Stella Eu estava em pé no meio da sala, a luz do fim da tarde entrando suavemente pelas enormes janelas de vidro da casa nova. Olhei ao redor, sentindo aquele misto de orgulho e cansaço que vinha com a realização de um sonho. A casa estava pronta, mas ainda havia detalhes a serem discutidos com Eduardo. — Amor, você acha que a prateleira da sala deve ser mais baixa? — perguntei, gesticulando para a parede. — Fica mais acessível para as crianças, mas talvez ela pareça um pouco desproporcional… Eduardo estava sentado no sofá, uma das plantas decorativas recém-compradas ao seu lado, analisando o espaço com aquele olhar detalhista que eu amava. Ele ergueu a cabeça e sorriu, deixando o celular de lado. — Acho que mais alta faz sentido. Com os três começando a engatinhar, tudo o que estiver na altura dos olhos vai virar alvo — ele respondeu, com a voz calma, mas sempre prática. Suspirei, concordando. O caos que estava por vir com os trigêmeos crescendo já me fazia rir e me desesperar ao
BellaHoje é o dia só meu e da mamãe. Acordei empolgada, com o coração batendo rápido e um sorriso que não saía do meu rosto. Fazia tempo que não tínhamos um momento só nosso. Desde que meus irmãos nasceram, as coisas mudaram muito, e às vezes me sinto... meio deixada de lado. Não que eu não goste deles – eu amo muito cada um, até o Bentinho, que chora demais. Mas hoje será especial. Hoje será só eu e a mamãe.— Pronta, Belinha? — A voz da mamãe me chamou lá da cozinha. Eu estava no meu quarto, colocando meu vestido favorito, um rosa com flores que a bisa Antonella me deu. Corri até a cozinha, meus pés batendo no chão de madeira, o som ecoando pela casa. A mamãe estava linda, como sempre, usando um vestido longo e solto. Seu sorriso me fez sentir bolhinhas no estômago. Pressinto um dia perfeito.— Prontíssima, mamãe! — respondi, saltitando até ela. Ela se abaixou e me deu um abraço apertado, daquele jeito que só ela sabe fazer, que me faz sentir segura e amada.O papai estava com os t
Bella— Me dê a mão, vou te ajudar a descer do carro — diz mamãe, e eu faço o que ela pede. Caminhamos por um tempo até que ela diz:— Pode abrir os olhos.Quando abro, vejo uma sala imensa de dança. Olho para mamãe sem acreditar. Ainda sem palavras, ela me entrega um pacote do shopping. Abro com curiosidade e vejo a roupa de balé mais linda que já imaginei.— Se quiser, podemos te matricular — mamãe diz, sorrindo.— Jura, mamãe? Sempre quis fazer ballet!— Eu sei, meu amor. Desculpe por demorar tanto para te matricular. Foi um evento atrás do outro…Pulo no colo dela, emocionada. Ela não esqueceu do meu sonho de ser bailarina!Depois de um tempo, começamos a voltar para casa. No carro, fico olhando pela janela, ansiosa para mostrar minha roupa nova de bailarina ao papai.StellaEstou radiante! Meu dia com Bella foi perfeito. Ver a felicidade estampada no rostinho dela não tem preço.Já era fim de tarde e o céu estava pintado com tons de laranja, rosa, azul e amarelo. A mistura de cor
EduardoHoje é o segundo dia que Bella está no hospital, e eu movi mundos e fundos, para garantir que o culpado pelo acidente fosse encontrado e condenado.Agora, estou no tribunal com meu advogado e o Sr. Buick. O silêncio era opressor enquanto aguardávamos o veredicto do homem que fez meu mundo desabar. Ele estava ali, com a cabeça baixa, evitando qualquer contato visual, mas eu queria que ele sentisse a dor que nos causou. Stella não quis vir; ela não sai do lado de Bella. Dois policiais foram ao hospital para coletar seu depoimento.O tribunal permaneceu em silêncio quando o juiz, com um olhar severo, começou a ler a sentença. O desgraçado estava à nossa frente, cabisbaixo. A vontade que tinha, era de enchê-lo de porrada.— O réu Stefano Carpenter — começou o juiz, em tom firme — foi julgado e considerado culpado por dirigir sob influência de álcool, resultando em ferimentos graves a uma menor de idade, conforme as leis deste estado. Dada a gravidade dos ferimentos causados à víti
