Enquanto observa a paisagem lá fora, Hazel tenta não se afundar nos próprios pensamentos, repetindo mentalmente as palavras de Hunter sobre aquela noite no hotel, buscando se convencer de que aquele bebê não é seu, mas de sua irmã. Ela fecha os olhos, tentando se ancorar na sensação de segurança que Hunter sempre lhe proporciona, tentando se conectar novamente ao momento em que a felicidade ainda parecia possível. A carícia suave da mão dele sobre a sua a traz de volta para o presente, e um sorriso leve se forma em seus lábios. Hazel se vira lentamente, seus olhos encontrando o dele, admirando o homem que, em tantos momentos, se mostrou muito mais do que ela julgava merecer.— Você é realmente o melhor homem que tive a sorte de conhecer. — Murmura, sua voz carregada de emoção e gratidão, atraindo o olhar atento de Hunter. — Sou uma mulher de muita sorte, obrigada por me amar, por estar ao meu lado, mesmo quando eu mesma não sei se mereço. — Continua, a sinceridade em suas palavras tra
Hunter franze o cenho ao perceber o sorriso malicioso e provocativo de Liam. Sem hesitar, ele se aproxima ainda mais de Hazel, entrelaçando os dedos aos dela e posicionando-se um passo à frente, numa postura claramente protetora, como se estivesse criando uma barreira física e emocional entre ela e o homem à sua frente.— Senhor Murray, como sempre, é um desprazer vê-lo. — Declara Hunter, o sarcasmo escorrendo de cada palavra. — Veio aprender como ser um empresário? — Pergunta, deixando o tom ácido fazer o sorriso de Liam desaparecer por um instante.— É uma possibilidade. — Responde Liam, enfiando as mãos nos bolsos e adotando um ar despreocupado. — Que tal me ensinar? — Sugere, esboçando um sorriso cheio de desdém. — Em troca, posso te ensinar a virar homem e conquistar mulheres. — Faz uma pausa, deixando o olhar correr deliberadamente pelo corpo de Hazel, como se ela fosse um objeto de avaliação. — Mulheres decentes, não qualquer vagabunda. — Provoca, observando o maxilar de Hunter
O silêncio que se segue é sufocante, cada segundo se arrastando como uma eternidade pesada. Hunter sente o suor escorrer pela testa, e ao passar a mão trêmula pelo rosto, mistura o sangue ao suor que já umedece sua pele. Seu corpo ainda vibra com a adrenalina, mas sua mente está em frangalhos, tentando juntar os pedaços do caos que ele mesmo causou. Cada batida frenética de seu coração é um lembrete cruel e incessante do que ele fez, do que quase aconteceu.— Ele está vivo. — Declara o segurança, finalmente, a voz tensa, mas carregada de alívio. — Está respirando, mas precisa de ajuda médica urgente.O ar parece voltar a circular pelo ambiente, como se todos ali tivessem prendido a respiração ao mesmo tempo. Mas o alívio é breve, uma pausa fugaz no meio do turbilhão que ainda agita o salão. Hunter dá um passo para trás, cambaleando, os joelhos ameaçando ceder sob o peso esmagador de seu próprio arrependimento. Ele quase tirou uma vida, e essa consciência é como um veneno, corroendo ca
Hunter tenta olhar por cima do ombro na direção dela, o coração disparado, mas não consegue vê-la. O nervosismo cresce, transformando-se em pânico, e ele tenta se virar, o desespero estampado em cada movimento, mas o policial o segura com força, afastando-o cada vez mais. O medo de perdê-la o sufoca, cada respiração mais difícil do que a anterior.— Por favor, eu preciso saber se ela ficará bem! — Grita Hunter, a voz quebrada, o desespero transbordando enquanto luta para se soltar. Mas o policial o arrasta para longe, ignorando seus apelos, e tudo o que Hunter consegue pensar é que não pode deixá-la assim, que precisa estar ao lado dela, que ela precisa dele.O pânico toma conta e ele começa a se debater, movido por uma força irracional. Usando o ombro, empurra o policial com toda a força, derrubando-o. Sem pensar, ele corre na direção de Hazel, o coração acelerando no peito, mas antes que possa chegar perto dela, é derrubado no chão com violência. Os policiais o imobilizam rapidament
