CAPÍTULO I

37 ANOS DEPOIS

Entrando na minha recente adquirida SUV Lexus LX depois de ter levado muito tempo para escolher a gravata violeta perfeita para combinar com minha camisa rosa bebê com estilo italiano, com gola e punhos brancos, e a estreia de um presente de aniversário do meu pai: um par de abotoaduras e prendedor de gravata feitas de ouro sob encomenda.

O carro também foi um presente, auto-dado não apenas para celebrar a data em que dou uma importância maior do que uma pessoa normal faz, mas para celebrar o início de uma nova, arriscada e emocionante investidura da minha empresa. Apenas mais um presente faltava, mas este só deve ser dado quando meu marido chega em dois dias. Ele viaja muito a negócios.

Dirigindo pela estrada, onde a nossa casa muito confortável fica, no Vale de Talmapais, em direção ao centro de San Francisco, onde meu escritório fica e já tendo o meu iphone pareado com a central multimídia da minha Lexus, uma chamadas apareceu ao virar da esquina.

- Olá? - Apenas fingindo que eu não reconheci o número.

- Sério? Eu sei que você sabe com quem está falando.

- Claro que sim. - Eu respondo suavizando a minha voz. – Mal posso esperar para te ver, sinto tanto a sua falta.

- Também sinto a sua, ... mas sobre isso ...

- Ah, não ... por favor, não faça isso comigo, não no meu aniversário ...

- Jay, você sabia que era muito provável que ...

- Eu sei. - A tristeza em minha voz começou a fazê-la falhar.

- Jason, por favor, não fique assim. - Eu não podia acreditar que, mesmo nesta situação, mesmo ele sabendo sobre a minha posição sobre datas como o meu aniversário, ele mantém a sua voz irritantemente calma, como ele não se importasse ou lembrasse. E isso me deixava puto.

- Pat, nem comece. É provavelmente algo importante, ou um grande negócio, ou o que quer seja... e, honestamente, eu não me importo, apenas me diga quando você vai chegar, ou melhor, quando você, provavelmente..., o mais provável retorno para casa, e talvez a gente possa celebrar o meu ...

- Basta! Olha, eu entendo que você está chateado, mas eu não posso fazer nada sobre isso ...

- Me responda!

- Uma, ... duas semanas no máximo. - Eu só disparei uma risada nervosa.

- Jura?!... Patrick, como você pode ser tão sem criatividade? Quer saber, não importa. Mesmo sabendo que estou decepcionado desse jeito, como você consegue manter a sua voz, ugh! ... Olha ... Eu estou chegando no escritório, vamos falar mais tarde, quando eu chegar em casa.

- Jay ...

- Pat, eu preciso processar isso tudo, nós vamos ... nos falar ... mais tarde. - Então eu desliguei e chorei horrores enquanto tentava retomar a dirigir com segurança.

Patrick insistiu algumas vezes, mas eu ignorei as tentativas e então desliguei meu celular. As lágrimas tornaram a condução quase impossível, eu estava chorando como nunca antes.

A três quadras do meu prédio trabalho, a polícia só me parou.

- Licença e registo, por favor. - Olhei para fora e mal percebi o quão bonito o policial era. E tinha a impressão de que já o tinha visto em outro dia, em outro lugar.

- Aqui, oficial. - Falei entre soluços e lágrimas. Ele examinava os documentos, enquanto eu tentava, em vão, disfarçar minha tristeza.

- Você está bem, Sr. Dickens?

- Tentando. - Dar-lhe um sorriso triste.

- Você não parece em condições de dirigir, precisam de ajuda para chegar ao seu destino?

- Não, oficial, obrigado, vê aquele prédio espelhado lá? É onde eu vou, eu acho que posso conseguir chegar lá com segurança.

- Você tem certeza?

- Claro.

- Então vá devagar.

- Ok e obrigado.

- De nada. - Eu tinha a impressão de que ele piscou para mim, mas poderia ser minha imaginação pregando alguma peça. - De qualquer forma, vou seguir bem atrás de você para ter certeza de chegar são e salvo lá, ok?

- Ok, e mais uma vez obrigado.