EduardoAs luzes suaves do abajur refletiam um brilho discreta o no quarto. Stella estava ao meu lado, encolhida no sofá, abraçando os joelhos como se quisesse se esconder do mundo. O choro dela, baixo e contido, parecia perfurar o ar com uma dor que eu sentia como minha.Eu não sabia mais o que dizer, mas minha mão estava firme na dela, entrelaçando os dedos, como se esse gesto simples pudesse segurar toda a angústia que desmoronava ao nosso redor. O coração de Stella era forte, mais forte do que qualquer um jamais imaginaria, mas agora ela parecia tão frágil. Seus olhos, ainda inchados de todas as lágrimas derramadas, olhavam para o nada, cheios de uma dor silenciosa.— Eu não quero… eu não posso perdê-la, Edu, — a voz dela quebrou finalmente o silêncio. — Se alguma coisa acontecer com a Bella… eu não… eu não sei se vou aguentar.Fechei os olhos por um segundo, sentindo o peso daquela mesma possibilidade. Bella havia acordado durante a noite, febril, e nosso medo era palpável. A cen
StellaO entardecer pintava o céu em tons delicados de laranja, mas dentro de mim, um turbilhão de sentimentos tomava conta. Cada segundo parecia uma eternidade enquanto o carro que trazia Bella para casa se aproximava.Ela e Eduardo haviam me convencido a ir para casa, e, ao chegar, percebi o quanto sentia saudades dos meus pequenos. Bentinho, Bia, Bene, Bella e Eduardo, são a minha vida.Após matar a saudade dos meus amores, decidi relaxar em um banho de banheira. Dona Abigail, sempre atenciosa, preparou meu prato preferido, e me esbaldei de tanto comer, no período que fiquei no hospital com Bella, eu quase não comi, não sentia fome, a preocupação era maior que tudo. No entanto, por mais que tentasse me desligar, meus pensamentos continuavam voltando para Bella, ainda no hospital.Meu coração estava inquieto, batendo forte, como se tentasse se preparar para o momento em que, finalmente, minha família estaria completa novamente. Minhas mãos tremiam, e as lágrimas ameaçavam cair a qua
Seis meses depois…EduardoA sala estava tomada por sorrisos e olhares atentos, mas meus olhos estavam fixos nela. Stella, vestida com a beca, os cabelos soltos dançando a cada passo. Eu já a havia visto brilhar muitas vezes, mas hoje, havia algo diferente. Era como se ela estivesse em seu auge, carregando consigo toda a força e resiliência que só quem atravessa tempestades consegue ter. E agora, ali estava ela, no palco, o nome sendo chamado e o diploma nas mãos. Eu nunca senti tanto orgulho.Enquanto as palmas ecoavam pela sala, não era só um diploma. Era a prova de que Stella não era apenas a mulher forte e dedicada que todos admiravam, mas também uma pessoa que nunca deixou de lutar por seus sonhos, mesmo em meio ao caos que a vida jogou em seu caminho. Ela venceu. Nós vencemos. Mas, mais do que isso, ela estava ali, triunfante, com um sorriso que podia iluminar qualquer escuridão.Ela procurou por mim na multidão, e quando nossos olhares se encontraram, eu vi o brilho de lágrimas
Stella— Surpresa — disse Eduardo, com a voz tremendo um pouco. — Este é o seu restaurante, Stella. Eu o comprei para você. Matteo equipou a cozinha e cuidou de cada detalhe.Fiquei completamente paralisada. Meu coração batia forte no peito, e as palavras simplesmente não saíam. Olhei para Eduardo, para Matteo, e depois para o restaurante que agora estava diante de mim. A entrada do "Le Soleil" era imponente, com uma porta de madeira escura polida, ladeada por vasos com plantas verdes vibrantes. Tudo era tão perfeito. Dentro, luzes suaves iluminavam um espaço acolhedor e sofisticado. As paredes estavam adornadas com obras de arte modernas, e o ambiente transmitia o equilíbrio perfeito entre elegância e conforto.Eduardo abriu a porta, e eu entrei, com uma onda de emoção tomando conta de mim. Era como se cada detalhe daquele lugar tivesse sido pensado para refletir a minha paixão pela culinária. O ar estava impregnado com o cheiro de ervas frescas e especiarias, os utensílios brilhavam