Após o rápido e brutal encerramento do interrogatório,Dominic nos deu um sinal e silenciosamente indicou que era hora deavançar. Movemo-nos com cuidado e precisão, nos aproximandodos capangas restantes e da porra da cabana sinistra.A chuva continuava a cair, mascarando nossos passos eproporcionando uma cobertura adicional à nossa operação deresgate. Eu seguia logo atrás de Dominic, com Zander ao meu lado,meu coração acelerando com cada passo.Nós nos dividimos, com instruções em gestos, então Zanderficou encarregado de cuidar do capanga na porta da frente,enquanto Dominic e eu nos aproximamos silenciosamente doscapangas na parte de trás da cabana. A tensão no ar era palpável,mas estávamos determinados a recuperar Isabelle, não importandoo que encontrássemos pela frente.Dominic fez um sinal discreto, indicando que estava prontopara avançar. Com movimentos coordenados, nos lançamos sobreos capangas, neutralizando-os antes que pudessem oferecerqualquer resistência signifi
DOMINIC:Com um pouco de incentivo esse filho da puta vai falando.Quer vir? Quer que eu continue? O que faremos?Eu queria ir. Aquele homem tinha feito muito mal a mim e a Isabelle. Eu queria ver de perto seu sofrimento.O que isso dizia sobre mim?Liguei para Amy, pedindo que fosse ficar com Isabelle, e só saí quando ela chegou, com o bebê a tiracolo, sabendo que as duas ficariam seguras.Peguei meu carro, sem seguranças, sem motorista, partindo para o endereço que Dominic me passou.Tudo o que eu queria era justiça. Mas o quanto isso era diferente de vingança?***ISABELLE WAVERLY-WALKEREstava tudo bem com o meu bebê, e isso sem dúvidas era mais do que eu poderia desejar, mas comigo as coisas eram um pouco diferentes.Não se saía de uma situação de sequestro, com ameaças como as que eu recebi, sem sentir a cabeça um pouco zoada. Sem ter a certeza de que iria se afundar em um mar de depressão e medo.Eu sabia que Kenneth estava morto. Richard não precisava me dizer isso para que eu
RICHARD WALKERMeses depoisCom um sorriso no rosto, eu e minha família posamos para fotos. Eram muitos jornalistas querendo imagens de nós quatro – de mim, Isabelle, Aurora e do nosso filhinho de dois meses, Lyon. Meu pai também estava do nosso lado, dando ainda mais poder à cena.Muitas coisas tinham acontecido naquele meio tempo, e algumas delas foram direto para as notícias. Obviamente eu ter desistido da candidatura à presidência fora uma delas. As especulações foram muitas, até mesmo depois da coletiva que me fez explicar os motivos e anunciar a gravidez de Isabelle, além da adoção de Aurora – o que, é claro, se tornou notícia também.Ainda assim, segui firme com a minha decisão. Não era definitiva. Em algum momento eu iria chegar à Casa Branca, mas estando mais preparado e sem sentir que estaria abandonando ou negligenciando a minha família.Meu pai apoiou a minha decisão, embora tivesse ficado um pouco decepcionado. Mas a chegada do neto e o encanto que ele sentiu por Aurora p
A cena seguinte acontece algum tempo depois do livro de Richard e Isabelle, e faz parte do livro II***OWEN PARKEREu conhecia Willow há algum tempo. Nós nos tornamos amigos, depois amantes, depois estranhos um para o outro. Nesta ordem.Ela despertou o melhor em mim. Eu era o homem que me tornei, porque aquela garota entrou na minha vida, quando tinha apenas dezoito anos – uma menina ainda –, o que me fez relutar muito nos meus sentimentos.Nós fomos separados, e na época acreditei que pudesse ser um sinal do destino. Uma prova de que não daria certo, porque tínhamos idades muito diferentes.Além disso, eu era um vagabundo. Um zé ninguém. Um pobretão que queria ser grande, que só tivera oportunidades pelos esforços da minha mãe. Willow merecia mais.Só que mesmo assim, eu não conseguia deixar de cuidar dela. Nem mesmo depois que apareceu como parte de uma família.Casada. Grávida.Isso foi há quatro anos, mas eu ainda cuidava dela.Sabia que tinha algo de errado com seu casamento de
