Hazel balança a cabeça em negação, as lágrimas escorrendo sem controle, molhando seu rosto já marcado pela dor. Ela sabe que Hunter está certo, sabe que cada decisão foi tomada por Kristen, para dar à irmã o sonho de ser mãe. Mas o apego que desenvolveu por aquele bebê é como uma chama que a consome por dentro, dilacerando seu coração a cada batida. Ela tentou manter a distância emocional, tentou convencer a si mesma de que era apenas uma ligação temporária, mas falhou miseravelmente. Agora, diante da possibilidade de perder esse vínculo, tudo o que sente é um vazio avassalador.Ela não consegue evitar sentir-se assim, mesmo sabendo que, por boa parte da gestação, rezou em silêncio para que aquele bebê não fosse seu. O conflito entre o dever e o amor que cresceu dentro dela se tornou insuportável, e a culpa por, agora, desejar desesperadamente que aquele bebê seja dela, a sufoca. Hazel se sente perdida, esmagada entre o que era certo e o que seu coração agora anseia com todas as força
Hunter a observa com um olhar que carrega toda a ternura que consegue reunir, lendo nas feições delicadas de Hazel a urgência desesperada por respostas. Ele compreende o desespero dela, a necessidade quase sufocante de um alívio, por mínimo que seja, para a avalanche de incertezas que a consome. Embora esteja certo de que aquele bebê não pode ser dele, pois desde o instante em que ela revelou a verdade, ele revisitou mentalmente cada detalhe daquela noite inúmeras vezes. Cada toque, cada suspiro, cada beijo trocado, ciente que não passaram disso. Mas ele entende que apenas suas memórias não bastam para acalmar o turbilhão de emoções que ela enfrenta.Um sorriso suave e reconfortante curva seus lábios quando ele pega uma xícara de café da bandeja e a estende para ela, como se aquele gesto simples pudesse ser um bálsamo para o que Hazel sente. — Vamos começar o dia com calma. — Sua voz é baixa, quase um sussurro, mas cheia de uma serenidade que parece desafiar o peso da situação. — Tem
Em seu apartamento, Hazel decide dedicar um pouco mais de tempo ao visual, como se isso a auxiliasse a se sentir ainda mais confiante ao lado dele. Ela escolhe um vestido elegante e delicado, que realça suas curvas com sutileza, e passa um batom suave, um toque de cor que contrasta com sua pele macia. Ao olhar-se no espelho, sente o nervosismo desaparecer gradualmente, substituído por uma onda de determinação. Ela quer estar no seu melhor não apenas pelo evento, mas por ele, para que Hunter veja que ela é, sim, a mulher que merece estar ao seu lado em qualquer circunstância.Quando finalmente sai do quarto, encontra Hunter sentado no sofá, com a cabeça recostada e os olhos fechados. Ele parece relaxado, mas há uma tensão nos ombros que revela o quanto ele está tentando manter o controle. Hazel sorri, encantada com a cena diante de si, e decide surpreendê-lo.Com passos silenciosos, ela se aproxima e, sem hesitar, senta-se delicadamente no colo dele, envolvendo-o com seus braços e deix
Enquanto observa a paisagem lá fora, Hazel tenta não se afundar nos próprios pensamentos, repetindo mentalmente as palavras de Hunter sobre aquela noite no hotel, buscando se convencer de que aquele bebê não é seu, mas de sua irmã. Ela fecha os olhos, tentando se ancorar na sensação de segurança que Hunter sempre lhe proporciona, tentando se conectar novamente ao momento em que a felicidade ainda parecia possível. A carícia suave da mão dele sobre a sua a traz de volta para o presente, e um sorriso leve se forma em seus lábios. Hazel se vira lentamente, seus olhos encontrando o dele, admirando o homem que, em tantos momentos, se mostrou muito mais do que ela julgava merecer.— Você é realmente o melhor homem que tive a sorte de conhecer. — Murmura, sua voz carregada de emoção e gratidão, atraindo o olhar atento de Hunter. — Sou uma mulher de muita sorte, obrigada por me amar, por estar ao meu lado, mesmo quando eu mesma não sei se mereço. — Continua, a sinceridade em suas palavras tra
