Como uma das grandes produções do ano, as gravações daquela série estavam acontecendo em um set completamente isolado. No entanto, mesmo com toda a segurança, era impossível evitar completamente os fotógrafos clandestinos. Assim que Orson desceu do carro, ele avistou uma mulher agachada ao lado de um toldo azul, com uma câmera apontada para o interior do estúdio. Ele franziu a testa. Embora o setor audiovisual não fosse o foco principal do Grupo Harris, Orson já havia feito diversos investimentos em produções cinematográficas ao longo dos anos. Com o peso de seu nome, ninguém jamais ousaria barrá-lo ali. Inicialmente, ele pensou em entrar diretamente no set, mas, no momento em que deu o primeiro passo, hesitou. Ele se deu conta de que não tinha um motivo claro para estar ali. O que diria se alguém o questionasse? Que estava apenas passeando e resolveu dar uma olhada? Com isso, ele permaneceu parado no mesmo lugar. Foi então que ele notou algo peculiar. A câmera da mulher nã
A mulher, ouvindo o que Orson estava dizendo ao telefone, pareceu entender tudo de repente. — Ah, já sei. Você é amigo daquela vadia, né? Orson ainda estava falando com o advogado, mas, ao ouvir o insulto, sua voz parou imediatamente. Ele levantou os olhos para encará-la, com o olhar frio. A mulher continuou, soltando uma risada cheia de desprezo: — Não, espera... Você é um reserva, né? Um daqueles que ela deixa em stand-by. Ela é esperta, vou dar o crédito. Consegue manipular vários homens ao mesmo tempo. Essa tal de “deusa dos quadrinhos” não passa de uma farsa bem vendida! Aposto que tem muitos homens como você sustentando ela por trás, né? Enquanto falava, a mulher olhou para Orson de cima a baixo. Ela tinha uma boa noção de luxo, graças à sua vida confortável e os anos como fã de celebridades. Apenas um olhar foi suficiente para reconhecer o valor exorbitante do terno que ele vestia e do relógio em seu pulso. Imediatamente, ela ficou ainda mais convencida de sua teor
— Zara, deu problema. A ligação chegou enquanto Zara estava no hotel, organizando as malas. O roteiro já estava praticamente finalizado, e Zara planejava voltar para casa com Natália. Embora tivessem ficado apenas dois meses no hotel, a quantidade de bagagem era considerável, e ela já estava pensando em contratar um pequeno caminhão para levar tudo de volta. Quando atendeu ao celular, Zara ficou confusa. — O que aconteceu? — Você não viu as notícias? — Que notícias? — Você conhece alguém chamada Emanuele? Zara continuou sem entender, franzindo a testa. Mas a pessoa do outro lado não perdeu tempo explicando. — Dá uma olhada nas notícias agora! Essa mulher está dizendo que trabalhou na mesma empresa que você e que "Brumas da Manhã" na verdade era uma ideia dela. Ela afirmou que o editor repassou o material para você para te promover e depois rescindiu o contrato com ela. Isso já está causando um escândalo! Liga o celular e veja na internet! A pessoa falava rápido, qua
Zara segurava o celular nas mãos, mas os nós de seus dedos já estavam ficando brancos. Natália permanecia sentada ao lado dela, quieta, esperando por uma resposta. — Eu… — Zara respirou fundo, tentando encontrar sua voz. — Nati, por enquanto, a gente não vai poder ir embora. — Por quê? Não vamos mais voltar para casa? — O rostinho de Natália imediatamente se contraiu em uma expressão de descontentamento, claramente aborrecida. — Mas você disse que a gente ia voltar hoje! Eu quero ir pra casa, quero brincar com o Felipe! — Desculpa, meu amor. A culpa é da mamãe. — Zara acariciou os cabelos da filha, tentando tranquilizá-la. — Mas aconteceu um problema. Vamos ficar aqui mais alguns dias, tudo bem? Eu prometo que, assim que resolver tudo, a gente volta pra casa. Natália não respondeu, mas Zara percebeu que a menina continuava chateada. No entanto, ela não tinha tempo para lidar com isso agora. A essa altura, o telefone de Zara não parava de tocar. Primeiro, era a produtora da
