Quando Orson pousou os talheres, ela fez o mesmo. — Já pode ir embora, não acha? — Zara disparou sem rodeios. Orson deu uma olhada ao redor antes de perguntar: — Por que você não mora no Condomínio Oásis? — Aquilo não é meu. — A resposta de Zara foi direta. Orson a encarou por alguns segundos antes de dizer: — Eu posso transferir a casa para o seu nome. — Não precisa, eu gosto daqui. A resposta dela deixou Orson sem palavras, mas uma expressão de desconforto surgiu em seu rosto, com as sobrancelhas claramente franzidas. — Ainda tem mais alguma coisa? — Zara insistiu. Sem responder, Orson levantou-se e disse: — Me arruma uma toalha limpa. Ao terminar a frase, ele começou a caminhar em direção ao banheiro, mas foi prontamente barrado por Zara. — O que você pensa que está fazendo? Este é o meu lugar! — O Condomínio Oásis é minha casa, e você também já tomou banho e passou noites lá, não foi? Zara ficou sem resposta por um instante. Nesse momento, Orson abri
Zara não estava acostumada com aquele gesto dele. Quando tentou puxar a toalha de volta, Orson de repente perguntou: — Sabe o que eu ouvi hoje? Zara ficou surpresa e acabou olhando diretamente para ele. — Talvez eu tenha um irmão que eu não conhecia. — Ele disse com a maior calma do mundo. Os olhos de Zara se arregalaram ligeiramente. — O que... Quer dizer com isso? — Quer dizer que meu pai pode ter um filho fora do casamento. Orson continuava com a mesma expressão tranquila, como se estivesse falando de algo que não tinha nada a ver com ele. Zara não entendia por que ele estava contando aquilo para ela. Quando ainda eram casados, nunca haviam tido conversas profundas ou íntimas. Ela raramente fazia perguntas, e Orson era ainda mais reservado do que ela. Às vezes, mesmo vivendo sob o mesmo teto, passavam dias sem se verem ou trocarem uma única palavra. O casamento deles havia chegado a um ponto que era quase cômico. Mas agora, Orson estava falando sobre os segredos
Eles nunca haviam dividido a mesma cama. Afinal, não importava o quão exausta ela estivesse depois do sexo, Zara sempre fazia questão de voltar para o próprio quarto. Por isso, Zara sempre achou que eles não eram como um casal de verdade, mas sim parceiros — parceiros de cama, parceiros de convivência. E, para Zara, compartilhar uma cama sem fazer absolutamente nada era, na verdade, algo ainda mais íntimo do que o próprio sexo. Só pessoas que realmente se amavam faziam isso. Mas ela e Orson, claramente, não eram esse tipo de casal. Naquele momento, Zara estava agachada ao lado da cama, observando o rosto adormecido de Orson. Ela já tinha visto aquele rosto inúmeras vezes. Fechando os olhos, conseguia desenhar mentalmente cada contorno de suas feições marcantes. Quando era mais jovem, já havia feito muitos desenhos dele. Naquela época, Orson usava o uniforme branco da escola e era o centro das atenções no colégio, sempre destacado no meio da multidão. Com o tempo, ele cresce
Orson acabou indo ao encontro marcado. Quando viu quem estava do outro lado da mesa, ele ficou um pouco surpreso, mas nada além disso. — Olá, Sr. Orson. A pessoa à sua frente sorriu de maneira radiante. — Acho que você deve se lembrar de mim, né? — Laura Barbosa. — Antes que Orson pudesse responder, ela já havia estendido a mão, revelando a resposta. — Naquele baile de máscaras, nós dançamos juntos. — Srta. Laura, é um prazer. — Orson respondeu enquanto apertava a mão dela, sem entrar em detalhes sobre o evento. — Por que você foi embora tão de repente naquela noite? — Laura perguntou. — Tive um compromisso urgente. — Orson respondeu de forma direta. — É mesmo? — Laura sorriu. O sorriso dela parecia carregar algo a mais, algo que deixou Orson desconfortável. Não era o fato de sua mentira ter sido “descoberta”, mas sim a sensação que Laura lhe causava. Orson não tinha problemas em lidar com pessoas inteligentes, mas detestava aquelas que se achavam espertas demais.
