Amanda— Amanda? É você? — ouço uma voz masculina me chamando com intimidade.Eu me viro para a direção da voz e imediatamente reconheço o homem de físico avantajado.— Arthur?— Nossa, não sabia que conhecia meu primo.— Seu primo?Encaro novamente o rapaz loiro caminhando na minha direção. Estudamos na mesma universidade. Ele fazia Direito e eu, Marketing. Ele era noivo, e eu enfrentava o problema da doença da minha mãe. Ambos estávamos no último ano e, apesar de toparmos na cantina, fomos nos conhecer quando faltava apenas um semestre para finalizarmos o curso. Contudo, posso afirmar que o pequeno tempo que passamos trocando ideias foi uma feliz convivência.Mas Arthur ser primo de Samantha? Isso é novidade para mim!— Arthur, como vai?Seus olhos se apertam por trás da máscara.— Bem agora que te vi. Deus! Como você está linda! Está tão diferente.Sorrio aberto para ele.— É porque você sempre me via de jeans e camiseta — digo, passando os olhos pelo meu amigo, que está mais muscu
KaranEu vou te abraçar e te tocarE fazer você minha mulherE dar-lhe o meu amor com doce rendiçãoEsta noite nossos corações batem como um sóE eu vou te abraçar, te tocarE fazer com que seja minha mulher esta noiteHá algo em seus olhos eu vejoA honestidade pura e simplesQue letra é essa, porra!Allah! O universo tem conspirado para eu perder o controle!O Cheiro bom de Amanda, o corpo quente dela roçando o meu enquanto nós nos movemos lentamente ao som dessa música é de enlouquecer qualquer um!Reprimo um suspiro.Allah! Dai-me forças para resistir a mais essa provação!Segure-me em seus braços esta noitePreencher minha vida com prazerNão vamos perder este tempo preciosoEste momento é nosso tesouro Segure-me em seus braços esta noiteNós vamos fazer isso durar para sempreQuando o sol aparece pela manhãNós vamos encontrar o nosso caminho juntosFungo nos cabelos de Amanda, tentando acalmar as batidas do meu coração.Como se isso fosse possível...Hoje à noite a magia começ
Karan solta o ar e abaixa a cabeça, funga. Procura meus olhos:—Não estamos brigando, apenas divergindo em opiniões. Sei que não tem culpa de ser quem é... —ele diz e se aproxima, seus brilham com intensidade—você pode não acreditar, mas o que menos quero é brigar com você. Na verdade, eu gosto muito de você.Seus olhos sinceros e a amabilidade em sua voz, mexe comigo, tanto que não consigo conter um arrepio que corre o meu corpo, nem minha respiração agitada.Talvez por me dar conta que ele pode ser doce e gentil quando quer."Sossega, coração" você acabou de constatar que há um abismo cultural entre vocês.—Ótimo.Karan se vira para a mesa e pega um kibe, meneia a cabeça enquanto o prova.—Está ruim?Ele pega um para mim.—Prove. Ele não tem gosto de nada. Você só sente o gosto do trigo.—É? E o que falta para o seu requintado paladar?—Tudo.—Tudo é vago. Tudo o quê? —eu o provoco. Ele conhece mesmo de cozinha ou só sabe criticar?— Nossa pimenta síria, tahine, zattar e folhas fres
AmandaMeus lábios ainda estão abertos com a minha respiração ofegante, cargas elétricas correndo pela minha pele por tudo que eu presenciei.Bem, isso não é novidade, ele sempre causa reações inacreditáveis no meu corpo e eu sempre me sinto muito mal por isso.Fico olhando para ele na abstração, sem entender esse árabe.O cara introspectivo de repente dá um show de dança surpreendendo a todos.E para piorar minha confusão, percebi que ele dançou o tempo todo para mim, seus olhos não desviaram um momento dos meus...Respiro fundo.Pare!Pare!Pare!Isso não quer dizer nada!Ele sempre faz questão de deixar bem claro nossas diferenças culturais.Samantha se aproxima de mim e me fala ao pé do ouvido:—Esse homem é uma caixinha de surpresas, não?Eu lhe dou um sorriso fraco e fico pensando no que ela me disse:“Realmente, ele é imprevisível e portanto perigoso e eu preciso tomar cuidado com ele.” Digo para mim mesma de repente me dando conta do risco que corro.Outra música começa, uma n
