KaranA imagem de Amanda ainda está assolando minha mente.Allah! Como ela estava perfumada!Foi difícil travar tudo, controlar meus sentidos enquanto eu a carregava até o quarto.Assisti-la enrubescer me deixa quase louco. Inspiro entrecortado.Diabos! Aquela mulher é sexy! E quando ela morde os lábios então?Giro meu corpo e desfiro um soco forte no saco. Como posso ter minha mente tomada por Amanda desse jeito? Uma mulher que tem uma cultura tão diferente da minha?Repito várias vezes o movimento, tentando mortificar os sentimentos conflitantes da minha carne que faz de tudo para que eu deixe a razão.Todo momento preciso me lembrar que a aliança que deslizei em seu dedo faz parte de uma farsa. Que ela não me pertence. Por isso tenho me mantido frio e distante. É mais fácil lidar com meus anseios dessa forma.Ergo minha perna e desfiro um chute no saco de pancadas.Repito o movimento várias vezes até o suor escorrer pelo meu rosto e costas. Hoje eu não planejava estar aqui. Eu esta
— Uma delícia esse lanche, hein? O sabor me surpreendeu — comento, tentando desviar o foco, enquanto dou mais uma mordida.Ela sorri, balançando a cabeça.— Sabia que você ia gostar. Sempre McDonald’s, Burger King, Bob’s. Você precisa se arriscar mais! Sair desse círculo vicioso, sempre presa nas mesmas coisas com medo de se decepcionar. Precisamos dar chance às novidades que surgem.Suspiro profundamente.— Verdade. Sou muito metódica. Vou seguir seu conselho.— Quando sair desse casamento, aja assim na sua vida sentimental também. Você escolhe muito. Não é à toa que ainda é virgem.Dou um fungado curto, mas não sem uma pontada de tristeza.— Escolho muito? Engano seu. Na verdade, meu foco sempre foi outro. Estudos, trabalho e, quando eu estava começando a desenvolver mais esse lado, veio a doença da minha mãe. Foram três anos nessa luta até a doença vencê-la — digo, sentindo o pesar da memória apertar meu coração.Samantha entorta os lábios, compreensiva.— Tudo bem. Eu entendo, mas
KaranAmanda surge na sala com uma xícara de café e alguns biscoitos.Ela caminha na minha direção com uma graciosidade que me desconcerta completamente. O som de seus passos é quase imperceptível, mas cada movimento seu prende minha atenção como se o mundo ao redor tivesse silenciado. Quando nossos olhos se encontram, sinto como se algo dentro de mim perdesse o compasso, e minha respiração, desobediente, sai pesada e marcada.Sem querer, prendo a respiração, lutando contra o maldito hábito do meu corpo de me trair toda vez que ela está perto.— Pra você — diz séria, erguendo o café e os biscoitos na minha direção.Seu tom direto e sua expressão impenetrável são como um escudo. Forço um sorriso amistoso, tentando suavizar o momento, e aceito o que ela me oferece. Tomo a xícara e o prato com cuidado, quase esperando um gesto de reciprocidade, um sorriso mínimo, mas nada acontece.Seus olhos deslizam dos meus com uma frieza que corta mais do que eu gostaria de admitir. Em seguida, ela s
—Trabalho nenhum.—Mas não se dê ao trabalho de arrumar a mesa para mim. Não vou comer agora. Só mais tarde.Claro que ele não se sentaria à mesa comigo, isso criaria uma intimidade que ele evita a todo custo.—Vou deixar seu prato no micro-ondas.—Obrigado.Coloco outro empanado na frigideira.Quando Karan está se afastando eu resolvo comentar:—Eu vi que fez compras e tem se virado na cozinha.Ele que estava de saída, volta seu corpo para mim.—É verdade.—Um dia gostaria de provar da sua comida.Deus! Não sei por que disse isso.Sei sim! Para provocá-lo.—Talvez você não goste. Elas são muito condimentadas para o paladar de vocês ingleses — ele diz, rápido demais.Eu deveria demonstrar uma amigável indiferença, mas não consigo e uma risada escapa sem que eu possa evitar:—Como pode afirmar isso se eu nunca provei? Eu posso gostar—o provoco.Funga.—Bem, isso é verdade.—E? Quando pensa em cozinhar para mim?—Não sei.—No dia de São Nunca?Ele fica sério.—Deveria saber que não fest
