StellaSeguimos até o quarto dos bebês, onde encontramos nossos três pequenos amores choramingando. Eles estavam inquietos, mexendo-se nos berços, e o som de seus choros parecia ecoar por toda a casa. Peguei Beatriz no colo, enquanto Edu fazia o mesmo com Benício. O calor dos seus corpos pequenos, o jeito como se aninharam em nós, fez meu coração se aquecer.— Acho que eles só queriam um pouco de atenção, — murmurei, balançando suavemente a Beatriz, que já coçava os olhinhos. Edu olhou para mim e sorriu, um sorriso que transbordava amor, aquele momento lindo que estávamos fez meus olhos lacrimejarem.— E nós vamos dar toda a atenção do mundo a eles, — ele respondeu, aproximando-se e beijando minha testa e da Bia. Ficamos ali, balançando nossos filhos até que se acalmaram, o amor que sentíamos um pelo, outro e por nossa pequena família preenchendo o ambiente.Apesar da interrupção, ou talvez por causa dela, a noite se tornou ainda mais especial. No final, deitamos novamente, agora com
EduardoStella para, congelada. O impacto da revelação está nos olhos dela. Ela se afasta devagar, buscando distância para processar.— Savanna… sua esposa… — O sussurro sai com dificuldade, as palavras quase inaudíveis enquanto ela tenta absorver o significado. Sua mão treme ao levá-la ao peito, onde o coração bate firme. Um coração que, agora, ela sabe, pertenceu à minha falecida esposa. — Eu… eu não sei o que dizer. — Sua voz soa frágil enquanto ela se apoia na penteadeira.O medo me domina. Dou um passo, mas ela levanta a mão, me impedindo de prosseguir. O silêncio entre nós cresce, denso, chega ser palpável. Stella caminha lentamente até a cama, onde ela senta fitando as mãos, sua respiração está irregular.— Você sabia? — A dor e a incredulidade marcam sua voz.— Não, eu descobri no dia do parto. Foi um choque para mim também. Eu doei os órgãos dela, mas nunca soube quem os recebeu. Quando soube, não quis te estressar… você havia acabado de dar a luz aos nossos filhos, que ficar
EdwardConforme as semanas passam, recebo cada vez mais fotos dos meus netinhos. O segurança que contratei continua a me atualizar sobre a vida deles. Bia, Bentinho e Beni estão crescendo rapidamente, e cada nova imagem aquece meu coração. Bella, agora uma garota adorável, também faz parte dessas lembranças que me chegam.Eles parecem tão frágeis e, ao mesmo tempo, tão cheios de vida, irradiando força. Deveria ser um período de pura alegria para nossa família, mas um evento em particular ainda ecoa na minha mente, manchando esses momentos com uma sombra que insiste em permanecer.Helene estava sentada no sofá da pequena sala do nosso quarto de hotel, folheando uma revista de moda. Aquele som das páginas virando parecia um tique-taque de uma bomba-relógio em minha cabeça. Não conseguia mais suportar aquele cenário de indiferença e vazio. Eu a observava, sentindo a raiva crescer, uma fúria que vinha sendo alimentada por anos de negligência e frustração.E nunca a amei, nosso casamento f
EdwardEla se afastou, como se minhas palavras tivessem a ferido fisicamente. Mas eu não parei. Não podia parar.— Ele nunca foi livre! Nunca teve a chance de ser uma criança! Eu o forcei a seguir o meu caminho, a se tornar um CEO de sucesso, porque era o que eu achava que ele deveria ser! Mas sabe de uma coisa, Helene? Eu estava errado! Estava tão errado quanto você! — Suspiro derrotado O privamos do mais gostoso da vida, dele se arriscar, errar, para depois certar, fazer as bobeiras que todo adolescente faz.Ela estava tremendo agora, os olhos marejados de lágrimas que teimavam em não cair.— E o que você quer que eu faça? — Sua voz saiu fraca, quase inaudível. — Quer que eu peça desculpas por tentar garantir o futuro dele? Por tentar dar a ele o melhor?— Eu quero que você reconheça o que fez! — Eu gritei, sentindo minha própria voz tremular. — Quero que entenda que toda essa sua obsessão por luxo e status destruiu a nossa família! Destruiu o nosso filho! E agora está destruindo o
