Março de 1604

Capítulo 5

“Não que eu tenha te esquecido, apenas parei de me importar com você e passei a olhar mais para mim.”

-Autor Desconhecido-

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Observar, tudo que tenho que fazer é observar o silêncio constrangedor que há nessa sala agora. Não que eu esteja reclamando e apenas ter que ficar sentada aqui observando, afinal eu sou boa nisso, em observar as pessoas pelo menos é o que acho que sou boa.

–Senhor Viollence, digo Duque... -ele parece realmente nervoso agora na frente do meu pai, mas foi corajoso antes quando falou comigo.

–Fique calado. -meu pai responde enquanto fuga seu charuto, em uma mão há o charuto pela metade e na outra um copo com uma dose de alguma bebida forte.

Nos últimos quinze minutos não falamos nada e meu pai apenas olhava de Nicolas para a parede e depois voltava novamente a olhar Nicolas, acho que esta pensando em um jeito de jogá-lo na parede sem que Nicolas fique muito ferido, sorrio de leve com o pensamento.

–No que diabos estava pensando? -meu pai finalmente parece disposto a falar, ele vira o copo na boca e b**e o mesmo na mesa em sua frente em seguida.

–Senhor Duque eu... -meu pai não parece que quer deixar Nicolas falar e não me atrevo a falar nada pois pode acabar sobrando para mim.

–Minha filha tem dezessete anos, uma menina pura e doce. Mas você.... -ele para apertando os punhos com força e então se levanta, suspiro já sabendo o que vem em seguida.

Se Nicolas Sarkozy sobreviver a isso eu mesma irei ajudá-lo com tudo possível, tiro a caixa de charutos da mesa junto com a garrafa de bebida e em segundos vejo o corpo do rapaz se chocar contra a mesa, pobre mesa, mas uma vez teremos que trocar por uma mais resistente.

Porque digo mais uma vez, a uns anos atrás quando nossa família começou a afundar um comerciante rico que passava pelo território tentou comprar minha irmã Louise pelos seus muitos talentos o meu pai ficou furioso e arremessou o comerciante sob a mesa lhe batendo quase até a morte, depois disso quase nenhum comerciante se atreveu a falar sequer o nome de suas filhas.

–Senhor Viollence, vai matá-lo. -vejo Johnson tentando tirar meu pai de cima do pobre rapaz que nem tentou se defender, suspiro sabendo que terei que intervir para que meu pai volte a si.

–Oh, pobre Waiolete antes mesmo do filho nascer já não haverá mais um pai para a criança, será mãe solteira. -falo alto e vejo os olhos do meu pai virem até mim, levanto uma sobrancelha enquanto o encaro de volta, sei que com isso ele vai parar, mesmo que volte a perturbar Nicolas de novo essa vai ser a primeira e última vez que meu pai vai bater nele.

–Johnson, leve ele a um quarto e mandem tratar dele. -meu pai diz enquanto tira o blazer jogando em algum canto e afrouxa as abotoaduras, então passa os dedos ensanguentados pelos cabelos os bagunçando.

–Sim senhor, rapazes entrem e leve o senhor Nicolas para tratamento. -vejo todos saírem e ficamos apenas eu e meu pai em silêncio, o vejo bufar quando se senta na poltrona novamente.

–Mais calmo agora papai? -pergunto e ele dá um sorriso, conheço esse sorriso ele estava bravo antes de bater em Nicolas mas agora se sente melhor por ter descontando sua fúria.

–Como isso aconteceu? Sabe de alguma coisa? -pergunta e nego, nem ao menos conhecia Nicolas até hoje quem dera saber de algo sobre a relação deles.

–Irei pedir a Johnson que investigue o rapaz, se houver qualquer coisa suspeita sobre ele nos podemos o ensinar a como os Viollence vivem. -falo enquanto caminho para a saída, escuto a risada do meu pai ecoar pela sala quando abro a porta.

–Sim, vamos ensinar a ele. -diz e saio do lugar fechando a porta atrás de mim e o deixando sozinho, se tem uma coisa que sei sobre meu pai é que ele tem a capacidade para acabar com a vida de alguém se ele quiser, mas que também é um homem que retribui tudo que recebe em até dez vezes mais.

A primeira coisa que aprendi quando estava seguindo meu pai por aí, foi que nunca, em hipótese alguma, se deve acreditar nas palavras de desconhecidos sem ter pelo menos investigado um pedaço de sua vida, porque se há fumaça há fogo e onde tem fogo sempre tem gente na pior.

–Senhorita, gostaria de falar com o duque ou a duquesa. -olho para o lado vendo o irmão mais velho de Kari e também nosso medico da família, suspiro sabendo que isso vai sobrar para mim mesmo.