Eu sorrio com frieza. Não estou me reconhecendo.—Karan não esquenta a cabeça tá. Não te colocarei chifres.—Chifres? O que é chifres?Ele me olha sem entender e eu me viro para a porta e meu braço é pinçado pelos seus dedos novamente.Eu o encaro dessa vez demonstrando minha repulsa por seu gesto possessivo.Ele imediatamente retira a mão do meu braço e a passa pelos cabelos, respira fundo como se precisasse disso para se acalmar, então me encara:—Sei que não estabelecemos regras nem regulamentos, mas ainda assim é um casamento e você me deve respeito.Solto o ar.—Vou a uma festa familiar. Não irei me encontrar com nenhum homem. Está satisfeito?—Festa familiar? Vitor me disse que você não tem família.Fungo.—Realmente. Só tenho um tio por parte de mãe e ele está pouco se lixando para a minha vida.Ofegante ele se aproxima mais de mim:—Então que festa é esta?Bufo bem alto.—É aniversário da irmã de Samantha e ela me convidou para ir com ela.Ele me solta e se afasta. Seus olhos
AmandaMeia hora depois estamos todos entrando na elegante sala da irmã de Samantha. O grande número de pessoas circulando não se encaixa na festa familiar que minha amiga me disse.A música ambiente é agradável, lenta e casais de todas as idades dançam no meio da sala. —Parabéns Ella—Samantha diz abraçando forte a irmã e então lhe entrega uma caixa com letras impressas em dourado com o nome de sua marca.—Obrigada. Estou feliz que veio —diz e em seguida abre o presente. Sorri—Lindo Samantha. Amei a pulseira! E que lindo esse detalhe no fecho.—Que bom que gostou.—Sempre gosto, e muito. Reparou no colar que estou usando hoje? —ela diz e passa a mão na linda ametista. Samantha sorri e então se vira para nós.—Deixe-me te apresentar. Esta é Amanda e esse é o esposo dela, Karan.Seus olhos passam por mim e se demoram em Karan.—Finalmente te conheci Amanda. Samantha sempre fala muito de você. —San também me fala muito de você. É bom ter uma irmã tão presente quanto você.—Sim. Somos
Amanda— Amanda? É você? — ouço uma voz masculina me chamando com intimidade.Eu me viro para a direção da voz e imediatamente reconheço o homem de físico avantajado.— Arthur?— Nossa, não sabia que conhecia meu primo.— Seu primo?Encaro novamente o rapaz loiro caminhando na minha direção. Estudamos na mesma universidade. Ele fazia Direito e eu, Marketing. Ele era noivo, e eu enfrentava o problema da doença da minha mãe. Ambos estávamos no último ano e, apesar de toparmos na cantina, fomos nos conhecer quando faltava apenas um semestre para finalizarmos o curso. Contudo, posso afirmar que o pequeno tempo que passamos trocando ideias foi uma feliz convivência.Mas Arthur ser primo de Samantha? Isso é novidade para mim!— Arthur, como vai?Seus olhos se apertam por trás da máscara.— Bem agora que te vi. Deus! Como você está linda! Está tão diferente.Sorrio aberto para ele.— É porque você sempre me via de jeans e camiseta — digo, passando os olhos pelo meu amigo, que está mais muscu
KaranEu vou te abraçar e te tocarE fazer você minha mulherE dar-lhe o meu amor com doce rendiçãoEsta noite nossos corações batem como um sóE eu vou te abraçar, te tocarE fazer com que seja minha mulher esta noiteHá algo em seus olhos eu vejoA honestidade pura e simplesQue letra é essa, porra!Allah! O universo tem conspirado para eu perder o controle!O Cheiro bom de Amanda, o corpo quente dela roçando o meu enquanto nós nos movemos lentamente ao som dessa música é de enlouquecer qualquer um!Reprimo um suspiro.Allah! Dai-me forças para resistir a mais essa provação!Segure-me em seus braços esta noitePreencher minha vida com prazerNão vamos perder este tempo preciosoEste momento é nosso tesouro Segure-me em seus braços esta noiteNós vamos fazer isso durar para sempreQuando o sol aparece pela manhãNós vamos encontrar o nosso caminho juntosFungo nos cabelos de Amanda, tentando acalmar as batidas do meu coração.Como se isso fosse possível...Hoje à noite a magia começ