- Desculpem, mas o museu já fechou! Dizia o segurança na entrada do museu.
- Somos os donos, Cezar! - Respondeu, André, lendo o nome do vigilante no crachá.Um outro segurança já se aproximava deles e rapidamente resolveu o problema na entrada.- Boa noite, Dr. André! Entendam que não é comum a visita de vocês ainda mais nesse horário e o Cezar é novo por aqui! - Aquele era Wanderson, chefe da segurança do complexo. Conhecia os dois desde quando eles ainda faziam trabalhos de escola na biblioteca do complexo cultural da família.- Boa noite, Wando! Sem problema, o erro é nosso, mas precisamos ir ao museu, consultar um item.- Claro, Dr.! Vou levá-los! - Se prontificou!- Fique tranquilo, conhecemos bem o caminho e tenho todos os acessos. - A resposta de André, um pouco tenso, deixou Wanderson desconcertado. E, afinal, todo bom segurança é curioso também.Os irmãos se afastaram da entrada a caminho do Museu no quadrante esquerdo do complexo, que era consideravelmente grande, um dos maiores acervos culturais do mundo.- Faz tempo que não venho aqui, mas me dei conta que faz muito mais tempo a última vez que viemos juntos. - Comentou, Eva com um certo pesar saudosista.Apesar de praticamente serem obrigados à convivência, o costume, o hábito, em muitas circunstancias nos trazem um sentimento estranho, quando retornam a lembrança. Era o que passava pela cabeça dos dois naquele momento. Mas quando entraram finalmente no Museu percebia-se que a única coisa que pensavam, então era no cálice e em seu significado.Adentraram pelas seções e o cenário parecia bem intrigante para aguçar ainda mais as ideias sobre aquilo tudo. Desde exposições planetárias, passando por descobertas científicas históricas, até as mais complexas composições biológicas recriadas em tamanho gigante, chegar na área reservada, naquela situação sem pensar nos mistérios da vida era quase que como um desafio impossível.André pensou em ir até o arquivo, consultar o índice pra localizar o cálice, mas Eva avistou no sobre piso, dentro de uma redoma. Ela subiu, o irmão foi logo atrás. Não haviam dispositivos de segurança ali, nada que indicasse que o objeto era de grande valor.Eva, de repente, tem um sobressalto e se espanta. André não entende o que ela viu.- O cálice... Está brilhando, piscando, irradiando uma luz intensa. - Disse ela, transtornada com aquilo.- Não - Respondeu, André. - Vejo só uma taça grande e velha de ouro.André tirou a redoma e empunhou o cálice. Avistou a moeda, encaixada na parte frontal do cálice, com um símbolo, era um pequeno dragão.Quando André pegou nas mãos o cálice, ouviu um barulho.- Muito bem, Empresário! - Era o homem que o sequestrara pouco antes. - Aliás, obrigado por deixar todos os acessos liberados. Achamos melhor segui-lo, mais rápido, mais prudente... e parece que tem mais gente atrás desse objeto, então, vamos terminar logo com isso.André ficou surpreso, confuso, mas tomou uma decisão rápida. Foi em direção ao bandido e de forma discreta retirou a moeda do encaixe, o que na visão de Eva fez o cálice parar de brilhar. Ao passar por Eva, colocou a moeda na mão dela. Teria sido perfeito se nesse momento Eva não tomasse algo como se fosse um choque de desfibrilador no corpo, a ponto de até André sentir uma faísca e ela não caísse desmaiada. Mãos fechadas, punhos cerrados, braços junto ao corpo.- Empresário, eu vi o que você fez e pode ser que eu tenha que machucar sua irmã agora pra retirar essa moeda da mão dela.André, que estava agachado, perto da irmã tentando descobrir o que aconteceu, ver seus sinais vitais, se sentiu impotente e já não sabia o que fazer.Nesse momento, um outro grupo de pessoas também invade a seção.O desespero na cabeça de André é substituído por dois pensamentos tragicômicos. Primeiro que um segurança novato e um velho realmente não parecem a melhor equipe, agora. Depois, se toda aquela gente estivesse ao mesmo tempo no Museu num dia comum, em horário de funcionamento, pagando entrada, talvez nosso país, o mundo como um todo não estivesse tão perdido como sociedade. Bom, do que adiantava ele pensar assim, dono de 10% do país praticamente, sendo assaltado por duas facções de criminosos ao mesmo tempo, sem sequer saber o objetivo dos grupos.