A porta do elevador parou e eu sabia que alguém tinha entrado, mas não ergui os olhos, presos ao celular nas minhas mãos.Eram oito horas de um sábado, e eu definitivamente não deveria estar respondendo mensagens de trabalho, muito menos enquanto seguia para a cobertura de um prédio extremamente luxuoso em Manhattan.Eu trabalhava como assessor de um Deputado Federal e levava meu trabalho muito a sério. Não importava a hora, mas quando algo importante aparecia, não era uma festa de aniversário, que eu nem estava interessado em ir, que iria me impedir.Nem mesmo se a festa de aniversário fosse da filha do meu patrão.A proposta de lei para educaçãoantirracista tinha sido apresentada aoComitê de Educação há um mês e foraencaminhada ao senado. Era ideia minha;um esboço que fora feito há muitos anos, emcompanhia do meu pai, que sempre foi umidealista.Nunca pensamos que sequer conseguiríamos colocá-la em prática, até que conhecemos Reginald Welsh o homem para quem eu trabalhava.Est
Eu era muito novinha quando comecei a sonhar com ele.Uma garota boba, deslumbrada, encantada com o homem por quem seu pai sentia tanto orgulho.O mesmo pai que não dava a mesma atenção a mim. Cujos olhos nunca brilhavam daquele jeito quando eu tentava conversar sobre minha vocação, meus estudos e meus planos.Eu deveria sentir inveja. Deveria odiarOwen por sugar de mim a única figurapaterna que eu tinha. O problema eraque cada vez que o nome Owen Parkerera mencionado, depois que comecei ater ciência dos meus próprios desejos evontades, algo formigava dentro do meuestômago.Era diferente com Taylor. Por mais que meu pai também o admirasse, havia algo de muito honrado em Owen e em suas convicções. Na forma como ele era grato, como agarrara as oportunidades que meu pai lhe deu com unhas e dentes.O homem tinha se formado em Harvard com honrarias. Era admirado por colegas e professores. Era dedicado à família também.Mas, para o meu coração de garota jovem e tola, isso não era tão
Não consegui tirar meus olhos de Willow por um bom tempo depois, mesmo quando chegamos à cobertura, onde outros convidados se espalhavam, com suas taças de champanhe caro nas mãos e seus ternos de alfaiataria.Às vezes eu me sentia um forasteiro naquele tipo de evento. Por mais que tivesse sido educado para ser um cavalheiro, que tivesse estudado como um filho da puta para ser alguém na vida, o meu berço sempre foi de madeira. Não importava que um dia me tornasse rico e poderoso - que nem era o meu objetivo, na verdade -, eu nunca conseguiria um pertencimento.Minha cor e minhas origens eram uma combinação que funcionava quase como um letreiro em neon que alertava que eu não deveria estar ali.A única outra pessoa que poderia me fazer sentir um pouco menos deslocado era exatamente o homem que me olhava como se quisesse me fuzilar.E isso começou a me preocupar um pouco também.Eu não tinha nada a ver com a garota. Ela era simplesmente a filha de um amigo querido, que eu havia conhecid
Enquanto me olhava no espelho, ajustava os últimos detalhes da maquiagem, com um batom vermelho, bem passado, respeitando os contornos da minha boca.Alisei o vestido em frente ao espelho, tentando avaliar se tinha escolhido bem. Ele era uma peça que servia tanto para uma saída casual quanto para algo mais elegante que eu esperava que não fosse o caso. Tinha uma cintura marcada o suficiente para realçar minhas curvas e um decote em coração, mas sem exageros. Descia em uma saia mais rodada, em uma estampa discreta. Completei o look com um par de sapatos de salto baixo, confortáveis o suficiente para uma caminhada descontraída, para que não tivéssemos nenhuma surpresa como no outro dia.Eu não deveria estar tão animada. Não era exatamente um encontro. Era uma artimanha para afastar Taylor da minha vida. Ainda assim era difícil não me sentir ansiosa levando em consideração que eu estava prestes a sair com o cara por quem era fascinada há anos.Ele tinha estabelecido as regras: seríamos a