Brooke percebe a impulsividade de seus atos e, por um momento, hesita, tentando reunir seus pensamentos enquanto olha em direção à sala de Hazel. Ela caminha de volta lentamente, a cabeça cheia de emoções confusas, tentando encontrar as palavras certas. Ao abrir a porta, vê Hazel de pé, a bolsa pendurada no ombro, os olhos vermelhos, claramente pronta para ir embora. Com um movimento decidido, Brooke fecha a porta, deixando claro que essa conversa precisa acontecer.— Me desculpa pela minha reação. — Começa Brooke, a voz mais suave, mas ainda carregada de tensão. — Eu não estou aqui para te julgar, pois não sei o que te levou a fazer isso. — As palavras saem vacilantes, e a verdade é que ela está lutando contra o julgamento que tenta segurar. No fundo, a raiva pelo que Hunter está passando consome cada pedaço de calma que ela tenta demonstrar. — Só que eu precisava falar com o Hunter. Porque, conhecendo-o, eu sei o quanto ele deve estar destruído agora. — As palavras saem apressadas,
Após a longa e dolorosa conversa com Brooke, Hazel sente o peso do seu erro com uma clareza ainda mais cruel. O desejo de acabar com tudo a consome, mas ela sabe que não pode causar mais dor a Hunter. Com a alma ferida, decide esperar as próximas instruções dele, sufocando sua angústia e colocando uma máscara de normalidade, fingindo que nada mudou. Ao sair do escritório, segue diretamente para o seu apartamento, com a mente inquieta, se perguntando se a mensagem que ele enviou foi mais do que uma simples pergunta. Será que ele tinha a intenção de aparecer?— Amiga, você está horrível! — Exclama Cassie, encontrando Hazel parada em frente à porta. — O que aconteceu? — Pergunta, os olhos captando imediatamente os sinais de lágrimas secas e cansaço no rosto de Hazel.— Foi uma manhã longa demais. — Responde Hazel, com um suspiro pesado, destrancando a porta. — Eu só preciso do conforto da cama e de ficar sozinha com meus pensamentos. — Acrescenta, a voz vazia de emoção, como se qualquer
Assim que a porta se abre, Hunter sorri confiante, escondendo habilmente todos os sentimentos que o atormentam por dentro.— Senhor Hill, que surpresa! — Declara Eva com um sorriso gentil nos lábios, imaginando o motivo da visita. — A Hazel não está aqui. — Dispara, assumindo que ele estaria ali para vê-la.— Boa tarde, Eva. — Cumprimenta Hunter, mantendo o sorriso, o tom leve e casual. — Eu sei, não estou aqui para vê-la. — Responde com suavidade, cruzando o limiar da porta assim que ela abre espaço para ele.— Me acompanhe, por favor. — Solicita, gesticulando para que ele o acompanhasse até a sala. — Kristen, você tem visitas. — Anuncia ao entrar, com Hunter logo atrás.— Que surpresa! — Exclama Kristen, enquanto Hunter se aproxima, seus olhos brilhando com a inesperada visita.— Você está linda com esse novo visual. — Elogia Hunter, segurando delicadamente a mão dela e depositando um beijo gentil. — Como você está? — Pergunta, mantendo-se em pé à sua frente.— Obrigada. — Responde,
O silêncio se prolonga entre eles, pesado e carregado de significados. Hunter, sem saber exatamente como oferecer conforto a Kristen, sente o impacto das palavras dela reverberando dentro de si. Cada detalhe revelado sobre Hazel começa a clarear aspectos que ele não havia percebido antes. Embora ainda não consiga aceitar as escolhas de Hazel, pequenos fragmentos de compreensão começam a se formar, o medo dela de dirigir, o amor feroz que sente pela irmã, suas inseguranças profundamente enraizadas. Isso, de alguma forma, começa a suavizar a raiva que fervilhava dentro dele.— Não vim aqui para te deixar triste. — Murmura Hunter, quebrando o silêncio, sua mão envolvendo a de Kristen num gesto suave, quase protetor. — Só queria ver como você está. — Sua voz é baixa, mas firme, enquanto ele enxuga delicadamente as lágrimas que ainda escorriam pelo rosto dela.— Estou bem. — Responde Kristen, forçando um sorriso que carrega toda a dor e esperança que a situação exige. — Estou respondendo b
