EduardoDeixo Leonardo dormindo e sigo para o restaurante do Bonavalle, engolindo meu orgulho a cada passo. Sem contar as lembranças que o lugar remete. Sem pensar muito, entro e me dirijo diretamente à recepcionista.— Gostaria de falar com o Chef. — A minha voz carrega uma urgência que eu não consigo disfarçar.Ela me observa com um olhar de avaliação.— Tem reserva? — Pergunta, com uma pitada de formalidade.— Não vou jantar, só quero ter umas palavrinhas com ele. — Respondo, tentando manter a calma, mas a impaciência me trai.— Qual seu nome? — Ela pergunta me encarando.— Eduardo Hoork. — Digo a olhando intensamente, para que ela se toque e o chame logo.— Claro, vou verificar se ele pode atendê-lo.Alguns minutos se arrastam, e então Matteo aparece, seu semblante carregado de um tipo de seriedade que só aumenta meu desconforto.— Não sei onde Stella está. — Ele começa, antes mesmo que eu possa abrir a boca.Sinto um peso no peito. Se Matteo não sabe, então minha última esperança
Stella Olho pela janela, e apesar do sol brilhando lá fora, o quarto está um pouco gelado, uma sensação que parece ecoar a confusão na minha mente e no meu coração. As incertezas dançam de mãos dadas com a saudade. Acho que hoje será mais um daqueles dias típicos de me empacotar com roupas de frio. Lembro-me que tanto eu quanto Emma sempre reclamávamos do frio. Estou morrendo de saudades dela. Acho que ela está muito brava comigo por sumir e não ter dado notícia alguma, e não tiro sua razão. Por mais que Leo deva dizer a ela como estou, não é o mesmo que falar com ela. Faço o que estou ensaiando há semanas, respiro fundo e crio coragem para apertar o botão e concluir a ligação. — Alô. — Ela atende no terceiro toque. Começo a chorar assim que escuto sua voz. Ela sempre foi como irmã para mim! Com a voz tremula pergunto: — Vo... você me perdoa? — Ela fica um tempo em silêncio. — Puta que pariu! Stella, é você? — Pergunta ela surpresa. — Sim, estou morrendo de saudades. — Digo e
StellaFico sem fala, meu coração disparado, o desejo de correr para os seus braços me consumindo. Respiro fundo, tentando controlar a emoção, e digo:— Assim que o médico me liberar voltarei para casa.— Aconteceu alguma coisa com vocês? Stella, você está bem, meu amor? Meu coração se aquece ao ouvir “meu amor”. Respiro, saboreando cada sílaba:— Repete. — Peço, com um sorriso tímido.— O quê? — Ele pergunta, confuso.— Meu amor. — Digo, sorrindo, meu coração se derretendo com aquelas palavras.— Me diga onde está, que falarei pessoalmente.— Edu… — Digo hesitante, olhando ao redor do quarto que não é meu lar. Como posso pedir para ele vir, sem consultar Matteo? Edu percebe minha hesitação e diz:— OK, estou feliz por poder falar com você. Me avisa quando estiver voltando, que estarei te esperando. Desculpa por não dizer o quanto te amo antes. Eu te amo minha ninfa.Lágrimas começam a rolar pelo meu rosto.“— Deus, como é possível eu ainda ter lágrimas?” — Questiono enquanto as compo
Dois dias antes...EduardoAssim que senhor Burick, falou do sobrenome verdadeiro do pai da Stella, foi como se o quebra cabeça encaixasse. Finalmente entendo por que Matteo a protege tanto.“Ele nunca a quis, com exceção daquele dia no bar, que estavam bêbados.”Pego as chaves do carro, e dirijo até o restaurante, encontrando-o fechado, então ligo para ele.— Bonavalle.— É o Hoork, preciso te ver.— O que você quer? Já te disse que não sei onde Stella está. — Ele diz mentindo mais uma vez.— Tem certeza? Você é parente dela, não é?— De onde tirou isso? — Ele pergunta.— Me encontre e te conto. — Digo, ele fica em silêncio por um tempo, depois diz:— Ok, vou te passar meu endereço. Venha aqui, é mais tranquilo.— Perfeito.Sigo para o endereço dele, assim que entro ele pergunta.— O que você sabe?— O que tem para me contar? — Rebato.— Preciso saber o que você sabe, para te contar o que precisa saber.— Jimmy é Anthony Bonavalle.— Como descobriu? — Matteo cruza os braços.— Não me
