LA VIRATTA
STORIES
2ª Edição
Por
Priscilla Tôrres
Belo Horizonte, 2014
Arte e Ilustração de Capa: Airton Medrado, 2012.
Diagramação: Priscilla Tôrres
Todos os direitos reservados.
Contato: laviratta@g***l.com
h**p://laviratta.wix.com/laviratta
Bibliotecária responsável pela ficha catalográfica:
Rafaela Santiago Guimarães Braga CRBMG nº 003199/O
T693L Tôrres, Priscilla.
La Viratta: stories. / Priscilla Tôrres.
Belo Horizonte: Clube de Autores, 2014.
ISBN: 978-85-917607-0-1
CDD 869.93
Índices para catálogo sistemático:
1.Romance: Literatura Brasileira 869.93
Dedicado à minha família, especialmente meus pais e meus irmãos. Estas pessoas fazem com que, a cada dia, eu encare a vida de uma forma diferente. Amo todos vocês.
“Então eu descobri que já nasci com esse problema
Eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer verVer, crer, eu gosto de escrever e escrevo até poema”Gabriel, o Pensador. Música Linhas Tortas, 2012.
Índice
Ato 1 – Vida de Pirata.
Ato 2 – Uma Nova Missão.
Ato 3 – La Viratta.
Ato 4 – Tripulantes Indesejados.
Ato 5 – Cartas e Cartas.
Ato 6 – A ilha imaginária.
Ato 7 – Esconde-esconde.
Ato 8 – A Batalha Final.
Algumas vezes as pessoas desejam que suas vidas deem voltas. No trabalho, com a família ou no relacionamento. Mudanças são engrenagens que nos mantêm vivos, nos liberam do tédio. A forte esperança de que tudo vai mudar nos torna pessoas melhores. Porém, quando todas as esperanças nos são arrancadas e a vida parece não fazer mais sentido, precisamos de uma mudança abrupta em nossa existência, mesmo que seja uma daquelas que nunca antes sequer desejamos ou imaginamos ser possível.Não era novidade alguma o que ele iria fazer ao chegar em seu apartamento. Suado, encharcado, sujo, exasperado e sangrando por um projétil que lhe arranhara o rosto, perto dos olhos num tom verde-folha acastanhado, logo acima da bochecha e abaixo das olheiras que começavam a se formar com o passar dos meses, Peterson, ou melhor, Peter, como era chamado por seus companheiros, saiu do elevador.
– Papai! Papai!– Não acredito que isso foi acontecer!– Feliz aniversário, minha filha!– Você é um idiota!– Obrigada papai!– Fica calmo!– Um peixinho!– Suma você da minha frente, Murphy!– É uma menina?– Nunca mais se atreva a...– Ela vai se chamar...Vozes. Ele estava escutando vozes misturadas às lembranças do aniversário de sua pequena menina... Mas... O que aquelas vozes diziam? Uns falavam em inglês, enquanto... uma mulher falava em outro idioma. Era uma língua... uma língua irlandesa antiga misturada a um latim simples que as crianças nobres há muito tempo atrás aprendiam em idade escolar. O pirata ouvia um bocado de palavras emboladas junto a palavrões e insultos, mas não estava entendendo muito bem o que era pron
– Meu Deus, Peterson! – disse Phil, com a voz extremamente preocupada, levando a mão à boca.Murphy riu da cena. Lá estava Peter, deitado na cama com Melody. Os braços dele enlaçavam-na de leve, ele estava de roupas de baixo e ela estava coberta, apenas com as pernas para fora da manta que usavam. Peter esfregou os olhos enquanto Murphy e Phil entraram no quarto.– Peter, o que você fez com ela? – questionou Phil, ainda boquiaberto.– Hein? Eu não fiz nada cara; ela esteve cuidando de mim a noite toda! – Peter estava tão na defensiva que levantou as mãos como um jogador de futebol que estivesse envolvido em uma falta e não queria levar a culpa de nada.Murphy soltou outra risada:– Ah, claro. Estamos vendo – disse, debochado. – Pelo menos se protegeu?– Vá pro inferno, Murphy – Peter levantou-se da cam