Hunter coloca as duas mãos nos bolsos e caminha lentamente em direção à mesa, parando em frente a ela, os olhos fixos em Owen, que permanece sentado. Ambos sabem que a conversa não será tranquila, Owen conhece Hunter o bastante para perceber a irritação contida em cada gesto.— Senhor Smith, você está realmente fazendo o seu trabalho? — Pergunta Hunter, a voz firme, mas cheia de sarcasmo, quebrando o silêncio incisivamente.— Sim, eu sempre faço o meu trabalho. — Responde Owen, tentando manter a compostura, mas o desconforto é evidente, principalmente quando uma risada curta e irônica escapa dos lábios de Hunter.— É mesmo? — Rebate, pousando as duas mãos na mesa e inclinando-se ligeiramente para frente, seus olhos fixos nos de Owen. — Então por que eu não fui notificado sobre o mandado de prisão contra o senhor Potter? — Pergunta, a surpresa evidente no rosto de Owen. — Acredito que, sendo ele um fugitivo, isso deva ter algum impacto no processo que ele está movendo contra mim, não a
No apartamento de Audrey, ela está encolhida no sofá, o rosto latejando, ainda sentindo o calor do tapa brutal que Liam lhe deu. Sua pele queima, mas o que mais dói é o medo, profundo e paralisante. Ela luta para segurar as lágrimas, enquanto o assiste em mais um dos seus surtos de raiva, destruindo tudo à sua volta, jogando objetos pelo chão com uma violência que se tornou o novo normal entre eles.— Não estou me recusando, Liam, só estou pedindo alguns dias. — Declara Audrey, sua voz saindo num sussurro frágil, o pavor evidente em cada palavra. Ela observa, encolhida, enquanto ele para a sua frente, o olhar furioso e incontrolável. — Não quero enfrentar o Hunter sozinha. Daqui a alguns dias, meu pai estará de volta e poderá me acompanhar. — Afirma, mal conseguindo esconder o desespero, uma tentativa inútil de acalmar a fera à sua frente.— Quantos dias? — Pergunta Liam, a voz subindo de tom, sua fúria crescendo, as mãos tremendo enquanto ele luta contra o impulso de machucá-la mais.
Nos dias que se seguiram, Hazel fez exatamente o que ele pediu. Tirou alguns dias de folga, tentando encontrar paz entre o silêncio vazio do seu apartamento e as visitas à casa de Kristen. Mas cada vez que entrava na casa da irmã, o medo tomava conta dela. O pensamento de que o bebê em seu ventre, que deveria ser apenas de Kristen, poderia ser dela e de Hunter a perseguia, sufocando-a em culpa. Imaginar a dor e a decepção nos olhos da irmã se a verdade viesse à tona era algo que a destruía um pouco mais a cada dia. A culpa a esmagava, fazendo-a se questionar se poderia sobreviver à magnitude do erro que carregava.— Hazel, a TechNova Summit está nos últimos dias. Você não aparecerá mais? — A voz de Liang surge do nada, arrancando Hazel de seus pensamentos atormentados.— Acho que não, meu chefe me deu alguns dias de folga. — Responde Hazel, sua voz apagada, enquanto brinca distraidamente com o garfo no prato. Oito dias. Oito longos dias se passaram desde a última mensagem dele. — Ele
Hunter deixa o celular no aparador ao lado da porta e coloca as mãos nos bolsos, andando lentamente pela sala em silêncio. Seu olhar permanece fixo no sofá, pousado sobre sua visita inesperada e indesejada, mas que, de alguma forma, fazia seu coração bater descompassado, mesmo que ele tentasse manter a calma exterior.— Já jantou? — Pergunta Hunter, quebrando finalmente o silêncio, a voz baixa, quase rouca, enquanto para a sua frente.— Não estou com fome. — Responde Hazel suavemente, levantando o rosto para encarar o olhar dele. Seus olhos se encontram, e naquele instante, o peso de tudo que ficou não dito, de toda a dor, a culpa, e o desejo contido, transborda. Hunter sorri, um sorriso leve, quase imperceptível, mas com um poder desarmante que Hazel não consegue resistir. Sem dizer uma palavra, ele estende a mão para ela, e, sem hesitar, ela a aceita. Ele a conduz pela sala, até a cozinha, em um silêncio que diz mais do que qualquer palavra poderia. Ao chegarem, ele indica um dos b