Depois de estacionar, eu olhei para o espelho do meu assento e tive um choque. Meus olhos estavam todos borrados de preto. Eu tenho o hábito de usar delineadores de realçar meus olhos naturais de rara cor violeta.

- Puta merda! - Eu olhei para a minha camisa e gravata, eles estavam todos molhados e manchados pelo delineador preto misturado com lágrimas.

É muito raro expressar minhas emoções dessa forma, a única pessoa que é capaz de fazer isso comigo é Patrick, meu primeiro e único homem. Nós já nos conhecemos desde que éramos meninos, éramos vizinhos. Nossa amizade se tornou mais quando chegou à puberdade, na época de nossos pais já suspeitavam que poderíamos terminar juntos, tinham tanta certeza sobre isso que fomos arrancados do armário por eles em um churrasco de fim de semana antes de começarmos a nossa paixão. Foi estranho, mas ambos ficaram aliviados.

Ficamos noivos aos 23, logo depois da formatura, ele em administração e eu em marketing. Três anos mais tarde, depois das nossas pós-graduação nos casamos. Então eu e outros quatro amigos começamos nossa empresa, e Patrick consegue a alta administração da filial internacional da empresa de tecnologia multibilionária que ele estava trabalhando.

Ele ainda na mesma empresa, mas como um CEO agora.

Suas necessidades de viagem exigem de nós um esforço de adaptação constante, ele nunca perdeu uma única data importante da nossa – aniversários nossos, aniversários de casamento, ... -, mas nos últimos 2 a 3 anos tudo começou a desmoronar. E meu aniversário era a única data incólume, até hoje.

Depois de limpar o meu rosto, e tentando esconder o desastre nas minhas roupas. Eu evito o elevador e subo pelas escadas, entrando na primeira loja de roupas sociais para homens disponíveis na galeria comercial do edifício e comprei tudo o que poderia combinar com o terno que eu estava vestindo.

Pego o elevador para o 23º andar. O andar inteiro pertence a minha empresa, a Star Horizon, especializada em eventos corporativos. Depois de alguma consideração de todos os associados e parceiros, decidimos tentar o negócio do entretenimento, primeira produção de programas e eventos on-line e, em seguida, possivelmente em um canal pay-per-view.

Tentei andar o mais rápido possível para o meu escritório, evitando todos, mas há uma pessoa quase impossível de evitar, um dos meus parceiros e melhor amiga: Trish Dallas. Logo depois que eu fechar a porta, ela invade tempestivamente.

- Você está atra... Querido, que houve?

- Nada. - Tentando manter a naturalidade.

- Sério, por que você está chorando, então?

- Como você ... deixa pra lá ... - Tirei os óculos de sol. - Eu já deveria saber que é impossível esconder essas coisas de você.

- Essas coisas? Eu diria QUALQUER coisa. - Nós rimos.- mas na real, o que aconteceu?

- Patrick aconteceu.

- Ele não virá neste fim de semana.

- Tão perspicaz de sua parte... - zombou ela. - Sim. Aparentemente, o seu trabalho é muito mais importante do que eu.

- Querido, você está dizendo isso porque você está bravo com ele agora, mas você já sabe que ...

- Isso pode acontecer ... - Eu completei a frase antes dela. - Eu sei! Mas, sabendo a importância deste dia, talvez desta vez ele só poderia vir me ver e depois voltar para o que quer que estivesse fazendo no dia seguinte.

- Jay, você já se ouviu? Você parece tão ingênuo. Ele está no outro lado do mundo.

- Eu sei. Eu estou apenas desabafando, sabe. Eu preciso ... minha atitude foi ridícula também. Eu desliguei na cara dele, e desliguei o celular.

- Eu não acredito que você fez isso! Você está agindo como uma criancinha mimada. Qual é, liga pra ele.

- De jeito nenhum!

- Ligue!

- Não! Para com isso. Estou chateado agora, e não quero falar sobre isso com ele ou qualquer outra pessoa.

- Ok, estou saindo.

- Não, não me refiro a você.