Antonella— Já faz uma hora que minha neta está no quarto, me digam, qual quarto ela está ocupando? Estou preocupada com ela, ainda mais grávida.— Venha comigo senhora. — Monalisa diz, e eu a sigo, meu coração está apertado, como se estivesse pressentindo algo.— Chame–a você, ela confia em você. — Sussurro para Monalisa que assente com a cabeça.— Stella, querida, abra a porta. — Ela diz enquanto dá algumas batidinhas na porta e Stella não responde.Aperto minhas mãos, apreensiva, nunca vou me perdoar se acontecer alguma coisa com a minha neta ou meus bisnetos.Monalisa me olha preocupada, sussurro novamente:— Chame-a de novo, por favor.— Stella querida, abra a porta, estou preocupada com você!Mais uma vez, não obtivemos resposta.— Arrombem a porta, aconteceu alguma coisa com minha neta.Monalisa corre para chamar ajuda enquanto fico na porta rezando para estarem bem e que seja apenas um susto.Logo dois seguranças chegam e forçam à porta até que conseguem abrir, e a cena que ve
StellaOlho para ela, sentindo uma mistura de raiva e compaixão. O que dizer diante de tanta dor e arrependimento?— Você não entende o que foi crescer sem saber da sua existência. — Minha voz treme, cheia de mágoa. — Tudo bem que temos nossa avó materna, mas nunca soubemos de você, e quando perguntávamos meu pai se transformava, uma vez chegou a bater em meu irmão, e sem aceitar entrei no meio e apanhei também… E agora descubro que a senhora sempre esteve lá, mas escondida.Ela abaixa a cabeça, lágrimas ainda escorrendo pelo rosto. Eu não estou muito diferente.— Eu sei… Eu sei que não posso mudar o passado. Mas quero estar presente agora, se você me permitir.— E como posso confiar em você? E meu avô não vai te punir? — Minha voz é um sussurro desesperado. — Como posso acreditar que não vai desaparecer novamente?Ela levanta os olhos, me encarando com uma intensidade que nunca vi antes.— Porque aprendi, tarde demais, o valor da família. E estou pouco me lixando para o que aquele ve
StellaEduardo segura minha mão enquanto caminhamos para o carro. Não consigo parar de sorrir. Ele está tão lindo.— Vamos, amor, o jatinho nos espera para voltarmos para casa — diz ele com um sorriso.Olho para ele, sentindo uma mistura de alegria e nostalgia.— Eu, na verdade, não conheci muito de Paris, fiquei todo esse tempo de repouso, devido à placenta que descolou.Já no carro, ele aperta minha mão com ternura.— Sinto muito meu amor! — Vejo sinceridade e ternura em seus olhos — Mas está bem agora, e nossos filhos também? — pergunta ele, com uma preocupação nos olhos.— Sim, meu amor, estamos bem graças a Deus. — Coloco a mão dele sobre minha barriga. — Sinta, eles estão agitados.Eduardo sorri, um sorriso tão lindo, chego a perder o fôlego.— Estão felizes por estarem aqui, com você. Eu também estou feliz. Obrigada por vir e me descul… — Ele me silencia com um dedo, depois sela meus lábios com um beijo doce.— Não é hora para falarmos disso, vamos apenas curtir o momento. — El
EduardoNem acredito que passei um dia perfeito com Stella. Agora, ela está com os pés sobre a mesinha da sala, apoiada em meu peito, enquanto faço carinho em seu cabelo e ela com uma tigela gigantesca de sorvete sobre a barriga.— Amor, isso vai te fazer mal. — Digo, fazendo careta para a mistura na tigela, onde ela colocou sorvete de chocolate, morango, pistache, fatias de melancia, chuchu, creme de avelã e nozes.— Está uma delícia, prove antes de reclamar. — Ela diz tentando me convencer. Faço uma careta e dispenso.— Muito obrigada, mas isso está com uma cara péssima e tenho alergia a nozes.— Jura amor? Que pena, amo nozes. — Ela diz, se lambuzando com sua mistura doida.— Então já sabe o que não colocar no nosso cardápio de casamento. — Brinco com ela.— Sim, e não vou te beijar até escovar os dentes. Não quero que fique mal.Eu estava provocando quando Matteo entra com tudo na sala, dizendo:— Stella, a vovó disse que você estava no hospital, você está… — Ele para de falar qua