- Francisco, o que foi?Francisco deu uma olhada no relógio e perguntou:- Onde você estava? Já é tarde pra voltar pra casa.- Eu... Eu fui tomar uns drinks com uns amigos, qual o problema?Ela tentou manter a leveza enquanto entrava e jogava sua bolsa no sofá.Francisco não deixou de repreendê-la:- Sara, você é uma moça, não fica bem ficar indo ao bar beber toda hora. Já são dez horas, se algo acontecesse com você na rua, se encontrasse algum bandido, sua vida poderia ser arruinada!- Vivemos em uma sociedade de leis, não tem tantos bandidos assim na rua. Mas sei que você diz isso porque se preocupa, obrigada.Sara correu até ele e abraçou seu braço, fazendo manha.Francisco não estava no clima para brincadeiras e se soltou:- A mãe da Aline faleceu. Tenho que ir fazer uma homenagem amanhã de manhã. Fique tranquila em casa, tá?Sara fingiu surpresa:- A mãe da Aline? O que... o que aconteceu?- Parece que foi um acidente, mas não sei os detalhes. Amanhã cedo vou lá para saber mais.-
Aline permaneceu ajoelhada em frente ao altar durante toda a noite, em um estado quase trance.Julieta a acompanhava, também ajoelhada.Ela estava exausta, mas resistia ao sono.Temia que, se adormecesse, sua mãe a deixaria para se juntar à avó em um lugar melhor....Lá embaixo, dentro de um carro preto Maybach.Mateus sentado no carro, remexeu no porta-luvas e tirou um celular antigo.Era um modelo de casal.O dele era preto o de Aline, branco.Até os números de telefone dos dois celulares eram sequenciais.Esse número havia sido desativado por três anos.Depois que ele saiu da prisão, por algum impulso, recarregou o telefone e manteve o número.Ele nem sabia por que fazia isso.A razão dizia que era inútil, uma baixeza, um delírio que não deveria existir.Mas os sentimentos são selvagens, selvagens o suficiente para fazer perder o controle.E Aline, como um pedaço de agarwood, inicialmente não parece intoxicante, até mesmo fazendo-o acreditar que tudo estava sob controle, que podia
Aline colocou cuidadosamente a urna funerária na cova.- Mãe, descanse em paz.O encarregado do sepultamento perguntou:- Tem mais alguma coisa para colocar? Se não, vou fechar agora.Aline assentiu.- Pode fechar.O encarregado encaixou a tampa com precisão, selando a sepultura.Aline, vestida de preto, parou diante do túmulo e se inclinou profundamente.Em seguida, os demais presentes também se aproximaram para prestar suas homenagens.Mateus estava um pouco afastado, observando tudo calmamente.Julieta virou-se e viu o pai.Ele estava sozinho, parecendo bastante solitário.Ela correu até Mateus, segurando sua mão.- Pai, vem se despedir da vovó conosco. Ela nem sabia que eu tenho um pai tão bonito!Julieta, ainda ingênua sobre toda a situação, puxou Mateus para mais perto.Mateus parecia relutante.De fato, ele não tinha o direito de estar ali, muito menos de prestar homenagens a Maria.Mas Aline não o repeliu, sua reação à presença de Mateus foi surpreendentemente tranquila.Tranqu
Julieta abraçou o pescoço de Aline e perguntou:- Mãe, o que foi? Você vai sentir minha falta?- Um pouco.Mas ela podia aguentar.Algumas coisas, se não pensarmos demais sobre o futuro, não são tão dolorosas.Aline abraçou Julieta com força.De repente, Mateus disse:- Se você não quer ir para a Vila Panorama Real, Julieta pode ficar alguns dias com você.Ela soltou Julieta.- Não precisa, teremos muitas outras oportunidades de nos vermos. Leve-a com você, eu quero ficar sozinha nos próximos dias.Ter Julieta por mais alguns dias só aumentaria seu sentimento de culpa.Mateus tinha razão em uma coisa.Quanto mais laços criamos, mais doloroso é lembrar depois.Ela não queria que Julieta ficasse pensando nela, preferia que Julieta a esquecesse.Julieta, com sua mão, tocou o rosto de Aline:- Mãe, fique bem, ainda tem eu e o papai.- Eu sei.O diretor do sanatório entregou os pertences de Maria para Aline.- São os pertences da sua mãe. Eu pedi para que os funcionários organizassem ontem.
