- Antônia, ser tua amiga é a maior sorte da minha vida. Obrigada por todos esses anos juntos. - Pare com isso! Onde você tá? Eu vou aí agora! Ah, o Mateus me ligou perguntando por você, acho que ele te perdoou, ele tá vindo te encontrar! Antônia saiu correndo até a praia. Olhando ao redor, ela viu uma silhueta magra e branca em pé no penhasco à distância. - Aline! Não pula, pelo amor de Deus! Eu tô te vendo! Já tô indo aí! - Eu sempre quis o perdão dele, mas agora tanto faz... Desde que nos conhecemos, foi um erro. Se eu tivesse ouvido o Gabriel desde o começo, casando com alguém que eu nem conhecia, talvez eu não estivesse sofrendo tanto agora. O Gabriel tinha razão, resistir tem seu preço. - E a Julieta? Você ainda tem a Julieta! Mesmo que você não queira mais o Mateus, nem a mim, e a Julieta? Ela é tão pequena! Você vai deixar ela sem mãe? Ao ouvir sobre Julieta, Aline hesitou por um momento. Mas ela apenas sorriu. - Julieta... Eu sinto muito por ela, mas eu não consig
Então, ela pulou no mar, porque estava decidida a não querer mais viver.Mateus ajoelhado, com as costas rígidas, mostrava seu desânimo. Desde quando Aline começou a ter esses pensamentos? Na última vez, no Lago de Tinta, quando ela entrou na água, foi então que ela já pensava em suicídio? Ele sempre achou que era porque ele tinha ganhado a guarda da Julieta, e ela estava apenas triste por isso... Então ele prometeu a ela, ver a Julieta uma vez por semana. Ele pensou que assim ela não pensaria mais em suicídio... Ele achou que ela só estava tentando forçá-lo a perdoá-la... Mas tudo isso era apenas o que ele pensava. Mesmo não querendo mais ele, por que ela poderia deixar a Julieta para trás? Mateus, com os olhos vermelhos de chorar, ajoelhado, desesperado e derrotado. Ele já a tinha perdoado. Ele estava... planejando pedi-la em casamento. Por que eles sempre estavam se desencontrando, constantemente se perdendo um do outro... Quando ele planejava felizmente o
As palavras de Mateus deixaram o capitão da equipe de resgate surpreso. Ele olhou para Gustavo... Gustavo concordou: - Temos que encontrá-la, seja ela viva... ou morta. - Certo! Faremos o nosso melhor! - respondeu o capitão, olhando para o vasto e escuro mar, soltando um suspiro leve. As ondas da noite eram furiosas. Provavelmente, a garota foi arrastada para longe pelo mar logo após pular. Três horas já se passaram desde que ela pulou, sem saber quantas vezes foi arrastada pelas ondas... provavelmente... A operação de resgate continuou até a madrugada. Pouco depois das quatro da manhã, uma luz branca começou a brilhar no horizonte marinho. Antônia, depois de se acalmar um pouco no carro, voltou para o local. Ela agarrou a gola da camisa de Mateus, gritando: - É isso que você queria! Você a odiava, a torturava, fazia com que a mídia a boicotasse, forçando-a a cantar em bares para ganhar dinheiro! - Você ficou três anos na prisão, você é a vítima, mas e ela? Ela
- Você está louco! Mateus, você já passou a noite inteira ajoelhado aqui, Julieta já perdeu a mãe, você quer que ela perca o pai também? Os olhos de Mateus finalmente mostraram alguma emoção.Sim, Julieta ainda está em casa, esperando que ele traga Aline de volta... O celular tocou, mostrando uma ligação do telefone fixo da Vila Panorama Real. Sem dúvidas, era Julieta ligando. Por um momento, Mateus quis fugir. Gustavo, percebendo, disse: - Se você não souber o que dizer, eu posso atender por você. Talvez seja melhor não contar nada para a Julieta por enquanto. Mas Mateus atendeu a ligação. Do outro lado da linha, veio a voz de Julieta: - Papai, você encontrou a mamãe? Ela aceitou o seu pedido de casamento? A mamãe estava feliz? Aquele anel de diamante rosa é tão lindo, mamãe deve ter adorado! É, o diamante rosa é lindo. Mas Aline nem teve a chance de vê-lo. - Julieta. Sua voz pausou. - Hm? Papai, o que aconteceu? A mamãe recusou? Sua voz soa tão triste. E
