O silêncio se prolonga entre eles, pesado e carregado de significados. Hunter, sem saber exatamente como oferecer conforto a Kristen, sente o impacto das palavras dela reverberando dentro de si. Cada detalhe revelado sobre Hazel começa a clarear aspectos que ele não havia percebido antes. Embora ainda não consiga aceitar as escolhas de Hazel, pequenos fragmentos de compreensão começam a se formar, o medo dela de dirigir, o amor feroz que sente pela irmã, suas inseguranças profundamente enraizadas. Isso, de alguma forma, começa a suavizar a raiva que fervilhava dentro dele.— Não vim aqui para te deixar triste. — Murmura Hunter, quebrando o silêncio, sua mão envolvendo a de Kristen num gesto suave, quase protetor. — Só queria ver como você está. — Sua voz é baixa, mas firme, enquanto ele enxuga delicadamente as lágrimas que ainda escorriam pelo rosto dela.— Estou bem. — Responde Kristen, forçando um sorriso que carrega toda a dor e esperança que a situação exige. — Estou respondendo b
Hunter coloca as duas mãos nos bolsos e caminha lentamente em direção à mesa, parando em frente a ela, os olhos fixos em Owen, que permanece sentado. Ambos sabem que a conversa não será tranquila, Owen conhece Hunter o bastante para perceber a irritação contida em cada gesto.— Senhor Smith, você está realmente fazendo o seu trabalho? — Pergunta Hunter, a voz firme, mas cheia de sarcasmo, quebrando o silêncio incisivamente.— Sim, eu sempre faço o meu trabalho. — Responde Owen, tentando manter a compostura, mas o desconforto é evidente, principalmente quando uma risada curta e irônica escapa dos lábios de Hunter.— É mesmo? — Rebate, pousando as duas mãos na mesa e inclinando-se ligeiramente para frente, seus olhos fixos nos de Owen. — Então por que eu não fui notificado sobre o mandado de prisão contra o senhor Potter? — Pergunta, a surpresa evidente no rosto de Owen. — Acredito que, sendo ele um fugitivo, isso deva ter algum impacto no processo que ele está movendo contra mim, não a
No apartamento de Audrey, ela está encolhida no sofá, o rosto latejando, ainda sentindo o calor do tapa brutal que Liam lhe deu. Sua pele queima, mas o que mais dói é o medo, profundo e paralisante. Ela luta para segurar as lágrimas, enquanto o assiste em mais um dos seus surtos de raiva, destruindo tudo à sua volta, jogando objetos pelo chão com uma violência que se tornou o novo normal entre eles.— Não estou me recusando, Liam, só estou pedindo alguns dias. — Declara Audrey, sua voz saindo num sussurro frágil, o pavor evidente em cada palavra. Ela observa, encolhida, enquanto ele para a sua frente, o olhar furioso e incontrolável. — Não quero enfrentar o Hunter sozinha. Daqui a alguns dias, meu pai estará de volta e poderá me acompanhar. — Afirma, mal conseguindo esconder o desespero, uma tentativa inútil de acalmar a fera à sua frente.— Quantos dias? — Pergunta Liam, a voz subindo de tom, sua fúria crescendo, as mãos tremendo enquanto ele luta contra o impulso de machucá-la mais.