No caminho para a empresa, a tensão era palpável. Helene estava ao meu lado, silenciosa, os olhos fixos na estrada, mas eu sabia que por dentro ela estava tão nervosa quanto eu. Não era apenas sobre pedir perdão; era sobre reconhecer que havíamos falhado com como pais. E agora, mais do que nunca, precisávamos dele. Precisávamos de uma segunda chance.Quando chegamos, o ambiente corporativo familiar parecia de algum modo mais frio, mais distante. Eduardo estava à nossa espera na sala de reuniões, o rosto sério, inabalável. Ele não fez nenhum gesto para nos cumprimentar, apenas indicou as cadeiras à sua frente.Helene hesitou por um segundo antes de se sentar, e eu percebi o quanto essa situação a afetava. Quando nos acomodamos, Eduardo finalmente falou.— O que vocês querem? — Sua voz era dura, sem espaço para sentimentalismos.Troquei um olhar rápido com Helene, que parecia perdida em meio às suas emoções, e tomei a iniciativa.— Eduardo, viemos aqui para pedir perdão — comecei, minha
Stella Eu estava em pé no meio da sala, a luz do fim da tarde entrando suavemente pelas enormes janelas de vidro da casa nova. Olhei ao redor, sentindo aquele misto de orgulho e cansaço que vinha com a realização de um sonho. A casa estava pronta, mas ainda havia detalhes a serem discutidos com Eduardo. — Amor, você acha que a prateleira da sala deve ser mais baixa? — perguntei, gesticulando para a parede. — Fica mais acessível para as crianças, mas talvez ela pareça um pouco desproporcional… Eduardo estava sentado no sofá, uma das plantas decorativas recém-compradas ao seu lado, analisando o espaço com aquele olhar detalhista que eu amava. Ele ergueu a cabeça e sorriu, deixando o celular de lado. — Acho que mais alta faz sentido. Com os três começando a engatinhar, tudo o que estiver na altura dos olhos vai virar alvo — ele respondeu, com a voz calma, mas sempre prática. Suspirei, concordando. O caos que estava por vir com os trigêmeos crescendo já me fazia rir e me desesperar ao
BellaHoje é o dia só meu e da mamãe. Acordei empolgada, com o coração batendo rápido e um sorriso que não saía do meu rosto. Fazia tempo que não tínhamos um momento só nosso. Desde que meus irmãos nasceram, as coisas mudaram muito, e às vezes me sinto... meio deixada de lado. Não que eu não goste deles – eu amo muito cada um, até o Bentinho, que chora demais. Mas hoje será especial. Hoje será só eu e a mamãe.— Pronta, Belinha? — A voz da mamãe me chamou lá da cozinha. Eu estava no meu quarto, colocando meu vestido favorito, um rosa com flores que a bisa Antonella me deu. Corri até a cozinha, meus pés batendo no chão de madeira, o som ecoando pela casa. A mamãe estava linda, como sempre, usando um vestido longo e solto. Seu sorriso me fez sentir bolhinhas no estômago. Pressinto um dia perfeito.— Prontíssima, mamãe! — respondi, saltitando até ela. Ela se abaixou e me deu um abraço apertado, daquele jeito que só ela sabe fazer, que me faz sentir segura e amada.O papai estava com os t
Bella— Me dê a mão, vou te ajudar a descer do carro — diz mamãe, e eu faço o que ela pede. Caminhamos por um tempo até que ela diz:— Pode abrir os olhos.Quando abro, vejo uma sala imensa de dança. Olho para mamãe sem acreditar. Ainda sem palavras, ela me entrega um pacote do shopping. Abro com curiosidade e vejo a roupa de balé mais linda que já imaginei.— Se quiser, podemos te matricular — mamãe diz, sorrindo.— Jura, mamãe? Sempre quis fazer ballet!— Eu sei, meu amor. Desculpe por demorar tanto para te matricular. Foi um evento atrás do outro…Pulo no colo dela, emocionada. Ela não esqueceu do meu sonho de ser bailarina!Depois de um tempo, começamos a voltar para casa. No carro, fico olhando pela janela, ansiosa para mostrar minha roupa nova de bailarina ao papai.StellaEstou radiante! Meu dia com Bella foi perfeito. Ver a felicidade estampada no rostinho dela não tem preço.Já era fim de tarde e o céu estava pintado com tons de laranja, rosa, azul e amarelo. A mistura de cor