- Confesso que estou curiosíssimo, senhora Rockfeller. – A fumaça do cigarro saía da boca dele como uma chaminé, querendo me contaminar de qualquer jeito.
Eu não sei se tinha como dar a notícia de forma lenta e verdadeira ou seria melhor inventar toda uma história bonita por trás. Não éramos nada íntimos para eu passar mais tempo ali e ele não era o tipo de pessoa que parecia ter sentimentos a ponto de eu precisar ter dó do que ele ouviria.
- Eu vim lhe contar algo sobre seu passado com Mariane.
Hardlles riu, sem retirar a porra do cigarro da boca, como se aquilo tivesse nascido com ele:
- Jura? Veio me contar algo sobre “meu” passado que eu não saiba? Deixe-me ver... Talvez eu não tenha sabido que sua irmã era uma vadia covarde... Ou quem sabe tenha ficado dúvidas sobre seu pai ser a porra de um filho da puta desgra&cce
- Bem... Yuna está num quarto com Min-ji. Tem o do bebê, que ainda não está completamente pronto.- Posso ficar com Melody. – Ela sorriu, parecendo querer imensamente dividir o quarto com a neta.- Pode sim. – Retribui o sorriso.- Não vou ficar aqui para sempre. Talvez espere o bebê nascer, para ajudá-la no que for preciso. Depois vou procurar um espaço para mim.- Pode ficar aqui, sem problemas.- Eu já dependi demais de outra pessoa. Preciso da minha independência de volta. Necessito resgatar a antiga Calissa... Que era uma mulher de verdade.- Ele... Alguma vez bateu em você?- Não. As agressões sempre foram verbais e psicológicas.- Como aceitou viver assim tanto tempo?- Medo... Covardia... Eu não sei explicar. Mas quando vi que todos partiram e só restamos nós dois naquela casa enorme, me
- Olá, Sabrina! – Ele cumprimentou, os olhos fixos nos meus.Rever Guilherme de certa forma mexeu um pouco comigo. Talvez pela surpresa da presença dele ali, sem avisar.Nada nele havia mudado. O mesmo jeito moleque, roupas despojadas e de marca, os cabelos mais curtos.Os olhos dele repousaram sobre a minha barriga crescida. Sorri, querendo internamente que ele ficasse feliz por mim e Charles. Eu tinha saudade de Guilherme e de toda energia boa que ele trazia.- Não nos convida a entrar na “nossa” casa? – Kelly me perguntou, quebrando completamente o momento.- Gui?Melody chamou por ele, levantando imediatamente do sofá, correndo em sua direção. Abri a porta e ela jogou-se nos braços dele, que a pegou no colo.Os irmãos ficaram alguns minutos abraçados, sem dizer nada. Depois Melody olhou para ele disse:- Eu senti muita saudade... E achei
- Gui, vamos escolher o nome da nossa irmãzinha? – Ela convidou.- Eu... Acho que isso não somos nós que escolhemos. – Ele me olhou.- Podem escolher. Eu... Ficaria feliz se fizessem isso vocês dois... Juntos. – Fui sincera.- Realmente não se importa?- Não... Ficaria lisonjeada.- Eu pensei em Melody II. O que você acha?Nós dois começamos a rir.- Eu acho que ela não vai querer ter o mesmo nome que você. – Ele explicou.- Mas Melody é um nome bonito. – Ela disse seriamente.- Eu acho Melody um nome lindo. Mas a bebê precisa ter um nome só dela.- Mas tem vários Guilhermes. Então você não tem um nome só seu. – Argumentou.Balancei a cabeça, achando engraçada a discussão deles, deixando Guilherme resolver o problema.
