StellaUm mês e pouquinho se passou, e graças a Deus, hoje vamos para casa com os trigêmeos. A ansiedade é enorme, não só para mim, mas também para nossas famílias e amigos, que estão nos aguardando em casa.Bella está especialmente ansiosa. Ela passou a manhã inteira arrumando o quarto dos irmãos, querendo que tudo estivesse perfeito para a chegada deles.Edu decidiu que precisamos de uma casa nova, um lugar sem lembranças antigas, sem história, onde possamos criar as nossas próprias memórias. Achei um pouco desnecessário, mas concordei.Já vimos algumas opções pelo catálogo on-line da corretora e combinamos de visitar algumas na próxima semana, para os nossos pequenos poderem se acostumar ao novo lar.Chegamos em casa. Edu segura minha mão e a beija com carinho. Ele pega os bebês conforto de Benício e Beatriz, enquanto eu pego o de Bento. Quando entramos na sala, o cheiro inconfundível de casa, o som reconfortante das vozes familiares me envolvem como um abraço caloroso. Depois de t
StellaNiccolo, meu avô, irrompe pela porta com Alex logo atrás, tentando detê-lo em vão.— Desculpe, senhor Hoork, ele invadiu e eu não consegui pará-lo. — Alex diz, ofegante.— Tudo bem, pode deixar, Alex. — respondo, minha voz firme, mas por dentro já sentindo o caos se aproximar.— O que faz aqui, vovô? — Matteo pergunta, a tensão evidente em sua voz.Niccolo cambaleia, sua língua enrolada pelas palavras amargas que insiste em cuspir.— Você é um traidor, assim como sua avó e o seu pai. — O cheiro forte de álcool emana dele, como uma nuvem tóxica que envenena o ambiente. — Vocês me traíram! — Ele grita, a voz rasgando o ar e assustando Bento, que começa a chorar. Bella rapidamente se aproxima do irmãozinho, tentando acalmá-lo.— Não grite, vovô! Está assustando meus irmãozinhos! — Bella pede, sua voz tremendo de medo e preocupação.Mas Niccolo não tem piedade. Seus olhos se tornam fendas de ódio puro.— Estou pouco me fodendo, sua pirralha! — Ele a empurra com força, e ela só não
StellaA tensão na sala dissipou-se lentamente após a saída dos policiais com Niccolo. O silêncio pesava no ar, quase palpável, enquanto todos ao redor tentavam retomar o fôlego. Minha cabeça ainda girava com a confusão dos últimos minutos. Virei-me para Edu, mas ele estava com o olhar fixo na porta, os punhos cerrados, respirando profundamente, como se tentasse controlar a raiva.Quando finalmente nos encontramos a sós, no quarto, a porta fechada bloqueando o mundo exterior, eu sabia o que ele estava prestes a falar. A fúria estava estampada no rosto dele, sei que fiz errado, agi por impulso colocando minha vida em risco, na hora a única coisa que eu queria é evitar uma tragédia, em momento algum pensei que o meu avô pudesse atirar em mim. Não conseguia mais suportar o silêncio, então perguntei:— Você está chateado comigo? — minha voz saiu mais trêmula do que eu gostaria.Ele se virou abruptamente, o olhar duro, mas cheio de uma preocupação que me perfurava.— Por que você fez aquil
StellaSeguimos até o quarto dos bebês, onde encontramos nossos três pequenos amores choramingando. Eles estavam inquietos, mexendo-se nos berços, e o som de seus choros parecia ecoar por toda a casa. Peguei Beatriz no colo, enquanto Edu fazia o mesmo com Benício. O calor dos seus corpos pequenos, o jeito como se aninharam em nós, fez meu coração se aquecer.— Acho que eles só queriam um pouco de atenção, — murmurei, balançando suavemente a Beatriz, que já coçava os olhinhos. Edu olhou para mim e sorriu, um sorriso que transbordava amor, aquele momento lindo que estávamos fez meus olhos lacrimejarem.— E nós vamos dar toda a atenção do mundo a eles, — ele respondeu, aproximando-se e beijando minha testa e da Bia. Ficamos ali, balançando nossos filhos até que se acalmaram, o amor que sentíamos um pelo, outro e por nossa pequena família preenchendo o ambiente.Apesar da interrupção, ou talvez por causa dela, a noite se tornou ainda mais especial. No final, deitamos novamente, agora com