- André, meu nome é Moisés, você deve ter ouvido sobre mim através de sua irmã. Proteja-a, assim como a esse cálice e essa moeda com sua vida!Herói ou vilão, seu tom de voz não disse, mas a força de sua fala indicou que ele deveria fazer isso mesmo. Não haviam mesmo outras saídas aparentes. Essa contatação de André acontecia ao mesmo tempo que começava uma sequência de luta digna dos melhores filmes de ação, de deixar boquiaberto mesmo.Os sequestradores muito bem armados, começaram a atirar e o grupo de Moisés, que usavam roupas de couro que aparentemente tinham colete à prova de balas por baixo, desviavam e batiam, usando as mais diversificadas técnicas de artes marciais.Um dos bandidos sacou uma metralhadora e as baixas dos encouraçados começou a ser grande.O Negociador, que se posicionou todo tempo como líder, fugiu do embate e estava fora de vista, até surgir na frente de André, bater em sua cabeça com a arma e tentar tirar a moeda da mão de Eva, sem sucesso.Moisés que estava no andar de baixo, usa de acrobacias pra em alguns pulos chegar entre eles. No momento que Moisés toca a mão de Eva, o cálice que está sendo segurado ainda por André, é atraído como que magneticamente para as mãos de Eva e Moisés, mas André não solta e é carregado junto.O Negociador atira em André, o cálice toca as mãos de Moisés e Eva e uma grande explosão acontece.André abriu os olhos. O Sol quente ardia seu corpo todo. Estava deitado numa areia escaldante. Sentia como se a areia tivesse invadido seus poros, entrado pela boca, presa por todo seu cabelo. Lembrava o que tinha acontecido. Será que sobreviveu e foi sequestrado? Atirado no meio do nada? Sentia seu corpo diferente. Foi tentando levantar e se percebeu mais magro, seu abdômen definido como de um atleta, seus braços mais finos. A ideia de que havia morrido e que estava em outra realidade passava por sua cabeça, mas a possibilidade de sonho fazia mais sentido para ele.Ao ficar de pé, olhou para o céu e viu dois Sóis. A combinação da luz, na posição que estavam dava um avermelhado para todo aquele cenário entre areia e céu infinitos. O céu foi se cobrindo de nuvens, ficando mais escuro rapidamente, o som lembrava o de turbinas d
- Então, deixa eu ver se entendi direito, aquele idiota, quando esteve na Terra, deixou descendentes, deixou testemunhas que escreveram sobre suas ações como bem entenderam, inclusive fizeram profecias em seu nome e criou um elemento químico com seu poder, não natural, que deixou no planeta, sem contar nada disso para nós? - A mulher que leu os pensamentos de André contava as conclusões que tirou com base nos acontecimentos lembrados pelo garoto.- Quem você pensa que está chamando de idiota? - Zeon ficou furioso e ao gritar essa pergunta explodiu uma enorme energia a partir de seu corpo para cima, como se saísse dele fogo e raios elétricos que escapavam das chamas. André, no susto, caiu sentado.- É mesmo um idiota se precisa confirmar a quem eu estava me referindo! - Gritou em resposta a mulher que não por menos explodiu de
Hagar levou André novamente para o deserto. Contou diversas histórias fantásticas que intrigavam André e o faziam entender mais o funcionamento daquele Universo. O que mais impressionava André era o mecanismo que levava uma pessoa ao morrer para uma outra vida. Existia uma total aleatoriedade, mas ao mesmo tempo, também alguma previsibilidade. Na cabeça dele, lembrava seu familiarizado mercado de ações. Existiam muitos fatores externos que influenciavam e que podiam fugir do controle de quem quisesse tentar adivinhar o destino de alguém que morria em sua primeira vida. Mas ao mesmo tempo, existiam padrões que se observados bem por um estudioso poderiam ser previstos e o apostador teria grande chance de sucesso se existisse um banco de palpites.- Acho muito interessante o caminho que fazem seus pensamentos. É maravilhoso ter contato, depois de tanto t
