Março de 1604

Capítulo 2

"Uma escolha errada pode mudar seu destino,

mas uma escolha certa também o pode mudar."

-Autor Desconhecido-

〰️〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️🍀〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️〰️

Entro na sala de meu pai, me sentando no sofá estofado, é macio e confortável, espero por alguns minutos sentindo o cheiro familiar do escritório, lembro de quando era pequena e me escondia aqui para ver meu pai em suas reuniões, ele nunca me descobriu, ou se descobriu nunca disse nada.

Hoje quando acordei decidi ir na casa de meu amigo, quer dizer não exatamente amigo, tenho um amor pelo jovem filho do Duque de Azzurro. Na verdade ele ainda não pegou o título de Duque porque seu pai quer o dar mais tempo para se preparar, mas isso não vai demorar muito porque o Duque atual está muito doente e não vai conseguir ficar no poder por muito tempo o que deixa Allan super atarefado.

Estou à espera de me pai para pedir que esperasse meu retorno para tratar sobre os assuntos do casamento e também para me emprestar a carruagem para ir até Azzurro, ou posso simplesmente ir a cavalo até lá mas sei que ele prefere que eu vá de carruagem.

Olho o escritório querendo guardar na memória cada detalhe, viro o rosto vendo a grande estante de livros de diversos assuntos, a mesinha a sua direita onde repousa uma jarra e dois copos, a grande mesa de meu pai com seus vários papéis, e à suas costas tem a grande janela com cortinas pesadas, sobre a mesa há várias canetas, folhas em branco e outras que não sei sobre o que é são, uma grande bagunça.

Quando ia em direção a mesa escuto o barulho da porta se abrindo e me viro encontrando o olhar de meu pai sobre mim, ele parece triste talvez por minha causa, ou por causa da situação terrível em que se encontra o ducado. Suspiro e lhe lanço meu sorriso tímido de pedido de desculpas, odeio brigar com meus pais porque não sei o que pode acontecer amanhã. Se estou sendo falsa? Sim. Porque? Quero ir até Allan e de lá irei sumir para sempre, não sou mais nenhuma criança sei me cuidar muito bem agora, pelo menos acho que sei o que faço.

–Me desculpe por ontem... -estou constrangida e não gosto da imagem de meu pai triste por minha causa, ainda mais por causa de uma birra que fiz.

–Sei que fui rude, mas o senhor me pegou de surpresa, entrei em pânico. -falo embolando as palavras, nem tudo é mentira, realmente sinto muito por ter agido daquela forma com ele ontem, mas eu não quero mesmo me casar.

–Eu sei que não quer se casar, mas é nossa última saída, sua irmã fez com que perdêssemos muito dinheiro quando ficou doente, estamos com muitas dividas. -diz cauteloso, seu rosto está abatido e sei que ele está fazendo o que pode parar manter o ducado.

–Tudo bem pai. Eu entendo. Vou me casar com o filho desse duque, mas primeiro quero visitar Allan, passar uns dias por lá, só para me preparar psicologicamente para os preparativos do casamento. -falo uma meia verdade pra ele, preparativos para a minha fuga isso sim não irei me casar com ninguém e mesmo que isso cause problemas ao meu pai e uma das minhas irmãs tenha que se casar em meu lugar, só espero que tudo dê certo.

–Katherine, sabe que isso não é bom para uma mulher que ficou noiva. Ir na casa de um rapaz solteiro, ainda por cima perto da data de anúncio do noivado. -ele começa mas faço minha melhor cara de cachorro choroso e o mesmo suspira pesadamente.

–Vou preparar sua saída, pode ficar por quanto tempo quiser, saiba que só quero o seu bem. -vem até mim e me dá um beijo na testa, virou-se e saiu do escritório me deixando sozinha com meus pensamentos.

Agora vai ser minha última chance de mudar meu destino, vai ser meu momento de tentar lutar pelo que quero e agarrar pelo menos um pedaço desse sentimento que guardo em meu peito. Pego uma das canetas do meu pai á qual eu gosto mais e algumas folha, sigo até a porta e saio olhando o lugar em que mais tenho memórias infantis. Esta na hora de agir, de mudar meu rumo nesta história e me fazer feliz mesmo que para isso eu faça outros tristes ou infelizes.