Zara voltou para casa de madrugada. Natália já estava dormindo, e seu corpinho estava apoiado no ombro da mãe. Ela parecia exausta, com a respiração pesada e irregular. Zara a segurava com um braço enquanto, com a outra mão, tentava abrir a porta. Assim que conseguiu entrar, ela não perdeu tempo. Colocou Natália cuidadosamente na cama, ajeitou o cobertor sobre ela e fechou a porta do quarto com cuidado antes de voltar para a sala. A luz do abajur ao lado ainda estava acesa, iluminando a estante que Zara não tivera tempo de organizar antes de sair. O móvel estava cheio de seus rascunhos, páginas de desenhos e até alguns esboços de storyboard que ela mesma havia criado. Agora, tudo aquilo parecia zombar dela. Zara sabia muito bem como funcionava o mercado em que trabalhava. Autores como ela eram tratados como se fossem estrelas, mas, na verdade, estavam na base da pirâmide. O marketing dependia da empresa. As negociações e colaborações eram conduzidas pela empresa. A ela cabi
Zara odiava hospitais. O cheiro constante de desinfetante parecia impregnar o ar, e, a cada passo, ela cruzava com rostos marcados pela tristeza e pelo desespero. A enfermeira finalmente saiu do quarto. As veias de Natália eram muito finas, e ela precisou de várias picadas para conseguir. Natália havia tentado ser forte, permanecendo em silêncio no início, mas, no final, acabou chorando e dizendo para Zara que estava doendo muito. Zara não disse nada. Ela apenas segurou firme a outra mão da filha. Finalmente, o soro foi conectado. Depois de fungar algumas vezes, Natália fechou os olhos. — Nati, dorme um pouquinho. — Zara disse em voz baixa, acariciando os cabelos da menina. — Mamãe está aqui com você. Natália resmungou um "uhum", mas, pouco depois, abriu os olhos novamente. Zara forçou um sorriso. — O que foi, meu amor? — Mamãe, você não vai chorar, né? — Natália perguntou, com os olhos brilhando. A pergunta pegou Zara de surpresa. Por um momento, ela não soube o qu
Os procedimentos para a transferência de Natália foram concluídos rapidamente. Quando o avião pousou em Cidade N, Zara ainda estava um pouco atordoada. Afinal, ao sair daquela cidade anos atrás, ela acreditou que nunca mais voltaria. Agora, observando a cidade novamente, parecia que nada havia mudado. O mesmo cenário movimentado, os mesmos arranha-céus imponentes e as mesmas pessoas apressadas caminhando pelas ruas. Para Zara, aquele era um lugar que carregava memórias dolorosas, um lugar de onde ela havia decidido fugir. Mas, para Natália, era uma terra desconhecida, sua cidade natal, onde ela nunca havia estado antes. A menina estava animada naquele dia. Ela se debruçava sobre a janela do carro, curiosa, observando tudo ao seu redor. Quem dirigia era o motorista da família de Melissa, enquanto Melissa estava sentada no banco do passageiro. Depois de olhar para a estrada à frente, Melissa virou-se para Zara e perguntou: — Você já ligou para ele? Da última vez que Mel
— Claro que não! — Gisele tentou se defender, mas Melissa a interrompia a cada frase. Desesperada, Gisele perdeu a paciência, tapou a boca da filha com a mão e continuou. — Dessa vez, quem eu quero que você conheça é o presidente do Grupo Harris! Melissa, que já estava prestes a arrancar a mão da mãe à força, congelou ao ouvir essas palavras. Ela olhou para Gisele com uma expressão de surpresa, tentando processar a informação. Demorou alguns instantes para que ela finalmente reagisse. Quando Gisele tirou a mão da sua boca, Melissa balançou a cabeça, incrédula, e perguntou: — Quem você disse? Qual presidente do Grupo Harris? — Quem mais seria? O atual presidente do Grupo Harris, o Orson Harris! — Gisele revirou os olhos com impaciência. — O Percival, irmão dele, não foi mandado para fora do país há uns anos? Orson disse que era para ele ganhar experiência, mas todo mundo sabe que foi quase um exílio. Ele é realmente um cara implacável, até com o próprio irmão. Não é à toa que se