KaranDentro do elevador me esforço para manter as rédeas firmes da situação. Para isso preciso ignorar a presença perfumada de Amanda e me concentrar no que será nossas vidas daqui pra frente.Não me contenho e a observo.Allah! Como essa garota é linda. Ela é uma mistura de anjo e tigresa.Eu a desejo tanto...Desvio meus olhos de sua figura magnética.Pena eu ser muito correto. Isso torna minha vida sexual bem restrita.Tudo isso porque no meu país não há liberdade sexual. Não há amizades coloridas, nem se fala em sexo casual. E antes de eu conhecer Samira, raramente procurava prostitutas e quando isso acontecia, sabia que elas esperavam de mim apenas serem pagas.Sexo fazemos com meretrizes ou depois de nos casarmos com a mulher amada e Amanda não se encaixa em nenhuma dessas categorias.Meu casamento é um acordo.Uma farsa.Observo novamente a carinha de anjo pensativo.“Não consegui definir ainda o tipo de mulher que Amanda é.”“Como ela encara o sexo?”“Será que ela encara numa
KaranEntro no elevador pensativo.Allah! Eu estou tão confuso.Agora mesmo, eu me senti extremamente aborrecido quando pensei que ela estivesse incomodada com minha presença.Imediatamente meu lado árabe me condenou por isso, achando que eu estava sendo ridículo por me sentir tão preso a ela.Contudo meu coração tem gritado quando se sente ameaçado:Ela é minha!Minha!Minha!Essa palavra tem se voltado contra mim faz tempo.Às vezes me vejo dentro de um buraco fundo buscando meu caminho de volta, mas a profundidade dele tem sido tão grande que não consigo encontrar o escape de tudo isso...Ainda assim, cheio de orgulho propus a ela de morar em outro lugar. Mas pode crer, meu lado louco por essa mulher ficou torcendo para que ela rejeitasse a ideia.Por mais contraditória e debilitante que seja ficar, me permitirá entender esta conexão que sinto por essa garota.Amor ou apenas uma forte atração?Tenho consciência que caso eu ame Amanda de verdade, terei que anular minha natureza árab
Eu estremeço, não de medo, mas pelo impacto desse novo Karan. Há algo nele agora, um peso invisível que me atinge como uma onda no peito.— Precisa de alguma coisa? — pergunto, lutando para que minha voz não vacile e entregue o tumulto que sua presença provoca em mim.— Não. Só vim avisar que talvez eu me demore um pouco no seu quarto. Precisa de algo de lá?Minha mente trava, levando alguns segundos para processar suas palavras.— Não, pode ficar à vontade. Na verdade, estou de saída.Seu rosto, sempre tão controlado, muda por uma fração de segundo. Um traço de tensão, como uma sombra passageira, cruza seus traços. Foi tão rápido que me pergunto se não foi apenas minha imaginação.— De saída?— Vou dar uma caminhada pelas dependências do condomínio. Aproveitar o fim de tarde.Dessa vez, parece aliviado. Ou será que é só coisa da minha cabeça de novo? Eu não sei mais o que é real ou invenção diante dele.Então ele sorri. E, céus, que sorriso... Um sorriso tão bonito, tão devastador, q
—Eu ia elucidar isso, mas não deu tempo.Karan dá uma risada amarga, o descrédito em seus olhos.—Verdade? Da mesma maneira que fez com o seu amiguinho Arthur na festa de Samantha? Você pensa que não vi o cartão que ele te deu quando estava de saída?Ele me deixa sem falas, seu olhar é tão intenso no meu que rouba a minha razão.Uma coisa é clara e não consigo negar, que o jeito másculo dele, meio rude me deixa excitada.Estou pensando nisso quando suas feições se transformam e ele me olha como se tivesse acabado de tomar uma decisão. Então vem na minha direção, os olhos fixos em mim como predador encurralando sua presa.Engulo em seco confusa com sua atitude.Ele então me envolve com seus braços. Minhas mãos caem em seu peito forte.Sinto as batidas fortes do seu coração, seu perfume maravilhoso no meu nariz, o calor de sua carne aquecendo o meu corpo.Ergo meu rosto e encontro os límpidos olhos azuis, a intensidade deles segurando os meus.Perco as falas, o ar e fico olhando para el