- Eva! - Moisés gritava seu nome enquanto era arrastado por outras pessoas.- Moisés! - Eva respondia da mesma forma, também sendo levada para o outro lado.A visão dos dois ainda estava embaçada, não sabiam muito bem, nenhum dos deles o que estava acontecendo.Moisés começou a olhar a sua volta e percebeu que não estavam no museu. Era uma espécie de caverna gigantesca, toda vermelha, efeito provavelmente criado por chamas que estavam por todos os lados e, se Moisés estava enxergando direito, lava, que fluía pelas laterais. Percebeu como eram estranhas as vestimentas daqueles que os agarravam.- Peguem o cálice. - Disse, uma das vozes.Moisés notou que o cálice estava ali, no lugar de onde aquelas pessoas estavam removendo-os. Tentou desvencilhar-se e pular em direção ao cálice, mas foi seguro com mais força. Quando um dos home
A nova estrutura criada por Hagar era uma simples barraca. Mais simples que a anterior. A intenção era poupar esforços, pelo que explicava Hagar. Alguns repunham a energia dos que haviam gasto mais, com uma técnica. Espalmavam a mão por sobre seus corpos e uma espécie de energia era repassada. Segundo Hagar, esse poder utilizava o ar como alimentação para multiplicar a energia quando transmitida. O gasto de quem usava era baixo e a recuperação de quem recebia era muito rápida. Quando Móretar, o rapaz que treinava, acordou, quis imediatamente voltar a treinar e seu pedido foi atendido. Hagar desfez a barraca de emergência que tinha criado, dizendo que era apenas uma ilusão, que estavam o tempo na floresta, que por sinal já estava totalmente reconstruída. Eles já haviam deixado tudo preparado para sua recuperaçã
O plano seguiu como Zeon imaginou. Dafa realmente sugeriu ir com Móretar para o planeta Key. Zeon fechou o portal antes dela voltar, quando percebeu o que aconteceu, Vaes ia atacar Zeon, mas foi imobilizado por Arquemis. Zeon utilizou o cajado mais uma vez e mandou Vaes para outro planeta. Nada mais restava, agora e com o sucesso garantido, Zeon e Arquemis retornariam para o planeta Atlas, levando André. Eles adentraram a moradia temporária onde André estava, mas não contavam que o garoto estaria preparado com um plano. Ele havia reparado que Zeon levou o cajado do portal preso em suas costas e que ele tinha na parte de cima, metais pontiagudos sobressaltados. Ele sabia que se tentasse tirar o cajado, a sua chance de conseguir tal feito era pequena. Resolveu algo mais drástico. Pulou nas costas de Zeon, se pendurando sobre ele e colocou seu pescoço colado nessas pontas do cajado.- Não se mexa, caso contrário eu me mato aqui e agora, f
Era impressionante o momento em que milhares de pessoas em uma arena ficavam eletrizadas, observando o que ia acontecer, atônitas, tensas, na expectativa dos próximos segundos. E aquele rapaz era quem normalmente, em poucos movimentos, transformava o silêncio em uma explosão de alegria, com gritos e lágrimas.Quando o objeto esférico cruzou o gramado em direção a ele, aquele momento aconteceu. O silêncio vigorava, fosse dos que admiravam e torciam a favor, fosse dos que invejavam (sem deixar de admirar também) e torciam contra (apesar de no fundo, no fundo torcerem para serem testemunhas de alguma jogada inacreditável).Não se tratava de qualquer partida esportiva, simplesmente. Aquele momento específico carregava muitos significados implícitos.O garoto, alto, magro, negro, que muitas vezes lembrava seu maior ídolo, um dos
André ainda estava nos céus, flutuava no ar, nas alturas. Parecia em transe. Seus olhos brilhavam, com se saísse luz deles. O confronto entre os exércitos dos magos que havia tido uma trégua, já tinha recomeçado, com uma ofensiva inesperada dos pargos, liderados por Ambrósio. Os fariseus não conseguiam segurar a investida e Myrddin já tinha fugido com Angra, levando Moisés e Eva. O aparecimento de André nos céus, com uma enorme rajada de energia, que misturava calor, eletricidade e correntes de vento, parou novamente o embate. Os dois lados passaram a tentar, primeiro descobrir o que era e depois derrubar com ataques, totalmente inúteis, a pessoa nos céus. Nada sequer chegava perto dele. Era como se existisse um campo de força.Eva e Moisés estavam sendo levados, amarrados. Eles viram alguém no céu brilhando, mal conseguiam enxergar que se tratava de alguém ali. Parecia uma estrela. Myrddin ouviu ela comentando com Moisés, perguntando