EduardoStella para, congelada. O impacto da revelação está nos olhos dela. Ela se afasta devagar, buscando distância para processar.— Savanna… sua esposa… — O sussurro sai com dificuldade, as palavras quase inaudíveis enquanto ela tenta absorver o significado. Sua mão treme ao levá-la ao peito, onde o coração bate firme. Um coração que, agora, ela sabe, pertenceu à minha falecida esposa. — Eu… eu não sei o que dizer. — Sua voz soa frágil enquanto ela se apoia na penteadeira.O medo me domina. Dou um passo, mas ela levanta a mão, me impedindo de prosseguir. O silêncio entre nós cresce, denso, chega ser palpável. Stella caminha lentamente até a cama, onde ela senta fitando as mãos, sua respiração está irregular.— Você sabia? — A dor e a incredulidade marcam sua voz.— Não, eu descobri no dia do parto. Foi um choque para mim também. Eu doei os órgãos dela, mas nunca soube quem os recebeu. Quando soube, não quis te estressar… você havia acabado de dar a luz aos nossos filhos, que ficar
EdwardConforme as semanas passam, recebo cada vez mais fotos dos meus netinhos. O segurança que contratei continua a me atualizar sobre a vida deles. Bia, Bentinho e Beni estão crescendo rapidamente, e cada nova imagem aquece meu coração. Bella, agora uma garota adorável, também faz parte dessas lembranças que me chegam.Eles parecem tão frágeis e, ao mesmo tempo, tão cheios de vida, irradiando força. Deveria ser um período de pura alegria para nossa família, mas um evento em particular ainda ecoa na minha mente, manchando esses momentos com uma sombra que insiste em permanecer.Helene estava sentada no sofá da pequena sala do nosso quarto de hotel, folheando uma revista de moda. Aquele som das páginas virando parecia um tique-taque de uma bomba-relógio em minha cabeça. Não conseguia mais suportar aquele cenário de indiferença e vazio. Eu a observava, sentindo a raiva crescer, uma fúria que vinha sendo alimentada por anos de negligência e frustração.E nunca a amei, nosso casamento f
EdwardEla se afastou, como se minhas palavras tivessem a ferido fisicamente. Mas eu não parei. Não podia parar.— Ele nunca foi livre! Nunca teve a chance de ser uma criança! Eu o forcei a seguir o meu caminho, a se tornar um CEO de sucesso, porque era o que eu achava que ele deveria ser! Mas sabe de uma coisa, Helene? Eu estava errado! Estava tão errado quanto você! — Suspiro derrotado O privamos do mais gostoso da vida, dele se arriscar, errar, para depois certar, fazer as bobeiras que todo adolescente faz.Ela estava tremendo agora, os olhos marejados de lágrimas que teimavam em não cair.— E o que você quer que eu faça? — Sua voz saiu fraca, quase inaudível. — Quer que eu peça desculpas por tentar garantir o futuro dele? Por tentar dar a ele o melhor?— Eu quero que você reconheça o que fez! — Eu gritei, sentindo minha própria voz tremular. — Quero que entenda que toda essa sua obsessão por luxo e status destruiu a nossa família! Destruiu o nosso filho! E agora está destruindo o
No caminho para a empresa, a tensão era palpável. Helene estava ao meu lado, silenciosa, os olhos fixos na estrada, mas eu sabia que por dentro ela estava tão nervosa quanto eu. Não era apenas sobre pedir perdão; era sobre reconhecer que havíamos falhado com como pais. E agora, mais do que nunca, precisávamos dele. Precisávamos de uma segunda chance.Quando chegamos, o ambiente corporativo familiar parecia de algum modo mais frio, mais distante. Eduardo estava à nossa espera na sala de reuniões, o rosto sério, inabalável. Ele não fez nenhum gesto para nos cumprimentar, apenas indicou as cadeiras à sua frente.Helene hesitou por um segundo antes de se sentar, e eu percebi o quanto essa situação a afetava. Quando nos acomodamos, Eduardo finalmente falou.— O que vocês querem? — Sua voz era dura, sem espaço para sentimentalismos.Troquei um olhar rápido com Helene, que parecia perdida em meio às suas emoções, e tomei a iniciativa.— Eduardo, viemos aqui para pedir perdão — comecei, minha