- Obrigada, doutor. Aline agradeceu ao médico.Julieta foi levada para o quarto do hospital.Aline ficou ao seu lado.Mateus permaneceu ali, parecendo completamente fora de lugar.- Sr. Mateus, eu estou aqui, se você tiver coisas para fazer, pode ir. Qualquer coisa, eu ligo para o Pedro. Aline esperava que ele saísse sem hesitar.Contudo, Mateus simplesmente sentou-se em um sofá ao lado, sem mostrar nenhuma intenção de ir embora.- Julieta é minha filha, eu não vou abandoná-la aqui sem responsabilidade. Sua declaração soou como uma crítica a Aline.Ela mordeu o lábio, sentindo que precisava explicar: - Naquela época, Sr. Mateus, você arruinou meu trabalho, nenhuma empresa queria me contratar, então eu tive que fazer bicos à noite... Se não fosse por necessidade, eu jamais teria deixado Julieta sozinha no hospital.- Você está me culpando?- Não, eu só estou explicando a situação. - Aline respondeu, sem querer parecer defensiva.Agora, parecia que a culpa era dele.Os dois adultos p
- Sua mão, foi queimada enquanto fumava? - Aline perguntou, observando as marcas profundas de queimadura nos dedos indicador e polegar de Mateus, que pareciam ser uma combinação de novas e antigas lesões. Anteriormente, ela havia notado, mas devido à tensão do reencontro, não se atreveu a perguntar. Embora a relação entre eles ainda fosse complicada, pelo menos agora podiam conversar calmamente.- Não. - Mateus respondeu secamente, recolhendo a mão.Aline percebeu que ele não estava disposto a falar sobre isso e decidiu não insistir. Saber quando parar era a melhor habilidade que Aline estava aplicando agora.À noite, quando Mateus voltou com comida, Aline lhe entregou um tubo de pomada para queimaduras: - Peguei isso para você com o médico. Use se quiser, ou jogue fora se não quiser.- Comida. Ele respondeu, querendo cortar a conversa o mais breve possível.Aline estava prestes a colocar a pomada de volta na mesa para pegar a comida das mãos de Mateus, quando ele subitamente pego
Julieta ficava cada vez mais agitada enquanto falava, até que engasgou e começou a tossir sem parar. Aline rapidamente a acalmou, falando com uma voz suave: - Eu nunca vou te deixar, eu te amo tanto, como eu poderia te abandonar? Julieta, foi minha culpa, eu não deveria ter dito aquelas coisas, está bem?Mateus entrou no quarto: - Sua mãe e eu, vamos sempre estar com você.A voz calma e firme do homem agiu como um tranquilizante. Ouvindo o pai falar assim, Julieta parou de chorar imediatamente. Ela assoprou o nariz, formando uma bolha: - Papai, é sério?- Sério. - Mateus confirmou.Julieta acenou: - Papai, vem aqui!Mateus aproximou-se da cama. A pequena pegou as mãos de Aline e Mateus e as uniu. Com uma seriedade de adulto, ela os repreendeu: - Então, façam as pazes, sem mais brigas, tá?- Julieta... - Aline hesitou, sem saber o que dizer.Mateus segurou a mão de Aline e disse à filha: - Estamos bem agora, e você não pode chorar mais.Julieta assoprou a bolha de nariz e parou
Ao ver a tristeza de Julieta, Aline sorriu imediatamente: - Olha, estou sorrindo agora! Vamos tirar a foto, eu só não tinha pensado em como sorrir antes.A pequena se animou de novo.Na foto, a família parecia incrivelmente aconchegante.Pai bonito, mãe gentil, criança adorável.Eles tiraram várias fotos, e Julieta passou um bom tempo olhando para elas.Parecia que a pequena tinha os adultos completamente sob seu controle, fazendo-os fazer qualquer coisa que ela quisesse, em total harmonia.Após uma tarde de "trabalho", Aline alimentou Julieta com um pouco de creme de ovo.Como Julieta ainda estava com o soro, ela não estava muito faminta e comeu pouco.Depois de comer, Julieta bateu na cama ao seu lado.- Papai, vem aqui também, estou com sono, me conta uma história antes de dormir!Mateus sentou-se ao lado dela, e Julieta aconchegou-se em seus braços.- Que história você quer ouvir antes de dormir? - ele perguntou.A pequena, com sua doçura característica, respondeu: - Eu amo qualq