〰️〰️〰️〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️🍀〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️☘〰️〰️〰️〰️〰️〰️

Olho com esperança o sol se por, passei o dia aqui, sentada em baixo das escadas do imenso salão de baquete que a meses não é usado. Nem café da manhã tomei direito não por falta de fome, mas sim para poder fugir da conversas sobre o casamento. Aqui em minhas mãos estão todas as cartas que escrevi depois de deixar o escritório do meu pai, começo a arrumar as coisas que trouxe, a caneta de pena o tinteiro e as folhas que sobraram, junto o pano que trouxe até aqui para ficar um pouco mais confortável ao invés de sentar no chão duro.

Olho se não vem ninguém e subo as escadas para ir de volta ao meu quarto, me escondi aqui o dia todo e só tomei um banho hoje, meu corpo está sujo, só quero me limpar, comer algo e descansar, amanhã irei até Allan. Lá vai ser minha última parada antes da minha fuga alucinada, não que eu queira causar problemas para minha família, mas também não quero viver uma vida infeliz junto de alguém que não amo e não conheço.

Não ia fugir, mais depois de pensar por horas, decidi que não quero ser infeliz, por isso estou indo embora sozinha e sem me importar com nada. Na verdade ainda estou me importando com o que meus pais iram fazer depois que eu sumir e não tiver mais casamento, então escrevi cartas para todos. Passo depressa pelos corredores me escondendo dos criados, finalmente estou no corredor do meu quarto, quando olho para frente sou surpreendida por uma figura esbelta saindo correndo do quarto.

Waiolete minha irmã, acaba de sair do meu quarto de forma suspeita. Ela tem um olhar perdido e triste, mas nem ao menos me notou perto dela quando saiu e já ia passar rápido por mim quando segurei em seu braço lhe dando um susto.

–Waiolete, você está bem? -questiono e vejo ela se assustar e deixar cair um envelope de cor marfim com rose no chão, antes que eu possa pegar ela rapidamente abaixou-se pegando como se sua vida dependesse daquilo, sorriu totalmente desconfortável e respondeu com a voz baixa e olhar vago.

–Sim, estava te procurando. Mas Kari já me ajudou. -ela esta diferente, parece mais cheinha e corada, com o corpo mais cheio de curvas acho que minha borboleta esta crescendo e se tornando uma mulher.

Olho em seus olhos e pego em sua mão. Ela me olha ternamente sorrindo fraco, se tem algo em Waiolete que se marca em qualquer lugar é seu sorriso, contagia a todos com sua imensa alegria, mas agora parece apenas um esboço triste de um sorriso.

–Agora retornarei ao meu quarto. Tenho lições a fazer. -da um aceno de cabeça soltando minhas mãos e sai em direção ao longo corredor sem nem olhar para trás.

Fico um tempo parada observando ela sumir no corredor depois entro em meu quarto e não encontro Kari, deve ter ido fazer seus afazeres ou esta com sua mãe. Dou de ombros e jogo as coisas que não irei mais usar na poltrona pegando apenas as cartas e colocando na almofada. Me dirijo a penteadeira, sentando e me abaixo para tirar os sapatos, enquanto faço isso vejo uma coisa pequena pendendo de dentro de meu travesseiro, mas apenas ignoro me dirigindo ao banheiro, não quero pensar em mais nada agora além de tomar um bom banho e relaxar.

Sento na cadeira posta ali para que eu possa me despir mais facilmente, tiro os grampos do cabelo os deixando livres e soltos, levanto e vejo a banheira cheia, coloco a mão na água ainda esta morna o que indica que Kari passou por aqui a não muito tempo, tiro minha roupa e entro sentindo meu corpo relaxar automaticamente. Encosto minha cabeça na banheira fechando os olhos apreciando a água e o silêncio, pensando em todo o meu plano, meu corpo vai ficando mais leve e me entrego ao cansaço do longo dia que passei pensando em como me livrar de um casamento indesejado por mim.

Minha única solução plausível é fugir. Quero não pensar nisso agora mas essa vai ser minha única oportunidade de não ter que me casar, então sim irei para longe deixando apenas um grande problema no colo do meu pai e da minha família.

🌺🌺🌺🌺🌺

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo