Olhei-o, incrédula com a agressividade nas palavras dele. Meu pai sabia que eu não tinha escolha. Não tinha para onde ir, nem como viver. Precisava dele... Ou melhor, do seu dinheiro. E se saísse de casa, ficaria sem nada.
Assim que chegamos em casa, desci do carro e fui para o meu quarto. Quando entrei, minha mãe estava sentada na poltrona, de frente para a cama, me esperando.
Calissa Rockfeller usava uma camisola vermelha e um robe longo por cima, um chinelo de plumas branco, comprado na última viagem à França, completava o look dela de dormir.
Eu estava confusa. Parecia que tudo estava errado naquele lugar e nada fazia sentido.
- Como está? Tentei ir junto, mas seu pai...
- Não deixou – completei – Porque é ele que manda... Na casa, na empresa, nas mulheres Rockfeller, incluindo as filhas e a esposa. Porque é só isso que ele sabe fazer: mandar
Dizendo isso, Jordan Rockfeller saiu, deixando o aroma de seu perfume forte e imponente no ar.- Sabrina, você precisa parar com esta rebeldia contra seu pai.- Mãe, ele me trata como uma criança.- Queremos o seu bem, Sabrina. Amamos você.- Não... Ele não me ama. Ele mesmo confessou que ama a outra Sabrina. E ela não existe mais. Eu cresci...- Não há dúvidas de que o homem é mais velho do que você... Embora não pudemos ver direito o rosto dele.- Até você está metida nisto, mãe?- Não vou deixar um qualquer tomar minha filha. Tivemos muito trabalho para criar vocês. E seu pai sempre deixou bem claro que jamais poderiam se envolver com alguém que não fosse do nosso nível social. Será que não entendem que qualquer um que se aproxima de vocês e que não tem condi
Me dirigi à sala íntima, que ficava no outro lado da residência. Colin me acompanhou em silêncio. Assim que entramos, Min-Ji veio nos oferecer algo para beber.- Deseja algo, Colin? – Perguntei.- Não... Obrigado.- Eu aceito algo, Min. Quero tequila... Com sal e limão.Min estava saindo e voltou, me encarando:- Como... Faz isso?- Eu aposto que alguém nesta casa sabe fazer. – Sorri.Sim, eu precisava de fogo descendo pela minha garganta para conseguir ter aquela conversa com meu ex.Sentei no sofá confortavelmente, próxima a ele, que se sentou também, de frente para mim.- Eu... Lhe trouxe algo. – Ele disse.- Para mim? – Fiquei surpresa.- Sim... – Ele sorriu, me entregando uma caixa embalada com veludo preto e laço dourado.Eu sabia que se tratava de uma joia. Senti minhas mãos trê
- Não é sobre perdão, Colin. É sobre não haver mais casamento... Nunca mais.- Isso não pode, entende? Eu me arrependi. Eu pedi desculpas... Me diga qualquer coisa que queira que eu faça e juro que farei.- Quero que pare de me ligar. E me deixe em paz.- Sabrina...- Eu estou apaixonada por outra pessoa, Colin. – Me ouvi falando.- Apaixonada por outra pessoa? Como assim? Isso não é possível.- Sim, é possível, Colin. Acabou.Dizendo isso eu deixei a sala, fechando a porta e subindo para o meu quarto.Sentia-me um pouco tonta e por isso deitei na cama, imediatamente, enquanto via o teto rodar. Não sei porque, mas tinha um sorriso bobo nos meus lábios.- Ele é um idiota!Fiquei ali um tempo, esperando que tudo girasse mais devagar para eu conseguir levantar. Ouvi uma batida na porta e vi duas Min-Ji na mi
- Sabrina? Filha, olhe para mim... Por favor. – Ouvi a voz dele, desesperado.Tentei fixar os olhos em meu pai, mas tudo girava muito rápido.- Min-ji... Corra aqui. – Ele gritou.Quando percebi, estava nos braços de J.R, que subia a escadaria em direção ao meu quarto.- Senhor... Vou providenciar um chá. – Disse Min-ji.- Querida, olhe para a mamãe... Vai ficar tudo bem. – Minha mãe estava chorosa.Assim que senti o meu colchão, parece que tudo ficou melhor. Ouvia as vozes, mas não conseguia responder. Enquanto o teto ficasse se mexendo, eu era incapaz de dizer qualquer coisa, pois o enjoo era forte demais.Min-Ji ergueu-me com cuidado e minha mãe me ajudou a beber um pouco de água.- Eu trouxe um chá... Chá sempre ajuda. – Min disse.- Obrigada... Mas agora não... – Fiz car
