Stella Quando minha bolsa rompeu, eu senti um misto de desespero, ansiedade e medo. Foi uma correria. Eduardo parecia um pai de primeira viagem, completamente perdido, e meu tio acabou dirigindo o carro para o hospital mais próximo porque Edu e meu pai estavam nervosos demais dirigir.Acabou que todos que estavam em na casa dos meus pais foram para o hospital, fiquei feliz em ver todos juntos.O atendimento foi rápido, provavelmente pelo desespero do Edu, quase peço para atendê-lo também.Já no quarto, a doutora de plantão passou para me examinar. — Sua bolsa rompeu, vou pedir uma ultrassonografia para ver como estão os bebês, e vou receita um soro com algumas medicações, já que os bebês são pré-maturo, precisamos fortalecer um pouquinho o coraçãozinho deles. Mas fiquem tranquilos, esse é um procedimento comum.— Amor, tem um tempo antes de começar a ser perigoso após a bolsa romper, já estou sendo acompanhada e medicada, então não precisa ficar desesperado. — Digo fazendo carinho e
EduardoEu mal consigo respirar. O papel tremendo nas minhas mãos parece queimar a minha pele. Minhas pernas perdem a força e, sem pensar, deixo meu corpo ceder ao peso da revelação. Meu coração dispara, como se quisesse se libertar do peito, enquanto meus olhos correm pelas palavras que parecem querer fugir de mim.“Savanna…” sussurro, quase sem som. Minha garganta se aperta, e a dor de uma perda que eu pensava ter superado volta como um soco violento. Ela não se foi completamente. O coração dela… O coração de Savanna é o que dá vida ao meu novo amor, à Stella.Meu corpo treme com a magnitude dessa descoberta. Como eu não percebi antes? Como o destino pôde ser tão cruel, tão irônico? A vida de uma, trocada pela de outra. Amor e perda se misturam de forma insuportável dentro de mim.Sinto um misto de desespero e alívio. Desespero, porque cada batida do coração de Stella agora é um lembrete da morte de Savanna ao mesmo tempo sinto um alívio, porque, de certa forma, Stella está aqui, e
Entrei no vestiário, coloquei a roupa para cirurgia, por cima da minha, passei por todos que aguardavam com olhares cheios de expectativas. Respiro fundo tentando deixar tudo do lado de fora da sala, e depois vejo o que fazer, agora preciso viver este momento maravilhoso, com a mulher que amo. Respiro mais uma vez e entro na sala de cirurgia.Stella olha para mim, com seus lindos olhos azuis brilhando de lágrimas, consigo ver toda emoção que ela está sentindo através deles.— Você demorou. — Ela diz em um sussurro.Beijo sua testa e digo:— Desculpa, meu amor, estou aqui agora.A sala estava iluminada por uma luz forte e intensa, mas nada conseguia apagar o calor que pulsava no meu peito. Stella estava deitada na maca, o rosto pálido, mas seus olhos, aqueles olhos azuis da cor de um céu ensolarado em um dia quente de verão, estavam firmes, determinados. Era uma força que eu só havia visto nela em momentos raros, quando a vida exigia o impossível e ela respondia com coragem.A mão de
Eduardo Fico alguns minutos olhando pelo vidro, uma das enfermeiras percebe e pede para que eu entre. Ao entrar na sala, senti meu coração acelerar de uma maneira que nunca havia experimentado antes. Meus passos eram pesados, mas não por cansaço. Era o peso da responsabilidade, do amor, do medo de não ser um bom pai. Sei que já sou pai, e faço de tudo por Bella, mas agora tenho mais três vidas, que depende de mim, preciso ser um exemplo e o alicerce de cada um deles.A emoção me dominava, estava prestes a conhecer meus filhos. Quando a enfermeira me conduziu até os berços, senti as lágrimas formarem-se instantaneamente. Lá estavam eles, tão pequenos, tão perfeitos. Três pequenos seres humanos que, até pouco tempo atrás, existiam apenas nos meus sonhos.Me aproximei do primeiro berço e vi um dos meninos, com as mãos pequenas fechadas em punhos, como se estivesse pronto para enfrentar o mundo. Seus olhos estavam fechados, mas sua presença era imensa. Meu filho. Meu coração parecia exp
