Jordan Rockfeller levantou-se, com o olhar frio e incriminador:
- “Porra”? De onde você aprendeu este palavreado? Com quem estava, Sabrina?
Dei um passo para trás, colocando o papel úmido de volta no bolso.
- Não reconheço você com esta roupa... – ele aproximou-se e tocou meus cabelos, colocando para trás – Vou matar quem fez isso com você.
Não precisei perguntar do que se tratava, pois sabia que eram as marcas no meu pescoço.
- Foi com meu consentimento. – Tentei acalmá-lo.
- O que está havendo com você, menina?
Vi minha mãe descendo as escadas rapidamente, quase correndo. Os cabelos estavam soltos e dava para notar que vestiu um robe apressadamente.
- Sabrina...
- Mãe!
Tentei ir em direção a ela, mas meu pai me conteve, pegando-me pelo braço:
Ele riu sarcasticamente:- Não bastou o tapa... Vou ter que pôr pimenta na sua boca... É isso?- Jordan... Está parecendo uma criança. – Minha mãe criticou.- Ela está fora de controle, Calissa... Fora de controle.- Pai, eu não vou voltar para Colin. Este casamento não vai mais acontecer. – Garanti.O olhar dele foi cruel.- Sabrina, eu juro por tudo que é mais sagrado que eu não tive nada com Colin... Nunca. Foi só aquela noite. – Mariane garantiu.- O que me diz disso, papai? – Perguntei.- Eu digo que ele não foi tão ruim como você pensa. Volto a dizer que qualquer pessoa pode cometer um deslize vez ou outra.Eu ri ironicamente:- Eis meu deslize. – Retirei os cabelos do pescoço, mostrando os chupões.Ele levantou furioso e minha mãe se pôs entre
Deitei na cama e peguei o papel praticamente destruído de dentro do bolso da jaqueta:- Como você pôde ser tão burro, “el cantante”?Olhei para o lustre pendendo maravilhosamente sobre mim. Retirei o colar dado pela senhora Monaghan cuidadosamente e pus ao lado da cama.E se Charles tivesse me dado a jaqueta de propósito para não me rever? Talvez não quisesse o meu número e aquilo fosse apenas uma desculpa para isso.Eu ri dos meus próprios pensamentos. Foi intenso demais... Não foi só sexo... Foi paixão, foi amor. E era para toda vida.Senti as lágrimas escorrendo novamente, com o simples pensamento de não o encontrar novamente:- Não fica assim, sua idiota. Sabe muito bem onde achá-lo.Me dirigi ao banheiro e assim que me deparei com a imagem no espelho fiquei paralisada. Realmente meu pai deve ter ficado preocup
- Ok. – Ela foi diretamente para o telefone.Peguei meu celular, que eu não via desde o dia antes do casamento. Estava quase sem bateria. E tinha 102 ligações de Colin. Sim... Ele tentou falar comigo 102 vezes. E acabou com a bateria do meu celular. Imprestável filho da puta e destruidor de baterias.Cinco ligações da mãe dele e uma do pai. Algumas do meu pai, minha mãe, Mariane. Nenhuma de Tay, Lina, Dill ou Tefy. Acho que no fundo eu sempre soube que elas não eram minhas amigas e estavam ao meu lado simplesmente pelos benefícios que isso trazia.As conhecia desde o Ensino Médio. Não as procurei e sim o contrário. Sempre que o nome Rockfeller era pronunciado, era como se todas as portas e possibilidades se abrissem. E elas tentaram se aproveitar disso. E usufruíram por um bom tempo de passeios caros, ingressos cortesia, visitas a camarins de artistas internac
Dirigir o próprio carro não era proibido. Mas era algo que meu pai detestava que fizéssemos. Eu não gostava de acelerar muito e costumava respeitar os limites de velocidade. Mas naquela noite, especificamente, estava ansiosa demais para cumprir as regras de trânsito.Quando cheguei em frente ao Cálice Efervescente, estava tudo às escuras. Estacionei próximo a única porta do prédio e não havia nada, sequer um bilhete avisando o que estava acontecendo.Fui até a lanchonete ao lado, quase sem clientes.- Oi... Você sabe me dizer... O que houve com o Cálice Efervescente?- Ele não abre hoje. – A atendente foi seca. No celular estava e lá ficou, sem sequer olhar na minha direção.- Ok... Obrigada.Ela nem se dignou em responder. Voltei para o carro e fui para casa, tentar dormir, o que era quase impossível sendo