- Você é apenas tão teimoso quanto Patrick. Não é de admirar que conseguem ficar juntos por tanto tempo. Eu estou no meu terceiro casamento e você nunca teve qualquer outra pessoa depois de todos esses anos.

- Sim, mas te digo uma coisa, às vezes me pergunto o quão diferente a minha vida poderia ser se não estivéssemos juntos. Sabe, tenho a curiosidade de estar com uma outra pessoa, como seria o relacionamento, o sexo,... o quão diferente minha vida seria ...

- É, é ... nem mesmo em meus sonhos mais perversos eu poderia imaginar você e Patrick separados. Impossível. Vocês são perfeitos demais juntos. Para mim, tudo isso parece uma crise de meia idade prematura sua. - Ela olhou para o relógio na parede. - Olha, quase na hora da reunião decisiva.

- Você está nervosa?

- Você não está?

- Na verdade, não.

- Como você pode ser tão frio em um momento como este? - Ela me deu um soco no meu ombro. E só agora notando minhas roupas. - O que é isso?

- Que é isso o quê?

- Esta roupa é tão não-você! E os seus olhos? Você esqueceu de usar o seu delineador hoje?

- Eu realmente preciso explicar? - Ela riu.

- Não, acho que não. Ok, precisa de um delineador emprestado?

- Não. Eu trouxe o meu, além do mais você usa coloridos, eu só uso preto. Mas obrigado mesmo assim.

- Ok, então. Preparem-se, está quase na hora. - Nós demos um selinho e ela saiu, me deixou sozinho no escritório. Trish tem a capacidade de me fazer esquecer meus problemas, e por isso, eu sou muito grato por nossa amizade eterna.

"Finalmente ..." - pensei aliviado por estar sozinho e poder me preparar para a reunião tranquilamente.

Liguei o celular, e tinha mais de 20 chamadas de Patrick. Ele estava desesperado para falar comigo. E mantive minha teimosia e não retornei as ligações. Ele precisa aprender a lição.

Enquanto a apresentação para o corpo diretor acontecia, minhas preocupações com Patrick desapareceram, meu sangue de negócios corria nas veias e eu arranquei cada voto a favor da abertura de um estúdio e começar nosso investimento em mídia de entretenimento. A explicação de todo o processo de investimento e projetos em vista tomaram todo o dia.

Meses de planejamento e pesquisa receberam a luz verde para avançar. Eu deveria me sentir incrível, mas não só meu cansaço começou a cair nos meus ombros, mas o episódio da manhã com Patrick fez meu humor despencar, eu estava me preparando para voltar para casa, sozinho, quando Trish e os outros quase me arrastaram para o pub do outro lado da rua para celebrar.

Sim, eu tinha feito um grande trabalho, mas não estava em condições para a comemoração. Eu preciso voltar para casa e dormir para desfrutar a minha solidão todo fim de semana, mais do que nunca.

Quando entramos no pub, o DJ inundou o lugar com música eletrônica (o meu estilo favorito, por sinal) estava tão alta que eu não conseguia nem ouvir meus pensamentos, e que foi até bom pra mim, não estava na vibe de matraquear com qualquer um sobre qualquer coisa. Escolhemos uma grande mesa redonda próxima do posto do DJ e as garotas, automaticamente levadas pelo som, atacaram a pista de dança improvisada. Eu apenas pedi uma dose de Alien Brain Hemorrhage (Hemorragia Cerebral Alienígena) para começar a noite e um drinque Moody Blue (Tristeza temperamental). Nomes sugestivos de bebidas.

“Bem, estou aqui, então vamos matar alguns neurônios com um oceano de álcool.” – Trish e Dominic se aproximaram aos berros.

- Como você irá dirigir para casa depois disso? – Dominic perguntou preocupado.

- É melhor vocês descobrirem como, porque esta noite se eu não entrar em coma alcoólico, um de vocês vai ter que me levar pra casa e chamar um taxi para ir para a sua. Aqui... – Peguei uma nota de 100 dólares e coloquei em cima da mesa. – Quem será corajoso o suficiente?

Dennis foi o mais rápido de todos.

- De qualquer forma eu não bebo, então deixe-o comigo. – Trish e Dominic saudaram em aprovação.