StellaAcordo com dificuldade, meus olhos estão pesados, se abrindo lentamente. A luz do quarto é muito clara. A primeira coisa que noto é uma estranha sensação de vazio, coloco a mão da minha barriga, sentindo falta dos chutinhos. Em seguida, a percepção de que o ambiente ao meu redor é diferente do que eu me lembrava, mais luxuoso.A princípio, minha mente está turva. Não consigo lembrar se vi meus bebês. O rosto do doutor surge em minha mente, mas a imagem dos trigêmeos permanece nebulosa, como uma lembrança distante que não consigo alcançar. Fleches do parto aparece em minha mente, a emoção de lembrar me domina, mas a sensação de que algo está faltando me envolve enquanto tento processar o que está acontecendo.Então, vejo Eduardo concentrado em seu notebook. Chamo por ele:— Amor? — minha voz sai em um sussurro fraco.Ele larga imediatamente o notebook e corre para o meu lado.— Graças a Deus, você acordou. Vou chamar o médico. — Ele se apressa, mas eu o interrompo.— Amor, não p
EduardoApós os carinhos de saudade, ajudo Stella a tomar banho. Quando terminamos, seu almoço já a esperava no quarto.Enquanto ela almoça, me pergunta:— Como foi o encontro da Bella com os irmãos?Sorrio ao me lembrar da cena mais emocionante da minha vida.— Foi uma das coisas mais lindas e emocionantes que já vi.— Não acredito que perdi isso. — Ela diz fazendo um biquinho, com lágrimas nos olhos.— Não fique assim, minha vida. — Faço carinho em seu rosto, aproveitando para secar algumas lágrimas que escorrem por sua face. — Não foi sua culpa. E eu filmei para você. — Digo a última frase com um sorriso no rosto.Ela levanta o olhar, e o brilho em seus olhos aquece meu coração.“Deus, como amo essa mulher. Por favor, faça-a entender que eu a amo pelo que ela é, e não pelo coração que bate em seu peito." — Faço uma prece silenciosa enquanto admiro a bela mulher à minha frente.Retiro o celular do bolso, procuro o vídeo e digo:— Antes de mostrar o vídeo, vou te contar como ela esta
StellaMeu coração bate acelerado a cada passo que Eduardo dá. A expectativa de ver meus filhos faz meu corpo inteiro tremer de ansiedade. Entramos na UTI, que agora é uma sala exclusiva para nossos pequenos, vigiada com segurança vinte e quatro horas por dia.— Mamãe, vem, vou apresentar meus irmãozinhos! — Bella diz, toda empolgada.Edu me ajuda a levantar, e todo o tempo duas enfermeiras me acompanham, além de Eduardo, sempre presente ao meu lado.— Este é o mais preguiçoso, ele é o Bento. — Bella aponta para o primeiro berço com um sorriso. — Acorda, preguicinha, a mamãe veio te conhecer! — Ela fala com a voz mais doce que já ouvi.Bento se mexe levemente, estica os bracinhos, mas logo volta a se encolher. Meu coração se derrete ao vê-lo, tão frágil e sereno.Eles estão apenas de fraldinhas, todos recebendo oxigênio. Eu me aproximo, com um nó na garganta, e faço um carinho suave em sua cabecinha. Ele enruga a testa e resmunga baixinho, arrancando de mim um sorriso entre lágrimas.
StellaUm mês e pouquinho se passou, e graças a Deus, hoje vamos para casa com os trigêmeos. A ansiedade é enorme, não só para mim, mas também para nossas famílias e amigos, que estão nos aguardando em casa.Bella está especialmente ansiosa. Ela passou a manhã inteira arrumando o quarto dos irmãos, querendo que tudo estivesse perfeito para a chegada deles.Edu decidiu que precisamos de uma casa nova, um lugar sem lembranças antigas, sem história, onde possamos criar as nossas próprias memórias. Achei um pouco desnecessário, mas concordei.Já vimos algumas opções pelo catálogo on-line da corretora e combinamos de visitar algumas na próxima semana, para os nossos pequenos poderem se acostumar ao novo lar.Chegamos em casa. Edu segura minha mão e a beija com carinho. Ele pega os bebês conforto de Benício e Beatriz, enquanto eu pego o de Bento. Quando entramos na sala, o cheiro inconfundível de casa, o som reconfortante das vozes familiares me envolvem como um abraço caloroso. Depois de t