Eu não disse nada, pois não conseguia ver uma trégua, mesmo futuramente.Assim que ela saiu, Min entrou, com um chá fumegante na bandeja.Sentei e recostei-me na cabeceira:- Está descumprindo ordens, senhora Min-ji. – Sorri.- Sei que lhe fará bem... Vai ficar mais tranquila.Ela me entregou a bandeja com a xícara e quando fui sorver o líquido quente, Min pegou da minha mão rapidamente, derramando um pouco sobre o metal brilhante.Olhei na direção dela, confusa.- O que exatamente você sentiu, Sabrina?- Tontura... Enjoo muito forte. E fraqueza nas pernas. Pareceu que eu desmaiaria, mas não... Consegui manter-me consciente, embora tudo tenha rodado por muito tempo.Ela pegou a bandeja e retirou da minha frente, pondo na mesa próxima.- E o chá? – Questionei, arqueando a sobrancelha.- Quando
Na manhã seguinte, não desci para o café da manhã. Recebi a esteticista e a massagista, que minha mãe havia mandado chamar. O problema é que mesmo depois da visita delas, eu continuava com a cara péssima.Meu problema não era estético. Ele era interno... Dentro do meu coração.No final da manhã, pedi para o motorista me levar na Faculdade de Ciências Exatas de Noriah Norte.Depois de demonstrar meu interesse em ingressar no curso de Matemática, fiz um tour guiado pelo local.Embora o prédio fosse metade do tamanho da faculdade de Direito, o local era agradável. E o melhor de tudo: eu poderia cursar sem pagar nada, caso fosse bem numa prova aplicada após a matrícula.Nunca passou pela minha cabeça que pudesse cursar uma boa faculdade de forma gratuita. Bastava eu ir bem no exame. E eu era boa com números e f&oacu
- Eu não sou Mariane. A começar pelo fato de que jamais dormiria com alguém com quem ela estivesse envolvida.- Acha que eu concordo com a atitude de sua irmã?Arqueei a sobrancelha enquanto ele esvaziou a garrafa no copo.- Não... Concorda?- Não. Nem com a atitude dele, nem dela. Mas aconteceu... As pessoas erram.- Pai, eu estou apaixonada pelo homem que mal conheço.Ele levantou, de forma agressiva.Imediatamente me arrependi de ter dito aquilo. Mas ao mesmo tempo sabia que só ele poderia me ajudar. Então passou pela minha cabeça que contar que havia perdido Charles pudesse fazê-lo ter um pouco de compaixão e me ajudar.- Nunca mais vai vê-lo, Sabrina. Eu mandei fechar o bar onde ele tocava.- Você... O que? – Levantei, aturdida.- Se depender de mim, nunca mais vai vê-lo. Farei o possível e o impo
Bebi até a última gota do leite, sentindo o estômago contrair. - Retire as panquecas daqui, Min-ji... Por favor. – Calissa pediu. Min-ji pegou a bandeja e olhou-me. Em seguida perguntou para minha mãe: - Senhora... Quanto tempo esta fúria dele vai durar? - Até hoje – Calissa garantiu, enquanto me punha na cama – Ou ele para com isso ou vou embora desta casa, junto das minhas filhas. Olhei-a, confusa, não falando nada, ainda sentindo a ardência, embora mais fraca. - Sim, foi seu pai que fez isso. Juro que tentei entendê-lo de todas as formas, mas agora isso passou dos limites. - Como... Ele pôde? - Ele está bêbado... Mas não justifica seu ato desprezível. - Quer... Que eu faça panquecas novas, querida? – Min perguntou. - Não... Obrigada. Não quero mais nada... Nem sei se vou conseguir voltar a comer novamente nesta casa. - Eu juro que isso nunca mais vai acontecer. – Calissa garantiu. - Boa noite, Sabrina. Se precisar de qualquer coisa, é só me chamar. Estarei acordada... At