Apertei a mãozinha de Melody, instantaneamente. Os olhinhos dela se fixaram nos do irmão, que a pegou no colo, mudando completamente a expressão. Deu-lhe um beijo no rosto e olhou para a mãe, Kelly:- “Nós” não faremos nada – disse firmemente – Porque a metade da casa é “minha” e não “sua”. Eu não quero. Na verdade, nunca quis nada... Porque dinheiro não vai resolver o meu problema. Quando você vai entender isso?Kelly ficou incrédula, olhando para o filho, sem reação. Ele continuou, olhando para Melody:- Esta linda casa é de Medy... – sorriu – Alice... E Sabrina – me olhou – E eu não vou fazer absolutamente nada contra elas... Porque são minha família, tanto quanto você e minha avó.Deus! Respirei fundo, aliviada. Eu imaginei que um dia Guilherme iria se livrar das garras daquela mulher, que o sufocava com suas vontades sem sentido. O garoto sempre foi inteligente, dedicado e altruísta. Ele me defendeu quando todos me julgaram com o vídeo... Pegou minha mão, me tirando do quase “ape
Saí do banho e peguei a toalha, me enxugando com um pouco de dificuldade. Meus pés estavam inchados e os lábios também. Enquanto penteava os cabelos, senti um líquido quente escorrendo pelas minhas pernas.Meu coração acelerou. Fui até o quarto e disse para Charles, que estava lendo um livro para Melody, deitados na cama:- “El cantante”... Eu acho que Alice quer conhecer a família.Os dois me olharam imediatamente:- Como assim? – Ele perguntou.- Eu quis dizer que está na hora do parto, porra! – Gritei.Ele levantou imediatamente. Melody saiu correndo, gritando:- Vai nascer! Alice vai nascer!Charles veio até mim, fazendo perguntas aleatórias, sem tomar nenhuma atitude. Quando percebi, Yuna, Min-ji, minha mãe e Colin estavam ali, todos falando ao mesmo tempo, me deixando zonza.- Eu acho que temos que chamar uma ambulância. É perigoso levá-la ao Hospital no carro. E se o bebê nasce no meio do caminho? – Colin sugeriu.- Teríamos que fazer o parto? – Charles enrugou a testa, confuso
Guilherme olhou para Charles e não disse nada. Depois me fitou, em seguida vindo até mim e entregando as rosas:- São... Para você.- O-obrigada pela gentileza. – Minha voz saiu fraca.- É o mínimo que posso lhe dar... – olhou para Melody e Alice – Depois de ter feito colocado no mundo estas duas preciosidades.Entreguei as rosas para minha mãe, que foi providenciar um vaso.- Posso pegar um pouquinho? – Ele pediu para Melody.Ela assentiu com a cabeça e ele pegou a bebê firmemente dos braços dela.Percebi o quanto Guilherme estava emocionado com aquele momento e gostaria tanto de saber o que passava na cabeça dele enquanto via a irmã e parte da sua família reunida ali.Nossos olhos se encontraram e ele disse, sem jeito:- Ela é parecida com você.- Espero que isso seja bom. – Brinque
- Um processo lento... E com muitos escândalos. – Yuna disse, sentando-se, suspirando.- Não teve mais notícias de J.R? – Colin perguntou para Calissa.- Felizmente não. Creio que possa ter fugido.- Ele não pode sair do país. – Colin garantiu.- Mamãe ganhou a mansão Rockfeller na Justiça. – Yuna comentou.Olhei-os incrédula.- Sim, foi isso que viemos contar. – Colin disse, sorrindo feliz.- Como assim? – Mamãe sentou ao meu lado.- Foram décadas trabalhando na mansão, servindo aos Rockfeller, por um bom salário... E nenhum de seus direitos depositados.- Mas... Não é possível... – Calissa ficou aturdida e surpresa.- Mariane roubou Jordan, que roubava todo mundo. – Colin foi direito.- Meu Deus! Que homem desgraçado. – Falei.
- Eu quero voltar a trabalhar.Ele gargalhou. Enruguei a testa, confusa com a atitude dele.- Está debochando de mim? Eu sou capaz.Ele riu ainda mais um tempo antes de dizer:- Eu... Quase morri, pensando que você iria dizer que estava farta da nossa vida em família.- Eu não estou farta da nossa vida em família. Acho que jamais isso vai acontecer.- Lembra que você falou uma vez sobre dar aulas na faculdade?- Sim... – Sorri, feliz por ele lembrar.- É isso que precisa fazer, meu amor. Seguir adiante com seus planos. Não podemos parar eles pelas crianças.- Acha que damos conta de tudo? Cuidar de Medy, da Alice... Eu voltar a estudar, a casa... Mamãe não vai mais estar aqui. E estamos sem dinheiro. Nem sei quando vamos conseguir vender aquele prédio.- A gente dá um jeito, meu amor... – Ele me enlaçou pela