O restante da semana eu me dividi entre a faculdade, fugir de Colin e tentar encontrar meu cantor na internet.Charles tinha algumas fotos, uns poucos vídeos gravados por fãs... Mas nada além do Cálice Efervescente. Não tinha rede social ou perfil pessoal. O que eu queria? Encontrar o endereço e telefone dele num acesso mundial? A parte boa é que descobri que na quinta-feira o Cálice Efervescente abria.E até quinta eu não vivi... Sobrevivi.Recusei o motorista naquele dia e fui para faculdade no meu próprio carro. E não assisti a aula da noite. Fui para o bar de beira de estrada, com o nome escrito em letras neon.Assim que estacionei meu carro na frente, chamando a atenção de todos que estavam próximos, meu coração acelerou.Tentei fingir naturalidade e não me preocupei com os olhares curiosos da mulher saindo da Ferrari n
Enquanto dirigia, tentava em vão fazer com que Charles me atendesse. Mas a droga do celular dele seguia desligado.Coloquei uma música em volume alto, tentando me distrair e conseguir não pensar tanto nele, a ponto de quase fundir o meu cérebro. Aquele homem tomava conta de todo meu ser. E o fato de saber que ele não tocava mais no Cálice Efervescente me preocupou.O filho dele morava em Noriah Sul. E se algo o fizesse ficar lá para sempre? Se eu nunca mais o encontrasse?Felizmente consegui avistar a casa onde ficamos, ao longe. Agora, prestando mais atenção no caminho, mesmo tensa por estar de carro e não na moto, vi que havia sim algumas casas pelas redondezas, embora não tão próximas.Reduzi a velocidade e quando estacionei na estrada estreita e arenosa, percebi as luzes da casa acesas. Senti meu coração bater descompassadamente.Estaria o &
Roubaram o celular e a carteira de Charles dias atrás e agora levaram meu carro... E o celular contendo o número dele atrás, na capa.Tirando a casa de praia, aquele lugar era horrível e extremamente perigoso. Fui andando, sentindo meus pés doerem nas fissuras da calçada.Não encontrava ninguém para pedir ajuda. Até que, duas quadras adiante, vi o posto de combustível, sentindo-me mais tranquila.Quase corri até chegar lá. Assim que vi o frentista, que coincidentemente era o mesmo que havia me atendido quando queimei a perna na moto, falei:- Senhor, eu fui assaltada. Acabaram de levar meu carro... Bolsa e celular.- Isso é bem comum por aqui.- Infelizmente eu soube tarde demais. Não sei se lembra de mim... – levantei parte da calça e mostrei a queimadura recente – Você me ajudou com este ferimento dias atrás.
Olhei-o, incrédula com a agressividade nas palavras dele. Meu pai sabia que eu não tinha escolha. Não tinha para onde ir, nem como viver. Precisava dele... Ou melhor, do seu dinheiro. E se saísse de casa, ficaria sem nada.Assim que chegamos em casa, desci do carro e fui para o meu quarto. Quando entrei, minha mãe estava sentada na poltrona, de frente para a cama, me esperando.Calissa Rockfeller usava uma camisola vermelha e um robe longo por cima, um chinelo de plumas branco, comprado na última viagem à França, completava o look dela de dormir.Eu estava confusa. Parecia que tudo estava errado naquele lugar e nada fazia sentido.- Como está? Tentei ir junto, mas seu pai...- Não deixou – completei – Porque é ele que manda... Na casa, na empresa, nas mulheres Rockfeller, incluindo as filhas e a esposa. Porque é só isso que ele sabe fazer: mandar