Aline ficou do lado de fora por um bom tempo, tentando acalmar os pensamentos. Ela temia a reação de Julieta ao descobrir que as visitas seriam apenas uma vez a cada meio mês. Abrindo o álbum de fotos no celular, ela chorou ao ver as poucas fotos de família que tinham. Alguns momentos são eternos, mesmo que breves, como essas fotos que jamais imaginou ter com Mateus.Na manhã seguinte, Antônia e Gustavo visitaram Julieta no hospital. Antônia trouxe um conjunto de Lego para Julieta: - Aposto que está entediada aqui no hospital. Quando estiver, monte esta árvore de Lego que sua madrinha comprou para você.Julieta, com os olhos brilhando, agradeceu: - Nossa, madrinha, você me mima demais! Obrigada!Gustavo, querendo chamar atenção, disse: - Embora tenha sido a madrinha que escolheu, fui eu quem pagou. Por que não me agradece?- O marido da madrinha? - Julieta olhou ao redor, procurando.- Onde está o marido da madrinha? - perguntou, olhando para trás de Gustavo.- Pirralha! Você é i
Julieta teria que ficar alguns dias no hospital, então Aline voltou para casa para buscar algumas roupas limpas para ela. Nos últimos dias, com a companhia dos pais, Julieta estava extremamente feliz. Provavelmente por ter se agitado muito durante o dia, ela adormecia rapidamente à noite.Aline observava o rosto sereno da filha dormindo e suspirava levemente. Ela tirou um caderno e uma caneta da bolsa e riscou o primeiro desejo da lista. Era improvável que Mateus a acompanhasse para ver Mar Sereno agora. Ele já sabia da existência de Julieta e havia assumido a guarda da filha. Aline não tinha mais um "segredo" para usar como leverage.Mas, afinal, quem não tem um ou dois arrependimentos na vida?Quando Mateus entrou no quarto, Aline rapidamente fechou o caderno e o guardou na bolsa. Ela estava tão preocupada em esconder o caderno que esqueceu que o celular estava com a tela acesa, mostrando um aplicativo de empregos.Percebendo isso, Mateus viu a tela iluminada do celular dela. A
Engolindo seu ressentimento e relutância, Sara olhou para Julieta e disse:- Desculpe, foi um erro da minha parte. Você pode me perdoar?Julieta, com os lábios apertados, olhou para a mulher que considerava má e respondeu sem dar face:- Não.Sara estava prestes a explodir, mas Francisco segurou seu braço, impedindo-a.Foi então que Mateus falou:- Quando você erra, pedir desculpas é sua responsabilidade, mas a outra parte tem todo o direito de não aceitar. Sara, eu não vou te responsabilizar desta vez, por consideração ao seu irmão. Mas se houver uma próxima vez, nem seu irmão poderá te salvar.O tom de Mateus não era severo, mas carregava uma autoridade indiscutível.Sara, com o rosto baixo, sabia que não podia mais causar problemas.Francisco falou:- Mateus, obrigado por entender a Sara. Daqui pra frente, vou ficar de olho nela para não deixar que ela faça mais besteiras.Francisco e Sara saíram do hospital. Sara não demorou a mostrar sua verdadeira face e, voltando-se para Franci
Francisco retirou sua mão e, com a cara fria, disse:- Eu não vou te ajudar.- Francisco, se você se contenta em ser menos, problema seu, mas não tem o direito de me fazer descer ao seu nível!Dito isso, Sara virou-se e, com passos firmes em seus saltos altos, se afastou furiosamente. Francisco ficou ao lado do carro, observando a figura de Sara se afastando, o rosto carregado de preocupação. Ele temia que Sara pudesse se perder em um caminho errado. Se esse dia chegasse, ele se preocupava em não ser capaz de protegê-la.Cansado, Francisco se recostou no carro. Ele abriu o compartimento de armazenamento, prestes a pegar um cigarro, mas seus dedos tocaram uma foto ao invés disso. A foto estava rasgada, cortada ao meio. Originalmente, havia três pessoas na imagem: ele, Aline, e Mateus. Era a única foto que ele tinha junto com Aline, ainda que indiretamente, graças a Mateus. Naquele dia, ele e Mateus estavam tirando fotos de formatura do doutorado, e Aline estava lá por Mateus. Por