Hunter franze o cenho ao perceber o sorriso malicioso e provocativo de Liam. Sem hesitar, ele se aproxima ainda mais de Hazel, entrelaçando os dedos aos dela e posicionando-se um passo à frente, numa postura claramente protetora, como se estivesse criando uma barreira física e emocional entre ela e o homem à sua frente.— Senhor Murray, como sempre, é um desprazer vê-lo. — Declara Hunter, o sarcasmo escorrendo de cada palavra. — Veio aprender como ser um empresário? — Pergunta, deixando o tom ácido fazer o sorriso de Liam desaparecer por um instante.— É uma possibilidade. — Responde Liam, enfiando as mãos nos bolsos e adotando um ar despreocupado. — Que tal me ensinar? — Sugere, esboçando um sorriso cheio de desdém. — Em troca, posso te ensinar a virar homem e conquistar mulheres. — Faz uma pausa, deixando o olhar correr deliberadamente pelo corpo de Hazel, como se ela fosse um objeto de avaliação. — Mulheres decentes, não qualquer vagabunda. — Provoca, observando o maxilar de Hunter
O silêncio que se segue é sufocante, cada segundo se arrastando como uma eternidade pesada. Hunter sente o suor escorrer pela testa, e ao passar a mão trêmula pelo rosto, mistura o sangue ao suor que já umedece sua pele. Seu corpo ainda vibra com a adrenalina, mas sua mente está em frangalhos, tentando juntar os pedaços do caos que ele mesmo causou. Cada batida frenética de seu coração é um lembrete cruel e incessante do que ele fez, do que quase aconteceu.— Ele está vivo. — Declara o segurança, finalmente, a voz tensa, mas carregada de alívio. — Está respirando, mas precisa de ajuda médica urgente.O ar parece voltar a circular pelo ambiente, como se todos ali tivessem prendido a respiração ao mesmo tempo. Mas o alívio é breve, uma pausa fugaz no meio do turbilhão que ainda agita o salão. Hunter dá um passo para trás, cambaleando, os joelhos ameaçando ceder sob o peso esmagador de seu próprio arrependimento. Ele quase tirou uma vida, e essa consciência é como um veneno, corroendo ca
Hunter tenta olhar por cima do ombro na direção dela, o coração disparado, mas não consegue vê-la. O nervosismo cresce, transformando-se em pânico, e ele tenta se virar, o desespero estampado em cada movimento, mas o policial o segura com força, afastando-o cada vez mais. O medo de perdê-la o sufoca, cada respiração mais difícil do que a anterior.— Por favor, eu preciso saber se ela ficará bem! — Grita Hunter, a voz quebrada, o desespero transbordando enquanto luta para se soltar. Mas o policial o arrasta para longe, ignorando seus apelos, e tudo o que Hunter consegue pensar é que não pode deixá-la assim, que precisa estar ao lado dela, que ela precisa dele.O pânico toma conta e ele começa a se debater, movido por uma força irracional. Usando o ombro, empurra o policial com toda a força, derrubando-o. Sem pensar, ele corre na direção de Hazel, o coração acelerando no peito, mas antes que possa chegar perto dela, é derrubado no chão com violência. Os policiais o imobilizam rapidament
No hospital, Hazel está sentada na cama, as lágrimas escorrendo incessantemente por seu rosto. Kristen e Liang a observam, cada um com uma expressão de preocupação e impotência. Hazel sente o peso de tudo o que aconteceu, a necessidade de ajudar Hunter a sair daquela situação a atormenta, e ela sabe que não pode mais adiar. É hora de contar toda a verdade.— Liang, você pode nos deixar a sós? — Pede Hazel, a voz trêmula, mas determinada. Ela precisa desse momento com a irmã, precisa se abrir sem reservas.— Claro, estarei na recepção se precisarem de mim. — Responde Liang com compreensão, aproximando-se para dar um beijo carinhoso na testa de Kristen antes de sair. — Qualquer coisa, me chamem. — Acrescenta, lançando um último olhar preocupado para Hazel antes de deixar o quarto.Quando a porta se fecha, o silêncio na sala parece ainda mais pesado. Hazel desce da cama e se senta no sofá, observando Kristen se aproximar com a cadeira de rodas e parar bem à sua frente. O olhar da irmã é