No hospital, Hazel está sentada na cama, as lágrimas escorrendo incessantemente por seu rosto. Kristen e Liang a observam, cada um com uma expressão de preocupação e impotência. Hazel sente o peso de tudo o que aconteceu, a necessidade de ajudar Hunter a sair daquela situação a atormenta, e ela sabe que não pode mais adiar. É hora de contar toda a verdade.— Liang, você pode nos deixar a sós? — Pede Hazel, a voz trêmula, mas determinada. Ela precisa desse momento com a irmã, precisa se abrir sem reservas.— Claro, estarei na recepção se precisarem de mim. — Responde Liang com compreensão, aproximando-se para dar um beijo carinhoso na testa de Kristen antes de sair. — Qualquer coisa, me chamem. — Acrescenta, lançando um último olhar preocupado para Hazel antes de deixar o quarto.Quando a porta se fecha, o silêncio na sala parece ainda mais pesado. Hazel desce da cama e se senta no sofá, observando Kristen se aproximar com a cadeira de rodas e parar bem à sua frente. O olhar da irmã é
Naquele instante de confissão, as lágrimas das irmãs se misturam em um pranto compartilhado, carregado de dor e culpa. Kristen tenta confortar Hazel, mas a impotência de não ter estado lá para protegê-la a corrói por dentro.— Como ele pôde fazer isso com você? — Questiona Kristen, a voz embargada pelo choque e pela raiva. — Ele não percebeu que você estava drogada? Como ele pôde se aproveitar de você assim? — Ela a segura com força, como se tentasse protegê-la de tudo o que já aconteceu, de uma dor que ela não pôde evitar.Hazel se afasta abruptamente, surpresa e confusa com a acusação. Desde aquela manhã em que fugiu do quarto de hotel, nunca havia visto a situação por esse ângulo. As palavras de Kristen a atingem como um soco, e ela sente um frio percorrer sua espinha ao pensar nisso.— Não, Kristen, ele não fez isso. — Murmura Hazel, a voz falhando enquanto os soluços dificultam continuar. Mas a pergunta de Kristen não sai de sua cabeça. Ela se lembra dos riscos que correu naquel
Após finalmente revelar toda a verdade para Kristen, assim como fez para Hunter, Hazel sente um peso imenso sair de seus ombros. É como se ela pudesse respirar novamente, como se a culpa e a angústia que a acompanhavam há tanto tempo tivessem finalmente dado lugar a uma paz, mesmo que frágil. E, naquele instante, percebe o quanto suas escolhas a trouxeram até ali. Se tivesse sido sincera desde o início, se tivesse confiado nas pessoas que mais amava, talvez sua vida não estivesse tão desordenada, talvez ela não tivesse ferido a si mesma e aos outros da forma que fez.Após uma longa conversa com os médicos, Hazel é liberada. As recomendações são claras, evitar situações de estresse e se cuidar, mantendo o corpo e a mente tranquilos. Kristen insiste para que ela vá direto para casa, e Hazel concorda, pelo menos por enquanto.De volta à casa da irmã, Hazel sente uma sensação de alívio, como se um peso invisível tivesse sido retirado de seus ombros. O carinho e a preocupação de Kristen a
Hunter abaixa o olhar, incapaz de esconder a dor que o corrói ao lembrar daquele episódio sombrio de sua vida. Ele odeia falar sobre isso, uma ferida que nunca cicatrizou. Mas, para Hazel entender a gravidade da situação e porque ele está tão ciente do que Liam fez a ela, ele precisa compartilhar tudo.— Porque ele já fez isso antes. — Declara Hunter, levantando o olhar para encará-la. A tristeza em sua expressão é inconfundível, como se as palavras fossem pedras esmagando seu peito. — A autópsia da minha irmã indicou que ela estava sob efeito de drogas, e o relatório toxicológico revelou doses altíssimas de ketamina. Hazel leva as mãos aos lábios, o choque estampado em seu rosto. O coração dela acelera ao ouvir a palavra que a fez reviver seu próprio pesadelo.— Ketamina? — Repete Hazel, incrédula. O tom de sua voz carrega uma mistura de surpresa e medo, ecoando o choque de descobrir que a mesma substância estava presente no seu próprio exame toxicológico.— Ketamina é um me… — Come