Na última vez aqui, foi há seis anos.Mateus estava no banco dos réus, e ela, no banco das testemunhas.E desta vez, ela ainda estava no banco das testemunhas.Mas no banco dos réus, estavam Gabriel e Thiago.- Aline, por favor, não faça nenhuma bobagem! Mateus está te enganando!- Mana, você tem que nos ajudar, somos sua família! Mateus não é nada!Gabriel e Thiago a olhavam suplicantes, esperando que ela os protegesse.Mas pessoas como eles, que fizeram tanto mal, nunca se arrependeriam.Aline os ignorou.O juiz bateu o martelo:- Testemunha Aline Ribeiro, na noite de 6 de junho de 2017, às dez horas, onde você estava? Como pode provar que o responsável pelo atropelamento fatal de Rodrigo Costa naquela noite não foi Mateus Barros?Aline tirou um antigo celular branco.Ela disse, palavra por palavra:- Na noite de 6 de junho de 2017, às dez horas, eu estava com Mateus em um apartamento alugado no Condomínio Sol Nascente, celebrando meu aniversário. Aquela noite, gravei um vídeo e post
O juiz bateu o martelo com força,- Mantenham-se em silêncio!Gabriel, sentindo-se injustiçado, disse:- Senhor juiz, eu realmente não conheço esse homem com a cicatriz! Deve ser um impostor trazido por Mateus! Eles devem estar conspirando juntos!O homem apresentou um comprovante de transferência bancária:- Aqui está o pagamento que ele me prometeu há três anos para assassinar Mateus. O remetente não é o Gabriel pessoalmente, mas uma empresa registrada em seu nome, dizendo que era um salário. O que um delinquente como eu, sem nem ter terminado o ensino fundamental e com antecedentes criminais, faria em uma empresa para ganhar duzentos mil reais por mês?Ele entregou o comprovante ao tribunal.Gabriel cometeu muitos erros, estava envolvido em muitos casos e, devido à sua posição especial e à recusa em admitir sua culpa, o veredicto não pôde ser anunciado imediatamente.- Fim da primeira audiência!- Todas as evidências apresentadas serão verificadas o mais rápido possível!- A data do
- Sr. Mateus, por favor, responda! Você ainda odeia a Srta. Aline?Após um momento de silêncio.- Eu a odiei por seis anos, agora quero me perdoar. - Ele disse, seus olhos revelando uma profundidade como o mar solitário e profundo....Depois de sair do tribunal de Viso.- Sr. Pedro, pode me deixar na estação de ônibus? Prefiro pegar um ônibus para casa. - Aline falou, sentada no banco de trás.- Srta. Aline, por favor, não me peça isso. O Sr. Mateus me instruiu a garantir que você chegue em casa com segurança. Com o julgamento terminando, o impacto disso é muito grande, tanto em Viso quanto em Aeminium. Tem muita conversa por aí. Srta. Aline, talvez seja melhor limitar suas saídas agora para evitar os repórteres. - Pedro respondeu.- Certo, obrigada pelo aviso. - Aline assentiu.Pedro, olhando pelo retrovisor, hesitou antes de falar:- Srta. Aline, não sei se devo dizer, mas acho que você e o Sr. Mateus estão como que perdidos na névoa, sem conseguir ver claro. Como alguém de fora que
Depois de lidar com os repórteres insistentes, Mateus entrou no carro de Gustavo.No caminho de volta para Aeminium.Gustavo comentou:- Nossa, deve ser uma sensação incrível finalmente ter a justiça ao seu lado e limpar seu nome, hein? Que tal irmos beber algo para comemorar hoje à noite?Mateus, que em seus sonhos mais fervorosos desejava limpar essa mancha em sua vida, agora que o sonho se realizava, não se sentia tão feliz quanto imaginava.- Não é grande coisa.Até sentia uma certa melancolia.O celular de Gustavo tocou, era Antônia.Ele atendeu no viva-voz.- Oi?- Combinei com Aline de irmos para Mar do Sol amanhã, não vamos voltar à noite. Avise a mãe que só volto no próximo sábado para o jantar com eles.- Você vai para Mar do Sol com Aline?- É, por quê? Você também quer ir?Gustavo lançou um olhar para Mateus.- Por mim, tanto faz, mas... não sei se o Sr. Mateus gostaria de ir.- Mateus? Melhor não, a relação dele com Aline está meio complicada agora. Se ele for, tenho medo