A mão de Fiona, que estava pendurada ao lado do corpo, começou a se fechar lentamente em um punho. — Isso... Por que eu nunca ouvi falar que vocês estavam juntos? — Talvez porque você não esteja tão bem informada. — Laura respondeu com um sorriso tranquilo. Aquela resposta deixou Fiona sem palavras. Ela só conseguiu virar-se para Orson, que parecia perdido, olhando para algum ponto distante, como se estivesse em outro mundo. — Orson? — Ela o chamou. Ele piscou, voltando à realidade, e finalmente olhou para ela. — Você não tinha dito que tinha um compromisso? Melhor ir logo. — Laura interrompeu antes que Fiona pudesse dizer qualquer outra coisa. Os olhos de Fiona se estreitaram, lançando um olhar irritado para Laura. Mas esta, aparentemente imune, manteve o mesmo sorriso calmo, como se não tivesse percebido nada. — Então, eu vou indo. — Orson disse, virando-se e saindo sem mais explicações. Fiona deu um passo para segui-lo, mas Laura rapidamente se colocou em seu camin
Zara ficou olhando para o homem à sua frente por alguns segundos antes de finalmente dizer: — Sr. Leander, você deve saber quem eu sou. — Claro, já nos vimos em algumas festas, não foi? — Leander respondeu com um sorriso no rosto. — Acabei de me divorciar. — Zara continuou. — Sim, eu soube. Confesso que admiro a forma decisiva como você lidou com o divórcio com Orson. Leander respondeu a tudo com um sorriso descontraído, o que deixou Zara um pouco sem jeito. Por fim, ela apenas disse: — No momento, não estou pensando em entrar em um relacionamento. — É mesmo? Então podemos não falar em namoro. — Leander disse, ainda sorrindo. — Podemos começar como amigos, que tal? Zara não soube o que responder. — Então está aceito? Vamos? — Ele disse, já estendendo a mão para tentar segurá-la. O gesto repentino fez Zara dar dois passos para trás, claramente assustada. Leander a olhou com curiosidade. — Que foi? Tenho espinhos na mão? — Não, só... De repente lembrei que tenho
Quando Zara o viu, Leander também a percebeu. Ele abriu um sorriso despreocupado e disse: — Aqui estou! ... Condomínio Oásis. Orson estava no escritório, com os olhos fixos na tela do computador, mas os dedos distraidamente tocavam o celular ao lado. Notificações de mensagens apareciam ocasionalmente no aplicativo de redes sociais, mas ele apenas lançava um olhar rápido antes de ignorá-las. Pouco depois das onze da noite, o som da porta se fez ouvir. Os dedos de Orson pararam por um instante, mas ele não se levantou. Sem qualquer expressão no rosto, apagou a tela do celular. Os passos de Zara eram leves. Ela foi primeiro até o quarto dele, mas, ao não encontrá-lo lá, seguiu para o escritório. A porta do escritório estava fechada. Orson ouviu quando ela parou do lado de fora, mas nenhum outro som veio em seguida. Ele não se incomodou em verificar. Continuou com o olhar no computador, vendo os minutos passarem no canto inferior da tela. Dois minutos se passaram até qu
Orson não voltou a perguntar nada sobre o que Zara havia feito naquela noite, e ela, por sua vez, também não tocou mais no assunto. Dois dias depois, Leander a convidou novamente, dizendo que queria levá-la para experimentar uma comida incrível. Foi a primeira vez que Zara percebeu como marcar um encontro podia ser tão direto e sem rodeios. Leander, de fato, era uma pessoa divertida. Ele sabia como aproveitar a vida e fazia questão de incluir Zara nisso. Tendo crescido em Cidade N, ele conhecia todos no seu círculo, mas não demonstrava interesse pelas festas glamorosas ou pelas baladas extravagantes. Em vez disso, sempre levava Zara a lugares históricos e inusitados. Às vezes, era apenas para provar algo específico de algum restaurante ou comprar uma bugiganga única. Por outro lado, Orson, que também havia crescido em Cidade N, nunca a levara a esses lugares. As poucas vezes em que saíram para jantar sozinhos foram sempre em restaurantes requintados e elegantes. A única vez