Mateus segurou o frasco de medicamento e se sentou no sofá. Após sair da prisão, ele tomou esse remédio por um tempo. Mas, como ele tinha transtorno bipolar, mais tarde mudou para carbonato de lítio. Enquanto ele refletia, o celular tocou. Era Antônia ligando. Ele atendeu o telefone. - Tem uma coisa que eu nunca te disse, Aline não queria que eu falasse, depois pensei que talvez ela tivesse melhorado, então acabei esquecendo. Mas agora, lembrando que ela se jogou no mar, pode ser que a depressão dela tenha voltado. - Você não fica curioso sobre como ela conheceu o Rui? - Desde que você foi preso, Aline viveu em agonia. Ela é tão bondosa, sempre se sentindo culpada, embora ela nunca dissesse, mas eu podia sentir, nestes seis anos, ela sempre viveu sob essa sombra. - Três anos atrás, por causa de insônia, ela tomou muitos remédios para dormir e teve que ser levada ao hospital para lavagem estomacal, felizmente foi salva a tempo. Naquele momento, Rui estava de plantão na
- 3 de outubro de 2017, ensolarado. Estou grávida de quase quatro meses, os enjoos matinais estão terríveis, não consigo comer nada. Antônia foi até o bairro sul para me trazer um prato de ravióli, que delícia. Ultimamente, tenho incomodado Antônia para me acompanhar nos exames pré-natais, não sei como poderei recompensá-la no futuro. - 31 de dezembro de 2017, neve forte. Hoje à noite é véspera de Ano Novo, eu queria ir ver Mateus, mas minha barriga está grande, tenho medo que perceba. Além disso, ele provavelmente não quer mais me ver. - 1º de janeiro de 2018, Mateus, feliz Ano Novo. Embalei ravióli e pedi a um guarda para levar para você, implorei por muito tempo até ele aceitar. Mas se você souber que fui eu quem mandou, provavelmente vai jogá-los fora. - 12 de fevereiro de 2018, chuvoso. É uma menina, ela é tão linda. Antônia será a madrinha, ela me perguntou que nome daríamos à criança, pensei por muito tempo e lembrei da nossa história favorita, então, Julieta. É minha culp
Câncer de pulmão… Mateus apertou o diário com tanta força que as pontas dos seus dedos ficaram brancas. Cada palavra de Aline era como um espinho perfurando seu coração.Ele sentia como se seu coração estivesse sendo esmagado, a dor era tão intensa que ele mal conseguia respirar.Durante os seis anos em que ele não esteve ao lado dela, Aline cuidou sozinha de Julieta, enfrentou assédio no trabalho e sofreu com a depressão... Mas o que mais machucava Mateus era que estas eram apenas as dores que ela havia registrado em seu diário. As agruras não documentadas certamente eram ainda mais profundas.Ele temia imaginar quão dura tinha sido a vida dela, quão imensos tinham sido seus sofrimentos. Segurando o diário, ele nem mesmo tinha coragem de continuar lendo.Suas palavras eram como lâminas afiadas, incessantemente torturando-o.Ela continuava pedindo desculpas, expressando culpa, dizendo-lhe que sentia muito. Agora, esses pedidos de desculpas eram como facas cortando sua carne, penet
Mateus olhou para Julieta com uma expressão bastante serena. Até que Julieta segurou sua mão: - Papai, por que sua mão está tão fria?Ele se agachou para ficar à altura dela. Seu pomo de adão moveu-se em dificuldade, engolindo várias vezes antes de conseguir falar. Sua voz saiu rouca: - Sua mãe ainda não está pronta para me aceitar.A pequena mão de Julieta acariciou a cabeça de Mateus:- Não fique triste, papai. Na próxima vez que eu ver a mamãe, vou falar bem de você. Ela é tão bondosa, vai te dar outra chance. Ela ainda gosta de você, não perca a esperança.Mateus apenas a observava. Ela era tão parecida com sua mãe, parecia uma pequena Aline.Os olhos de Mateus se avermelharam, e ele segurou as lágrimas, demorando um bom tempo antes de conseguir dizer uma palavra:- Tá.- Papai, você está chorando?- Não, foi só o vento.- Ah, tá bom então, papai. Estou com sono, posso levar o Batata para dormir comigo?- Claro.Julieta pegou o gordinho Batata nos braços e desejou: - Boa noi