se acha independente, quando tudo que faz é viver às minhas custas, torrando meu dinheiro sem se preocupar com nada?Deus, o que estava havendo com ele? Nunca o vi tão furioso. E parecia querer me magoar de todas as formas possíveis. E eu queria entender errado, mas estava claro que J.R me culpava pelo casamento não ter acontecido.- Pai...- Volte para casa imediatamente. Com quem você está? Onde está?- Estou sozinha – menti – Precisava de um tempo para mim... Para pensar no que houve.
- Eu... Nunca lhe pedi nada... A não ser os chocolates.- Me desculpe... – Ele pôs a mão livre sobre meus ombros.- Tudo bem... – Falei, ainda chateada.- Vendo você discutir com seu pai ao telefone me fez perceber que nosso tempo está passando, não é mesmo?Assenti, com um gesto de cabeça, as palavras morrendo nos meus lábios.- Que porra! – Ele praguejou alto.- Acha que vale a pena brigarmos por cerveja e espumante? Por que me julga, se nem me conhece?Ele tocou meu rosto com o polegar:- Porque eu sou um idiota e você me faz ficar completamente nervoso e confuso. Sei que somos diferentes e ainda tento entender como conseguimos criar uma conexão tão forte e um sentimento tão profundo, sendo que não temos quase nada em comum.- Se queremos fazer isto dar certo, é preciso começar por não
A pergunta me pegou de surpresa, mas eu sabia que precisava falar mais sobre mim.- Nós... Vamos tentar encontrar suas coisas? Ou voltar para casa?- Para casa? – ele riu sarcasticamente – Quem dera fosse “nossa casa”. Esta frase doeu pra caralho. Porque sei que amanhã estaremos separados e talvez nunca mais nos encontremos novamente.- Não... Isso não vai acontecer. Vamos voltar... E conversar... E aproveitar nossas últimas horas neste paraíso...- Em casa... – Ele balançou a cabeça e sorriu tristemente.- Em casa. – Repeti, tentando parecer confiante.Ele me ajudou a subir na moto e colocou nossos capacetes, desistindo oficialmente de encontrar seus pertences. Eu no lugar dele estaria mais preocupada, o que não parecia ser o caso de Charles.Sentindo o vento morno de encontro a nós, a estrada completamente deserta, tendo a lua cheia dando um espetáculo gratuito e as estrelas em volta, como se estivessem a aplaudir, senti as lágrimas descendo pelos meus olhos, sem serem convidadas, m