Nos dias que se seguiram, Hazel fez exatamente o que ele pediu. Tirou alguns dias de folga, tentando encontrar paz entre o silêncio vazio do seu apartamento e as visitas à casa de Kristen. Mas cada vez que entrava na casa da irmã, o medo tomava conta dela. O pensamento de que o bebê em seu ventre, que deveria ser apenas de Kristen, poderia ser dela e de Hunter a perseguia, sufocando-a em culpa. Imaginar a dor e a decepção nos olhos da irmã se a verdade viesse à tona era algo que a destruía um pouco mais a cada dia. A culpa a esmagava, fazendo-a se questionar se poderia sobreviver à magnitude do erro que carregava.— Hazel, a TechNova Summit está nos últimos dias. Você não aparecerá mais? — A voz de Liang surge do nada, arrancando Hazel de seus pensamentos atormentados.— Acho que não, meu chefe me deu alguns dias de folga. — Responde Hazel, sua voz apagada, enquanto brinca distraidamente com o garfo no prato. Oito dias. Oito longos dias se passaram desde a última mensagem dele. — Ele
Hunter deixa o celular no aparador ao lado da porta e coloca as mãos nos bolsos, andando lentamente pela sala em silêncio. Seu olhar permanece fixo no sofá, pousado sobre sua visita inesperada e indesejada, mas que, de alguma forma, fazia seu coração bater descompassado, mesmo que ele tentasse manter a calma exterior.— Já jantou? — Pergunta Hunter, quebrando finalmente o silêncio, a voz baixa, quase rouca, enquanto para a sua frente.— Não estou com fome. — Responde Hazel suavemente, levantando o rosto para encarar o olhar dele. Seus olhos se encontram, e naquele instante, o peso de tudo que ficou não dito, de toda a dor, a culpa, e o desejo contido, transborda. Hunter sorri, um sorriso leve, quase imperceptível, mas com um poder desarmante que Hazel não consegue resistir. Sem dizer uma palavra, ele estende a mão para ela, e, sem hesitar, ela a aceita. Ele a conduz pela sala, até a cozinha, em um silêncio que diz mais do que qualquer palavra poderia. Ao chegarem, ele indica um dos b
O silêncio que paira entre eles é denso e Hazel mantém a cabeça baixa, absorvendo cada palavra como se fossem um peso que se acumula em seus ombros. Ela sabia que esse momento chegaria, mas isso não diminui o medo que a consome. A incerteza do que está por vir é sufocante, e cada segundo parece prolongar a angústia que lateja em seu peito. Hunter a observa em silêncio, enquanto continua a preparar o jantar. Seus movimentos são metódicos, quase mecânicos, mas a mente dele está distante, fixada nela.Após colocar as batatas no fogo, ele não consegue mais resistir à necessidade de se aproximar. Com passos decididos, cruza a pequena distância que os separa e, com a suavidade de quem toca algo precioso, ele segura o queixo de Hazel entre os dedos, erguendo-o gentilmente. Os olhos dela, tristes e perdidos, encontram os dele, e naquele instante parece que o tempo para.— Tenho algumas questões para debater com você antes de ouvir a tua decisão. — Afirma Hunter, sua voz baixa, quase um murmúr
Hazel apoia uma das mãos nas costas dele, sentindo a firmeza dos músculos sob a camisa, e a outra ela leva ao rosto de Hunter, virando-o gentilmente em sua direção. Ela o puxa para mais perto, seus lábios se encontrando em um beijo profundo e apaixonado, um beijo que carrega tudo o que ela sente por ele, o amor que a preenche, o desejo que a consome, a admiração que a faz perder o fôlego e a vontade insaciável de estar com ele, de tê-lo em sua vida de todas as maneiras possíveis.Ela sente Hunter corresponder com a mesma intensidade, mesmo com as mãos ainda ocupadas no corte do filé, como se tudo ao redor deixasse de existir. Quando os lábios finalmente se afastam, Hazel encosta a testa na dele, os olhos fechados enquanto a respiração dela se mistura com a dele.— Eu te amo, Hunter. — Sussurra, a voz cheia de emoção. Ela segura o rosto dele com ambas as mãos, os polegares acariciando suavemente sua pele, querendo gravar cada detalhe daquele instante em sua memória. — Por favor, me pe.
Os beijos repletos de amor continuam entre os dois, intensos e cheios de uma urgência quase desesperada, como se tentassem recuperar cada segundo perdido. Hazel sente o coração transbordar de felicidade e gratidão por estar ali, nos braços dele, por ser perdoada, mesmo que dentro de si ainda ache que não merece. As lágrimas escorrem por seu rosto, misturando-se aos beijos que eles compartilham, um reflexo do turbilhão de emoções que a domina.— Eu não mereço isso. — Sussurra, a voz quebrada pela emoção, enquanto as lágrimas caem, cada gota carregando um pouco da culpa e da dor que ela carrega. — Por que você me ama? — Pergunta, o coração batendo descompassado, como se precisasse de uma razão para acreditar que aquele amor era real, que aquele perdão era verdadeiro.Hunter segura o rosto de Hazel com firmeza, os olhos fixos nos dela, tão intensos que parecem enxergar diretamente sua alma. — Pare de se punir. — Ordena, a voz firme, mas carregada de um carinho que a faz tremer. — Eu tin