–Esquece, papai vai estar atolado com buscas e outras coisas até depois de amanhã, e mamãe você mesmo deve ter visto. -digo e passo pelo mesmo que me segue de perto.

–Sua irmã Waiolete está mesmo grávida, de pelo menos cinco semanas. -viro para ele arregalando os olhos, se são cinco semanas foi no dia da viagem à capital. –Ela está um pouco desnutrida mas irei receitar alguns medicamentos para sua nutrição e do bebê.

–Espera, preciso pensar um pouco. -falo levantando a mão para que ele se cale um pouco, cinco semanas atrás tivemos uma viagem para a capital que era para toda a família mas Lídia teve febre e somente eu e papai fomos representando a família Viollence, ficamos por lá uns dez dias e então voltamos.

Se foi mesmo nessa época não tinha uma supervisão sobre minhas irmãs porque mamãe estava ocupada com Lídia e papai estava na capital comigo e Johnson, agora as peças se encaixam perfeitamente. Mas a quanto tempo Nicolas trabalha aqui? Não me lembro de vê-lo entre os guardas, nem mesmo durante o treinamento de alguns dias atrás.

–Vamos conversar melhor na presença de minha mãe quando a mesma acordar. -falo olhando o homem que arruma os óculos no lugar e confirma, ele troca sua maleta de mão e sigo caminho com ele atrás de mim. Ao que tudo indica as coisas vão ser mais complicadas do que pensei que seriam, prevejo muita dor de cabeça vindo até mim.

Quando entro no corredor dos quartos vejo as meninas na porta do quarto de mamãe, a preocupação está estampada no rosto de cada uma, afinal ninguém disse nada há elas é normal se preocuparem quando não há notícias sobre o assunto.

–Meninas, vamos entrar o doutor disse que ela está bem só foi um susto. -digo e abro a porta do quarto, vejo o irmão de Kari cumprimentar as meninas e passar para o quarto no fim do corredor que é onde vai dormir essa noite, sorrio para que apenas segue seu caminho sem se meter na nossa conversa.

–Ela está realmente bem? -Lídia pergunta com o rosto assustado, essa deve ter sido a primeira vez que mamãe pareceu mau em sua frente.

–Venham, se estiverem preocupadas nada melhor que verem por vocês mesmas que mamãe está bem. -digo adentrando no quarto grande com cheiro de velas aromáticas, na cama está mamãe já acordada sendo ajudada por sua empregada a se sentar na cama.

–Kate querida, me diga que foi um sonho. -dou risada para sua afirmação e vejo a mesma soltar o ar com tudo, sei que é difícil mas não há nada a se fazer sobre o assunto já que Waiolete já está grávida e papai já bateu feio em Nicolas.

–Temos que contatar sua majestade informando sobre o casamento, mas claro depois de descobrir tudo sobre o homem que ela escolheu. -falo me sentando ao seu lado e pegando sua mão entre as minhas.

–Kate, o que faria sem essa sua necessidade de ajudar todos. -diz e sorri, mamãe nunca iria contra as vontades de suas filhas e papai segue mamãe, apesar de meu casamento ser um caso a parte já que os dois decidiram juntos ao que tudo indica foi uma decisão feita pelo casal e não apenas pelo Duque.

–Vou providenciar tudo junto com Johnson e a senhora deve apenas se focar em fazer uma grande festa de casamento, isso é se quiser causar inveja em todos porque depois que descobrirem que ela engravidou antes de se casar, a senhora bem sabe que vai ser um escarcéu. -falo e vejo seus ombros tremerem por conta de minhas palavras.

–Sim, amanhã mesmo vou entrar em contato com madame Thierry para que possamos começar o vestido de noiva o quanto antes. -diz e sorrio, não há como voltar em uma coisa que já foi feita, então apenas vamos ajudar da maneira que podemos e ver onde vai dar.

–Agora acho melhor a senhora falar com aquelas duas ou talvez elas comecem a se afogar nas próprias lágrimas. -digo rindo do olhar de cachorrinho das minhas irmãs Lídia e Louise, abro espaço na cama e mamãe abre os braços para que as duas tomem coragem de ir até ela.

Assim que elas se aproximam e veem que tudo está bem pulam em cima da mãe e se debulham em lágrimas, sorrio vendo a cena das duas agarradas em mamãe acho que tenho que aproveitar esses últimos tempos com minha família antes de ir embora daqui. Aceno que estou indo e mamãe apenas confirma, vou deixar ela acalmar as meninas e voltar ao meu quarto, estou cansada e quero muito relaxar na minha cama agora.

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