– Você se acha mesmo muito esperto, não é Peter? – disse o pirata rapidamente, a voz arranhada pela idade e experiências em alto mar, cruzando espadas com Peter.Peter obviamente não sabia o nome do sujeito, ele tinha mais o que fazer e muito o que aprender para ficar se preocupando em decorar o nome de todos os piratas, principalmente aqueles que não eram muito próximos. Naquela hora, Peter notou que aqueles piratas estavam distantes dos demais e teve certeza de que o olhar que um deles lançou em Melody era ofensivo. No momento certo, ele saltou na linha de ataque do pirata careca e fortão que queria acertar Melody pelas costas, interrompendo o golpe e defendendo a garota.Começou uma rebelião no navio. Alguns piratas continuaram apoiando Melody enquanto outros lutavam contra ela, que tentava se defender. Ultan e Peter protegeram a garota, tentando guiá-la cabine adentro. N&a
Todos voltaram para o La Viratta. Era de esperar que o clima não fosse um dos mais agradáveis após o encontro da noite anterior. Durante o dia, Diana, Claire e Elliot, bem como os outros vampiros de aparência mais agradável, ficavam dormindo no Lágrima de Sangue, enquanto o trabalho do La Viratta era vigiado pelos vampiros animalescos que eram uma mistura de animais e vampiros, portanto podiam andar sob a luz do sol sem se desmancharem em pó.Melody andava pelo navio dando coordenadas para os piratas enquanto eles obedeciam sem muito ânimo. A Capitã disse claramente aos piratas que estavam indo em direção ao cárcere do Capitão Amatus que, assim que alcançassem o pai dela, iriam dar uma coça naqueles vampiros e afugentá-los; mas mesmo assim ninguém sabia ao certo o que estava acontecendo e, às vezes, comentavam que Melody estaria os levando para uma col&o
– Em nome de Deus e do Diabo... – era o que tentava sair da boca de Ultan enquanto ele puxava para baixo a aba da touca que usava, deixando a calvície aparecer pela primeira vez.O rosto abobalhado de Ultan se refletiu em cada rosto dos outros piratas quando viram aquilo. Havia uma esfera gigante flutuando no ar, que se parecia bastante com o planeta Terra visto do espaço, por ser azul e com muitas nuvens; entretanto havia uma grande linha que separava as duas abóbadas. Acima da linha, via-se a luz do dia, cascatas, rios, árvores que brotavam toda sorte de frutos, unicórnios cavalgando livremente pelas pradarias sem fim, animais rivais na natureza convivendo em perfeita harmonia. Abaixo da linha de terra havia apenas trevas, raios, trovões, morcegos voando por entre as montanhas rochosas e pontudas que se espalhavam por todo o terreno. Até as nuvens que permeavam o céu desse lado eram em tons de roxo, cinza e
A tripulação desarmou o acampamento e embrenhou-se pela floresta. Tirando a Capitã e os piratas do futuro, o grupo era composto de cerca de trinta homens quando começaram a jornada na direção do forte pirata onde estava o cárcere do Capitão Amatus. Todos seguiam em silêncio pela floresta desconhecida.Na frente, seguia o destemido Ultan, que cortava as folhagens com um facão bem afiado. No encalço vinham Melody, Peter, Cody e Phil, nesta ordem. Os demais iam atrás, sem nenhuma formação em especial: afinal de contas não tinham treinamento militar para tal. A mata ia ficando cada vez mais fechada à medida que eles desbravavam o caminho.– Estamos no caminho certo – murmurou Melody, andando atrás de Ultan, fitando a bússola que indicava o Norte.– Esses mosquitos estão me matando! – reclamou Cody mais atrá
No início da noite seguinte, finalmente o grupo encontrou o forte dos piratas que sequestraram o Capitão Amatus. No meio daquele monte de bananeiras e árvores tropicais havia uma construção do tamanho de uma casa com cerca de dez quartos. A construção era composta por muros altos de pedras encobertas por limo e plantas trepadeiras. De trás do arbusto em que o grupo se escondia dava para ver o terraço da construção, onde piratas vestidos de preto e vermelho ficavam fazendo rondas. As espadas nas cinturas e os olhares carrancudos iluminados por archotes não eram nada convidativos.Melody, também abaixada atrás do arbusto, olhou para os companheiros:– Escutem, não podemos entrar pela porta da frente, é claro. Não viemos enfrentá-los. Depois que pegarmos meu pai, sei que ele dará uma lição neles. Viemos retirá-lo d