- Obrigado, Dennis. Vejam… tudo acertado, agora deixe matar meu cérebro com certa velocidade, ok? – Falei e a garçonete veio com as bebidas de todos. Pego as minhas e mando a primeira em um único gole pra dentro.

Sentindo uma quentura dentro do meu corpo aumentar. Me livro do paletó de forma abrupta e afrouxo a gravata, agarro Trish e invado a pista com a minha bebida azulada com a outra mão, sem dizer uma palavra. Ela entende a mensagem imediatamente: Menos conversa, mais balanço.

Algumas horas e doses de bebidas mais tarde, eu estava todo suado e meu corpo me implorando para parar de beber e dançar. Fui até Dennis e pedi-lhe para cumprir sua promessa.

- Eu acho que é tudo por ... - Eu estava falando como um bêbado, como estava.

- Esta noite? É! Eu também acho. Vamos então. Chaves, por favor.

Peguei as chaves no bolso, passou o braço em volta ombro largo de Dennis e ele me arrastou fora do pub, atravessando a rua com dificuldade e, chegando no carro, quase me atirou no banco de trás.

- Ei!

- Desculpe! - Ele sorriu. Mesmo com a minha mente um pouco nebulosa notei que ele, o secretário de Trish, é um cara bonito, bem ... não é meu tipo, mas bonito, e eu estava carente. Vários minutos depois, chegamos na minha casa. Ele me puxou para fora minha carruagem, suavemente desta vez. - Você precisa de ajuda com alguma coisa?

Tropecei e ele me segurou firme pela cintura. Nossas bocas ficaram perigosamente próximas. Fiz o movimento para encontrar a dele, e ele correspondeu, mas no momento em que iríamos nos beijar, a imagem de Patrick me veio à mente e eu desviei, dando à ele a minha bochecha esquerda.

- Desculpe... e-eu não posso. – levantei minha mão esquerda mostrando minha aliança de casamento.

- Entendo... deve ser...

- ... efeito do álcool... – senti meu rosto queimar de vergonha. – Desculpe, Dennis, você é um cara bonito, mas

- Eu sei ... não precisa explicar. - Ele sorriu.

- Bem, pelo menos eu posso oferecer uma cama para você dormir esta noite.

- Não há necessidade para isso. Acabei de ligar para um táxi, ele vai chegar a qualquer momento.

- Posso te dar uma xícara de café, enquanto espera?

- Acho que não tem nenhum problema.

Minha casa estava toda escura, mas quando eu abri a porta as luzes do hall de entrada ligaram automaticamente. Fomos até cozinha na parte de trás, comigo batendo nas paredes como uma bola de pinball. Dennis rindo discretamente. E com alguma dificuldade, consegui acertar o botão correto na cafeteira italiana no balcão.

- Muito obrigado, Dennis. Sua companhia foi inestimável esta noite.

- Não foi nada. Então... o Sr. Dickens fora?

- Infelizmente para ele, e mais infelizmente para mim, sim. - Eu estava prestes a falar sobre a minha vida pessoal com um funcionário de um parceiro, e esse pensamento me refreia. Como eu disse antes, sempre tenho problemas para me abrir para ninguém, só com Patrick. Bem, e Trish também, mas eu tenho certeza que ela pode usar alguns poderes de adivinhação, às vezes. - Cubos de açúcar?

- Uau, você é das antigas.

- Eu não sei como interpretar isso, isso é um elogio ou uma crítica? - Aquele cara ébano ficou corou, eu não sei como ele conseguiu. Eu ri alto. - Estou brincando.

Ele coloca 2 cubos em seu café. Eu bebo meu com muito mais açúcar em uma tentativa inútil de amenizar os efeitos do álcool. O táxi chegou exatamente no momento em que terminou seu café.

- Bem, 'noite, o Sr. Dickens.

- Oh, por favor, é Jason. Boa noite para você também, Dennis. - Eu o acompanhei até a porta, fui para o meu quarto. Me atirei de roupa e tudo na cama, tendo tempo para pensar apenas uma coisa antes de desmaiar:

"O que diabos eu estava pensando?!" - lembrando o quase beijo com Dennis.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo